segunda-feira, 7 de novembro de 2011

GIOLITTI, UM GRANDE MESTRE ITALIANO QUE DESENHOU AS MAIS IMPORTANTES HQs DA AMÉRICA!




TEX - Por Giolitti
Final dos Anos 60. Eu era um adolescente 
e tinha uma coleção de revistas
em quadrinhos imensa. 
Não perdia uma só edição da EBAL 
(editora Brasil-América), 
da Rio Gráfica editora, editora O Cruzeiro,
 e também devorava os títulos e heróis 
lançados pelos pequenos
editores nacionais.



Jim Gordon foi lançado no Brasil
pela Rio-Gráfica e Editora


Batman e Superman eram as revistas
carro-chefe da editora EBAL

Brasinha, dos irmãos
Harvey


Capitão 7 foi o primeiro
herói brasileiro da TV e
das Histórias em Quadrinhos


O Anjo - por Flávio Colin

O Escorpião, criação de Wilson Fernandes,
por Rodolfo Zalla

Golden Guitar - Um herói jovem

O Judoka
Na verdade eu lia de tudo, não importava
 o gênero e mantinha 
minha coleção a sete chaves, intocável, 
no meu quarto. 
Na verdade eu torrava a
 grana que meu pai me 
dava com histórias em quadrinhos. 
Por que esta tara? Quem pode saber? 
Certo dia, passeando pelo 
centro da cidade descobri 
uma importadora de comics 
americanos numa
 travessa da rua Sete de 
Abril, bem no centro
 da capital paulista.
Decidi entrar e me extasiei 
com os inúmeros títulos que 
estavam expostos ali, da editora
 americana chamada Gold Key 
(Chave de Ouro). 
Consultei o bolso e de 
imediato levei umas 6 
daquelas caras edições, em cores, 
importadas, 
para casa, feliz da vida.
 Dentre os inúmeros títulos 
americanos que também passei
 a colecionar, estavam: 
Might Sanson (Poderoso Sansão),
 Lost In Space
 (Perdidos no Espaço - antiga 
série da TV e que 
tinha suas HQs desenhadas 
pelo incrível Dan Spiegel), Voyage 
To The Bottom of The Sea (Viagem ao 
Fundo do Mar – que também era um
 seriado imperdível da TV), Star Trek
 (Jornada nas Estrelas) 
e Turok, Son Of Stone). 
O mesmo desenhista estiloso
 que fazia Star trek, 
desconhecido, também 
desenhava Viagem ao Fundo 
do Mar e Turok. 

Flecha Ligeira era um dos
meus favoritos

Namor - O Príncipe Submarino


Originais da série Turok



Confesso que adorei aquele estilo
 marcante, diferente, porém, 
infelizmente as artes não vinham 
assinadas, naqueles quadrinhos em
 cores, sem requadração. 
As capas, da Gold Key 
eram belíssimas, 
muito bem pintadas.

Logo oficial da
famosa editora
americana
Enfim, levei um tempão danado 
apreciando aquele belo traço, daquele 
artista desconhecido, 
tentando adivinhar quem era o fera. 
Anos depois, quando me
 tornei um profissional
 da área editorial é que fui 
descobrir de que o 
dono daquele traço fantástico 
era um tal de Giolitti, 
que na verdade não era 
americano e, sim, italiano.

Viagem ao Fundo do Mar

Original de Jornada nas Estrelas

King Kong - o filme
No Brasil saiu em P&B pela EBAL
Algum tempo depois, adquiri 
uma edição especial 
em preto e branco, formato
 magazine, lançado pela 
editora EBAL, sobre o filme
 King Kong, o clássico
 do cinema -, totalmente 
desenhado pelo mesmo
 mestre italiano que 
eu tanto adorava.
Convivendo com os 
profissionais das HQs 
acabei descobrindo
 também que o mestre tinha 
um estúdio na Itália
 e que muita gente
 boa havia passado por lá, 
inclusive, Giovanni Ticci.
Até hoje, quando vejo um trabalho de
Ticci ele me faz lembrar a técnica
inconfundível de Giolitti.
Após relembrar esses 
fatos do passado
foi que eu resolvi escrever 
esta matéria sobre o
 fantástico mestre, que 
jamais deve ser esquecido...

ALBERTO GIOLITTI

No estúdio cercado de referências
O mestre Alberto Giolitti foi um grande artista 
de quadrinhos da Europa e também foi o mestre 
de muitos dos artistas que ainda fazem ou 
fizeram os quadrinhos italianos,
 e não apenas aqueles que 
faziam parte do famoso
 "Studio Giolitti", em Roma. 
O propósito desta matéria 
especial é relembrar o 
trabalho deste grande mestre
 italiano - que fez escola 
e fez também muito 
sucesso na América e que 
acabou conquistando muitos fãs –
 como eu -, pelo mundo afora. 
Decidi escreve este texto 
para reavivar a memória 
daqueles felizardos, como eu, que tiveram o 
prazer de acompanhar a fantástica trajetória 
deste super profissional e também para 
apresentá-lo para aqueles que desconhecem 
os quadrinhos incríveis de Giolitti. 
Durante anos ele não assinou suas pranchas.  
Conheci o trabalho de Alberto 
Giolitti nos anos 60, 
como já citei, e até hoje sou seu fã. 
Um de seus discípulos está 
aí até hoje produzindo
 Tex para a Bonelli Comics. Seu nome? 
Giovanni Ticci, que de tanto trabalhar com o mestre 
possui um traço muito parecido com o do seu 
antigo amigo e instrutor.

 Ticci, em Lucca., Itália 

Giolitti descobria os artistas, 
na rua ou em qualquer
 outro lugar, e pedia para eles
 irem trabalhar com ele. 
Muitos artistas italianos
 daquela época mudaram 
suas vidas radicalmente após irem 
trabalhar com o mestre. 
Giolitti circulava pela Via 
Cutigliano, em Roma, 
pela Via Veneto. 
Ele adorava Frank Robbins (Johnny 
Hazard) e também John Prentice que fazia 
Rip Kirby, bem como outros 
artistas americanos.
 Mas, seu grande ídolo era Alex Raymond, 
autor de Flash Gordon, Rip Kirby
 e Jim das Selvas. 
 Vivia comprando álbuns e livros de 
quadrinhos 
produzidos na América.


Arte de Alex Raymond



UMA VERDADEIRA MÁQUINA 
DE PRODUÇÃO

 Alberto Giolitti teve uma breve carreira - morreu 
prematuramente-, porém super produtiva.
 Fez: Turok -  Son of Stone (O filho da Pedra), Gunsmoke, 
Have Gun (serie que foi exibida na TV brasileira com 
o nome de Paladino do Oeste), Viagem ao Fundo 
do Mar, King Kong, Tex, etc. 

Poucos artistas tiveram o privilégio de
desenhar personagens tão famosos
Em seu estúdio seus discípulos 
ficavam boquiabertos 
ao vê-lo tirando de um 
armário uma série de
 títulos de gibis americanos. 
Ele costumava dizer: "Sim, eles são meus, eu 
desenhei eles, para os Estados Unidos." Dizia
isso na maior simplicidade. 
Além de seus incríveis  
trabalhos feito para
 os americanos, Alberto 
também havia criado uma 
verdadeira agência editorial 
chamada "Studio Giolitti".
 A equipe de artistas que 
trabalhavam para ele
 crescia a cada dia, assim 
como os pintores de 
tela (artistas plásticos) 
que surgiam e que ele 
distribuía vários trabalhos, 
todos encomendados  
por empresas editoriais do exterior. 
O grande mestre estava sempre pronto para 
oferecer conselhos e sugestões profissionais 
super valiosos aos amigos que também 
trabalhavam com a chamada arte sequencial. 

Giolitti também trabalhou para
 editores famosos 
da Alemanha,como: Bastei Verlag, 
Moewig Verlag, 
Pabel Verlag, na época 
era o seu secretário,
 Christy, que mantinha para 
ele contato no exterior.
 Mas, após a saída de Christy -,
 com o tempo, Alberto e Joan, a mulher
de Giolitti, fizeram contato com a
 IPC Fleetway, famosa
 editora da Inglaterra e
 também como as editoras 
dos Estados Unidos, 
como: Dell Publishing e outras. 

Inicialmente, Giolitti começou
 a fazer quadrinhos para a famosa
 editora britânica  Fleetway. 
Eram histórias de guerra e, em seguida fez
 para eles personagens do mundo do esporte. 
O pessoal que conhecia seu estúdio ficava
 impressionado com a sua mania de colecionar 
modelos em miniatura de naves espaciais,
 armas, carros, navios e uma centena de objetos 
de ficção e de outras ciências que usava 
como referência. 
Segundo as pessoas que 
conviveram com o
 mestre, seu passatempo
 predileto era montar
 modelos de aeronaves,
 carros, etc. 

Arte (original) de Ticci e Giolitti

Star Trek – que foi publicada 
pela Gold Key -, foi uma série de 
ficção-científica que fez fama na
 televisão e que se tornou muito popular na 
América desde 1966 e acabou conquistando 
fiéis espectadores por todo o mundo. 
Alberto Giolitti começou a desenhar
 os quadrinhos dessa série sem ter
 visto um único episódio.
 Fez um trabalho magistral apenas com as
 imagens (fotos) que o editor lhe enviava. 
Muito tempo depois, em que ele estava 
desenhando a série da TV em quadrinhos é 
que um modelo da 
Entreprise chegou em
 suas mãos graças a Wolfgang
 Fuchs, famoso editor
alemão de fanzine e historiador 
de quadrinhos e fã, que, depois 
de ter conhecido Alberto, em 
Munique, decidiu comprar 
o modelo da nave 
comandada pelo Capitão
 Kirk e a enviou para
 Roma, para Alberto. 



Assim o mestre agora poderia 
desenhá-la em
 todos os ângulos. 
Naquela época o Giolitti Studio tinha 
bastante encomendas.
Tanto que ele precisava 
de ajuda para manter 
os prazos em dia. 
Assim, muita gente colaborava 
com ele, fazendo os desenhos a lápis e 
criando outras séries, de diversos gêneros, 
que eram agenciadas pelo estúdio. 
Dentre aqueles que 
colaboravam com o mestre 
estava um jovem, que
tinha muito jeito para 
a coisa chamado
 Giovani Ticci. 

UM MERO ESQUECIMENTO 
QUE VIROU INOVAÇÃO

Alberto Giolitti pediu a Ticci para fazer o
 trabalho a lápis de "Turok". 
Curiosamente, os originais
 de Turok, edição # 31, 
por descuido, foi mandado para a América
 incompleta. Isto é, as histórias em quadrinhos 
não tinham sido requadradas pelo tradicional fio
 preto de contorno,
 mas apenas pela cor.


NOTA: Durante anos pensei 
que aqueles trabalhos 
publicados pela Gold Key fossem 
apenas de Giovanni 
Ticci, tamanha é a semelhança dos traços
 dos dois mestres.

Na verdade, Giolitti sempre emoldurava 
os desenhos antes de 
enviá-los para a editora 
americana, porem
 daquela vez ele tinha se 
esquecido e acabou 
enviando esses originais
 incompletos para os EUA.
 Ou seja, sem a 
moldura que em geral 
contorna cada quadro. 
Os imensos originais
 eram traçados usando 
o lápis de cor azul. 
Isso permitia enquadrar 
o balão com o azul sem 
que ele aparecesse 
na impressão.
 Assim, apenas o que era traçado 
em preto, a nanquim, 
aparecia na impressão da revista. 
Trabalhar com o azul era prático, permitia
 notas no esboço, setas indicativas ou qualquer 
outra coisa que pudesse instruir os editores, 
além disso evitava ter que apagar os originais.
 Esses detalhes em azul desapareciam 
completamente na versão impressa. 


Quando a edição # 31 de Turok, 
incompleta, chegou nos Estados 
Unidos o editor pensou que 
Alberto tinha enviado outra de suas técnicas 
que diferenciava dos concorrentes e acabou 
gostando daquilo: quadrinhos sem requadração. 
Porém, temendo que o leitor estranhasse a
 falta do traço do quadro, os originais foram 
todos mexidos, ou seja, neles foram 
acrescentados as molduras pretas de 
contorno de cada quadro. 
Certo dia, os editores decidiram lançar
 uma edição de Turok sem as requadrações 
habituais para sentir a reação dos leitores. 
Após lançarem uma edição dessa forma e
 perceberam que os leitores tinham gostado
 da inovação decidiram adotar 
esse padrão diferenciado.


Edição americana

Edição brasileira, pela editora EBAL 







Isto aconteceu a partir da 
edição # 41 de Turok  - 
quem comprou o gibi na época pode constatar . 
A “inovação” funcionou e a moldura preta acabou 
sendo abolida  não só em Turok, mas também 
foi adotada em Star Trek,
 Viagem ao Fundo do Mar,
 no álbum de King Kong e os outros 
trabalhos que se seguiram.

Mais uma prancha de
Viagem ao Fundo do Mar

Com o sucesso das séries que o Giolitti 
Studio faziam para a América todos os seus 
colaboradores passaram a 
ser melhor remunerados. 
Aos poucos, Alberto Giolitti passou
 a ser meticuloso.
 Antes de esboçar cada página de quadrinhos
 ele tirava fotos de si mesmo e de seus amigos 
vestidos como os personagens de cada série. 
Iluminava essas pessoas de acordo com os
 desenhos que teria que fazer seguindo os 
roteiros enviados da América. 
Tudo passou a ser planejado com antecedência. 
Essas fotos eram a diretriz para a versão final 
dos desenhos produzidos 
pelo estúdio, que 
ganhava fama a cada dia. 
Para fazer os fundos das histórias em 
quadrinhos Giolitti tinha um arquivo enorme 
fotográfico que ele tinha trazido 
dos Estados Unidos.
 Ele usava muitas referências, como: 
fotografias, livros, chapéus, 
armas, celas, revistas 
e objetos que ele tinha 
acumulado ao longo dos anos. 
Este método de trabalho, que havia sido 
demonstrado no filme de Jack Lemmon 
"Como o Assassinar Sua Esposa", 1965, em
 que o grande ator personifica um artista 
de quadrinhos, acabou contaminando 
muitos artistas da época.
Assim, todo mundo passou a trabalhar 
com referências, depois de ver este curioso filme. 
Por exemplo, o personagem Turok foi inspirado
 na própria imagem de Giolitti.
As várias mulheres que apareciam em 
suas histórias foram inspiradas na esposa
 dele, Joan, e até seu filho acabou virando 
referência fotográfica para suas HQs. 
Outros personagens foram baseados 
em seus amigos.


Durante um bom tempo Giovanni Ticci  fez 
os desenhos a lápis de Star Trek e Turok 
para o mestre. Enfim, tornaram-se bons amigos. 
Ticci passou a compartilhar até da vida 
pessoal de Giolitti. Frequentou sua casa, onde 
viveu com Joan, sua esposa e dois filhos, e 
depois também em Santa Marinella, um belo 
resort de praia perto de Roma, quando
 mais tarde Giolitti foi morar lá com Nicole,
 com quem tinha se casado após o 
falecimento da bela Joan. 
Giovanni Ticci chegou até a viajar e a velejar
 com seu mestre. Ele adorava velejar. 
Muitos de seus discípulos trabalharam 
no Giolitti estúdio até o fim. 
Sua morte foi prematura e um grande choque 
para todos os seus amigos e admiradores. 
Angelo Todaro, outro amigo íntimo do mestre,
 que também colaborou em Turok, Star Trek 
e outras séries de HQs, e Giovanni Ticci
 sempre admitiram que aprenderam 
muito com o o artista.

A ÚNICA ENTREVISTA
CONCEDIDA PARA O
ZINE PAINEL




Alberto Giolitti – 1923/1993

A primeira é única entrevista sobre 
Giolitti foi publicada em 1971 no fanzine Painel
n º 1, uma revista co-produzida por
 Todaro, Wolfgang J. Fuchs, e Reinhold 
Reitberger, na Alemanha, em Munique. 
Giolitti, nessa histórica entrevista estava ao
 lado de sua falecida esposa Joan.
 Nesta entrevista histórica, Alberto Giolitti 
chegou a afirmar que ele havia trabalhado 
sozinho durante muito tempo mas, 
na verdade, tinha empregado Giovanni Ticci 
como seu assistente. 
Muitas vezes, devido a imensa carga de
 trabalho destinado a vários editores
 que o estúdio pegava o obrigou a
 formar uma equipe. Assim, acabou 
contratando várias pessoas para fazer
 os desenhos a lápis, para fazer outras
 séries ou para artefinalizar originais.
 A entrevista a seguir é uma raridade confira.





A ENTREVISTA COM 
ALBERTO GIOLITTI

NOTA: Ele não era apenas um dos melhores 
e mais bem sucedidos artistas de quadrinhos
 da Europa, mas também ele era o cabeça
 de um estúdio europeu com uma
 clientela internacional. 
Assim, este seu depoimento exclusivo
 dá uma idéia interessante sobre a 
produção de quadrinhos nos Estados Unidos 
e na Europa, naquele período. 
Além de produzir quadrinhos para as editoras
 da América o famoso  Giolitti Studio 
também produzia quadrinhos 
especialmente para editoras alemãs, 
como: Bastei, Kauká e Moewig. 



Alberto Giolitti também fez arte para séries,
 como: Gunsmoke, Turok -  Son of Stone, 
Have Gun Will Travel, Viagem Ao Fundo 
do Mar e Star Trek -, séries da TV que
 viraram revistas em quadrinhos e 
que são bem conhecidas do público-leitor 
alemão, por terem sido editadas pelas
 seguintes casa editoriais: 
Bildschriften Verlag e Neuer Tessloff 
Verlag. Seu famoso estúdio também
 trabalhava para a Perry, Lasso e Buffalo Bill.


ENTREVISTADOR ( PAINEL): Giolitti, você
 nunca assinava seus trabalhos que
 fazia para os americanos.
 Por quase duas décadas trabalhou no mais
 absoluto anonimato. Seu público o conhecia
 apenas como um dos bons artista dos
 quadrinhos realistas.
 Assim como Carl Barks, o genial desenhista 
criativo, que durante anos atuou no
 anonimato por trás de séries como:
Pato Donald e Tio Patinhas, você também 
se manteve no anonimato.
 Pergunto: Onde você nasceu?


 GIOLITTI: Nasci no dia 14 de novembro de 1923, 
em Roma, Itália. Eu deveria seguir os passos de 
meus pais e estava sendo preparado para 
assumir os negócios da família um dia.
 Fui enviado para a escola de negócios, 
embora preferisse se tornar
 um piloto de aeronaves.
 Em minhas horas de folga eu gostava de
 desenhar baseando-me em fotos, 
mas jamais me considerei um cara talentoso. 
Jamais sonhei em um dia ganhar a
vida como artista de fumettis
 (HQs, em italiano).

O Planeta dos Macacos - série
que fez muito sucesso na TV


Aos 14 anos, um jornalista que era amigo 
da família, viu os meus desenhos e me 
perguntou se eu não queria ilustrar uma 
página de uma história para 
o jornal Il Vittorioso. 
Fiz a ilustração e os editores pediram 
para que eu continuasse
 desenhando para eles.

NOTA: A família de Giolitti era 
proprietária da famosa
 Caffé Giolitti-Gelateria, desde 1900, renomada 
marca de sorvete e casa de café em Roma.

ENTREVISTADOR: Que tipo de história
 você fez para eles?

GIOLITTI: A única coisa que me recordo 
sobre este primeiro trabalho que fiz, é que
ele era do tipo aventura.  Quando eu percebi
 que alguém estava disposto a pagar 
pelos meus desenhos, eu desisti da 
escola de negócios - para a alegria dos meus
 professores. Assim decidi me inscrever
 numa academia de arte e decidi continuar
 trabalhando para Il Vittorioso. 

ENTREVISTADOR: Durante o 
primeiro semestre 
de arquitetura estudando na Universidade
 de Roma, você foi convocado 
pelo exército. Confere?

Tex na visão de Giolitti


Tex - Por Giolitti
Capa de Galep
GIOLITTI: Sim. Depois da guerra retomei
 meus estudos e continuei trabalhando 
para Il Vittorioso. Embora eu também
desenhasse cenas de filmes e fazia
 cartazes de filmes pintados, meu 
principal interesse eram os quadrinhos. 
Eu pretendia ir para os Estados Unidos
 para aperfeiçoar o meu estilo de desenho
 e sonhava um dia em trabalhar para 
a King Features Syndicate. 

Além da Imaginação - antiga série
de suspense da TV
ENTREVISTADOR: Você sabia, na época, 
que com um visto de viagem para a 
Venezuela, poderia acabar levando você
 parar os Estados Unidos, onde poderia
 permanecer por um mês. Isto era permitido
 caso conseguisse um visto que, no
 entanto, não permitia que você 
começasse a trabalhar
 na América. Correto?

GIOLITTI: Exato.  Por isso decidi 
optar por outro caminho... 
fui para Buenos Aires, Argentina, 
onde trabalhei para a Editorial 
Lainez e Hermanos 
Columba, entre 1946 e 1949. 
Os anos em Buenos Aires foram agradáveis
 e, do ponto de vista artístico e profissional, 
me deixou satisfeito. No entanto, eu ainda 
pretendia ir para os Estados Unidos.
 Na Argentina, solicitei uma autorização 
especial do consulado americano 
para que eu pudesse residir na América.
Finalmente, concretizei este sonho
em 1949, depois de insistir muito. 
Eu sabia que só seria feliz se pudesse
 trabalhar para a King Features. 




Gunsmoke por Giolitti

Gunsmoke

ENTREVISTADOR: Quando você 

chegou em Nova York, em junho de
1949, foi direto bater no escritório
 da King Features, para
 mostrar seu portfólio?

GIOLITTI: Exatamente. Eles ficaram
 impressionados, me contrataram.
 Ofereceram para mim, de 
imediato, 100 dólares por semana. 
Pediram-me para desenvolver 
uma nova 
série de quadrinhos. 
Como meu Inglês não era muito bom na 
época perguntei para um amigo, que
 tinha acabado de se formar da escola
jornalista na Universidade de Michigan,
 para cooperar na criação de uma 
história em quadrinhos original. 

Este primeiro esforço não deu certo. 

Nem o meu amigo, um russo

 que tinha sido criado na Itália, 

e nem eu sabíamos nada

 sobre o gosto e a mentalidade que os

 leitores americanos tinham na época.

 Ter esse conhecimento era vital para 
poder, de fato, trabalhar para o mercado 
americano e para a King.


ENTREVISTADOR: E, como você se saiu dessa?
 GIOLITTI: Fiquei arrasado. Eu estava contratado, 
mas não conseguia desenvolver nada, 
por não dominar o idioma ou conhecer
 melhor o gosto do público-leitor da América.



ENTREVISTADOR: É verdade que o pessoal 
da King Features lhe chamou e perguntou
 se você não queria fazer Roy Rogers, 
em quadrinhos?


GIOLITTI: Sim. Porém, não aceitei.
 Foi estupidez da minha parte... 
mas, no fundo, eu tinha a 
certeza de que mais cedo
 ou mais tarde eu iria
 criar o meu próprio personagem. 
Como conseqüência dessa minha atitude 
insensata a King parou de me pagar, 
obviamente, logo eu estava sem um
 tostão no bolso.
 Porém, decidi continuar, não desisti. 
Eu queria ganhar dinheiro fazendo aquilo
 que eu tanto adoro: histórias em quadrinhos. 
Continuei tentando criar uma 
série de minha autoria.

ENTREVISTADOR: Nessa época a coisa ficou feia 
para os eu lado. Mas, de repente, você encontrou 
Joan, sua futura esposa. 
Foi Joan que sugeriu para você que ela 
passaria a mostrar seus belos 
trabalhos artísticos?

GIOLITTI: Sim... foi ela que deu a idéia. 
Afinal, meu inglês era ruim, porém Joan 
era americana. Graças a Joan é que comecei a
 trabalhar numa série chamada Indian Chief.
 Esta foi a minha primeira história em 
quadrinhos que publiquei na América, 
pela Publishing Company. 
Esses quadrinhos, na época, eram 
vendidos com a marca Dell. 



Indian Chef

ENTREVISTADOR: Joan Giolitti também está 
aqui presente, nesta entrevista, 
amigos leitores...
Joan, você ainda se lembra como foi sua
primeira visita na Western Publishing?

JOAN: Nunca, na minha vida, eu podia imaginar 
que um dia ia desempenhar o papel de 
agente de um artista... eu tinha que andar 
por toda a cidade atrás de editores, fazer
 reuniões, tentar vender “o peixe”. 
Eu tinha que beber muitos chás e cafés 
antes de encontrar coragem para entrar
na redação e encarar os editores. 
Nessa visita, tomei um “chá-de-cadeira”. 
Esperei por muito tempo para ser atendida,
 quando foi chegando perto do fim do horário 
de expediente decidiram me atender. 
A secretária do diretor de arte acho não foi 
com a minha cara, até que viu os 
desenhos de Alberto.
 Ela imediatamente mudou de atitude 
comigo e pouco depois me conduziu
 para o escritório de Oscar Lebeck, o 
então diretor de arte daquela casa editorial. 
Os trabalho de Alberto foram considerados 
maravilhosos. A única crítica feita por 
George Brennen foi  para que o artista
 parasse de usar Jungle Jim (Jim da Selvas)
 como modelo para seus heróis.
 Expliquei que Alberto não copiava desenhos
 de ninguém, mas que ele utilizava 
referências fotográficas até de si mesmo 
para fazer seus desenhos. 
Expliquei que essa tal semelhança, com o
 ator que interpretava o herói da TV,  
poderia ter sido causada pelo fato de que
 Alberto Giolitti havia se baseado em
 suas próprias fotos para fazer aqueles 
desenhos e que ele e o ator, Johnny
 Weissmuller (Jim das Selvas), 
eram muito parecidos.
 De fato, quando levei Alberto no 
escritório do editor pela primeira vez,
 dias depois, George comentou de imediato,
 olhando para mim: "Oh, meu Deus! 
Você estava absolutamente certa! 
Ele realmente se parece com Jungle Jim!". 



O ator e ex-campeão olímpico de
natação Johnny Weismmuller
viveu Tarzan (no cinema) e
Jim das Selvas, numa
série da TV



ENTREVISTADOR: Pelo que 

sei, o belo trabalho feito 
para a revista Indian Chief 
rendeu frutos.
 A Western Publishing, 
gostou e decidiu contratá-lo 
para fazer outras séries 
de quadrinhos,como: Tonto, 
Sargento Preston, Gunsmoke, 
Tales of Wells Fargo e 
Have Gun Will Travel. 

GIOLITTI: Sim e mal pude 
acreditar que, de repente, as portas
 estavam se abrindo. 
Também fiz várias edições para eles, 
como: Zorro, Cisco Kid, Jim das Selvas 
e Tarzan. Assim como uns clássicos,
 como: Alexandre, 
o Grande, A História de
 Natal, Aladdin e a 
Lâmpada Maravilhosa
 e As Viagens de Gulliver.

Sergeant Preston - Rei da
Polícia Montada, no Brasil





Tonto foi lançado no Brasil numa
edição extra de Zorro -
pela editora EBAL

Cisco Kid



ENTREVISTADOR: Por seu espetacular 
trabalho para o livro As Viagens 
de Gulliver  você recebeu o 
Prêmio Thomas Alva Edison,
 pelas melhores ilustrações infantis, 
feitas em 1955. Após receber este 
importante prêmio você acabou sendo 
chamado para fazer a adaptação da história
 de Abraham Lincoln, em quadrinhos. 
Fale-me sobre isso...

GIOLITTI: Minha arte tinha 
que ser aprovada 
por Carl Sandburg, autor do romance
“ A Vida de Abraham Lincoln”, no qual a
 história em quadrinhos foi baseada. 
Tive que fazer uma espécie de teste. 
Caprichei e dei a maior atenção aos 
detalhes e o autor acabou 
aprovando meu trabalho.

De volta ao Planeta dos Macacos
baseado na série da TV





Planeta dos Macacos foi lançada no
Brasil pela Bloch Editores


Graças a este livro ilustrado importante
 que narra a história de um 
grande americano, entre 1951 e
 1953, nós, os Giolittis, visto
 que eu e Joan já havíamos se casado
 nessa época,  vivemos em Lake Placid,
 nas Montanhas Adirondack, a fim de
 estar perto de Jacques Suzanne, um 
criador bem conhecido de cães huskies
 e que também tinha conhecimento
 íntimo sobre a vida na região norte
 daquele país. Eu, Kimo - um  husky, a
 criada Jacques Suzanne, servimos
 todos de modelo para a série
Sergeant Preston 
(Rei da Polícia Montada).




Edição brasileira de
Sargento Preston
Rio Gráfica Editora
(atual Globo)

ENTREVISTADOR: Depois, voces
 ficaram durante
 um ano morando em Roma. Tempos
 depois, os Giolittis decidiram viver
 na Flórida entre 1954 e 1960.

Jim das Selvas


GIOLITTI: É verdade... foi lá que 
eu aprendi a andar a cavalo,
 montado numa sela de 
cowboy, para aumentar a autenticidade 
dos meus quadrinhos. Foi uma grande
 surpresa para as pessoas quando 
souberam que o artista que desenhava
 Gunsmoke era um italiano que vivia na 
Flórida, em uma pequena cidade à beira-mar.
 As pessoas ficaram ainda mais 
espantadas pelo fato de que eu sempre me
 vestia de acordo com a última moda italiana.
 Durante este tempo - e por muitos anos
 depois – fiquei conhecido pelos leitores 
de quadrinhos, em ambos os lados do 
Atlântico, como o grande artista das HQs 
de aventuras da Dell, mas
ninguém sabia o meu nome.


ENTREVISTADOR: Em 1960 você e sua
 esposa retornaram para Roma e aí você 
foi contratado para fazer Turok...

GIOLITTI: Foi assim que tudo aconteceu.
 Depois de Turok, eles me pediram para fazer:
 Viagem ao Fundo do Mar – fiz diversas edições-, 
e depois Star Trek. 

Original de Turok


ENTREVISTADOR: Voces já tinham
 uma filha de três anos
 e aí veio um irmão mais novo em 1961.  
Dizem que na época a casa dos 
Giolittis também cresceu muito, inclusive
 por vocês terem pegado para criar 
diversos animais de estimação.
 Por este motivo o retorno de
 voces aos Estados Unidos foi adiado? 

GIOLITTI: Era impossível, naquele momento,
 pensarmos em voltar à América. 
Por sorte, quando a família Giolitti começou
a crescer decidi abrir o 
Giolitti Studio em Roma. 
Como os meus trabalhos tinham caído no 
agrado dos editores americanos e dos
 leitores decidi continuar trabalhando 
para eles e para outras casas editoriais
 européias e minha esposa continuou
 sendo minha agente. Joan se deu bem
 nisso, como minha vendedora. 
Ela sempre fez os contatos 
eu só executava (risos).

 ENTREVISTADOR: Você fez HQs para a 
América e para os editores 
europeus, Giolitti.
Na sua opinião, qual é a diferença entre 
os comics americanos e os
 quadrinhos europeus?

GIOLITTI: Dá pra encher um livro completo 

comparando comics americanos e europeus.

 Vou apontar as diferenças mais evidentes.

 Vou pegar, como exemplo, os quadrinhos

 britânicos, que são mais tradicionais.

 Para mim, a composição dos quadrinhos

 britânicos, segundo a minha experiência,
 são completamente diferentes 
daqueles que são feitos na América. 
A HQ inglesa usa uma paginação com 
quadros ilustrados que, além das
 legendas habituais, tem muito
texto explicando a ação. 

Nos quadrinhos norte-americanos, 
no entanto, os desenhos em si já
 mostram a ação de forma que 
pouca ou quase nenhuma 
explicação é necessária. 
Nos quadrinhos americanos os leitores
 ficam mais próximos aos protagonistas 
da história, por causa do uso do diálogo
 e de close-ups. Assim, o leitor tem a 
chance de conhecer melhor os
protagonistas. 
Um quadrinho americano, 
basicamente, é a história
de um ou mais heróis em 
situações diferentes, 
enquanto que os quadrinhos ingleses 
apresentam uma história que envolve 
muitos personagens. Isso é verdade,
 especialmente nos semanários e em 
algumas revistas em quadrinhos, mas
 isto não se aplica necessariamente
 às tiras inglesas diárias e a algumas
 histórias em quadrinhos. 
No resto da Europa, normalmente, o conceito
americano é seguido, mas nem sempre
 com sucesso. Na Itália há muitos artistas
 de renome.


Infelizmente, muitos desses artistas 
italianos estão mais interessados ​​em 
criar ilustrações, desenhos bonitos e
 não estão nem aí para o desenho da 
arte sequêncial que, em geral, conta
 histórias. Talvez, por isso, não temos
 na escola artistas tão consagrados 
nas histórias em quadrinhos como 
há na América.
 Precisamos ter mais 
gente se dedicando as HQs. Afinal, a
 arte de fazer quadrinhos
 nada mais é do que
 a arte de saber contar uma boa história, 
simplesmente. Acho que a maioria
 dos desenhistas italianos acreditam 
que os quadrinhos 
são uma arte menor.


ENTREVISTADOR: Você se preocupa 
quando percebe que um outro 
artista copiou alguma cena sua?

GIOLITTI: Não, bobagem. 
Na verdade eu me sinto 
até lisonjeado. Eu só odeio quando eu 
percebo que não fui bem copiado. 



ENTREVISTADOR: Você poderia nos dizer 
algo sobre o seu estúdio, seus assistentes
 e editores? Em que o seu estúdio
está trabalhando, agora?

 GIOLITTI: Meu trabalho é completamente 
separado do que é conhecido 
como "o Giolitti Studio ".
 Eu geralmente trabalho sozinho, sem 
assistentes. O lápis e tinta é toda minha. 
Para mim é extremamente difícil e não 
vale o tempo e esforço para usar um
 desenhista como assistente.
 Na verdade, Giovanni Ticci, era o meu
 único assistente. Ele desenhava os 
cenários e eu desenhava os
 personagens principais.
 Nós trabalhamos bem e felizes juntos, 
durante anos,  mas ele se tornou um bom 
artista também, que não precisa
 de assistência de ninguém.

JOAN GIOLITTI (Fazendo um aparte): 
Alberto tem um arquivo enorme 
de material de referência 
e estou sempre com medo de que, 
um dia, ele vai enterrar a todos nós sob ele.
 Ele também tem uma coleção relativamente
 grande de material ocidental da América: 
Armas, cinturões, selas, artefatos
 indígenas, que ele também usa para 
documentar o seu trabalho. 
Nos Estados Unidos, durante o período 
em que ele fez a revista
 Preston Sargent
 vivíamos cercados por
 trenós, arreios, pele, etc.
 E cada vez que mudávamos
 para outro local  
o peso dessa imensa 
coleção de referências
 usadas por Alberto aumentava. 
O Studio Giolitti é um híbrido... é  uma 
agência que representa free lancers, 
um lugar onde originais são requadrados
 e é lá que os demais serviços de
 produção para todas as fases da produção
 de uma histórias em quadrinhos e livros
 infantis são produzidos e fornecidos 
para as editoras. 
O "Studio" produz arte para os EUA, 
Grã-Bretanha, Alemanha e Itália. 
Atualmente estamos produzindo 
coisas tipicamente americanas, tais 
como: Bugs Bunny (Pernalonga), Daffy Duck 
(Patolino), Porky Pig (Gaguinho) e HQs 
sobre o velho Oeste. Histórias em
 quadrinhos para meninos e meninas 
semanais são feitas para revistas
 IPC da Grã-Bretanha.

Edição brasileira de Pernalonga
Jackie e os Wild Boys and Princess Tina
 é uma das nossas tiras. Chama da Floresta 
e Leão e A Ilha Encantada no Tammy, estas
 séries também foram produzidas por nós.
 Também produzimos um trabalho em 
cores para Treasure, Tell Me Why, 
Once Upon a Time. Para a Alemanha, 
que atualmente envia para fazer a arte 
para séries de Sci-fi, fazemos para 
a Moewig Verlag, de Perry Rhodan.
 O novo conceito para a série foi criada 
em nosso estúdio e desde então vem 
sendo produzida lá. 
Também fazemos as histórias de Reno
 para Bastei (Nós não estamos muito
 feliz com essa série, mas temos que
 atender as necessidades 
dos nossos editores).
 O "Studio" também produz alguns contos
 de fadas agradáveis e adaptações 
de romances para a Bastei. 
Como você provavelmente sabe, estamos
 preparando para trabalhar para a Kauká.
 Além disso, na Itália, estamos começando 
agora a começar a trabalhar para Spada 
em preto e branco e em cores. 
Alberto atua como diretor de arte, mas às
vezes encontra neste trabalho uma 
certa frustração, quando o que 
desejam eles conflita como seus gostos,
 opiniões e desejos. Por vezes, as 
ideias dele são extremamente diferentes
 do que os editores querem e esperam. 

ENTREVISTADOR: Sua arte não 
mostra nenhuma
 relação com a de outros artistas de
 quadrinhos. Algum artista de 
quadrinhos influenciou você?


GIOLITTI: Meu estilo, eu sempre tentei seguir 
os passos de Alex Raymond e Hal Foster, 
sempre os admirei... 
mas depois, é claro, eu senti um desejo
 de desenvolver meu próprio estilo.

 ENTREVISTADOR: Quais são as 
suas ferramentas preferidas para 
desenhar? Lápis, caneta, pincel?
 Até que ponto você usa material 
de referência, por exemplo, quando faz
 histórias em quadrinhos baseadas
 em séries televisivas como 
Gunsmoke e Star Trek? 

GIOLITTI: Eu trabalho todos os
 detalhes a lápis muito 
meticulosamente antes 
de começar a trabalhar com canetas 
ou pincéis. Se eu usar canetas ou pincéis 
depende do meu humor ou do tipo de
 trabalho na mão. 
Como material de referência para os
 quadrinhos baseadas na TV eu só uso
 o que eu preciso para semelhanças 
dos personagens ou o fundo. 
Uma das razões pelas quais eu gosto de
 Turok é que eu não tenho de seguir 
qualquer direção especial e que
 não é um show de TV.

Alexandre, o Grande




ENTREVISTADOR : Uma pergunta
 sobre o persoangem Fiery Furnaces, pois 
estamos ansiosos para imprimir esta 
edição memorável de Painel, com a 
sua entrevista... Você desenhava o
 Fiery Furnaces sozinho 
ou com um assistente?
 Quem escrevia a história?
 Para criar e desenvolver este pertsonagem, 
você fez uso de suas experiências 
na América do Sul? 

Abraham Lincoln
GIOLITTI: Fiery Furnaces foi um trabalho
 desenhado inteiramente por mim. 
Sinto muito, mas não me lembro quem 
escreveu a história.
 Para ser honesto, eu não gostava deste
 meu trabalho e sentia que esta série
 não ia seguir em frente, não ia durar 
por muito tempo. Fiery Furnaces, a
 série ou o personagem não tinha 
nada a ver com as minhas experiências 
sul-americanas.
 Eu recebia o roteiro e trabalhava  em
 cima dele, simplesmente.
 Os editores alemães,da Bastei Verlag,
 é que se encarregavam de contratar 
os roteiristas e depois nos enviavam 
os textos pelo correio. Jamais escrevi 
um texto se quer. A Bastei Verlag não
 é a única empresa editorial da Alemanha 
que encomenda trabalhos de arte
 para estúdios estrangeiros. 
Por alguma razão, inexplicável, os artistas
 italianos parecem ter um interesse
 maior ​​em fazer quadrinhos
 para a Alemanha.


Para dar conta da sua 
enorme produção de originais
para serem  lançados 
como produtos editoriais 
a Bastei Verlag está sempre em
 busca de talentos. 
Acho que foi por isso que acabaram 
nos descobrindo e chegaram ao
 nosso estúdio.
 Nosso estúdio produz arte baseando-se 
nos roteiros exclusivamente criados 
ou encomendados pelos editores 
dessas séries. 
Então, basicamente, esses originais
 de textos eram praticamente um script 
completo como um storyboard. 
Jamais alteramos qualquer texto.
 Mas, houve exceções...
Em outros trabalhos como nas adaptações 
da novela para a série Berühmte 
Geschichten (Histórias Famosas)
 a coisa foi diferente. 


Os textos, nesse caso, foram
 criados por nós. 
E esses nossos manuscritos dava aos 
nossos artistas maior liberdade de criação,
 pois eles podiam até compor as páginas
 por conta própria, baseando-se nos
 roteiros criados pelo nosso pessoal.
 Entretanto, nesses casos, nós, do
 Giolitti Studio, produzíamos os model
 sheet de todos os personagens
 da série em questão e mandávamos 
tudo previamente para a aprovação 
dos editores antes de começarmos
 a executar as artes para esses livros.
 Muitas vezes a produção dessas
 histórias em quadrinhos estava ligada
 à produção de uma bela capa de livro.
 Para dar uma idéia do que os editores
 queriam fazíamos uma descrição 
detalhada da série com esboços e 
encaminhávamos para eles. 
Nosso principal “parceiro” nesse 
tipo de negócio com os editores 
internacionais
 sempre foi a Sra. Joan Giolitti, uma 
americana charmosa, que
atualmente também 
administra toda a produção 
do nosso estúdio.

ENTREVISTADOR: Esta senhora vale ouro...
 Grato, por seu depoimento, Giolitti.
 Até a próxima.

BREVE RESUMO SOBRE
 A CARREIRA
 PROFISSIONAL 
DE GIOVANNI TICCI


É praticamente impossível
 falar de Alberto Giolitti
sem falar de Giovanni Ticci.
Suas carreiras estão interligadas. 
Giovanni Ticci nasceu em 20 de abril
 de 1940, em Siena, Itália.
Começou, aos 16 anos, ocasião
 em que começou 
a trabalhar, por um ano, em Milão no Studio
 "CREAZIONI D'Ami", onde ele aprendeu os 
princípios básicos comerciais que um artista
 de quadrinhos precisa saber.
 Depois disso, se juntou em 1958 com
 Franco Bignotti para desenhar 
"Un Ragazzo nel Far West" 
para Edizioni Araldo.
 Em 1960 ele começou a trabalhar para
 Alberto Giolitti, realizando inúmeros 
trabalhos em parceria com o  mestre em 
empreitadas como: Turok - 
Son of Stone-, 
e assumiu Viagem ao 
Fundo do Mar, em 1963.


Em 1966  Ticci começou a trabalhar
 por conta própria e dedicou a maior
 parte de seu tempo para Texas, 
da Edizioni Araldo, de Sergio Bonelli, 
onde assinava em conjunto com Franco
 Bignotti e em Judik, uma série de
 ficção-científica tão curta quanto insólita, 
também de autoria de Bonelli. 


De vez em quando, Ticci, também fazia 
curtas histórias em quadrinhos para
 a Gold Key, como foi o caso da 
série Twilight Zone (Quinta Dimensão,
 HQ baseada numa série de TV homônima
 de muito sucesso). 
O mestre Alberto Giolitti costumava dizer
 sempre que Ticci havia se tornado
 um artista completo e que ele não
 precisava mais ser
 assistente de ninguém.




 Ticci nunca foi para uma academia de arte.
 É autodidata. Recebeu instruções sobre arte 
de Rinaldo D'Ami durante o ano em que
 conviveu com este outro grande mestre
 no seu estúdio em Milão. 
Segundo ele, um dos artistas que mais 
gostava e que provavelmente - a princípio –
 o influenciou muito foi Alex Toth, 
além de Alberto Giolitti, obviamente. 
Dan Spiegle e "il Bravissimo" Dino Battaglia 
também são admirados por Ticci.
Em "Un Ragazzo nel Far West" podemos 
notar a forte influência que Giovani 
Ticci tinha do mestre Giolitti. 
Certa feita ele declarou para uma revista
 especializada: 
Quando eu desenhei 
"Un Ragazzo nel Far West"
 meu estilo estava ainda influenciado 
pelo estilo inconfundível de Giolitti, 
mas eu nunca pensei em trabalhar
 com ele ou seguir seu estilo. 


Este selo editorial era
símbolo de qualidade

A coisa foi automática. 
A parceria entre Ticci e Giolitti só 
começou quando o mestre retornou
 à Itália. Em 1960, Giolitti me fez uma
 proposta para que Ticci trabalhasse com ele.
 Ticci aceitou, mas continuou a trabalhar 
em "Un Ragazzo nel Far West". 



De lá para cá ele nunca mais parou. 
Teve sua estréia na revista Tex edição
 italiana # 91 ao desenhar a HQ “Revenge
 of India” (Vingança Indígena), em 1967. 
Rapidamente se tornou um dos mais
 populares desenhistas da série, devido
 ao seu senso de proporção e paisagens
 deslumbrantes. Na década de 80, realizou 
uma série de aquarelas para as capas da 
coleção Os Grandes Westerns, editada
 pela editora La Frontiera. 
Há anos ele vem desenhando Tex
 e hoje pode ser considerado 
um veterano das histórias do ranger.
Durante 7 anos Ticci trabalhou com 
o mestre Giolitti.



O QUE PENSA 
GIOVANNI TICCI, 
SEGUNDO SUAS 
DECLARAÇÕES

Paera o mestre Giovanni Ticci, os 
quadrinhos ocidentais
 americanos são mais simples que 
os produzidos na Europa.
 As séries que ele fez na época para as 
editoras americanas se 
resumiam no mocinho,
 o bandido e o cavalo, assim como nos
 velhos filmes sobre o velho Oeste, 
em virtude das histórias
 serem bem mais curtas.


Cada história produzida na América era 
concluída em 28 páginas. 
Uma revista de quadrinhos americana, 
em geral, tem 32 páginas. 
Na Itália, entretanto, como podemos
 ver em Tex – da Bonelli Comics-, as
 histórias são muito mais complexas e
 incrementadas com roteiros mais
 intrincados e as revistas possuem
 um maior número de páginas.

Esta arte de Tex foi feita por Ticci e
 ofertada ao cowboy
Zeca Willer, do blog do Tex, em
Portugal


Ainda segundo Ticci, o termo 
"spaghetti westerns", 
criado para designar os filmes e HQs de 
western produzidas na Itália, vem 
a calhar, pois o material produzido 
pelos italianos nada tem a ver com o 
Oeste ocidente real. Nas HQs italianas
 do gênero os personagens 
aparecem sempre com roupas engraçadas
 e as histórias, em geral, apresentam 
uma violência excessiva. 


Mesmo achando que a 
imagem do Ocidente
 tal ele e apresenta nos filmes de
 Hollywood, muitas vezes nos dá uma
 impressão errada sobre o velho Oeste
 selvagem, mas o artista acha que
 esses filmes tem um charme especial
 e o mais importante é que eles te 
dão uma sensação de liberdade, 
apresentam um céu imenso, coisa 
que raramente os westerns
 europeus evocam.



Ticci também fez diversos trabalhos
 para a Western Publishing. 
 Sempre gostou de desenhar a lápis tanto 
quanto adora fazer artes finais. 
Para executar uma boa arte final 
sempre usou tinta nanquim, canetas 
e pincéis. Com uma escova costuma 
dar um suave toque no trabalho.
Mas, sempre achou que com a caneta
 fica mais rápido para trabalhar.
Trabalha cerca de seis a sete
 horas por dia numa página.
Ele não coleciona ou lê mais histórias 
em quadrinhos.
 Fazia isso anteriormente.
Lia muito  " Johnny Hazard", do
 lendário Frank Robbins
 e "Rip Kirby".

Tex - por Giovanni Ticci

Alfio Ticci é o nome do irmão de Giovanni 
Ticci. Ele já ajudou o irmão famoso
artefinalizando algumas páginas 
de Tex Willer.

EDIÇÕES CLÁSSICAS 

PARA COLECIONADORES

A editora americana Dark Horse criou a

coleção Classics para resgatar as
grandes criações e publicações do
passado e uma das edições da
luxuosa série traz de volta as
primeiras HQs de Turok. 


O álbum contém as primeiras
seis edições lançadas
pela Dell



Turok não foi criado por Giolitti.
Mas, curiosamente, inicialmente ele não
 desenhava a série, mas assinava

algumas HQs.

NOTA: Há uma grande polêmica no que se refere a
criação de Turok. O escritor Gaylard Du Bois
não iniciou a série, mas escreveu algumas 
edições. A partir da edição # 9 Turok
foi escrita por Paul S. Newman.
Alguns estudiosos afirmam que Turok
foi concebido pelo roteirista\criador
Matthew H. Murphy e que depois
foi escrito por Gaylord Du Bois
e Paul S. Newman.


Gaylord Du Bois


Mas, porque Giolitti aparece assinando

algumas edições como escritor?
Erro dos editores?
As primeiras edições foram
desenhadas por Rex Maxon (1929-1936),
que também desenhou Tarzan.
As aventuras de Turok narram a história de
 dois índios - pré-Colombo, que foram
renegados por sua tribo e que
acabam caindo num vale cheio
de dinossauros

As primeiras edições de Turok tem
o texto assinado por Alberto Giolitti -
A arte está atribuida a Matthew H. Murphy.

Um grande equívoco, visto que
Matthew era um escriba
(roteirista\criador), que
supostamente criou a série.



Também foi lançado um DVD com uma
série de desenhos animados desse
clássico das HQs, em 2008, que também foi
lançado em álbum de HQs



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