sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

DÉCIO RAMIREZ CONCEDE ENTREVISTA! FALA SOBRE CARREIRA, EXPERIÊNCIAS E SOBRE SUA VOLTA AO RAMO!



Esse bengala friend é o dono do Draz Studio. 
Ele é muito criativo, agitado e polivalente. 
Já fez HQs, de vários estilos, fez fotografias e 
montou diversos tipos de livros e revistas. 
Sempre foi um bom e grande amigo. 
Esses são alguns adjetivos que 
podem definir esse cidadão que sempre 
teve uma boa índole, um bom caráter. 
O dono de um traço nervoso, que eu sempre
adorei, está de volta ao mercado e desta
 vez com uma nova proposta: 
fazer cartoons. Eu estou falando de 
um amigo de longa data, de 
árduas jornadas, muita luta e pequenas
conquistas, que conseguimos ao
 longo dos anos. Curtam agora a...


ENTREVISTA COM O
 DESENHISTAS,CARTUNISTA
E FOTÓGRAFO...
DÉCIO RAMIREZ!

Auto-retrato
Tony 1 : - Se não me engano conheci você, 
bengala friend, na década 
de 70 ou 80, quando eu era funcionário
 da editora Noblet, confere?

Ramirez: Sim, foi em 1983, por ai...
Trabalhava: você, o Wanderley e o Paulo 
Hamasaki era o diretor de arte.
Aliás teve uma frase que o 
Hama me disse uma vez que não 
esqueci até hoje.
 Ele falou: “Ramirez, você nunca vai
 ganhar dinheiro com desenho!” 
Kkk.... Isto foi um super estimulo pra
 quem estava começando, né? 
Rs... Queria, hoje, perguntar pra ele se 
ele conseguiu ganhar dinheiro 
com os desenhos dele... rsss...
Aliás, a Noblet era o melhor point, 
dos melhores desenhistas. 
Se reuniam lá grandes feras do 
quadrinho e da ilustração, inclusive, 
Jayme Cortez, que me apadrinhou 
na editora Abril e pro mercado 
editorial... Foi uma grande escola pra mim, 
além de um sonho 
conviver ao lado dos grandes 
desenhistas que eu admirava muito.

Tony 2 – Ô loco! Não lembrava disso... 
mas, o "Grampolinha" - apelido
 brejeiro do Hamasaki, 
por sua baixa estatura -, foi cruel. 
Você morava perto
 da editora, naquela época, né? 
Quantos anos você tinha?

Ramirez: Eu lia muito Akim e dentro vinha
 histórias do Capitão (Buana) Savana 
e do Inspetor Pereira, que você fazia, 
eu adorava. 


Buana (Capitão) Savana foi publicado
durante 5 anos na revista AKIM,
em preto e branco
Eu fazia estágio no Joaquim 3 Rios, 
um dos maiores estúdios 
de animação na época, e 
quando li o endereço na
 revista Akim fiquei feliz,
 pois era na rua atrás do prédio onde 
eu morava na Aclimação. 
No mesmo prédio meu morava também
 outro fera da ilustra o mestre
Adão Gonçalves... só vim a saber que
 ele morava lá, no mesmo 
prédio que eu,  através de voces.
Pensei, “vou lá na Noblet tentar 
um emprego e consegui”. 
Seu Joseph abriu uma prancheta 
pra mim, eu não sabia desenhar 
um círculo direito, embora 
pensava que soubesse... 
eu era super tímido... rsss. 
Vocês foram pacientes comigo. 
Tinha 15 anos na época.

Tony 3 – Era um jovem mancebo, saltitante
 e inexperiente... (Rsss...). 
Depois, saí da Noblet e montei meu 
primeiro estúdio. Ficamos um tempo
 sem nos ver. Aí, um belo dia, 
você apareceu lá na ETF, no 
Jabaquara. OK? Nesta época você 
já estudava desenho com o 
mestre e sargentão Ignácio Justo?



Um artista polivalente
Ramirez – Ainda na Noblet você me
 convidou pra fazer freela
 pra você lá na ETF, que tinha acabado 
de abrir, onde  ilustrei o 
primeiro livro da minha vida, que 
era para colorir com história 
de uma ratinha, não me lembro o 
nome agora. Fiquei muito feliz.
 No mesmo tempo ainda na Noblet, 
você e o Salata armaram 
pra mim, me indicando o Justo e
 fui lá conhecer o fera 
(na época, nos dois 
sentidos da palavra. Rs...)

Tony 4 – Convidei, sim... e agora também
 me lembrei dessas ilustrações 
que você fez. Era pra uma revista 
infantil, para ler e pintar. 
Agora me lembrei. Como foi a experiência 
de freqüentar a mansão do Justo, 
no bairro da Aclimação?
Você deu mais sorte do que
 a minha velha turma. 
Nós fomos a turma do “barraco”, 
porém você pertenceu a 
turma da “mansão”... (Rsss...). 
Conta pra gente como era estudar lá, 
quais eram as dicas? Ele estava 
preparando a nova turma 
pras agências de publicidade
 ou para as editoras?

Ramirez: Quando cheguei lá na mansão, 
quem me atendeu
 foi a dona Nilza, esposa do Justo. 
E ela falou que ele não estava lá,
 até a hora que eu 
falei que quem me indicou prá ir lá foi 
o Salatiel. De repente, um 
estrondo imenso rugiu de dentro da 
casa e aparece um homem 
vestido de roupão de banho e uma 
arma na mão, puto da vida, 
querendo me estrangular (sem exageros). 
Falou um zilhão do Salata, 
porque parece que o Salatiel fez xixi 
no jardim da casa dele
 (tô rindo muito aqui me 
lembrando disso)... Rsss...

Tony 5 – Estrondo? Seria o incrível Hulk?
 Que nada, só podia ser o 
mestre Justo, que as vezes era meio
 injusto em suas ações... 
Rsssss... Putz... 
Esses lances malucos... isto era típico 
do sargentão Justo... (Rsss...). 
De arma na mão?
 Devia ser de plástico, no mínimo... (Rsss...). 
Ele era doidão, mesmo.  
Gente boa, mas doidão... Um dia, ele 
correu atrás de um ladrão 
pela avenida com um revólver 
de brinquedo do filho dele... (Rssss...). 
Esta foi de foder... (Rsss...). 
Só de lembrar dessas
 passagens cômicas tô até 
chorando de tanto rir... 
tenho que respirar... (rsss...). ô loco... foi demais. 
O mestre sempre foi uma comédia, grande, Rá...
Uma vez eu e o Wanderley fomos na
 Minami e Cunha Editores com uma HQ 
de terror. Daí o Minami, que deve
 ter achado aquelas 10 págs 
uma merda, não quis comprar 
e mandou a gente pra casa do 
Justo, numa travessa da rua 
Conde de Sarzedas, no bairro 
oriental da Liberdade. 
Não conhecíamos o personagem e
 muito menos o trabalho dele. 
Tocamos a campainha. 
De repente, um cara barbado,
 vestindo capacete e macacão d
a aeronáutica nos atendeu
 com um prato de comida 
na mão... (Rsss...).
Achei aquilo muito estranho. Olhamos um pra 
cara do outro sem entender porra nenhuma.
Antes que pudéssemos
falar qualquer coisa ele disse:
“Voces vieram por causa da televisão?
Pensei: “Que televisão?
 O cara é maluco.” (Rsss...).
Aí, como sempre, ele deu um grito: 
“Nilza! Os meninos vieram por
 causa da televisão! Podem entrar! 
Vamos entrem!”
Dez minutos depois, lá dentro, 
ele perguntou:
“Voces viram o debate na televisão, ontem? 
Gostaram?”
Aí eu disse: “Que debate? Em que canal?” Rsss...
Ele explicou: “Ontem eu promovi 
um debate lá na TV2 Cultura, 
no programa do professor
 Luciano Ramos e levamos até o 
pessoal da Abril! O Iga 
(Valdir Igayara, ex-bambamban da Abril) 
estava lá. Voces não viram?”
“Não” – respondemos.
“Nilza! “ – gritou o cidadão, novamente,
 entre uma garfada e outra 
(estava almoçando). “Os meninos
 não viram o programa da TV! 
Não sabem que estamos brigando
 para nacionalizar as HQs! 
Fazer valer a lei dos 50% de 
material nacional funcionar!”
Então, a dona Nilza perguntou: 
“Quem mandou vocês aqui?”
Explicamos, sem graça, que
tinha sido o Minami, da editora.
Aí ela olhou pra ele e disse: 
“Ah, bom! Foi o Minami que 
os mandou aqui, Dito! “(Benedito
 Ignácio Justo é o nome da fera). 
Em síntese, mostramos os trabalhos 
e ele nos propôs estagiarmos 
com ele. Portanto, o nosso encontro
 com o mestre, assim como o seu, 
foi hapoteótico, pra variar (rsss...).
Olha só que interessante, isto 
aconteceu em 1972\73. 
Já naquela época ele 
estava lutando pra implantar a tal lei 
de nacionalização e até agora, 
em pleno século XXI, nada aconteceu.
 É um absurdo. 



Ramirez – Eu, o Justo e a dona Nilza, 
continuamos ali. Eu, sem 
entender patavina. Depois de uma hora
 e meia no portão e passando 
o maior mico perante os vizinhos, ele falou: 
“Se você realmente quiser
aprender anatomia comigo, esteja aqui
 amanhã as 18hs, sem se atrasar!
” E assim fui entrei pra turma 
do Justo. A aventura durou mais
 de dois anos eu ia visitar o Justo 
até há alguns anos atrás. 
Apesar de certas loucuras
 foi uma experiência e aprendizado bárbaro. 
Todos, inclusive você que passou por lá 
é testemunha. Surgiu desde dessa 
época uma grande admiração
 e amizade por ele.
Tony, daria pra fazer um livro de tantas 
historias que tenho do Justo.

Tony 6 – Sem dúvida, e seria uma
verdadeira bíblia de humor... (Rsss...). 
O Justo sempre foi uma figura... 
quem fabricou jogou a fórmula fora...
Se por um lado tinha esses lances
 malucos, por outro sempre 
teve uma boa alma. Jamais cobrou
um centavo de ninguém para ensinar 
arte e até hoje, o que já passou de 
gente pela casa dele, não tá no gibi. 
Ou será que tá? Acho que alguns...
 Somos o que somos, graças à ele. 
Será que ele continua ministrando 
aulas de desenho? 
Faz anos que não vou lá.
 Tô devendo uma visita pro mestre.

Ramirez – Ele nunca cobrou um centavo 
mesmo e era sempre uma 
alegria frequentar lá. Um cara super
simples, recebia a todos de 
braços abertos. quando
 não estava nervoso... rs. 
 Pelo que sei ele
 não tem mais alunos como antes.
 Na época era eu e mais um bando. 
Quando revi o Justo, fazem alguns anos, 
ele estava super bem.
Isto é, bem ele sempre esteve. 
Tinha parado de fumar, de tomar café
 (ele tinha mania de encher o 
copo de cafe e ir tomando aos 
poucos, frio mesmo), e não tinha 
mais aquelas crises de general...
rsss... até ele comentou que 
estava melhor....rs.  
Não sei dizer se está ainda dando aulas. 
Faz um tempinho que não o vejo.

Tony 7 – Pois é... precisamos, todos, 
rever o mestre. 
Você sabia que ele sofria 
de úlcera nervosa? 
Quando estudávamos
com ele, estava todo mundo 
nas pranchetas concentrados, desenhando.
 De repente, ele começava 
a gemer com a mão no estômago
 e dava um puta grito: 
“Nilza! Um copo de leite gelado! Por favor!” 
De susto, nego quase caia da 
prancheta... (Rsss...). Antes que eu
 me esqueça... em que dia, mês 
e ano você nasceu, grande Ramirón?
Cidade, estado, número 
da cueca... (Rsss...).

Ramirez - Nasci em Sampa, no
 dia 23 de outubro de mil e alguma coisa, 
não acho que foi 
em dois mil e alguma coisa ... 
bem, acho que nasci 
mesmo foi nesse ano de 2011.

Tony 8 – Escondendo a idade, né? 
Já vi que está ficando velho, old 
bengala friend... (rsss...). 
Pelo sobrenome dá pra captar que você
 é descendente de espanhóis... 
seu pai e sua Mãe, eles eram 
espanhóis ou filhos de espanhóis? 
Que venga el toro, hombre! Olé!!!

Ramirez - Meu pai, era filho de espanhol 
e minha mãe de italiano. 
Que venga el toro se possible fatiado 
em bife, acompanhado por 
um prato de macarrão!

Tony 9 – Boa... boa... (rsss...). Todo mundo 
quando é garoto sente uma 
forte atração pelas HQs, OK? Quais eram 
seus heróis preferidos, 
na infância ou adolescência?

Ramirez – Lia muito, Fantasma, Tex e 
Mad, estes eram os meus
 preferidos na infância e adolescência. 
Tinha coleção desses gibis,
 muitos, mas muitos números mesmo. 
Me desfiz de tudo em meados 
de 98. Lia também Batman, Espada 
Selvagem de Conan. Depois:
 Chiclete com Banana, Piratas do Tietê 
e uma cacetada de revistas 
européias e argentinas. 
Fora as que eu colaborava.
 Eu era “gibiteiro” 
puro. Mas as favoritas eram
 as 3 primeiras citadas,
 da infância à adolescência.








Artes de Mort Drucker para a Mad





Tony 10 – Sei que como você, como 
eu, sempre preferiu os artistas 
europeus – exceto os grandes americanos
 do passado, como: Raymond,
 Foster, Frazetta, Buscema, Kirby, 
Bóris,  Adams, etc.

Thor e Fantatsic Four por: Jack Kirby


As pinturas de Boris Vallejo eram fantásticas


Hoje, a coisa mais
 difícil é ver um americano fazendo HQs... 
mas, ainda há alguns. Pergunto: 
Quais desses poucos americanos
 que ainda fazem HQs, são seus favoritos?

Ramirez: Não tenho artistas preferido 
americano, sem hipocrisia. 
No inicio de carreira lia super-heróis 
porque o mercado na época
 tendia a esse tipo de quadrinho. 
Lia Mad que a equipe era 
duka, praticamente composta 
só de artistas americanos.

Arte do genial Mort Drucker para a revista Mad

 Eu sempre preferi mais os 
europeus e argentinos, além de 
alguns brasileiros. 
Quando iniciei na Noblet descobri 
um cara que curti muito que se 
chama Alfonso Azpiri.

Lorna - A bela e sensual personagem de Azpiri.
Ficção-científica e muita sensualidade roalva
nas páginas da revista Heavy metal




Tony 11 – Adoro o trabalho do Azpiri... 
tem aquele tração nervoso, 
como o seu, e faz umas mulheres 
pra lá de boazudas e sexys... 
saia muito na Heavy Metal. Quanto
a revista Mad, os desenhos do
Mort Drucker, aquelas caricaturas
que ele fazia eram incríveis,
perfeitas...





Ramirez - Tentava copiar as 
mulheres dele porque pra mim ele 
era o melhor. Passei anos perdendo 
tempo tentando fazer mulheres 
bonitinhas por causa dele,..rs. 
O Spacca, toda vez que me encontrava 
me falava: “ Ah, você é o cara que 
faz as mulheres gostosinhas!”
Culpa, do Azpiri.,. RS.


No inicio de carreira, temos 
alguns artistas com os quais 
nos identificamos. É normal. 
Não é que copiamos ou queremos
 ser, mas que simplesmente
 tem alguma identificação. 
Com o tempo você se solta, se decobre e 
vira você mesmo. Isso é natural.

As personagens sensuais de Azipiri
inspiraram Décio Ramirez






Arte, a la Azpiri, feita por Décio Ramirez, na década de 90
Tony 12 – Concordo... todo mundo começa 
“imitando”, seguindo
 um estilo de alguém que admira e aos 
poucos vamos 
desenvolvendo um estilo 
próprio, bengala friend.

Ramirez – Depois, você esquece
 tudo que aprendeu 
manda tudo às favas e cria estilo próprio.
 Ai você é você, mesmo porque nem 
tem tempo mais
pra ficar olhando muito um ou outro. 
Um lance interessante sobre isso... 
Fazem anos que não vejo
 nada como referência. 
O que você vê 
na minha arte hoje sou eu mesmo.
 Vou aproveitar a deixa: 
Há uns 3, 4 meses atrás, fiz 
experimentações de finalização comigo 
mesmo. Você sabe, quem para 
perde um pouco a identidade. Mas esta 
experiência serviu de escola, rever soluções. 
Olhar o que se fez e o que 
se está fazendo é legal. Cresci muito
 nesses últimos tempos com 
isso. Adoro a estilização, sempre adorei. 
Quanto menos traço soluciono 
uma figura melhor. O legal disso tudo
 é você se descobrir sempre, estar 
constantemente em busca, isso
 torna você mais maduro.

Tony 13 – Uma coisa você tem razão. 
Todo autor tem que reciclar e 
aceitar novos desafios ou está morto. 
É gozado que vejo este tipo 
de insegurança, que captei no seu 
depoimento acima, na maioria dos
 artistas que conheço. 
Alguns chegam a travar e não
 conseguem fazer 
mais nada. Na minha opinião isto 
é excesso de perfeccionismo. 
Os caras querem ser tão auto-críticos, 
tão perfeitos, que se decepcionam 
com sua própria criação e criam 
um clima de insegurança.
 Acho isto muito louco. 
Nunca senti uma coisa dessa, 
sabe por quê? 
Porque jamais fiquei preocupado 
com a opinião de outro 
artista ou da crítica sobre o meu trabalho. 
Creio que a galera 
da arte tem um lado 
narcisista exacerbado.
 Querem ouvir elogios, odeiam críticas. 
E há também uma grande
 preocupação que o outro
 profissional teça elogios a obra. 
Quando isso não acontece. Fodeu. 
O cara se sente um merda e é capaz 
até de travar. Acho esse tipo de raciocínio 
ridículo. Sempre pensei assim: não faço 
trabalhos pra receber elogios 
da classe. O que me importa é o 
grande público. Os pseudos-críticos 
de arte e artistas que se explodam, grande Rá. 
Essa gente compra revista raramente. 
Muitas vezes eles nem conhecem o trabalho 
e começam a falar merda. Outra coisa, 
“supunhetamos” que esses 
críticos e artistas adorassem o 
seu trabalho e o comprassem ele. 
Cara, eles são uma parcela tão ínfima
 do mercado que em termos 
significativos de venda não ia
 fazer qualquer diferença. 
Você iria precisar de, no mínimo, 
10 mil artistas e críticos comprando 
sua revista para que ela
 permanecesse nas bancas.
 Deu pra entender? 
Você precisa do julgamento popular,
 da grande massa, que só 
acontece através dos
 números de vendas. 
Ou seja, quando os seus 
fiéis leitores compram seu produto.
 Muitas vezes já um vi um desenho 
de merda vender mais do que um lindão. 
Como explicar isto? Que escola de marketing 
pode explicar tal fenômeno?
 Pra mim, o “Rei dos Comics”, 
Jack Kirby, nunca foi um 
grande desenhista.
 As figuras dele eram exageradas. 
Porém, sempre achei o trabalho
 dele sensacional, muito forte, diferenciado, 
suas figuras tinham impacto 
visual e em termos de criatividade 
o cara foi fenomenal. 
Aliás, pra mim, ninguém até hoje 
conseguiu superá-lo até hoje.
 E sempre foi um campeão de venda.
 Se não fosse o velho Jack não 
existiria Marvel hoje. Os críticos 
e os artistas podiam odiara aquelas
 figuras que ele fazia 
anatomicamente imperfeitas. 
Mas, que nós, o povo,
 sempre adorou. Tanto, que comprava
 os heróis feitos por ele. 
Outro grande exemplo europeu é Phillip Druilett.
 As figuras humanas dele 
são uma merda, mas, véio... o cara tem
 uma criatividade pra fazer 
ficção-científica que nem o grande
 Jean Giraud (Moebius) tinha ou tem. 
Veja, bem... avalio um trabalho pelo
 conjunto da obra e não por detalhes. 
Todo mundo erra. Ninguém é perfeito.
 E tem outra coisa: o trabalho desses 
caras (Kirby\Druillet) podia não ser um
 show de arte, entretanto, eram 
carismáticos e vendiam a beça.
Caia no gosto popular. Acho que este
 é o caminho, sem neuras. 
Mas, voltando ao papo... 
Voltei a revê-lo em 83, na ETF, como 
já disse... seu trabalho, na época, 
tinha evoluído bastante...
 isto ocorreu porque você
 estudava desenho 
3-D, com o mestre?




Ramirez - Nunca estudei desenho 3-D, 
estudava anatomia com o Justo. Só.

Tony 14 – Mas, cara, você vivia pentelhando
 a gente com esse papo 
“Tô estudando desenho 3-D com o Justo”...
 era insuportável...
 (Rsss...). Lembra?

Ramirez - O lance sobre "3-D" era idéia minha mesmo. 
Me lembro um dia em que eu e o 
Jotah estávamos “layoutando” uma 
capa do Capitão (Buana) Savana 
pra você, saiu um angulo fantástico, 3 D.

 Tony 15 – Lembro-me bem desta capa, ficou show... 
tenho que admitir... (Rsss...).

Ramirez - Naquela época as figuras
 daqui eram meio 2 planos,
 chapadas, e eu dava naquele lance
 de tridimensionalidade na cena. 
Até nos storyboards que eu fazia 
na época tinha diretor de arte
 que me xingava... rsss... vocês até 
me apelidaram de 3D, lembra?

Tony 16 – (Rsss...) Você também era uma figura... 
Sim, claro que lembro... quem é que
 consegue esquecer disto? 
Ninguém... (Rsss...). 
Esse papo seu de 3-D, na época, traumatizava 
todo mundo... Qual foi sua 
primeira HQ publicada, 3-D Man?

Ramirez: Não foi exatamente uma HQ, 
mas aquela revista da ratinha 
que fiz pra você, já te disse antes.

Tony 17 – Sei... Era uma revista de 
história pra crianças, para ler e pintar
 que fizemos para a editora Rios... 
aliás, fazíamos várias nesse estilo, 
na época, pra esta editora, para a 
Imprima e pra outras. 
Perdi a conta de quantas revistas de 
atividades infantis fizemos
 ao longo dos anos. 
O texto era do Antonio Luís Pereira
 (vulgo Capitão Bahia). 
Aquele trabalho ficou sensacional. 
Vendeu bem.

Ramirez – HQs... sempre colaborei em 
revistas com vários outros artistas 
juntos, como é a Mad, Caminho de Rato, 
Fierro e outras, como exemplo.


Tony 18 – Entendi, mestre... Então, 
sua carreira profissional teve início 
oficialmente em que ano, mesmo?

Ramirez - Boa pergunta... Rsss... sei lá se iniciou
 ou ainda tá iniciando. 
Acho que ela inicia a cada ano.

Tony 19 –  Negativo. A cada ano você reinicia ela. 
Creio que você começou 
mesmo ilustrando a história 
da ratinha em 1982/83. Por aí. 
Você conviveu com o meu 
pessoal de arte, tipo: Carioca 
(Wilson Borges, autor de Sapolino),
 Jotacê (Jotah, autor da Turma 
do Barulho), Beto, Bilau,
 Ralf, Paulo Menon (o almofadinha 
que era o nosso contato 
e grande amigo), e outros feras... 
com qual deles você se dava melhor,
 no bom sentido, é claro.

Ramirez - Todos foram muito amigos
 e havia união. Conheci o Jotah 
na ETF, estávamos começando
 praticamente juntos. 
Aí veio o Beto e os 
outros na sequência. Desses citados 
por você, o Jotah é o único que 
converso até hoje por telefone 
e vi algumas vezes durante esses
 anos. Na época, formávamos
 todos uma boa turma. 
Trabalhávamos, saiamos juntos, 
éramos bem unidos mesmo. 
Sempre me dei bem com todos.
O mercado editorial era tão aberto, 
que você fazia amigos 
em todo lugar. 
Todos se conheciam, trocavam
 “figurinhas”, se ajudavam. 
Não escondiam truques, ou coisas assim. 
Para você falar com uma pessoa, 
não precisava ligar, marcar hora, ou
 mandar e-mail (nem existia e-mail
 na época). Você tocava a campainha
 o cara te atendia e você 
estava lá. Saia com algum trabalho, 
ou indicação, mesmo que fosse
 uma vinhetinha. Você falava com o
 zelador e até com o diretor. 
Bastava interfonar.

Tony 20 – É verdade... nem existia e-mail, 
nem sonhávamos 
com computador...
Putz... somos jurássicos, mesmo...
 (Rsss...). Hoje, pra ser atendido,
 se não agendar a reunião ninguém te atende. 
E-mail? Você manda e a 
maioria nem responde.
 O pessoal fica aí mandado arte em 
anexo pras editoras. A maioria 
nem abre o anexo e deleta o e-mail 
na maior – com medo de virus. 
Ninguém dá mais atenção pra ninguém... 
esta é que é a verdade.
 Qual deles era o mais metido da
 nossa turma? O mais nojento?

Ramirez: Antigamente não tinha
 metidez, nem com os mestres.
 O cara que era metido era queimado 
naturalmente pelo mercado 
e por ele mesmo.


Tony 21 – Verdade... o próprio fulano 
implodia... (Rsss...). 
Ficamos, novamente, mais 
um bom tempo sem e ver...
 Na década de 90 você reapareceu
 quando estávamos lançando
 a revista Udigrudi, pela editora Ninja. 
O estúdio era uma salinha na esquina 
da avenida São João com a Ipiranga, 
no coração da cidade, naquele prédio 
das acadêmias de fisiculturismo.
Só dava nego bombado por lá,
 cheio de anabolizantes.
Como foi que você nos reencontrou?

Ramirez: Eu migrei pra publicidade e
 me afastei um pouco do editorial. 
Fui diretor de arte de uma agência, 
aos 18 anos de idade. 
E “freelava” para algumas editoras
 mais por prazer, 
se bem que me pagavam. 
E também os profissionais da época 
eram verdadeiros ratos de estúdio. 
Sempre iam e vinham, não se 
perdia contato físico, como hoje. 
Era muita gente, todos se conheciam.
 Você não iria conseguir se
 esconder por muito tempo... rsss. 
Sempre tivemos também muitos
 amigos em comum. 
Por isso te reencontrei fácil. Rsss...

Tony 22 – É fato... quem trabalha na TV e 
nesse ramo se ficar devendo 
pra alguém tá lascado... é localizado
 rapidinho... (Rsss...). 
A Ninja cresceu e conseguimos
 abrir novos títulos nacionais 
naquela época... precisávamos 
de mais gente. Daí você e outros, 
como: Gilvan Lira, Edson Monteiro 
e Orlando Alves, Salatiel de Holanda e 
a Luciana – a única mulher da turma-, 
começaram a colaborar com 
a gente, OK? Não me lembro bem
 qual foi a primeira HQ que você fez
 com a gente... foi: Fantasticman?
A Maldição do Guerreiro Ninja? 
Ou foi uma HQ erótica?

Ramirez - Iamos fazer uma espécie de 
Mad e fui escalado pra ser o 
Mort Drucker da equipe...rsss...  
Mas o projeto não saiu do papel.
Acho que nessa época eu fiz Hq 
erótica também... e, terror ?

Tony 23 – Terror, você fez sim... 
outro dia o bengala friend 
Dom Alvarez postou lá no Facebook 
uma HQ de terror que você 
fez naquela época, década 
de 90! Aliás tinha um belo 
traço a La Azipiri!




Ramirez - Fantastic Man só finalizei uma
 história no estilo nervoso, 
que aliás acho que fui o precursor dessa 
modalidade de finalizar diferente 
pra super-heróis, no mundo.

Tony 24 – Sim, também acho. 
Alguns gostaram, outros odiaram.
Era o Azpiri tupinqiuim fazendo 
Fantasticman. Fiz o lápis e você 
artefinalizou. Pouco tempo depois, 
criamos e lançamos – pela extinta 
ed. Ninja-, O Pequeno Ninja, um dos
 maiores fenômenos de venda da
minha carreira (ou melhor, 
da nossa carreira). 
Tiragem: 250 mil. 
Venda 125 mil exemplares. 
Você também participou?
 Digo, chegou a pertencer a 
equipe que fazia o ninjinha?


Ramirez - Não, até acho que esbocei 
algo, mas não fiz nada final.
 Embora acompanhei bem o
 personagem de perto...

Tony 25 - Tinha muita gente 
ajudando a fazer o Pequeno Ninja, 
por isso não me lembro bem das coisas. 
Tinha os dois Alexandres 
O Montandon e o Dias, guitarrista 
da banda Velhas Virgens, 
tinha o Verde, a Luciana e uma
 pá de gente. O ritmo de produção 
era pauleira e dava um trabalho 
danado era tudo em cores. 
A Ninja cresceu e mudou para o Tatuapé 
e nós acabamos alugando as
 salas do prédio – no 5º andar.
 O português editor\Ninja quis
 roubar nossa criação, entramos na
 justiça e ganhamos a causa e com 
essa grana montamos a editora
 Phenix, que era duas salinhas, no
 mesmo prédio, onde até hoje tá 
cheio de academias de musculação.
 Lançamos as revistas posters 
de cinema e emplacamos.
 Lembro que isto aconteceu bem na
 época em que o famigerado
 Plano Collor capou o dinheiro 
de todo mundo. Relançamos, 
pela nossa editora (Phenix) a Udigrudi, 
numa versão menor, em
formatinho, com 132 págs. 
As primeiras edições de Udigrudi 
saíram pela Ninja no formato 21 x 28 cms 
e tinham apenas 32 páginas. 
Udigrudi foi um título que deu certo, 
vendia bem. Você também chegou 
a criar HQs para a Udigrudi, 
naquela época, né?


Ramirez: Pra Udigrudi fiz muita coisa. 
Acho que dos títulos seus esta
 foi a revista que mais colaborei. 
Poderia voltar a fazer algo no gênero. 
Tenho em mente uma revista parecida 
com pautas também, textos... 
podemos conversar, acho que 
ela ainda vende se sair renovada. 
Tá faltando um misto de El Jueves,
 Fierro, Barcelona, Mad e Udigrudi, 
no mercado brasileiro.
 Até me candidato a ser co-editor... rs.



Tony 19 – Também acho que falta algo 
como ela no mercado atual... 
zoávamos tudo. De séries de  TVs e
 novelas a super-heróis... 
era uma baixaria total. 
O Surfista Prateado, nas 
páginas da Udigrudi virou O Surfista 
Afrescalhado... (Rsss...) e foi um sucesso. 
Conan, o bravo, virou... 
Cornão, o brabo... (Rsss...). 
O Salata pegou aquela série 
de TV chamada A Ilha da Fantasia
 e fizemos a nossa versão:
 “A Ilha da Baixaria”... era legal. 
Detonávamos tudo e todos 
até o editor... (Rsss...). 
Na real era uma versão da MAD, 
mais erotizada, mais adulta e até 
revolucionária pra época. 
Nas bancas só dava Chiclete com Banana, 
do genial Angeli, e a Udigrudi. Voltando... 
A Phenix começou a dar certo.
 Robocop vendeu cerca de 800 mil exemplares.
Alugamos um lugar maior e mudamos 
para o bairro do Brás. 
Ali, sim, me lembro que você passou
a ser um colaborador assíduo. 
OK? Fale-me sobre esta época.

Ramirez - Nessa época eu já tinha um
 estúdio de fotografia, 
mas não tava dando muita grana. 
Então pensei em fazer revistas, 
sem ser quadrinhos. 
Fui te procurar e peguei trocentas 
páginas da Udigrudi pra desenhar
 e fizemos também 
(eu e meu sócio na época)
 revistas de horóscopo 
(essa criamos um personagem o 
Mahatmam Ramaukla da ordem do
 progresso astral, chegava 
cartas do Brasil todo querendo
 conhecer o cara, lembra?

Tony 20 – Sim, claro... acho que vocês também 
fizeram livros de simpatia, etc...

Ramirez - Mahatman vem do Mahatma 
Ghandi e Ramaukla 
era a junção de Ramirez, Claudir e 
do Augusto um amigo meu. 
Foi sucesso o guru inventado...
Rsss... aí fizemos guia do 
motorista que sei que vendeu 
muito e uma revista de moda que 
ia ser bem legal, mas não 
saiu da gaveta. Foi uma época também 
de mudanças pra mim. 
Foquei muito em fotografia. 
Muitos me procuravam pra criar
 embalagens e fazer design gráfico...


Tony 21 – Olha quanta coisa bacana você 
realizou, guerreiro... 
tem uma bagagem invejável. 
Foram muitas e diversificadas 
experiências... Você sempre trabalhou 
com fotos e desenhos. Estas sempre foram 
suas duas grandes paixões. 
Lembro-me que alguns anúncios de 
nossas revistas posters as 
fotos foram feitas por você... 
Ainda trabalha com fotografia?

Ramirez - A fotografia foi acontecendo. 
Eu “freelava” pra TVS (hoje SBT), fazia aquelas
 manchas que viravam slides de cena que o 
pessoal do jornalismo colocava na
 matéria quando não tinha 
imagem e eu falava com o Pincel e o
 Verão, chefes do estúdio. 
Uma vez, acho que de saco cheio
 de tanto me ver, disseram 
que uma grande agência em
 Marília tava precisando de diretor de 
arte e achavam que eu era o cara. 
Telefonei. Tudo ficou combinado
 pra eu ir lá mostrar portfólio e 
conversar com os donos. 
No dia seguinte, em que completei 18 anos, 
viajei. Pedi o salário de uma grande
 agência de Sampa e os caras
 aceitaram, me contrataram na hora. 
Nem eu acreditei 
na época, coisa de doido... Rsss.

Tony 22 – Coisa do “Chefe”, lá em cima, 
grande Ramirón... você rala, 
se eforça, corre atrás e Deus ajuda, 
as portas se abrem...

Ramirez - Ai criei uma embalagem. 
Eu queria uma fotografia
 na capa mas o fotógrafo oficial da
 agência não conseguia fazer 
o que eu queria.
 Fui tentar fazer e acabei dando sorte. 
Deu certo... Rsss. 
Ai, como sempre quis aprender
 tudo que a área oferece, metidão, 
comprei uma câmera e comecei 
a brincar de fotógrafo. 
Mas sempre como segunda opção.
Fiz muitas festas socialites, tipo 
paparazzi, pra jornais e revistas. 
Dizem que fui o precursor do Pânico, 
só que nas fotografias... 
Rsss... o que eu zuava com os
 famosos não era fácil... rs...  
e me lembro que fotografei
 pra você também.

Tony 23 – E muito... agora sabemos que você 
também já trabalhou na área de publicidade
 e fotos, OK? Fora esta tal agência do 
interior, pra quais outras
 agências você trabalhou? Outra coisa: 
O que faz o seu Draz Studio, 
atualmente? Digo, atende que 
tipo de clientela?

Ramirez – Então, o Salata me levou pras agências...

Tony 24 – O Salatiel (vulgo Di Zuniga), 
sempre foi gente finíssima... 
sempre ajudou e deu dicas à todos...
 ando com saudades do 
"mano véio"... estava sempre feliz e 
pintava muito, brincava com as
 cores e era autoditada, lá do Recife,
 terra de grandes artistas... é que
 os leitores não conhecem os trabalhos 
que nós vimos do Salata e que 
nunca foram publicados. 
As pinturas do Zuniga, feitas na década de 80, 
colocavam as pinturas do badalado Alex
 Ross no bolso. Outro fera em
pinturas era o Bilau, o Adãozinho... 
os caras desenhavam 
e pintavam muito... muito mesmo,na raça. 
Não existia Photoshop, Painter, etc.

Ramirez - Eu fiz mais “freelas” pras
 agências do que 
trabalhei dentro delas. 
A primeira foi a Gray, essa trabalhei 
mesmo, como funcionário.
 Mas, aí pintava os freelas da Almap 
(Alcântara Machado), DPZ, a M3, de Marilia,
 para citar algumas, e assim foi. 
Depois trabalhei em algumas médias
 e pequenas e aquelas que 
me davam trampo... 
Geralmente o pessoal
 das agências quer prêmio e 
embalagem não dava prêmio. 
Então eu pegava esse tipo de trabalho 
porque ninguém queria pegar.
 Rsss. Ai abri o estúdio e larguei de 
vez agências. Aqui, no Draz 
Studio, atendo fabricantes de 
brinquedos (fazendo embalagens) e
 trabalho para o mercado de
 licenciamento e também faço
 algumas ilustras 
encomendadas de cartoons.


Tony 25 – É incrível isto, quando 
você trabalha numa editora ou agência 
aparece free lance de todo lado. 
Você sai, monta estúdio e aí
 esses clientes desaparecem... (Rsss...). 
Embalagens é uma grande área,
 dá muito dinheiro. 
Licenciamento também é uma boa.
 Trabalhei pro Álvaro Figueiredo, da Viacom 
(fazendo desenhos para merchandising da 
Pantera Cor-de-Rosa, Tom e Jerry, etc);
 e com a Character (fazendo artes para os 
heróis da DC Comics)...  
O nosso velho bengala friend Jotacê (Jotah)
 e a Sandra tinham... digo eles têm ainda, um 
estúdio que só atende editoras de livros 
didáticos... você também chegou 
a trabalhar com eles. 
Por quanto tempo?



Ramirez - O Jota me convidou pra ilustrar
 alguns livros com ele e fui. 
Fiquei com eles alguns meses 
apenas no estúdio deles. 
Mas o Jotah é muito amigo até hoje.

Tony 26 – Então, quer dizer que você acabou 
virando mesmo um 
especialista em embalagens. 
Fale-me mais sobre esta sua 
nova experiência. 
Taí uma área que dá dinheiro. 
Encheu os bolsos (Rsss...). 
Pra que empresas você
 desenvolveu embalagens?

Ramirez – Tony, isto não é novo. 
É coisa antiga. 
Comecei através das agências, 
como lhe expliquei antes, e o que mais 
aparecia para fazer eram embalagens. 
Naquela época o que a gente criava
 chamava-se embalagem. 
Hoje isto é chamado de "design gráfico"... 
Rsss... Aí o mercado foi me levando 
pra embalagens e eu fui em frente. 
Fiz muitas, mas muitas pro mercado
 de panelas, cosméticos, alimentos, 
balas  e até embalagem de paçoquinha...
Naquela época era um trabalho complicado,
 porque não tinha computador
 e o layout tinha que ser do tamanho 
natural. Tinha mais gente 
também no processo, como marcador 
de letras, past up man, o mancha 
pra por as ilustras e coisa e tal.
 Eu criava e ajudava no processo
 até na finalização. Imagina uma 
embalagem de jogo de panelas, 
por exemplo, o tamanho que era. 
Se o cliente mudasse uma 
coisinha, tinha que começar tudo de novo. 
O processo era lento. 
Hoje melhorou muito o mercado. 
O computador facilitou muito 
todo o processo.

Tony 27 – Com certeza... e a gente tinha 
que desenhar a faca 
(na unha, na raça), com precisão... 
era complicado mesmo... 
também fiz muitas
 para o Laboratório Catarinense S\A... 
Você também entende de 
produção gráfica?
 Gramatura de papel, formatos, etc?

Ramirez - Não mexo tanto com 
isto hoje como antes. 
Hoje estou focado na 
criação, os clientes fazem essa parte 
de produção, mas auxilio quando
 me pedem. Formatos, gramatura, 
aplicação são noções 
básicas para a profissão...

Tony 28 – O saudoso Fiori Gilliotti foi 
um famoso locutor esportivo 
da rádio e TV Bandeirantes... como 
eu ia sempre lá no edifício 
Radiantes (sede da emissora), 
no bairro do Morumbi, no tempo da 
Copa da Argentina, quando fiz várias 
artes para eles, eu acabei conhecendo 
o seu tio famoso antes mesmo 
de conhecer você. Daí um dia fiquei 
sabendo que ele era seu tio...
(rsss...). O mundo é pequeno... ele era 
seu tio, por parte de pai, ou de mãe? 
Como era conviver com o tio Gillioti?

Ramirez – Era meu tio, por parte de mãe.
 Fiori foi uma grande pessoa, 
além de ser um bom locutor. 
Sei lá, uma convivência boa, normal.
 Era fácil lidar com ele.
 Foi uma pena, perdi um tio e o Brasil, um dos 
melhores locutores esportivos da rádio.
 A única coisa que nunca rolou foi
 apadrinhamento pelo fato de eu ser 
sobrinho dele. Pouca gente sabe 
que sou sobrinho dele.

Tony 29 – Trabalhar ou viver de HQs
 nunca foi fácil nesse país, 
você sabe... quando a gente é adolescente 
e mora com os pais, 
tudo bem. Mas, quando você 
tem família e uma porrada de 
contas pra pagar mensalmente 
a coisa complica. Foi por isso que você, por 
um bom tempo, sumiu do setor editorial.
 Ou seja, foi trabalhar em outra 
área melhor remunerada?

Ramirez - Não. Na verdade eu sempre
 tive, no fundo, preguiça de 
desenhar muitas páginas. E quadrinhos
 exige tempo e muito esforço. 
Ainda exige isso e eu sempre preferi 
coisas rápidas. Alguem diz:
 “Olha, preciso desse desenho.
” Eu digo: “Ok! Tá aqui!”, e pronto.
Por isso fui indo pro cartum, no
 máximo uma tira que faço 
rápido, mesmo que sejam milhares.



Tony 30 – Hmmm... só quer saber de moleza, então... 
deixa de ser vagal, bengala brother...
 tudo bem que fazer uma HQ 
longa não é fácil... as vezes dá até desânimo...
 se você não pegar com vontade,
 não sai. Uma vez vi o Salatiel
 pegar um Sexyman da Noblet, 
pra fazer, e olha que era só 
dois quadros por páginas. 
Mas, eram 132 págs. Cara, vi o “veio” 
Di Zuniga- um cara tarimbado, 
escolado, acostumado a encarar 
grandes campanhas publicitárias -
 ralando, fungando, xingando e
 não acabava nunca o trabalho... (Rsss...). 
Foi um drama. Melou a cueca. 
Fiz, também, para a Noblet, 
“A Maldição do Guerreiro Ninja”, sozinho, 
100 págs por mês. 
Não foi fácil.
 Tem gente que manda e-mail e diz, 
“Por que não faz que nem Tex, 
Apache, com mais páginas?”
 Os caras pensam que 
é fácil... já estou ralando 
e suando a camisa pra fazer
 praticamente sozinho (desenhos 
e história), 52 págs por mês (2 edições). 
Por isso admiro o pique 
de produção da “gringaida”. 
Os caras são fodas, são verdadeiras 
máquinas de produção.
 Aqui no país também tem um agravante:
 os preços não te animam a 
encarar uma louca empreitada dessa.


Ramirez - Você não tem o compromisso 
de fazer 10, 20 paginas de HQs 
de uma mesma historia. Acho isto um saco. 
Quanto a propaganda, 
ela aconteceu. Nunca tive gana de trabalhar com isso. 
Passei a gostar muito, aliá, quando eu era 
criança, nem sabia o que era
 propaganda. Meu negócio era quadrinhos. 
Quando entrei na 3 Rios 
eu pensei: “Mas isso não é quadrinhos”.
Na época que peguei o bonde, as 
editoras pagavam bem e tinha
 muito trabalho, porque as revistas eram 
mensais e havia muitos titulos.

Tony 31 – Sim. Havia muitos títulos, mas,
 bem menos do que 
hoje... e as revistas vendiam bem... 
quando entrei também não 
achei os preços ruins, não... deu até pra
 ganhar uma boa grana fazendo HQs...

Ramirez - Olha deviam ter naquela época, 
contando com você, mais 
umas 6 editoras no mercado 
fazendo HQs. Tinha a Grafipar, 
que eu não colaborei, a Press,
 a Maciota, uma do Vilachã, 
que também ficava na Aclimação, 
a Noblet, a D’ arte, do Zalla, a Ed. Abril,
 que tinha a revista Aventura e 
Ficção e uma policial. Todas mensais.
 Fora isto tinha sua, a do 
Manelão (apelido do portuga 
da editora Ninja), Hercílio (Escala), 
Cazzamata (Sampa)... era muita gente.

Tony 32 – Existiam menos editoras. 
Só algumas correçõeszinhas, 
bengala friend... seu "HD" deve 
ter falhado... (rsss...). 
A editora da Aclimação não
 era do Vilachã era do Itagiba 
e se chamava Ondas.
Outra:  Você se esqueceu da Vecchi
 e da Bloch. E a Escala não era
 dessa época. Veio depois. 
Tudo bem... deve ser a idade... (Rsss...). 
Opa! Me lembrei de uma pergunta 
que preciso fazer à você, sobre 
o Justo... o nosso grande mestre 
sempre foi um cara legal, mas
 acho que por ser um ex-militar da
 aeronáutica, tinha um jeitão 
estranho de conduzir seus discípulos.
 Ele mais parecia aqueles 
sargentões mandões e 
invocados de quartel... (Rsss...).
Cheguei a ter vários arranca-rabos
 com o mestre... (Rsss...). 
Você também chegou a encrencar 
alguma vez com o Justo? 
Seja sincero...

Ramirez - Uma vez aconteceu uma 
coisa estranha e engraçada. 
Fiz um trabalho para o Zalla e 
o Justo me ajudou a fazer.
 Antigamente os profissionais, 
pra ajudar você a entrar no mercado 
às vezes ajudavam desenhando a 
lápis, ou artefinalizando, e você,
 muitas vezes, assinava o trabalho sozinho.
 Rolava muito disso. 
E o Justo, desta feita, esboçou pra mim. 
 Ok. Entreguei a HQ pro Zala. 
Coincidentemente eu sumi, mas por 
outras razões.  Dias depois,
 chego na Noblet pra trabalhar e 
encontrei um bilhete na 
minha prancheta dizendo 
pra eu ir no Justo, urgente!!!. Ok, fui lá. 
Olha que cena:
O Justo nervoso, “pacaraio”, disse 
que eu tinha sumido com 
o dinheiro da historia que ele fez!
  Eu nem tinha recebido ainda.
 Ele me levou na sala onde 
ensinava anatomia, colocou os outros
 alunos sentados nas laterais da 
sala para serem uma espécie 
de júri popular e chamou a Nilza,
 a esposa, pra ser
 a advogada minha de defesa. 
Ele era o juiz.

Tony 33 - Rssss... que coisa de maluco... 
continue... prossiga... só podia ser coisa
 do velho sargentão e imprevisível
 mestre... (Rssss....). 
Conta logo... fiquei doido pra saber o fim... 
peloamordedeus... (Rsss...).


Apache na concepção de Décio Ramirez
Ramirez - O André, e o irmão – os dois filhos dele-, 
eram os promotores.

Tony 34 – Para com isso... (Rsssss....). ô locoooo...
 parece coisa de hospício...

Ramirez - Puta cena de guerra.
 Me acusou de milhões de coisas.

Tony 35 – O julgamento de Nuremberg? (Rsss...).

Ramirez – Ele disse que eu não iria 
mais frequentar a mansão...

Tony 36 – Cartão vermelho? 
Foi expulso de campo... putz (rsss...). Sem
 chance de se defender? 
O cara foi cruel, grande Ramirón... 
Que porra de julgamento era esse?

Ramirez – Puto da vida, ele também me disse
 que ia me "queimar" na Almap e nas
 outras agências....

Tony 37- O velho mestre fez isto? Caramba... 
Tornou-se o “Conde Crápula?” O Perry Mason 
tupiniquim?- advogado de 
uma antiga série de TV.

Ramirez – Pois é... me senti mesmo 
num tribunal!!!! 
Ai teve alguns minutos de 
recesso, onde todos sairam 
da sala e eu fiquei lá sozinho.

Tony 38 – Ô loco... pelo menos a zorra era organizada. 
Tinha até recesso.
Esta eu não sabia. Nem em circo vi 
uma coisa dessa... juro...

Ramirez – De repente, entra o bando todo 
novamente e o Justo da o veredito final:

Tony 39 – VereDITO, mesmo... afinal, a mulher 
dele o chama de Dito... (Rsss...). Essa foi boa!

Ramirez – Então ele disse: “Como você 
é amigo e assíduo fequentador
 desta casa, respeitado perante os 
colegas... eu, Benedito Ignácio Justo,
 perante a todos presentes nessa sala,
 mais o aval da excelentíssima Nilza, 
concedo a você o direito de continuar 
frequentando essa humilde casa, 
desde que, nunca mais faça isso, de
 sumir, sem dar satisfação para mim. 
Saia agora e só volte daqui 3 dias a tal hora!
 Se tiver realmente a
 certeza de que quer frequentar aqui de novo!”

Tony 40 – Olha, Ramirez... que ele 
sempre foi meio pirado eu 
até sabia. Que ele adorava armar 
um teatrinho, também...  
mas chegar a esse ponto é 
complicado... e você não mandou 
o velho mestre e mancebo, pra merda?
 Eu tinha mandado, se fosse comigo, juro!
 Ele me conhece bem.

Ramirez - Dia e hora marcada, voltei lá de novo.

Tony 41 – Coisa de masoquista, cara...

Ramirez – Tudo estava normal. 
Parecia que nada tinha acontecido. 
Eu me divertia muito lá. 
Tem muitas histórias de "rachar 
o bico", de tanto rir...
Esta foi a única desavença que
 eu tive com o mestre. 
Ou melhor: que ele teve comigo.


Tony 42 – O Justo não deve ter feito 
isto de maldade, não... 
ele adorava pregar susto nos 
outros e armar essas comédias... 
é que você sempre foi de paz... 
se fosse comigo... 
acho que brincadeiras têm limites... 
No tempo da Phenix, você, bengala 
brother, aparecia com um sócio. 
Um gordinho... um cara super legal. 
Voces encaravam produzir 
qualquer produto editorial: 
livros, revistas, HQs, etc.
 Formavam uma dupla
 polivalente... (Rsss...).
 Como era mesmo o 
nome dele? Faz tanto tempo... 
que fim levou o cidadão?

Ramirez – Beltran, Tony! Nunca mais vi o
 Beltran, gente finissima. 
Ele vinha aqui quando montei o
 estúdio no início, depois perdi contato.

Tony 28 –Beltran... como pude me 
esquecer desse nome. 
Eu brincava muito com ele. 
Chamava-o de Bertran Russel, 
de gordinho erótico, e ele sempre 
foi muito educado... levava numa boa. 
Graças ao Facebook nos 
encontramos novamente... 
Deus salve a tecnologia e vejo que
 você está voltando 
com força total para o metiê e, 
desta feita, como caricaturista. 
Tá se dando bem com isso? 
A revista A-3 Quadrinhos anda
 lançando material seu.
 Como foi que você conheceu esta
turma do Matheus Moura?

Ramirez - Não sou caricaturista,Tony... Rsss...

Tony 43 – Esse nosso papo tá ficado 
complicado... (Rsss...). 
Você não é um fotógrafo,
 mas fotografava. Não é um 
desenhista de HQs, mas fez muitos
quadrinhos... e agora me diz que 
não é um caricaturista,
 mas faz caricaturas? Dá pra se auto
 definir melhor, bengala crazy?

Ramirez - Vou contar a história: 
Parei de desenhar desde sei lá
 que ano... 93 talvez.

Tony 44 – Adorei a precisão de dados...


Ramirez – “Male mal”, somente rabiscava 
enquanto estava no telefone... 
Para vocês terem noção, cheguei a
 contratar o Salatiel para fazer
 layouts de desenho aqui no estúdio. 
Ele ficou 1 ano mais ou menos
 comigo aqui, creio que em 2000.
 Em outubro de 2008 me bateu o tesão 
de desenhar novamente e 
decidi fazer um estilo sem esboço. 
Fiz uns rabiscos e inaugurei um blog...

Em 23 de outubro. Postei algumas coisas lá,
 sem muita pretensão, e de 
repente estourou.
 Tem postagens lá com mais de 100 comentários. 
Peguei gosto por este estilo de 
desenho mesmo, vontade mesmo. 
Entre um leitor e outro, apareceu 
o Matheus Moura e me 
convidou pra dar uma entrevista
 para ele sobre meu blog que 
estourou na época. Ele me disse 
que curtia meu trabalho.

Tony 45 – Que legal... o Matheus é batalhador 
e está fazendo um belo produto.
 Até escrevi uma matéria sobre a publicação dele, 
num dos blogs.
 E foi aí que vi seu cartum, na última capa. 
Muito legal.

Ramirez - Aí pintou o convite para colaborar pra revista 
“Caminho de Rato”...


Ramirez, primeiro a esquerda, na FestComix em S. Paulo


Tony 46 - De novo, pintou um 
rato em sua vida? (Rsss...).
 Parece que o seu destino 
sempre foi rato, mesmo. 
Começou ilustrando uma história da
ratinha, pra mim, e anos depois pintou 
outro rato? Acho que você se
sairia bem fazendo Mickey Mouse...
 já pensou nisso?


 Ramirez - E depois do rato fiz pra
 A-3 Quadrinhos. Depois, 
fiz os designs das quartas capas 
e o editorial além das ilustrações. 
Historias, fiz poucas 
e curtas. Acho que umas 3 ou quatro.
 Ele é um cara super 10.
 O lance da "caricatura" aconteceu 
uns 15 dias antes do Natal de 2010, 
onde tive a idéia de fazer "caricatura",
 mas na minha interpretação a
 um preço baixo para que todos pudessem 
ter acesso ao meu trabalho. 
Foi um sucesso e vou seguir fazendo 
esse trabalho o ano todo. É mais uma brincadeira 
do que uma caricatura de verdade. 
Sou cartunista não caricaturista.
Os trabalhos estão "pintando" 
paulatinamente o que é muito bom. 
A satisfação de receber elogios 
e comentários que alegra 
o dia das pessoas é maravilhoso. 
Levantar sorrisos nesse 
mundo duro é muito gratificante. 
Acho que o planeta Terra tá 
precisando disso. Você liga a TV e só
 vê maldades. O humor renova, 
revitaliza, além de servir de critica 
e embutir muitas verdades. 
É muito difícil ser cartunista.
O cartoon te proporciona muitas 
coisas boas, espero crescer 
cada vez mais nesse segmento.

Tony 29 – Maravilha... então a coisa
 aconteceu por acaso e 
o Matheus deu uma tremenda força... 
Décio Ramirez renasceu 
das cinzas, para o mundo... (Rsss...). 
Como a Phenix mitológica.
 Adorei saber disso. Sim, fazer 
chorar é fácil. Fazer rir é difícil, é uma arte. 
Nesse mundo que só tem 
tragédias aquele que faz ir é um abençoado. 
Parabéns a você e a todos
 aqueles que fazem o mundo um pouco 
mais feliz com os cartuns e HQs de humor. 
Adorei seu novo traço solto dos cartuns. 
Seguindo...  Editora Escala, do nosso old 
bengala friend Hercílio 
– ex-gerentão da gráfica Brasiliana... o que
você andou fazendo pra ela? 
Fotos, HQs, ou montando revistas?

Ramirez - Tá sabendo de tudo, hem??... Rsss...

Tony 30 – Quase tudo... My little friend... 
sou um tiozinho… digo, um vozinhobem informado… 
tenho uma rede de 
espionagem melhor do que o F.B.I... (rsss...). 
Meus "satélites" monitoram tudo... ou quase tudo.


Ramirez – Fotos, apenas. Estou tentando 
voltar ao mercado do desenho. Queria tentar 
publicar o Las Tiritas, meu blog 
que tem mais de 200 mil acessos e 
leitores no mundo todo 
e alguns outros de cartum. 
Se tiver alguma editora a fim, agradeço a força. 
Tenho um projeto 
também de cotidianos em cartum e 
alguns empresariais. 
Tudo pode gerar livros e revistas.

Tony 31 - Taí uma boa idéia... já apresentou 
ela pra algum editor?
 Aposto que não... vou ver o que dá pra fazer... 
mas preciso de um “boneco”,
 você sabe como a coisa funciona...  Alguma frustração na 
área editorial? Deu pra ganhar dinheiro
 esses anos todos?


Textos inteligentes, geniais, num traço dinâmico e estiloso


Ramirez - Eu gostaria de lançar um 
livro, pelo menos. 
Não me frusto, porque andei sumido do
 mercado, fui pra outra área e estou
 recomeçando a desenhar agora.
 Estou mais maduro no estilo, mais 
profissional. Sei qual é meu estilo e o que faço. 
Acho o momento certo de voltar 
ao mercado editorial.

Tony 32 – Hmmm... deu pra captar vossos
 "sinais de fumaça", nas entrelinhas, talvez você 
tenha faturado, mas não tão bem, como deveria... 
enrolou e não respondeu esse item. 
Jamais deveria ter saído, bengala 
riend... precisamos 
de guerreiros, como você... 
Um sonho que você gostaria de 
realizar brevemente? 
Fora o tal livro, é claro...

Ramirez - Vou pensar...

Tony 33 – Cuidado pra não morrer pensando... (Rsss...).
 Uma grande lição de vida?

Ramirez - A maior lição de vida é a própria vida.

Tony 34 – Gostei. Dizem que a vida é uma 
escola, mas tem gente que consegue morrer 
sem tirar o diploma. Aí é foda... 
Algum plano, para 2011?

Ramirez - Continuar produzindo...

Tony 35 – Boa... Décio Ramirez por Décio Ramirez?

Ramirez -  Décio Ramírez.

Tony 35 – Essa eu não entendi, mas tudo bem... (Rsss...). 
Caro bengala friend, 
das antigas, foi um prazer essa troca de idéias... 
e fico feliz de vê-lo outra 
vez na luta, entrincheirado e na batalha... (rsss...). 
Se quiser pode deixar aí endereço 
de site, blog, e-mail, fone de contato, 
número da cueca, etc... (Rsss...). 
Afinal, a propaganda é a alma
 do negócio... (Rsss...). Que conselho você
daria à um filho seu que tivesse o dom 
de desenhar e quisesse entrar
 nesse ramo, amaldiçoado por 
alguns e idolatrado por outros?

Ramirez - Tony, prazer enorme te rever e responder 
essa entrevista. Espero que tenha correspondido 
a altura, friend. Conte comigo!

Tony – Bota altura nisso... o prazer foi todo meu. 
Eu é que sou grato pela colaboração de todos 
os amigos, como você, que gentilmente
concedem seus ricos depoimentos.

Ramires - O conselho que eu daria é chavão
 entre os profissionais da área. 
Treinar muito. Ver muito. 
Desenhar muito. Insistir muito e 
ir em busca do seu sonho... acho que 
esta é a base de toda profissão.
 No desenho as regras não são diferentes.
Caso queiram visitar o 
Las Tiritas del D.Ramírez, acessem:


e podem deixar seus comentários, criticas,
sugestões... Rsss...

Tony – Valeu, old cowboy! Até a próxima vez! 
Sucessão, procê!

Ramires - Obrigadão, Tony! Valeu


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Uma imperdível entrevista com o cartunista
mais rock and roll do Brasil...


MARCIO BARALDI!
Imperdível!
autor de Roko Loko & Adrina-Lina 
e VAPT & VUPT




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