sábado, 25 de março de 2017

DISNEY, UMA CRIANÇA DE 65 ANOS! Matéria Especial!






Walter Elias Disney nasceu 
em Chicago no dia 5 de dezem-
bro de 1901 e se tornou um
 grande empresário
da comunicação nos Estados
Unidos. Vendeu jornais, dirigiu
 ambulâncias da Cruz Vermelha
 na época da Grande.

 Fez diveras coisas antes de
abrir seu lendário estúdio de arte. 
Após obter grande bagagem 
profissional se aventurou 
no mundo dos negócios, mais 
especificamente no ramo da
 animação, após trabalhar 
 para uma agência
 de publicidade.




Mickey Mouse foi sua grande
criação, foi ele o começo
de tudo. O ratinho, que nasceu
 mudo, mas que a partir do 
terceiro cartoon foi 
sonorizado caiu nas graças do 
povo e até hoje é um dos mais 
populares personagens.
 Após ter criado Pluto, Pateta 
e o Pato Donald e introduzir cor 
em suas animações, 1935, o seu
principal desafio foi realizar um 
longametragem: Branca de Neve
 e os Sete Anões.



 Há quem diga que para este desenho 
de longa duração virar realidade
 Walt teve que empenhar a casa de
 seus pais para levantar fundos de 
entidades monetárias. Por sorte,
Branca de Neve foi 
sucesso mundial.

Com sua equipe talentosa
 ele conseguiu dar um novo
 status à técnica de
 animação, que, de simples
 complemento, passou a ser filme
 principal nas salas de exibições. 
Seus filmes conseguiram 
um nível técnico jamais alcançado 
na época e que só foi superado
 anos depois, raras vezes.

Disney foi um grande empresário 
conseguindo criar ao longo dos
 anos um grande império das
 comunicações. Em 1950, ele 
começou a produzir seus pri-
meiros filmes com atores e atrizes – 
quase todos tinham como alvo
 a juventude, com ênfase nas 
aventuras clássicas da literatura 
universal como A Ilha do Tesouro, 
20 Mil Léguas Submarinas
 (de Júlio Verne), além de excelentes
 documentários sobre o reino animal.





 Construiu a Disneylândia 
(inaugurada em 1961), um imenso
 parque de diversões onde os
 visitantes são recepcionados
 por seus carismáticos
 personagens. 
Ainda na década de 50, 
 uma serie também foi produzida 
para a TV e obteve incrível 
sucesso: Disneylândia.

Após a sua morte, em 1966, 
a empresa continuou a
 produzir desenhos 
animados e longametragens. 
Sob o comando de seu irmão, 
Roy Disney. Aos poucos
Disney Company 
decidiu expandir o complexo
 da família. Assim, surgiram a
 Disneyworld e o Epcot Center.




  Disney se foi, porém sua obra 
se tornou imortal. A Bela Adormecida, 
Pinóquio, Bambi, A Espada Era a Lei,
 Mogli e os outros desenhos criados
 e desenvolvidos por sua equipe
 continuam a ser reprisados,
 principalmente, no período de férias
 escolares, nos cinemas e 
nas TVs pelo mundo afora. 




Atualmente, o imperio Disney possui 
redes de teatros, salas de exibições
 de filmes, TVs, editora e emissoras 
de rádio. Nada mal para quem 
começou tudo com
 um simples camundongo.    
  
A seguir transcrevo, na íntegra
uma entrevista sensacional 
que foi feita com este genial 
criador século XX. Ela foi realizada
 com ele que criou personagens
que encantaram gerações 
e que atuam até hoje no 
mercado editorial internacional,
 no cinema, na TV e em produtos
 industrializados. 

A  entrevista foi publicada 
na edição # 7, da lendária revista 
Realidade em outubro de 1966, uma 
publicação que revolucionou o
 mercado editorial brasileiro e que
 era publicada pela editora Abril. 
A curiosa entrevista
 foi feita pela jornalista
 Oriana Fallaci e seu título era...

DISNEY, UMA CRIANÇA
 DE 65 ANOS!




ORIANA:

(O encontro estava marcado nos 

estúdios de Burbank, sede da 
Walt Disney Productions. 
Em todas as paredes, em
 cada folha de papel carta, em cada 
caixa de fósforos, em cada cinzeiro,
 encontra-se Mickey Mouse 
em inglês, Micky Maus em alemão, 
Ratón Mickey em espanhol, 
Mik-ki Ma-u-su em japonês, 
Mikki Hiri em finlandês.

O encarregado de relações públicas
 explicou-me que o ratinho nasceu no
 outono de 1927, enquanto Walt e sua
 mulher voltavam para Hollywood,
 exaustos, depois de uma viagem a 
Nova Iorque, onde ninguém se 
interessava pelos desenhos animados.
O senhor Disney disse para a
esposa dele:


 “Anime-se, querida, vou tentar 
uma serie sobre um ratinho 
chamado Mortimer Mouse”

“Mortimer é sério demais.

 Por que não o chama de Mickey?”,
ela falou.

ELE: “Está bem. Que seja Mickey”. 

No ano seguinte, Mickey fez
 sucesso – me explicou o 
sempre o relações públicas).



ORIANA:

(Eu sabia que a 

Enciclopédia Britânica tinha
 dedicado à ele um capítulo inteiro, 
que Madame Tussaud o fez em 
seu famoso museu de estátuas
 de cera, que os russos o 
interpretaram como um
 símbolo do proletariado. 
Mas o que eu não sabia é que a 
palavra-código que 
no dia 6 de junho de 1944 
guiou o desembarque na
 Normandia, era: Mickey Mouse. 
A França e a Europa, foram
 libertadas em nome de
 Mickey Mouse).



SE NA ESTRÉIA DE UM 
FILME ALGUÉM SE 
LEVANTAVA, ELE IA VER SE 
A PESSOA IA MESMO
 AO BANHEIRO

ORIANA:


Na Disneylândia, senhor 
Disney, eu andei num bonde
 puxado por cavalos, bebi 
num saloon e pechinchei 
com os índios,
 enquanto as bailarinas 
dançavam o cancan. 
Então, de repente, me 
encontrei em Washington,
no Capitólio, e lá estava Lincoln.
 Mas não era um ator vestido como
 Lincoln: Era Lincoln ressuscitado.
 Estava sentado numa poltrona e,
 subitamente, piscou, sorriu,
 levantou-se, pigarreou e começou
 a falar sobre liberdade. Uma mulher-
que estava ao meu lado -
 gritou, assustada. Eu chorei de 
felicidade. Porque aquele era o
 primeiro robô criado por um
homem. E era igual ao homem.
 O enhor foi o primeiro homem a
criar, a primeira criatura de ferro 
e plástico. Fiquei impressionada
com aquilo. 
Mas, vamos às questões...

O senhor conseguiu criar
toda essas maravilhas,
acredito, com um 
  pequeno esforço de 
imaginação, para nos divertir. 
Mas o senhor, se diverte
com suas realizações?

DISNEY:


Algumas vezes, não muito. É difícil
 achar divertida uma coisa que se
 tenha inventado: Nenhuma pessoa
 de bom senso ri de suas próprias 
piadas. Eu me divirto mais 
idealizando as coisas. 
Mas depois de tê-las 
tornado realidade, sinto-me
 angustiado. 
Preocupo-me pensando 
que talvez os outros não 
estejam se divertindo. É como
 quando assisto à estréia de
 um filme: Sinto-me desfalecer, 
esperando pelas risadas do
 público. Se alguém se levanta, 
sigo-o para ver se vai apenas 
ao banheiro. E espero que 
a pessoa saia de lá para
 ter certeza de que volta
 para a sala de projeção.

Nunca apresento um filme de
 manhã, porque de manhã 
as pessoas vão muito mais 
ao banheiro do que no resto 
do dia. Vou lhe contar quando
eu estava trabalhando 
no projeto do sonho
 tridimensional... 
Eu desenhava de noite e ao 
amanhecer estava exausto,
 com a cabeça e os dedos 
doendo. Depois, quando 
o projeto ficou pronto, ninguém 
quis financiá-lo:
Vendi até meu seguro de vida para
 comprar aqueles 700 mil metros 
quadrados de terra em Anheim, 
perto de Los Angeles.




 Gastei tudo o que tinha para

 construir os edifícios, as
 estradas, para plantar a floresta,
 cavar o leito do rio, o
 grande lago que imita o mar, o 
monotrilho, a cidade inteira. 
E quando pensei que tudo
 estava acabado, caí em mim. 
Nada estava pronto, eu precisava
 continuar pensando, construindo,
 inventando coisas novas porque 
a fantasia não pode parar e o
 sonho é o movimento perpétuo.
 Veja o sistema 
audioanimatrônico...


ORIANA:

O quê? Não entendi...

Audioanimatrônico?

DISNEY:


 Audioanimatrônico....
 Significa animação com 
o som, guiada eletronicamente. 
Consiste em fazer com que um 
objeto inanimado movimente-se,
 fale, viva. Como são elefantes,
 os crocodilos e os índios
 da Disneylândia.

ORIANA:

Ah, sim... agora entendi...

ONZE ANOS PARA 
CONSTRUIR LINCOLN

DISNEY:

No início era tudo muito elementar: 
Um motor na junta das articulações 
e uma vitrola (toca disco antigo) 
com bateria.
Para os pássaros e para as 
flores, foi mais difícil: Tive 
de empregar o mesmo tipo 
de controle e válvulas que
 se usam nos foguetes e 
astronaves. Mas para fazer 
Lincoln foi ainda mais 
complicado: Tudo foi registrado
 numa fita – sons, movimentos, 
efeitos de luz – e comunicado ao
 objeto por intermédio de
 impulso de rádio.

ORIANA:


Minha nossa...

DISNEY:

 Levei 11 anos para construir Lincoln,

 e gastei alguns milhões de dólares. 
A figura, em si, não era problema:
 O material empregado é uma
 espécie de plástico chamado
 duraflex, sua consistência é igual
 a da pele humana e a flexibilidade
 é a mesma. Os olhos são aqueles 
que os oculistas implantam nos 
cegos, os dentes não passam
 de uma simples dentadura. 

A dificuldade estava mesmo 

em obter movimentos perfeitos, 
sobretudo nos músculos faciais,
 nos lábios, na língua e nos olhos.
 Compreendi que estava muito 
mais perto da perfeição quando
 uma senhora surda me disse:
 “Entendi tudo o que ele dizia
 pelos movimentos dos lábios”. 

O meu Lincoln é capaz de fazer

 48 movimentos com o corpo, 
17 movimentos com a cabeça 
e, teoricamente, é possível obter
 de sua parte 275 mil combinações 
de gestos. Mas tem uma falha: 
Sabe somente sentar-se e
 levantar-se, não anda. 
Quero que ele ande.

E quero construir outros que 
andem, falem, ajam e nos
 contem o passado
 para enviar-nos ao futuro. 
Quero Jefferson, Washington, 
Platão, Aristóteles, 
Homero, Dante, Galileu. 
Acha que é uma loucura?

ORIANA:

 Não, não acho. Ontem 

estive também em Glendale, 
onde está a fábrica dos seus 
robôs, a WED Enterprises. Ela
 fundada em 1952?

DISNEY:


Exatamente, minha

senhora, admitimos dezenas
 e dezenas de engenheiros, 
arquitetos, físicos, químicos, 
especialistas em eletrônica, 
que e dedicaram aos
meus  sonhos para
 torná-los realidade.


 NÃO GOSTAVA DE
 DESENHAR. NÃO SE
CONSIDERAVA UM 
DESENHISTA

ORIANA:


Hmmm... prossiga...


DISNEY:

Homens e mulheres, de 
aventais brancoss, trabalharam 
como cirurgiões entre braços,
 pernas, cabeças, que um 
dia serão criaturas.



 Não pude deixar de pensar 
no que isto tem de profano, 
mas ao mesmo tempo tem 
algo de realmente heroico.
 Num canto havia
 três esqueletos verdadeiros. 
que comprávamos em Calcutá 
e no Ceilão para fabricar os 
 nosos “seres humanos”.
 Isto me chocou um pouco: 
Aqueles pobres mortos, 
pendurados pelo pescoço,
 em lugar de descansar 
debaixo da terra.

ORIANA:


Não, não acredito...


DISNEY:

Estou dizendo a verdade,
minha cara... Mas depois pensei 
que seria uma 
coisa maravilhosa que nossos 
esqueletos pudessem servir 
sempre para ressuscitar alguém, 
dar uma ilusão de vida. 
Se alguém quiser o meu, quando
 estiver pronto, eu o dou.





 ADULTOS HONESTOS
CONTINUAM CRIANÇAS

ORIANA:


(Poucos minutos depois que 
me vi assustada com seu 
relato sobre cadáveres
e mecanismos fantásticos, 
sua filosofia estranha, ele já
 estava falando inocente-
mente outra vez:
Novamente parecia ser 
uma criança. Esta última parte
 do bate-papo aconteceu
 num escritório ao qual se chega 
passando por uma sala cheia
 de prêmios: Centenas de 
estatuetas, taças, placas, 
medalhas, Oscars colocados 
aqui e ali, de qualquer 
maneira, em cima dos armários, 
nas estantes, nas mesas. 
Mas na mesa dele estava 
apenas uma estátua ao lado 
da fotografia dos netos, o 
Oscar que recebeu em 1928, 
quando desenhava sozinho).

ORIANA:

O  senhor sempre adorou 

desenhar?

DISNEY:


   Confesso que eu não gostava muito 
de desenhar, e quando parei foi
 um alívio; na verdade, nem 
sou muito bom desenhista. 
Os que aprenderam comigo 
são bem melhores do que eu.
 O que me interessava era
 encontrar a criança em cada 
um de nós. Como a Disneylândia,
 Mickey Mouse não foi concebido
 por uma mente infantil. 
Surgiu através de um diálogo
 com aqueles que eu chamo de
 adultos honestos, quer dizer...
 aqueles que não se 
envergonham de ser substan-
cialmente crianças. Aos seis, aos
 dezoito, trinta, sessenta? Se  
for honesto, nunca irão ter
vergonha de mostrar o lado
infantil. A curiosidade, 
entusiasmo, a vontade de chorar
 e rir são virtudes das crianças.



Um adulto incapaz de ser criança
 não pode sentir prazer na vida.
 Veja só estes sofisticados,
 esses super intelectuais que 
quero mandar para o zoológico. 
Que prazer eles têm em viver? 
Não se entusiasmam com nada, 
nada os diverte, estão sempre 
entediados, e eles mesmos 
são maçantes; preocupam-se 
somente com o que pensam 
os outros e nunca se sentem
 à vontade. Eles levam uma vida 
de velhos, uma vida que é uma
 migalha de vida. A não ser que
 tenham uma dupla existência
 e que, escondidos, leiam Mickey
 Mouse quando vão fazer pipi. 
Charlie também pensa assim,


ORIANA:

Charlie? Que Charlie?
        
DISNEY:

Charlie Chaplin, que Charlei 

quer que seja? No começo
 trabalhei com Charlie: Sempre
 escutava seus conselhos porque 
era meu ídolo, meu protetor.
 Ele me dizia:
“Lembres-se, Walt, que se deve 
olhar para as crianças como 
possíveis adultos e os adultos 
como possíveis crianças.

Devemos dizer coisas claras 
para a inteligência de ambos. 
Fazê-los rir e depois descansar. 
Chorar e depois descansar. 
Portanto, quando
 me perguntam quem mais me 
influenciou, respondo: Charlie 
Chaplim. Quando desenhava 
Mickey, eu pensava em Carlitos, 
esse homenzinho gozado, 
corajoso e indefeso.
 Mickey Mouse assim como
 Carlitos nunca faz malvadezas, 
mas faz com que se tenha 
esperança. Suas histórias
 têm sempre um final feliz.




 Dizem que não é realista. 
Não, não é. A verdade é suja,
 e constantemente a sujeira 
está por aí em toda parte,
 é só procurar. 
Também a encontramos
 sem procurá-la. Mas não quero 
procurar, nem quero encontrá-la. 
Eu acredito que, depois da 
tempestade, sempre aparece o
 arco-íris, eu também preciso dele, 
é por isso que quero dá-lo 
para todos. Quer seja ou 
não ilusão.

Então, dei à todos um parque 
onde as flores cantam e onde
 os leões não comem ninguém. 
Mostro a Cinderela que se
 casa com o Príncipe Encantado, e 
os dois vivem felizes para sempre.
 E o oceano com as sereias – e que
 me importa que seja apenas um 
lago de poucos metros de
 profundidade? Frabrico o Lincoln 
que fala em liberdade – e que me
 importa que seja apenas 
um boneco de duraflex?

 Faço um filme sobre Mary Poppins, 
que é uma boa moça e canta
 com as crianças. E depois, quando 
descubro que os homens não 
valem muito e que são somente
 animais com menos sabedoria 
que os outros, então os trato 
como se merecessem muito. 
Como se merecessem 
a paz, inclusive.

ORIANA:


(O velho homem que é empreário
 já está reanimado, seus olhos 
brilham alegremente, como se 
acabasse de lhe dizer que voltou 
aos 20 anos, e que o futuro
 é seu. Walt continua):

“- É claro que sou otimista!
 Um otimista bastante esclarecido
 por saber que o progresso 
consiste em dois passos para 
a frente e um passo para trás: 
E esse passo para trás não 
quer dizer que o progresso 
não existe. Da mesma maneira 
que o bem existe.
Sim, existe! Há muita ruindade no
 mundo, uma ruindade inevitável, 
às vezes necessária.

NÃO TINHA MEDO DA 
PÓLVORA, DA BOMBA OU
DOS FOGUETES

DISNEY:

Mas também há o bem. Tudo o que 
me aconteceu foi para o bem: estava 
preocupado porque só tinha duas
 filhas, nenhum filho; mas eis
 que as filhas se casam e me 
deram dois genros que são dois 
filhos ótimos. Estava aflito, porque,
 com a chegada do cinema falado,
 os desenhos animados não 
interessavam mais a ninguém, 
e eis que aplico o som também e 
todo mundo se apaixona pelos
 bonecos que falam. 

Fiquei desesperado porque 

depois da guerra, ninguém 
sentia atração pelos desenhos 
animados, passei por épocas 
péssimas, e eis que faço um 
filme sobre animais e todo
 mundo começa a gostar 
deles e dos animais.

 Aqueles que entregam os prêmios

 pela paz olham o bem como se 
fosse algo excepcional: Eu não,
 porque estou convencido de 
que o bem é a base de tudo.
 Se não percebemos isto, é porque
 se faz muita propaganda do mal:
 Quem violenta uma moça ou bate
 na mãe está sempre nos jornais;
 quem salva a moça e respeita a 
mãe nunca tem o nome nos 
jornais; o bom samaritano nunca 
é notícia. Mas eles existem e, 
graças a eles, o mundo 
consegue melhorar: Já não é
 melhor do que há 500 ou 
5 mil anos? 

Não somos homens mais livres, 

mais dignos do que éramos a
 500 ou 5 mil anos atrás?
 Eu tenho confiança no futuro. 
E não temo a pólvora, 
a nitroglicerina do senhor Nobel, 
a bomba, os foguetes. 
Devemos usar a pólvora, a 
nitroglicerina, a bomba, os 
foguetes, e tudo o mais, para
 nos transformarmos, 
para ir onde queremos, onde os 
sonhos, as ilusões e as fábulas
 nos levam! O importante é não 
envelhecer nunca.

ORIANA:


E quando Walt Disney não viver mais?

DISNEY:

 É uma coisa que em pergunto

 sempre, e sempre me respondo 
que ainda tenho tudo o que tinha
 quando nasci, menos as
 amígdalas... 
Portanto, hei de durar mais 
um pouco. É necessário, minha 
cara, necessário: Tenho tantas 
coisinhas para fazer ainda. Devo 
construir ainda duas cidades: Já 
comprei o terreno. Uma cidade 
de inverno nas montanhas
 cheias de sequóias, entre São 
Francisco e Los Angeles, eu 
gosto de esquiar... E uma 
cidade de veraneio, em Orlando, 
na Flórida. Esta se chamará
 Disneylândia, e veja que ideia:
 Divido-a em duas partes.
 Numa, coloco o Hoje, na 
outra, o Amanhã, e...
Senhores de Estocolmo
(se referindo aqueles que
dão o Prêmio Nobel), 
austeros senhores que 
nunca ouviram uma flor cantar,
 nunca voaram igual Peter Pan, 
nunca viram uma sereia, 
nunca choraram 
em frente de um robô, nunca 
riram com os Três Porquinhos,
 nunca usaram um esqueleto 
para fazer o bem, senhores de 
Estocolmo, entreguem-lhe o
 Prêmio Nobel, deve ter dito
alguém. Contemplem Walter Elias 
Disney, que mora em Los Angeles, 
Estados Unidos. Mesmo que ele não
 o queira. Mesmo que depois,
 com o prêmio, ele faça um 
barquinho e vá brincar 
com ele na banheira.

ORIANA:

O senhor merece, por tudo o

que tem feito...

DISNEY:

SeráIsto aconteceu há algum
 tempo. Um menino me reconheceu e
 correu de mim e disse:

- Não é você que desenha Mickey Mouse?

- Oh, não. Há muitos anos que não 
desenho mais, expliquei.

- Mas então é você que inventa os jogos, 
as brincadeiras, e tudo mais?

- Não, não faço. Nem isso eu faço agora,
respondi.

- Mas então, que é que você faz?

Cocei o bigode, agachei-me 
ao lado do menino e respondi:

- Veja bem, cada um de nós se parece
 com um animal. Eu acho que me 
pareço com uma abelha
 que voa de flor em flor, procurando
 alimento. Para mim, as ideias são 
esse alimento. Quando o encontro,
 levo-o para os outros, e
 eles fazem o mel. Entendeu?

- Não – disse-me o menino. E foi embora
 sem nada compreender. Todos vão 
embora sem compreender.

ORIANA:


 (Em um gênio encerra sempre um
 mistério, algo que as pessoas 
comuns não alcançam, e acho
que é por isso ele é um gênio. 
Como se pudesse de algum jeito, 
aquele que criou as máquinas
 modernas (o homem,) reinventar
 as fábulas, devolver-nos 
infância e as ilusões. 
Aquele que, divertindo-nos,
 instruindo-nos, comovendo-nos, 
cantou os animais e o vento, as
 montanhas e o fogo,
 os homens e o mar, a história e
 a vida, e que tornou a 
fantasia realidade.

Alguns julgam-no um homem 
de negócios. Outros o chamam
 de artista, ou educador, 
inventor, naturalista ou filósofo.



Ray Brudbury, famoso escritor de
 ficção científica e histórias insólitas, 
disse:

Eu acho que Diney é uma pessoa 
representativa de nossa época. 
Sua influência se fará sentir
 por muitos séculos.

O inglês David Low foi mais longe:

Para mim, Disney é um novo
 Leonardo da Vinci.


Seu irmão, Roy Disney, o
definiu assim:

 Walt Disney é Mickey Mouse.
Aquele ratinho é seu autoretrato. 
Até hoje ele recebeu 90 prêmios.
 A Universidade de Yale e a de
 Harvard lhe entregaram 
o título de Doutor Honoris
 Causa; sete escolas da América
 têm seu nome Hitler o odiava 
e Roosevelt o amava. 
Kruschev (antigo líder soviético)
se zangou quando não 
pode visitar a Disneylândia
 e o rei da Tailândia 
 gaguejou quando o 
encontrou e disse:

"Estou tão emocionado, majestade, 
quero dizer, Sir, estou tão sem jeito... 
Eu cresci junto com Mickey".

ORIANA:

(Acho que agora todos compreendem
 porque o indicaram, naquele ano,
 ao Prêmio Nobel da Paz. 
E porque fui a Burbank, 
saber o que pensa de tudo isso
 Walter Elias Disney, que nasceu em
 Chicago, filho de um marceneiro). 

Autodidata, Walt cursou apenas
 a escola primária, morrendo 
de sono, porque toda manhã, 
 às três e meia, levantava e até 
as sete vendia jornais. Trabalhava 
toda madrugada. O garoto não sabia 
o significado da palavra brincar. 
Também nunca teve um 
brinquedo. 

Walter Elias Disney nasceu e foi
criado em Chicago e se tornou um
 típico self-made man.  
Cursou por dois anos a Kansas 
City Art School, mas 
interrompeu o curso quando tinha 
16 anos e decidiu se oferecer como 
voluntário para dirigir ambulâncias
 da Cruz Vermelha durante a Primeira
 Grande Guerra Mundial.

 Depois da guerra começou 
trabalhar para um estúdio 
de arte e foi lá que conheceu Ub
 Iwerks (o artista que criou o visual 
de Mickey). Ub se tornou seu amigo
 e sócio por toda a vida. 
Com a experiência que  Walt
tinha obtido fazendo filmes de 
animação para uma agência 
de publicidade e uma 
ajuda financeira de seu
 irmão Roy, Walt abriu uma 
pequena empresa para fazer
 desenhos animados.




O camundongo  Mickey Mouse
 foi sua maior criação.
 Foi Mickey Mouse que deu 
origem ao futuro e poderoso
 império, que foi criado com 
muita luta, garra e perseverança
Inúmeras dificuldades foi
preciso suplantar.
 Mas Mickey, por
fim, venceu a batalha e se tornou
 um os grandes ícones mundiais
dos veículos de comunicação. 




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