
Local apropriado para a troca de informações entre os saudosistas e apreciadores das boas coisas dos anos 60 e 70, como: filmes, músicas (de todos os gêneros), gibis de bang-bang, antigos seriados de TV, dados sobre o velho Oeste, entrevista com os bambas das HQs nacionais e internacionais, matérias, reportagens! Fique por dentro das novidades do mundo editorial!
domingo, 26 de abril de 2015
EDITORA VECCHI -Uma História de Sucesso!
Como já citei em outras matérias que escrevi,
foi
de suma relevância a contribuição que os
imigrantes italianos deram para o surgimento daquilo que passou a ser
denominado de “setor editorial brasileiro”.
Desta feita vou abordar a história
real de mais uma
empresa familiar de gente como a gente, simples, oriunda
da
Europa que acabou desenvolvendo um belo trabalho na Terra Brasilis. Assim como
sua irmã italiana, essa casa editorial de nome homônimo ao da matriz fez
história nesse país e em pouco tempo se tornou uma das casas editoriais
mais
respeitáveis desse país, porque dominava o setor de fotonovelas. Em 1947, ao
lançar a revista Grande Hotel, que trazia inicialmente histórias românticas com
belas ilustrações feitas em meio tom, que pareciam fotografias, esta empresa
que, até então, era uma modesta casa publicadora que se destacou no mercado
interno, pois esse produto caiu
nas graças da mulherada.
A seguir, saiba mais
sobre a saudosa e poderosa...
O que você faria se o seu irmão mais velho o
mandasse
ir para uma terra estranha, para um outro país, sem
ao menos
compreender seu idioma, para abrir um negócio? Coisa de maluco? Uma missão
impossível, ou quase?
Pois, saiba que aos dezessete anos, essa foi a missão
dada ao jovem Lotario, por Arthuro Vecchi.
E o rapaz aceitou o desafio e rumou para o Rio de Janeiro
com a cara e a coragem.
dada ao jovem Lotario, por Arthuro Vecchi.
E o rapaz aceitou o desafio e rumou para o Rio de Janeiro
com a cara e a coragem.
Lotario Vecchi desembarcou no Brasil com a
finalidade de abrir uma editora, seguindo as instruções de seu irmão, que tinha
ganhado muito dinheiro na Itália vendendo fascículos
por uma editora que tinha
o sobrenome da família: Vecchi.
O italianinho aportou nesse país com a
finalidade de abrir
uma editora, sem saber falar uma palavra da nossa língua
oficial: o português. Essa viagem inusitada,
na verdade se transformou numa verdadeira aventura que acabou sendo
coroada de êxito.
A INAUGURAÇÃO
Durante a viagem que cruzou o oceano as palavras
de seu irmão mais velho não saiam da mente daquele rapaz:
“Abra uma editora no
Brasil. Lá há um país de
grandes possibilidades”.
De imediato foi à procura de um local para alugar
e um contador que pudesse agilizar a papelada para abrir
a empresa.
Oficialmente a editora Vecchi foi inaugurada
em 1913, por Lotario Vecchi, que
obviamente trouxe algum dinheiro para investir. A editora começou suas
atividades
num pequeno prédio no número 47 e 49
da rua Paulo de Frontim.
Inicialmente a editora Vecchi inaugurada no Brasil
passou a vender figurinhas para colecionar – sem álbuns –,
que só passaram a
existir no país a partir de 1934,
com as balas e doces da marca
Hollandeza.
Segundo relatos, essa nova casa editorial nacional
cresceu graças as investidas ousadas e ao
tino comercial do jovem Lotario.
cresceu graças as investidas ousadas e ao
tino comercial do jovem Lotario.
Há quem afirme que certa feita ele hipotecou até a
sede da empresa para investir na editora. Por sorte,
esses lances
arriscados deram certo e assim ele passou
a ganhar uma melhor infraestrutura
quando montou
um pequeno parque gráfico.
Objetivo: produzir
impressos comerciais para
terceiros, auferir um bom lucro que fosse capaz de
bancar as revistas e livros que o jovem pretendia
lançar no país. Durante 7
anos a empresa se
dedicou ao atendimento de clientes.
1920 – Foi nesse ano que a empresa começou a
lançar
os primeiros folhetins românticos, que passaram a ser
vendidos por jornaleiros
no sistema porta a porta e
nas feiras populares. Naquela época as mulheres
eram
castas. As jovens de classe média eram preparadas
e educadas para se tornarem
boas donas de casas e esposas.
O romantismo estava em alta e alguns editores
sabiamente abasteciam essas futuras senhoras, cheias de sonhos, com folhetins
românticos.
Naquela época havia poucas opções de lazer e essas
histórias eram tão boas que até alguns homens
liam aqueles livretos fininhos semanais, que
a cada edição trazia um capítulo eletrizante.
UMA CURIOSA ESTRATÉGIA
DE VENDA
Como o público-alvo desse tipo de publicação eram
as donas de casa, as donzelas e algumas empregadas
domésticas – apesar que poucas dessas serviçais
soubessem ler -. o “marketing” era feito diretamente
nas residências.
Esses folhetins eram por duas ou mais edições
colocados
sob a porta gratuitamente, para aguçar a curiosidade das leitoras -,
depois alguém ia buscar o pagamento, caso
a pessoa tivesse interessada de ler
os demais episódios
daqueles romances açucarados e ingênuos,
mas cheios de suspense. Na época algumas escritoras
como a francesa M. Delly
– que na verdade era o
pseudônimo do casal irmãos Frédéric (1875-1947) e
Jeanne
Marie de La Rosiére (1875-1947) faziam sucesso.
Devido a boa receptividade por parte das leitoras,
aos
poucos, o editor passou a ampliar o número desse folhetins dirigidos
especialmente para o chamado “sexo frágil”.
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Muito antes da Vecchi ser reconhecida como
uma grande
editora de fotonovelas de amor, mais
precisamente em 1929, o jovem editor teve
uma experiência com HQs ao lançar um
tablóide chamado Mundo Juvenil,
onde eram publicados diversos personagens,
Made in
America, destinados ao público infantil.
Porém, como as vendas não atingiram o
mesmo
patamar auferido pelas fotonovelas românticas a
edição foi
cancelada.
Somente em 1950, a editora sediada no Rio de
Janeiro
voltou a se aventurar no mundo das Hqs ao lançar
o Pequeno Xerife e Xuxa, títulos que também
eram
lançados na Vecchi italiana e que faziam sucesso. Essas
publicações eram no formato horizontal e em cada página havia uma tira de
jornal sequenciada.
ANOS 40
Milagrosamente, nessa década, a Vecchi já estava
estabilizada e especializada nesse tipo de produto
destinado para as mulheres.
Empolgado, o editor
que não tinha curso superior, mandou trazer da
Itália edições que podemos
classificar como
fotodesenhos – Arthuro foi o primeiro a trazer esse
curioso
tipo de produto editorial para o Brasil, em 1940, que traziam romances
desenhados em meio tom, que pareciam fotografia, que foram as precursoras das fotonovelas –
que o
ítalo-americano Victor Civita (1907 – 1990),
fundador da editora Abril no país,
só trouxe em 1952,
publicando-as na revista Capricho,
destinada ao público feminino.
As tais revistas de histórias românticas
desenhadas
foram um sucesso. Mas ao ver, anos depois, a editora
Abril lançar
fotonovelas que vendiam bem, não hesitou
e, de imediato, adquiriu os direitos
de algumas
publicações do gênero de editores italianos
e as lançou no país.
A Vecchi também entrou na onda das fotonovelas
e
seus títulos se tornaram verdadeiros campeões de vendas.
Além das fotonovelas havia também coleções de romances policiais, cujo público-alvo eram os rapazes.
Porém, essas edições com aventuras interessantes de Arsène Lupin,
que eram
escritas por Maurice Leblanc, muitas vezes acabavam sendo lidos por diversos
membros da família independentemente do sexo.
Outra coleção que fez muito sucesso na época, pela
Vecchi, era O maior Êxito das Telas. Esta serie
apresentava verdadeiros
clássicos do cinema, como:
Anástacia, O Corcunda de Notre Dame, A Dama
das
Camélias etc. Tinha escritores de peso como
Alexandre Dumas – autor dos 3 Mosqueteiros -,
George Sand, Mark Twain, Rafael Sabatini e
outros, numa outra serie chamada Os Audazes.
Não demorou muito para essa casa editorial que
crescia timidamente lançar outros títulos. Marcaram época:
Os Mais Belos Contos
Policiais, Os Mais Belos Contos Terroríficos etc.
Segundo especialistas, as publicações da Vecchi
que antecederam o lançamento das HQs eram maravilhosas.
Suas capas eram tão belas como as
melhores dos pulps
magazines editados na América.
À medida que a empresa se consolidava o editor
foi
se ajeitando e certo dia decidiu se casar,
constituir família.
Na Itália, seu pai tinha apostado suas fichas numa
revista de história em quadrinhos de western, que
fora sugerida pelo seu
tio-avô: Tex, publicação que
se revelou agradar os leitores, pois vendia bem.
Assim, como a Vecchi brasileira adquiria os
direitos
de muitas edições italianas de grande sucesso na Itália para
reproduzí-las, essa serie de western também foi comprada. Havia uma esperança
de que ela poderia agradar
os leitores brasileiros.
Entretanto, o editor não tinha observado que
Hollywood
aos poucos diminuíra a produção de filmes do gênero, caso tivesse
analisado a realidade sobre os filmes e series de
HQs de western jamais teria
se aventurado a lançar Tex.
Isto aconteceu em 1969, numa época em que as
edições de cowboys já não vendiam tão bem quanto há alguns
anos atrás. Até 1969
havia diversos títulos desse gênero,
Made in U.S.A, sendo editados no país.
Porém,
aos poucos as HQs de super-heróis tomaram
conta dos pontos de venda.
GRAÇAS A EPOPÉIA-TRI
É QUE TEX FOI LANÇADO
Remando contra a maré, contra a tendência de
mercado, que cada vez mais ofertava aos leitores e colecionadores Hqs de
super-heróis, de repente, a editora Brasil-América lançou a coleção Epopeia-Tri,
um
material de western que também fora produzido na
Itália e que originalmente
se chamava Storia del West, publicada pela Collana Rodeo a partir de 1967,
Esta serie tinha sido lançada por Aizen de forma
experimental e por isso saia a cada três meses e fez um
grande sucesso. Tanto,
que na década de 80 a EBAL,
que tinha lançado todos os 73 edições da serie
decidiu
reeditar alguns volumes que estavam esgotados.
Ao tomar conhecimento
desse fato curioso Lotario
ficou
animado. Estava disposto a lançar Tex para
ver no que iria dar. Estava disposto a pagar para ver.
Contrariando totalmente a tendência do mercado,
o
ranger da Bonelli Comics foi lançado e obteve
um sucesso mediano - pagava os custos e dava
um pequeno lucro -, para a alegria do
editor, que
jamais poderia imaginar que durante 12 anos a
Vecchi editaria Tex, e que ao longo dos anos o
personagem conquistaria milhares de leitores fiéis.
Se por um lado a Vecchi fez uma façanha incrível:
ressuscitar o gênero faroeste, por outro a editora não
publicava as capas originais
e não seguia a sequência
lógica das HQs italianas.
Segundo os colecionadores de Tex, as capas
editadas
no país eram lamentáveis e mal impressas.
Mesmo assim, a primeira edição quando chegou
às
bancas, em fevereiro, teve uma grande aceitação
por parte dos leitores do
gênero. A revista evaporou, literalmente. Porém a edição # 2 sofreu um atraso.
Para o desespero dos leitores, e só chegou aos pontos
de venda em abril.
Portanto, em março muita gente
ficou frustrada.
PAULO GUANAES
Este era o nome do carioca que foi o responsável
pela
tradução de Tex por 40 anos em que a serie foi
publicada no
país. Guanaes começou trabalhando
revisando as traduções das fotonovelas italianas, que eram publicadas pela
Vecchi no Brasil, quando tinha 18 anos. Exerceu essa função até os 22 anos.
Graças ao editor
de origem espanhola, Adolpho Garbayo, que fora
contratado pela
Vecchi, é que Guanases teve a
oportunidade de traduzir uma primeira edição de
fotonovela italiana, como teste, e foi aprovado.
Assim, assumiu a função de
tradutor oficial daquela
casa editorial.
Com o tempo, surgiu a ideia de lançar
Tex e coube a Paulo Guanaes a
responsabilidade
de traduzir as aventuras do ranger.
TEX, NO BRASIL
Inicialmente, a Vecchi adotou um formato quase similar
ao italiano e cada volume tinha entre 120 a 160 páginas. Manteve esse formato e a média de páginas até a
edição # 37, que saiu em março de 1974 – O Temível
Coiote Negro. Na edição # 38 – Emboscada na Ilha Misteriosa – o tamanho foi
reduzido para o formato 13,5 x 17,5 cms, que assim ficou até 2008, quando o
editor oficial da serie
era Carlos da Fonseca, que era auxiliado por duas
diagramadoras, Beatriz Sarahyba e Maria Joaquina Fernandes. Os três, na
verdade, eram especialistas em fotonovelas, jamais tinham trabalhado com HQs.
Na época, revistas como Romântica e Ternura
vendiam muito e Grande Hotel era o
carro-chefe
da Vecchi. Além desses títulos, todos destinados
as
mulheres, haviam outros títulos, como:
Figurino Moderno, Figurino Infantil, Figurino Noivas e Culinária tinham
caído no gosto das leitoras.
Nesse período o país estava nas garras da ditadura
militar
e todos os veículos de comunicação eram monitorados pelos censores de
Brasília. Nenhuma insinuação contra o sistema vigente e imposto a Nação, ou
alusão a sexo era permitido.
Até um beijo mais ardente era considerado
impublicável. Marina Ferreira trabalhava para o governo onde exercia a função
de Censora. Cortava textos, artigos e imagens que
achava impróprias para o povo.
Por ironia, no início dos anos 80, ainda sobre o regime ditatorial, é que as
revistas de sacanagem, destinadas aos adultos, que traziam o nu frontal foram
liberadas.
Mas, os editores tiveram que assinar um termo de responsabilidade e
muitos acabaram sendo extorquidos
por policiais corruptos que visavam faturar
ameaçando apreender as mercadorias que achavam
serem despudoradas.
Senti isso
na pele quando trabalhava na editora Noblet,
onde eu era o diretor de redação
responsável pelas
revistas Hot Girls e Contos Excitantes.
Fomos levados a uma
delegacia e ao forúm
para responder um processo de
atentado ao pudor.
Com o sucesso obtido por Tex, Lotario pensou em
subdivir a redação em diversos núcleos editoriais,
visto que havia um
preocupação em relação a editora
Abril, casa editorial paulista, que era forte
concorrente e
que expandia rapidamente o número de títulos similares,
sob o
comando do ex-radialista Cláudio de Sousa.
Além disso, as revistas em
quadrinhos Disney faziam um grande sucesso e, de imediato, o pessoal da Abril
tinha ampliado o número de HQs lançadas.
Assim, um jovem cartunista e editor foi contratado
por Lotario para assumir exclusivamente as edições
de Tex, o jovem Otacílio
d'Assunção Barros, que
nos anos 60 tinha trabalhado para a EBAL, de Adolfo
Aizen. A ideia era criar um núcleo específico para
cuidar das Hqs publicadas
pela casa.
Guanases, o tradutor, também foi convocado para criar e comandar o
setor de revisão da editora.
Ante o sucesso de Tex e a ascensão das HQs a
ideia
de Lotario era expandir os títulos
de Histórias em Quadrinhos.
No passado, o editor Carlos da Fonseca só
publicava
aventuras completas do ranger, motivo pelo qual
havia uma
irregularidade no número de páginas de cada edição. Otacílio implantou mudanças
radicais, padronizou
o número de páginas das edições de Tex (112).
Passou a
publicar Hqs em continuação, reduziu em 2 centímetros o formato da edição,
melhorou as capas, padronizou o tamanho da logomarca, que ficou menor e
respeitou a sequência das aventuras publicadas na Itália,
que passaram a ser
lançadas em ordem cronológica.
Na época, os editores acreditavam que o leitor
brasileiro
não gostava de HQs longas, de continuação, inclusive
o proprietário da Vecchi.
Otacílio desmistificou isso.
Curiosamente as vendas de Tex aumentaram.
O jovem editor que assumiu a divisão de HQs da
Vecchi também resgatou os almanaques especiais de final de ano
e os de férias
escolares (com cerca de 200 páginas),
que faziam muito sucesso entre os anos
1910 e 1950,
e que tinham desaparecido na década de 60.
Outras inovações também foram feitas pelo Ota
e o
interessante é que elas perduram nas edições de
Tex até hoje.
“Tex teve sua primeira edição nacional, pela
Vecchi, fora de ordem “- disse um antigo colecionador da serie - “ O Signo da
Serpente, publicada no Brasil na edição # 1, além de não corresponder a
primeira edição lançada na Itália era uma aventura fora do comum do ranger. Tex
e seus pards, fantasiados de índios, viviam uma aventura num mundo de
dinossauros, num canyon perdido no velho Oeste.
Esta HQ tinha pouco a ver com
as tradicionais histórias
de western. As vezes chego a pensar:
Como é que o
personagem emplacou, com uma história inusitada dessa?”
Na verdade, o sucesso do ranger não foi instantâneo.
Durante alguns números as vendas foram medianas.
Mesmo assim, Lotario decidiu
continuar.
A coisa só veio a melhorar quando Otacílio
assumiu a divisão de HQs
e colocou ordem em tudo.
Convém lembrar que, na época, enquanto as edições
de HQs de cowboys definhavam, os pocket books de
westerns e outros gêneros
lançados pela editora
carioca chamada Monterrey, que estavam sendo
lançados desde
e a década de 50, continuavam em
alta. Suas capas eram feitas pelo genial
Benício,
que dava um show de pintura. E elas atraiam, sem
dúvida, os leitores. Comprei e colecionava
diversos títulos dessas series.
A CONSOLIDAÇÃO DO RANGER
Tex só começou a se consolidar a partir de 1975,
quando suas vendas começaram a crescer gradativamente.
Em 1976 passou a vender
60 mil exemplares.
No segundo semestre desse mesmo ano os leitores
regulares, que
tinham fielmente acompanhado as 60
primeiras edições, tiveram uma surpresa:
foi lançada uma
segunda edição da revista – algo até
então inédito no mercado de quadrinhos no
país.
1977 – Neste ano as vendas beiravam os 80 mil
exemplares.
A nova serie que tinha sido
lançada se tornou um grande sucesso editorial.
Muitos, que tinham perdido as primeiras edições da
serie normal passaram a colecioná-la. Essa edição, para ser facilmente
reconhecida foi redimensionada e algumas características básicas só existiam
nela.
De súbito, uma verdadeira avalanche de
correspondência começou a chegar diariamente à redação de Tex.
Como muitos desejavam
completar sua coleção a editora mantinha alguns números atrasados estocados
para vender
diretamente aos leitores, enquanto a distribuidora só trabalhava com as 6 últimas edições.
Foi graças a persistência de Lotario Vecchi e as
mudanças feitas por Otacílio é que Tex a partir de 1978 se tornou
o maior
fenômeno de vendas. Seu único concorrente era
Jonah Rex, lançado pela EBAL.
Porém, esse western
lançado pela concorrente não chegava aos pés das vendas
auferidas pelo ranger bonelliano. A primeira serie da
revista Tex vendia 120
mil cópias mensais em 1979, e
chegou em 1981 a 150 mil, algo até então inédito
no
país, em se tratando de quadrinhos.
A segunda serie vendia um pouco menos,
mas
também tinha uma ótima tiragem.
NOVOS LANÇAMENTOS
Em 1974, Tex tinha provado a Lotario que editar
histórias em quadrinhos era um ótimo negócio.
Mediante as projeções que fazia,
daquele promissor
produto editorial, era possível vislumbra que um dia as
aventuras daquele ranger venderiam muito mais,
tal qual acontecera na Itália. isto estimulou
Lotario
a lançar mais títulos de Quadrinhos pelo selo Vecchi,
sob a coordenação de Otacílio.
O plano foi colocado em prática com extrema
rapidez.
Pouco tempo depois, a Vecchi lançava diversos
personagens para
crianças, como: Gasparzinho
(Casper - The Friendly Ghost), Brasinha, A Bruxinha
Além desses títulos consagrados mundialmente
lançou também
Os Strunfs ( Smurfs), serie até
então inédita no Brasil.
então inédita no Brasil.
Dentre os diversos títulos lançados por aquela
casa editorial três se destacaram: Spektro – que reunia HQs de terror de
autores nacionais -, Eureka – que trazia
HQs mais
sofisticadas e resgatava personagens importantes
da antiga revista O
Grilo, editada entre 1971 e 1973. Desfilavam pelas páginas de Eureka autores
americanos e europeus de vanguarda.
Foi nela que também surgiu Vizunga, um clássico do
saudoso mestre Flávio Colin. A revista Eureka
Infelizmente Eureka teve breve duração – 12 edições.
Mas, a grande novidade ainda estava por vir:
A revista Mad, que foi lançada em 1974. O interessante
é que a 22 anos atrás
Mad era um sucesso em
diversas partes do
mundo, mas os editores nacionais não
acreditavam que ela poderia acontecer no Brasil.
Mad se tornou, com incrível
rapidez, um fenômeno
editorial. Segundo estatísticas, Mad vendia na
segunda
metade da década de 70 cerca de
180 mil exemplares.
Os demais
editores, que jamais tinham sonhado
com o sucesso da Mad no país, rapidamente
lançaram
títulos para competir com mais este campeão de
venda lançado pela
Vecchi.
A editora Abril lançou Pancada, em 1977, a editora
dos irmãos Savério e Bartolo Fittipaldi lançaram
Crazy,
em 1978, e a EBAL lançou: Kilk e Plop,
em 1975, e Gripho na década de 80,
algumas delas
feitas por autores nacionais.
Otacílio, sabiamente, convocou autores brasileiros
para colaborar com a versão nacional da Mad, que era mensal, enquanto a
americana era bimestral. Assim, além do
material Made in U.S.A a versão
tupiniquim
trazia adaptações de cinema e da TV que mostravam
muito da realidade e da cultura nacional,
entre os
anos 70 e 80.
Talvez, graças a esse “tempero” nacional Mad fez
grande sucesso no país. Muitos
autores brasileiros
talentosos colaboraram com a revista Mad.
Não demorou muito para a revista chegar aos 500 mil exemplares mensais de venda.
Ante o sucesso estrondoso de Tex e da revista Mad,
Lotario - rindo sozinho - optou por parar de lançar as decadentes fotonovelas românticas.
Afinal,
o mundo estava mudando e uma nova mulher
disputava o mercado de trabalho com os
homens e
não mais sonhava apenas em ser uma boa
mãe e dona de casa.
Assim, em 1977, a Vecchi decidiu apostar em novos
lançamentos de Quadrinhos.
SPEKTRO, UM CLÁSSICO
Desde os anos 50 o Brasil mantinha a tradição de
lançar títulos de terror, em geral, bem sucedidos.
Otacílio, um apaixonado por
HQs, decidiu resgatar
esse tipo de produto editorial que há muitos anos não
se
via nas bancas. A ideia era arrojada, lançar um
almanaque de 196 páginas, com material importado.
Lotario não
hesitou e decidiu autorizar que o ousado
projeto fosse adiante. A primeira edição de Spektro
reunia
15 HQs sobrenaturais narradas pelo
personagem Dr. Spektro. Acontece que a revista tinha
surgido de uma forma experimental e, por sorte,
deu certo. O drama era que
não havia mais HQs do Dr. Spektro para o segundo número.
O jeito foi mudar o
título da publicação apenas para
Spektro. Preparar a segunda edição – que só foi publicada
7
meses depois, em agosto de 1977 - foi um problema,
devido a baixa qualidade do material - ,
apesar de serem adquiridas novas HQs de terror
americanas que eram distribuídas no país pela Record,
de Alfredo Machado.
AUTORES NACIONAIS
Os quadrinhos importados de terror só começaram a
ser substituídos pelos nacionais a partir da edição 3. Além de veteranos como
Shimamoto, Colin e Cortez surgiu também uma nova geração de excelentes desenhistas
e roteiristas,
como: Watson, Olendino, Ofeliano, Emílio Braz e
outras feras.
Otacílio impôs um esquema altamente
criterioso para a aprovação das histórias feitas
por
brasileiros e isso, sem dúvida, elevou o padrão da
revista, que passou a
publicar verdadeiros clássicos
do gênero, que abordavam o folclore nacional e
as lendas do nosso país.
Conclusão: Speketro se tornou um clássico e fez história.
O
sucesso dessa publicação incentivou a empresa a lançar outros títulos do
gênero, como: Pesadelo, Histórias do Além, Sobrenatural, Almanaque de Terror e
Almanaque de Assombração – todas de breve duração. Na verdade, nesses títulos
eram publicadas as HQs que tinham sido recusados
para a Spektro. Portanto,
tratava-se de material inferior.
MAIS TÍTULOS DA
BONELLI COMICS
Lotario estava ciente de que histórias em
quadrinhos eram rentáveis, e se Tex atraía novos leitores a cada dia, por que
não lançar outros títulos do gênero? Sete meses depois de ter anunciado
constantemente nas outras publicações da casa chamadas da revista Zagor, por
fim a revista foi publicada e rapidamente se esgotou. Mensalmente 60 mil fiéis
leitores passaram a adquirir Zagor, outro produto criado e desenvolvido pela
Bonelli, da Itália.
Mais surpresas ainda estavam por vir.
1978 – Nesse ano a Vecchi lançou Ken Parker, de
autoria do escritor Giancarlo Berardi e do desenhista Ivo Millazo. Rapidamente
esta serie inteligente passou a ser cultuada
pelos apreciadores da nona arte.
Isso ocorreu na segunda metade do século XX.
Lotario Vecchi estava literalmente nas nuvens.
De
repente, sua despretenciosa casa publicadora tinha se tornado uma das mais
importantes editoras de HQs
do Brasil.
Lançou um almanaque com velhos clássicos de
westerns, chamado História do Faroeste. Uma edição que trazia
versões
quadrinizadas de grandes astros do cinema
e da TV, como: Roy Rogers, Rocky Lane,
Durango Kid, Hopalong Cassidy, Don Chicote, Bat Masterson e
outros reis do bang-bang. Além desses
clássicos a edição também trazia as tiras de jornais montadas de series como
Polícia Montada e Nevada (Red Ryder).
Na edição # 22 foi republicada a primeira
HQ de Tex,
O Totem Misterioso, que tinha saído na revista
Júnior # 28 em 1951.
AS HQs DE WESTERN
RENASCEM
Tenente Blueberry, um clássico de western criado
por Jean-Michel Charlier e Jean-Giraud (Moebius)
também foi lançado pela
Vecchi. Esta serie clássica
das HQs Made in Europa tinha sido publicada
pela
primeira vez em 1976, pela editora Abril –
O Homem da Estrela de Prata -,
adaptação do
filme Onde Começa o Inferno, protagonizado por
John Wayne. Infelizmente
Blueberry não vingou -
saíram apenas duas edições pela Vecchi -, o
mesmo
ocorreu com a serie Comanche, criada por
Hermann e Greg, que só teve duas
edições.
Mesmo não obtendo um bom retorno financeiro
dessas
últimas publicações Lotario insistia em
lançar novos produtos editoriais.
Skorpio, um famoso título de revista da Argentina,
chegou a ser lançado num almanaque de 200 páginas
em 1981. Em suas páginas
desfilavam diversos heróis de aventuras policiais. Porém, este novo lançamento
também não emplacou.
SURGE CHET
As últimas tentativas editoriais tinham sido
frustradas,
era preciso criar algo que, de fato, agradasse os leitores.
Devido ao contato que Lotario tivera com desenhistas e roteiristas nacionais,
graças a Spektro, surgiu uma ideia:
criar um personagem do velho Oeste, feita por autores
nacionais. O que a princípio parecia ser uma ideia
maluca, se concretizou
e virou realidade, graças ao
talento dos irmãos Wilde e Watson Portela.
Assim surgiu Chet em revista própria e fez
sucesso. A serie Chet, com roteiros
de Wilde teve
inúmeros desenhistas e muitos leitores consideram
algumas dessas
histórias verdadeiras obras
primas, melhores até do que muitas HQs de Tex.
TEX DESENHADO POR
BRASILEIROS
Você sabia que... duas capas do ranger da Bonelli Comics
foram feitas por desenhistas brasileiros? Isto ocorreu
em duas edições
especiais: uma de Natal e em outra
de férias. Quem foram os privilegiados? Watson Portela e
Roberto Sbrissa. Watson fez a capa da edição # 90 ,
Pacto de Sangue, lançada em
1979. E, Sbrissa
ilustrou a capa da edição # 100 , Aventura em Utah.
Ambas as aventuras que tinham
sido publicadas na
década de 50, foram reprisadas.
Segundo Otacílio, a capa original italiana de
Pacto
de Sangue não tinha nada a ver com o tema da
história, que era sobre o
casamento do herói.
Como o lançamento do casamento do Fantasma,
personagem criado por de Lee
Falk, tinha sido
um sucesso, ele decidiu
encomendar estrategicamente
Essa história, que marcou época, teve a tradução de
Giovanni Voltolini, um
morador da capital paulista,
que conheceu Ota durante uma visita ao Rio de
Janeiro.
Mas, no expediente o nome dele apareceu apenas
como colaborador. Este
excelente tradutor só passou
a ter seu nome creditado a partir da
edição em que foi publicada a história O Ídolo de Cristal.
Giovanni, que durante uma visita à Itália ficara
conhecendo a revista Ken Parker sonhava em
traduzí-la para o português um dia. Chegou
a comentar
isso com Otacílio. Entretanto, o Ota lhe disse que publicar
Ken Parker
no Brasil fazia parte dos planos, mas que a tradução ficaria a cargo
daquele que vertia Tex para o português: Paulo Guanaes.
O trabalho sintetizado do desenhista italiano Ivo
Milazzo, a la Alex Toth, agradou em cheio os desenhistas brasileiros e os fãs
de Hqs. Até hoje o personagem que é
editado por Wagner Augusto é cultuado pelos
admiradores
da Nona Arte. Arte e texto, nessa serie, estão
em perfeita
sinergia.
Segundo esse tradutor paulista, que lia Tex desde
o
número 1, a edição comemorativa dos 100 anos de Tex
foi feita às pressas.
Também afirmou que não continuou
a colaborar com a Vecchi devido a distância.
A Vecchi estava sediada no Rio de Janeiro e o tradutor
morava na cidade de São Paulo.
Naquela época, como não existia Internet no
país,
manter contato à distância era complicado.
A editora Vecchi, devido aos seus inúmeros títulos
de HQs, estava prestes a se tornar a maior editora carioca de quadrinhos do
Brasil. Em São Paulo, sua forte concorrente
era a editora Abril, que
liderava o mercado de HQs
infantis e que também passou a publicar os
A Vecchi,
que não queria ficar para trás, em agosto de
1980 lançou o primeiro álbum
especial do ranger
com capa dura – O Ídolo de Cristal.
A mesma HQ seria reprisada anos depois no primeiro
número em cores lançado pela editora Globo, em 1990.
A mesma aventura também
voltou a ser relançada
na serie Tex Coleção, em 2008.
Como as vendas de Spektro, Tex e Mad estavam
em
alta, a Vecchi passou a lançar duas edições
do cowboy bonelliano em publicações
quinzenais.
Esta mudança aconteceu em agosto de 1981.
FIGURINHAS DE TEX
Tex era o carro-chefe da Vecchi, mas Spektro
ameaçava
essa liderança de vendas, pois tinha um público fiel
que crescia a
cada mês. Por essa razão, Lotario optou por lançar um álbum de figurinhas do
ranger chamado
O Livro de Ouro da Juventude.
Tal publicação inusitada visava
atingir os mais jovens
e até as crianças, que não liam HQs de westerns,
mas
adoravam colecionar figurinhas.
O álbum tinha 32 páginas e 384 cromos.
Infelizmente, esse álbum não foi distribuído para
todo o país e hoje é
disputado por colecionadores.
Muitos fãs do personagem nem tomaram conhecimento
de sua existência, na época.
Com o aumento das tiragens, a Vecchi passou a ter
em suas revistas de HQs inúmeros anunciantes que ajudavam a minimizar os custos
operacionais. Uma gama de produtos populares passaram a ser anunciados – um
grande feito para uma editora de Quadrinhos.
Outros títulos novos foram lançados nesse período.
Outros títulos novos foram lançados nesse período.
Tudo indicava que a empresa navegava em águas
calmas
e que o negócio ia de vento em popa. Mas, as turbulências estavam por
vir.
O COMEÇO DO FIM
Segundo alguns, a fachada aparentemente calma
daquela casa editorial que aumentara ao longo dos anos
seu faturamento
de forma descomunal ocultava uma
guerra nos bastidores entre Lotario e seus
irmãos, que
não se conformavam dele ter sido o escolhido pelo pai
para comandar
a empresa no Brasil. Apesar dos irmãos participarem da empresa, o clima era
tenso entre eles.
Amália Vecchi presidia o grupo e Lotario era o
vice-presidente executivo.
Exercia o cargo com competência, mesmo sob os
protestos
dos demais membros da família.
Quando Arthuro Vecchi faleceu, na Itália, os
conflitos eclodiram abaixo da linha do Equador.
Mesmo em meio a essa disputa acirrada pelo poder,
Lotario ainda criou um novo selo editorial em 1980: Mundo Latino, destinado a
lançar títulos de revista para adultos, assim
que o Ministério da Justiça do
governo do general
Figueiredo acabou com a censura prévia através de
um acordo tácito, sem decreto, onde doravante os
editores seriam os responsáveis por seus produtos, que não
deviam descambar para a pornografia.
Mas, esse acordo não foi respeitado e não demorou
muito para que as
primeiras revistas pornográficas
fossem parar nas bancas, provocando manifestações
de protestos - das mulheres, é obvio.
Revistas como Ele e Ela, Lui e Playboy passaram
a
exibir mulheres nuas mostrando os pelos pubianos pela primeira vez e suas
vendas foram astronômicas.
A Vecchi também entrou na onda e seu novo selo
acabou obtendo bons lucros.
1982 – No segundo semestre desse ano a situação
interna
da editora tinha ficado insuportável. As vendas em geral começaram a
cair e a culpa, obviamente, foi atribuída a Lotario. Há quem afirme que a
falência da empresa
aconteceu devido a diversos acontecimentos e problemas
internos e externos. Por exemplo: Diz-se que Lotario tinha contraído um grande empréstimo para
adquiri uma
máquina de impressão rotativa, que possibilitaria a
sua editora
lançar uma revista semanal de informação para competir com a revista Veja, da
editora Abril, Isto É, da Gazeta Mercantil e outras.
Porém, o Brasil da época estava passando por um período turbulento da política econômica.
Porém, o Brasil da época estava passando por um período turbulento da política econômica.
Os juros aumentaram
visando conter o consumo e reduzir a inflação fazendo as dívidas da editora
extrapolarem.
Isso teria feito aumentar o conflito familiar e
Lotario
acabou se retirando da empresa. Em pânico, os credores, temendo levar
um calote, decidiram requerir a falência da Vecchi. O principal fornecedor de
papel, ao perceber
a situação cortou o fornecimento da matéria prima em 1983.
No depósito da editora ainda havia uma pequena
quantidade de papel em estoque, que foram o suficiente
para imprimir algumas
edições de Tex, Zagor, Ken Parker,
a edição # 103, da Mad e o Almanaque de
Terror, da
primeira quinzena do mês
seguinte.
Por não conseguiram honrar seus compromissos a falência
foi
decretada. A serie de Tex foi interrompida bruscamente
Os fãs do ranger ficaram apreensivos, a ver
navios,
por não verem as revistas circulando. Não sabiam o
que tinha ocorrido.
Milhares de cartas foram enviadas
para a editora solicitando uma explicação,
mas não
obtiveram retorno.
Foi através de uma nota publicada no Jornal do
Brasil, edição de fevereiro, que os leitores do Rio de
Janeiro tomaram conhecimento
da falência da empresa.
A notícia se alastrou e em pouco tempo os
colecionadores
de Tex ficaram cientes da cruel realidade.
RESSUSCITANDO DAS CINZAS
Somente em junho, Tex, Zagor e Ken Parker voltaram
às bancas, para o delírio de seus fãs. Parecia que a velha
Vecchi estava
ressuscitando. Se por um lado rever esses
títulos encheu de alegria seus
seguidores, por outro os traumatizou quando tiveram que pagar 160 cruzeiros - dinheiro da época - por cada revista. Um
aumento terrível, devido a uma inflação galopante que assolava o
país, na
casa dos 100%, nos últimos meses.
E o pior
era que as edições tinham saído com um menor número de páginas. Na realidade, a
Vecchi, num esforço supremo, precisando levantar um capital
para saldar
suas imensas dívidas, não tinha conseguido
obter papel suficiente para rodar
aquelas edições
mantendo o mesmo padrão de número de páginas como anteriormente.
No rodapé da página tinha um aviso: “Agora,
mensalmente nas bancas!” Tex não ia mais ser lançado quinzenalmente. Mesmo
assim, muitos leitores da serie ficaram animados com o ressurgimento daquela
editora que tanto adoravam.
O que os leitores e o pessoal da Vecchi não suspeitavam
é que a Bonelli Comics estava acertando os últimos
detalhes para
lançar suas publicações por um outro selo editorial: RGE (Rio Gráfica Editora),
como consequência
da quebra de contrato por parte da Vecchi.
Segundo consta na distribuidora, Tex era a segunda
revista mais vendida no Brasil. Ficava atrás apenas da
urma da Mônica, que na
ocasião era publicada
pela editora Abril.
Julho – 1983: Duas edições de Tex (#164 e # 94) e
Zagor
edição # 55 surgiram nos pontos de venda, justamente
no ano em que aquela
casa editorial estava completando
seus 70 anos de existência. Elas representaram os
últimos suspiros de uma grande editora que fez história nesse
país e que deixou
saudades.
Na realidade a falência súbita dessa tradicional
casa editorial ainda se constitui um mistério.
Há quem afirme que a empresa
faliu devido aos gastos excessivos de seus gestores; outros atribuem a queda
devido a desavenças familiares. Enfim, há muitas
lendas a respeito.
Na década de 80, eu era proprietário da E.T.F
Comunicação Comercial Ltda – minha primeira editora -, quando fui rodar
Fantasticman, Fantasma Negro e Clube
dos Quadrinhos na gráfica do Jornal do Brasil,
no Rio de Janeiro, tomei
conhecimento de esse tradicional jornal carioca era o síndico da falência. Ou
seja, por ser o maior credor da Vecchi tinha se apossado de todo
equipamento e
material da editora, que tinha sucumbido.
Naquela época, o vendedor do jornal, Almir, levou
eu e o Carlos Cazzamata – proprietário
da Nova Sampa
Diretriz – até a sede onde outrora funcionava a Vecchi. Percorremos as
dependências daquele enorme prédio,
vimos os maquinários empoeirados e ali
pudemos ver
milhares de fotolitos montados de fotonovelas etc.
“Essas fotonovelas vendiam para caramba! “ - disse
Almir e indagou: “Pra vocês não interessa relançar
esse material?”
Quando perguntei por que uma empresa daquele
porte
tinha falido, ele respondeu:
“Parece que o pessoal gastava mais do que podia...
ficaram devendo pra meio mundo, inclusive para nós,
que rodamos as edições
derradeiras!”
A todos os membros dessa nobre família italiana,
em nome dos admiradores de Tex e de HQs em geral,
nossos respeitos pelo belo trabalho desenvolvido
ao longo dos anos. Valeu, Vecchi!
Por Tony Fernandes\Redação\Pegasus Studio
Uma Divisão de Arte e Criação da
Pégasus Publicidade
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