quinta-feira, 30 de agosto de 2012

ENTREVISTA COM: PAULO MAFFIA, O NOVO HOMEM FORTE DA EDITORA ABRIL NO SETOR DE QUADRINHOS!



 Os chamados “Anos dourados dos quadrinhos da editora Abril” – que dominaram 
o mercado editorial nacional-, que teve início na década de 60 com os 
diversos títulos da Disney e que se firmaram ao adquirirem os direitos
 da Marvel, da DC e Hanna-Barbera, nos anos seguintes. 


 Esse período de ouro findou na década de 90, com a consolidação 
dos games eletrônicos, computadores e dos mangás Made in Japan.
 Quando as vendas em geral da Abril vieram abaixo e muitos
 títulos famosos foram cortados – inclusive os da DC e da Marvel,
 deixando muitos colecionadores frustrados -, meu velho e querido
 amigo bengala brother Primaggio declarou, parafraseando John Lennon:
 “O sonho acabou.” 

Uma centena de profissionais que compunham 
as divisões infantil e infanto-juvenil ,especificamente de 
quadrinhos, perderam o emprego e alguns trabalhos passaram 
a ser terceirizados para estúdios independentes, dentre estes, destacava-se
 o Artecomix, do bengala friend Élcio de Carvalho, que anos 
depois criou a Mythos Editora e também passou a atender a poderosa 
casa italiana de publicações chamada Panini, representante mundial 
da Marvel Comics. Estaria fadada a poderosa editora criada 
por Victor Civita a nunca mais dominar o setor de HQs?
Os títulos das revistas Disneys foram reduzidas, outras foram reformuladas,
 mas com a perda de assinantes habituais – dessas tradicionais
 publicações -, a coisa parecia ir de mal a pior, preocupando, 
inclusive, a Redibra, representante Disney no Brasil.


 Quando tudo parecia estar perdido, eis que surge um novo e bravo 
guerreiro, que decidiu aceitar o desafio de fazer os quadrinhos da 
Abril Jovem voltarem a ser o que eram. Conquistar novos leitores
 e reconquistar os antigos passou a ser a sua missão. 
Bengalas brothers and friends, eu tenho a honra de entrevistar...

PAULO MAFFIA, O NOVO HOMEM
FORTE DA EDITORA ABRIL!


 Tony 1: Paulão, quando você aceitou o convite para participar dessa 
entrevista para este blog eu mal pude acreditar... é uma honra poder 
entrevistá-lo e poder divulgar o incrível trabalho que você e sua 
equipe vem desenvolvendo no setor de revistas em 
quadrinhos da editora Abril. Seja bem vindo...

Paulo Maffia 1: A honra é minha, obrigado pelo convite!

Tony 2: Não há de que... Vamos nessa... Paulo, em que dia, mês,
 ano, cidade, estado, você nasceu?

Paulo Maffia: 10 de julho de 1971, em São Paulo, capital

Tony 3: Qual é sua formação profissional e que experiências 
anteriores você teve nesse setor?

Paulo Maffia: Sou jornalista, formado pela Universidade 
São Judas (apesar de achar esta coisa de diploma para
 jornalismo uma grande bobagem), já trabalhei com os 
heróis da Marvel e DC - e até com os quadrinhos dos
 Simpsons, quando eram publicados pela Abril. 
Ajudei a criar e editei as revistas Sci-Fi News e 
Sci-Fi News Cinema e além disso estive de passagem 
pelos jornais O Estado de S. Paulo e A Tribuna, além 
de ter uma carreira no radiojornalismo.

Tony 4: Belo know how, você tem uma boa bagagem profissional.
 Vamos em frente... Como surgiu o convite para realizar essa missão -
 quase impossível -, para alavancar as vendas dos quadrinhos da Abril? 
Qual é a designação do cargo ou departamento que você coordena?


Paulo Maffia: Eu passei 3 anos fora da Abril, quando voltei 
trabalhei no site da editora, e depois surgiu o
 convite para cuidar dos gibis e outras revista da
 redação licenças. Hoje, sou o editor e responsável 
pela seleção das HQs Disney na Editora Abril.

Tony 5: Uma responsabilidade e tanto, hein? 
Pelo visto, você adora desafios... Em que ano oficialmente,
 você assumiu esse setor e quais eram seus planos para resgatar
 os assinantes e leitores Disney e das demais publicações?

Paulo Maffia: No inicio de 2004, e tenho que ser honesto 
que naquela época, nossa preocupação era sobreviver no mercado!

Tony 6: Creio que essa era a preocupação dos editores 
em geral, pois o mercado oscilou feio para todo mundo e
 obviamente editores de maior porte sentiram um impacto 
maior, pois as vendas caíram geral e não apenas nas revistas
 de HQs, fazendo muita casa editorial quebrar... mas, como 
dizem por aí: “Editor é quem nem praga, morre um, nasce vinte.” (Rsss...).
  No passado, os formatinhos lançados pela Abril, quer fossem 
da linha infantil ou infanto-juvenil, vendiam muito. 
Nos anos 90, um “gênio” decidiu sofisticar os produtos...
 daí surgiram a linha de super-heróis Premium, etc, todos no formato 
americano, com 100 páginas impressos em papel couche, em cores, 
com qualidade impecável, porém, com preços extorsivos.
 Ao meu ver, isto também afungentou os leitores tradicionais das bancas. 
E pra acabar de ferrar tudo,surgiu a onda - que muitos julgavam
 ser passageira-, dos mangás, mas que estão aí até hoje. 
Séries de animes da TV como: Cavaleiros do Zodíaco, Pokémon e 
Digmon saíram da telinha e foram parar nos gibis, com incrível sucesso e
 tiragens de até 300 mil exemplares. O incrível é que a própria Abril
 chegou a lançar alguns mangás sem obter o êxito alcançado pela 
Conrad e pela JBC... Qual é sua opinião abalisada sobre o ocorrido?
 Sobre essa grande virada de mercado?

A linha Premium, lançada pela Abril  em 1996
Paulo Maffia: Nesta época em particular eu estava fora da Abril e 
do Mercado, então não tenho muitos dados para uma análise,
 mas acho que o declínio nas vendas das HQs, não só da
 Disney, mas como um todo, é um fenômeno mundial, e até
 natural, hoje são outros tempos, com computadores,
 Internet, cem canais de televisão, a concorrência 
pelo gosto das pessoas aumentou.

Tony 7: Exatamente. Hoje há uma gama de opções de entreterimento, 
coisa que não existia outrora... Sou das antigas, e no meu tempo uma 
revista em quadrinhos custava o preço de um jornal. 
Atualmente, as tiragens foram reduzidas, os produtos se sofisticaram 
e os preços se tornaram abusivos, um absurdo. 
As HQs que eram um grande veículo de comunicação de massa 
até os anos 80 acabaram se tornando produtos elitistas. 
E o pior é que nem o povão ou a elite parecem estar lá
 muito antenados ou preocupados em adquirir quadrinhos. 
Qual é os eu ponto de vista?

Paulo Maffia: Quadrinhos infantis são a porta de entrada 
do público para o mundo das HQs , por isso tem que 
ser acessível a todos. Hoje nas HQs Disney temos 
revistas para todos os gostos e preços.


Tony 8: Taí uma sábia e boa política. Esses pequenos leitores de
 hoje serão os nossos leitores futuros... Ainda na década de 90 – 
se não me engano-, a Panini, que era associada ao Grupo Abril, no 
setor de figurinhas, rompeu a parceria e decidiu continuar a lançar 
Marvel por conta própria, na véspera do lançamento do primeiro filme do
 Homem Aranha. Os marketeiros da Panini decidiram manter o mesmo 
tipo de apresentação gráfica sofisticada que havia sido adotado
 pela Abril e acabaram se dando mal também. 
Segundo um grande amigo meu, que foi diretor de marketing da Abril
 e da Panini, nos primeiros meses em que o pessoal da Panini 
checaram os baixos boletins de vendas ficaram espantados. 
Os italianos vieram ao país e estavam dispostos a fechar as luxuosas edições.
 Isto só não ocorreu devido as novas estratégias de marketing 
adotadas, como: redução do número de páginas, redução dos formatos
 e dos preços, e lançamentos especiais. 
 Você sabe algo, sobre esses problemas que
 a poderosa Panini teve que enfrentar?


Paulo Maffia: Não, só posso responder pelos quadrinhos da Abril.

Tony 9: É óbvio. Desculpe-me, pela indelicadeza... é que esses
casos ou lendas de bastidores sempre despertam a atenção de 
todos. E, como prezo a verdade pensei que soubesse
de algum detalhe que pudesse trazer a luz a verdade...
  Ainda segundo o bom e velho mestre Primaggio, que comandou uma
importante divisão na Abril, as vendas 
dos formatinhos haviam desabado, no geral,  sofisticar os produtos e 
aumentar os preços foi uma estratégia desesperada para manter
 as publicações. Mas, pelo visto, o tiro saiu pela culatra. Na época, a
 Abril recuou e voltou a relançar os formatinhos, mas já havia 
perdido muito de seus leitores. Daí coube a Panini enveredar pelo 
mesmo erro, que já havia sido cometido pelos editores americanos.
 Ao assumir o comando, qual foi a sua estratégia 
fundamental, bengala brother?

Antiga edição da Abril, de Mickey Mouse
Paulo Maffia: Foi simples: uma melhora editorial na linha Disney 
como um todo, que vão desde as melhorias das nossas 
publicações, com uma escolha mais criteriosa das nossas
 capas e da seleção do material que vamos publicar. 
Modéstia à parte, acho que, quando você oferece qualidade, 
o público sempre responde positivamente a isso.

Capa de uma nova publicação de Mickey
Tony 10: Com certeza... tenho acompanhado algumas edições de
 vocês e o material, de fato, evoluiu muito e as capas ficaram 
sensacionais aerografadas... As revistas quinzenais Disney e Tom e 
Jerry e Os Simpsons mantiveram suas qualidades e bons preços.
 Surgiram as edições especiais e até luxuosas, de praxe, da Disney.
 Acho que isso foi ótimo, pois manteve alguns fiéis 
seguidores das séries adquirindo esses produtos editoriais.
 Quando você assumiu, qual era a situação dos assinantes? 
Estavam em em baixa, suponho...

Paulo Maffia: Não tínhamos serviço de assinatura. 
 Elas só votaram a ser oferecida aos leitores em meados 
de 2010, mais um reflexo da retomada dos quadrinhos Disney...

Tony 11 –  Pensei que elas, as assinaturas, também agrupavam as
revistas de HQs... as HQs Disney tiveram uma bela retomada, por sinal... 
Foi possível reverter esta terrível situação, em quanto tempo?

Paulo Maffia: Para ser honesto, levou uns cinco anos de trabalho 
duro, até começar a dar frutos!

Tony 12 – É... a coisa não foi fácil pra ninguém... mas, o que importa é 
que vocês, assim como outros pequenos e médios editores, 
conseguiram suplantar os obstáculos, se adaptarem a nova realidade 
e estão aí, firmes, tocando o leme. Devo ressalatar que você foi
o primeiro profissional da área a admitir a crise editorial
que tivemos, pois quando eu questionava e escrevia sobre
ela, alguns editores jamais ousaram falar dela. Parabéns, por sua
franqueza e espontaniedade. Por fim, a verdade veio a tona e
não se limitou apenas aos bastidores. ..Let's go...
 O ano passado eu falei com você por telefone e perguntei se
 você estaria organizando uma equipe para que Disney voltasse
 a ser produzido no Brasil, como antes. Daí você me informou 
que estavam dando prioridade para o material importado 
e que tencionava voltar a fazer alguma coisa no país, mas muito
 pouco, naquele momento. Com a situação revertendo, há 
possibilidade de voltarmos a produzir 
Disney por aqui, algum dia?


Paulo Maffia: O Zé Carioca completa, em 2012, 70 anos de
 criação. Para comemorar, lançaremos um especial com
 600 páginas, divididas em duas edições. Neste especial, daremos 
início à retomada da produção de HQs do personagem, que
 deve depois se estender para a revista mensal dele.

Tony 13 – Taí uma grande notícia, principalmente para quem sonha em desenhar
Disney, trabalhando para a Abril.  Ele é um dos meus personagens
 favoritos...bon vivant... bem ao estilo tupiniquim (Rsss...)...
 Quando eu era jovem – faz tempo (Rsss...) -, existia a escolinha Disney, 
criada e comandada pelo mestre Jorge Kato. 
Passei por ela, como muita gente e foi assim que comecei a trabalhar
 com a Abril, fazendo letras, decorados e, posteriormente, desenhos
 e argumentos. Muita gente boa começou assim. Com o crescimento 
das vendas dos produtos editoriais da Disney no país era inevitável, 
naquela época jurássica, formar profissionais tupiniquins especializados
 em Disney. Passávamos horas a fio estudando os model sheets.
 A Abril foi e continua sendo uma grande escola para qualquer 
um que queira abraçar a carreira de desenhista, roteirista, jornalista, 
ou de produtor gráfico. Deu emprego a muita gente.
 Foi uma pena quando as divisões foram acabando. 
Na sua opinião, quais são as atuais perspectivas 
do mercado editorial brasileiro?

Paulo Maffia: Infelizmente nunca teremos mais uma 
produção com a do passado, mas acho que poderemos 
ter agradáveis supressas no futuro.

Edição antiga do Pica-Pau

Tony 14 – Vamos torcer para isso, Maffia, com certeza... 
Prosseguindo: Inúmeros eventos sobre HQs acontecem anualmente
 no país e no exterior. Isto prova que há muita gente interessada nos 
quadrinhos pelo mundo afora, apesar das baixas vendas, no geral.
 O evento realizado em Minas Gerais desse ano atraiu um público 
imenso que superou o famoso e tradicional Festival de Comics 
de San Diego, na Califórnia,  nos Estados Unidos. Tenho observado que 
você e sua equipe têm participado de feiras e convenções de
 HQs por todo o país. Isso faz parte de uma estratégia de
 marketing, correto? E, qual tem sido o resultado dessas
 suas incursões? Há boa receptividade?

Paulo Maffia: Infelizmente não me convidam tanto para
 esse tipo de evento como eu gostaria, acho que há um 
certo preconceito com a minha pessoa ou com a Disney/Abril,
 sei lá,  mas sempre que posso vou a esses eventos,
 por que o contato com os leitores é fundamental.



Tony 15 – Não acredito que alguém tenha preconceito da sua 
pessoa ou da editora Abril... acredito que todos torcem para a divisão 
de HQs da Abril volte a ser o que era... depois dessa sua entrevista,
 aposto que surgiram muitos convites, pode acreditar... 
 Nunca se publicou tantas HQs pelo mundo, como nos últimos anos.
 Com a consolidação e popularização da Internet surgiram sites
 especializados em vender quadrinhos online e com estes 
surgiram uma gama de editores independentes no Brasil e no 
exterior fazendo tiragens pequenas, caras, destinadas a um nicho 
específico. Qual é sua opinião sobre esses editores independentes, 
que acabaram aquecendo o mercado?

Paulo Mafia: Acho excelente, tem duas editoras que eu 
acho que fazem um trabalho admirável neste área:
 a Gal editora e a  HQM Editora

Tony 17 – Concordo plenamente. Esses dois selos fazem um trabalho
 excepcional, possuem bons títulos e autores – inclusive meus
 bengalas brothers, Marcio Baraldi, o cartunista mais rock and roll do
 Brasil, e o mestre Antonio Cedraz, duas feras do traço... 
Participar de eventos como a Festcomix e a Bienal do Livro, 
de São Paulo, ajudam a alavancar as vendas?


Paulo Maffia: Para editores independentes sim, para nós não,
 como estamos regularmente nas bancas de todo o Brasil,
 já conversamos com o nosso público, mas para esse 
tipo de editora esses eventos são vitais.

Tony 18 – Estive na última Bienal e foi possível notar a presença macissa 
dos independentes. Creio que pra eles foi ótimo em termos de divulgação... 
Com a rápida evolução tecnológica dos últimos tempos, editores 
do exterior têm investido pesado na venda de assinaturas
 online oferecendo quadrinhos digitais como uma nova opção 
ao consumidor. As grandes majors americanas dos comics parecem 
estar obtendo um grande número de adeptos dessa nova 
forma de ler e curtir HQs através de celulares, IPads, IPods e Tablets.
 Você tem dados sobre esta nova realidade que parece 
estar bombando no exterior? 
A editora Abril também pretende explorar esse segmento? 
Está preparada para isso?

Paulo Maffia: Sim.  É só o que eu posso dizer neste momento, 
sem correr risco de vida ( risos).
Tony 19 – Risco de vida!? Pelo visto, a coisa é top secret,
 bengala brother (Rsss...). OK. Não se fala mais no assunto, afinal, 
pretendo preservar o amigo (Rsss...). Prosseguindo: Promover o 
surgimento de novos talentos através daquele concurso que 
vocês fizeram através da revista Recreio foi uma ótima estratégia
 de marketing e os vencedores já têm seus personagens 
publicados e expostos nas bancas. 
Alguns desses novos títulos, desses autores revelados pelo
 concurso feito pela Abril, vingou, em termos de venda? 
Qual dos novos títulos nacionais lançados obteve maior êxito?


Paulo Maffia: Não posso falar sobre números, mas posso dizer 
que estamos felizes com o resultado, tanto é que o
 prêmio Abril de Personagem teve sua segunda edição este ano.

Tony 20 – Sério? Juro que eu não sabia. O primeiro fiquei sabendo e até 
divulguei no blog, mas no segundo nem tomei conhecimento. 
Mas, de qualquer forma, Isso foi um bom sinal.  Quando voces
realizarem algum outro concurso, podem contar com este
blog para divulgar o evento, assim como qualquer
novo lançamento, parceiro...
Quantos membros compõem sua equipe, atualmente?

Paulo Maffia: Só eu, mas como eu estou fora de
 forma, pode contar dois....(risos)

Tony 21 – Uma equipe de um!? Um que vale por dois?
 Essa foi boa (Rsss...). Quantos títulos de quadrinhos – nacionais e 
importados -, a Abril lança atualmente?


Paulo Maffia: Seis revistas mensais: Pato Donald, Mickey, 
Zé Carioca, Pateta, Minnie e Tio Patinhas.
 Durante o ano, a Abril lança diversos especiais, minisséries e
 coleções. Vários títulos têm periodicidade definida, como os
 bimestrais: Disney Big, Almanaque do Donald, 
Almanaque do Tio Patinhas, Almanaque do Mickey, 
Almanaque do Zé Carioca...

Tony 22 – Tem mais?
  
 
Paulo Maffia: Os Semestrais Disney Jumbo, Almanaque do 
Pluto, Almanaque do Prof. Pardal, Almanaque do Peninha, 
Almanaque dos Super-Heróis, Almanaque da Margarida,
 Almanaque do Pateta. Os Anuais: Natal de Ouro Disney,
 e sem esquecer: Pato Donald Extra, Pateta Extra, Mickey 
Extra e Tio Patinhas Extra (em abril e outubro), 
Pato Donald Férias, Pateta Férias, Mickey Férias e
 Tio Patinhas Férias (em julho e dezembro). 
Fora as coleções semanais e especiais temáticas
 que estão se tornando mensais (UFA) .


Tony 23 – Caramba... é muita coisa... uau...

 Paulo Maffia: Fora o nosso novo lançamento, o GEN sai dia
 30/08. No estilo da revista Shonen Jump, trará diversas
 tramas em cada edição, começando com Souls Vs. Aliens, 
Wolf e Kamen. E outras virão oportunamente.


Tony 24 – É incrível o número de títulos anuais de vocês publkicam.
Parabéns... Há algum carro-chefe, específico, nesse segmento?

Paulo Maffia: Pato Donald. Eu vou além disto: a revista do 
Donald foi  de vital importância na formação da imprensa 
brasileira. Isso por que, em julho de 1950, chegava às
 bancas brasileiras o número 1 da revista O Pato Donald, 
a primeira publicação da Editora Abril. Hoje, 62 anos depois,
 a Abril publica mais de 300 títulos, que chegam a 28 milhões de 
leitores, e é um dos maiores e mais influentes grupos 
de comunicação da América Latina – e tudo começou 
com a revista do Pato Donald.




Tony 23 –  Minha nossa! 28 milhões de leitores. Este número é
impressionante. Eu sabia que os produtos Disney tinahm um
grande poder de fogo, mas não sabia que chegavam a tanto...
a revista do Donald é como se fosse a moeda número um do Patinhas,
 para a família Civita (Rsss...). O Pato Donald sempre será o xodó 
da Abril. Você, como um homem inteligente e do metiê sabe que
 há uma rejeição do quadrinho nacional por parte dos leitores, como 
frisou Primaggio, em sua entrevista. Ele relembrou que a Abril, no
 passado, fez diversas tentativas com autores brasileiros, mas
 que nenhuma deu certo. A revista Crás foi um exemplo clássico.
  Na sua opinião, o que falta aos autores de quadrinhos nacionais?

Paulo Maffia: O mesmo do cinema nacional, bons roteiros. 
Mas isso é reflexo da pouca importância que os governantes 
têm com a educação: para um bom roteirista uma 
formação cultural é indispensável .

A Pantera Cor-de-Rosa e os Flkintstones foram lançadas na fase de ouro da Abril

Tony 24 – Você está absolutamente certo, nosso cinema e nossas HQs 
sofrem do mesmo mal, sem dúvida... temos excelentes desenhistas,
 mas péssimos escribas. O pessoal se preocupa muito com os desenhos
 e se esquecem o principal: uma boa história...
 As edições em quadrinhos  de Conan, o bárbaro, lançadas pela Abril
 são inesquecíveis, pois abrangeram as melhores HQs do cimério, um 
clássico da literatura americana. Durante mais de 10 anos a editora faturou
 alto com essa série clássica da Marvel. Eu também – como apreciador 
de uma boa HQ -, fiz minha coleção, que guardo a sete chaves. 
Mas, parei de comprar quando os desenhos e os textos começaram 
a perder a qualidade. Parece que a indústria americana dos comics,
 durante um certo período, perdeu sua criatividade e passou a
 criar HQs de péssimas qualidades. O mesmo sucedeu com o universo
 dos super-heróis que, de repente, ficou confuso.
 Creio que esses fatores também contribuíram para 
que as vendas caíssem. O que você acha?

Paulo Maffia: Concordo com você.


Marvel, pela Bloch Editores



Marvel, pela RGE
Uma edição da Abril
Marvel, pela Brasil-América
Tony 25 –Esses altos e baixos... a coisa parece ser cíclica. 
A primeira editora a investir firme nos supers, no Brasil, foi a Brasil-América, 
do saudoso Adolfo Aizen, nos anos 60\70, quando surgiram as séries 
de desenhos desanimados da Marvel na TV, que contava com
 o patrocínio dos postos Shell. Houve, naquela  época, um grande
 BOOM editorial desse tipo de produto, que acabou empolgando 
e motivando até pequenos editores nacionais a lançarem super-heróis
 criados no Brasil, como: Raio Negro, O Escorpião, etc. Depois, veio a
 decadência e os super-heróis faliram, literalmente. Convém lembrar que,
 os superseres foram “pro saco” quando a Brasil-América decidiu 
lançar edições luxuosas, em cores, com capas plastificadas
 e caras. Algum tempo depois, a RGE (Rio Gráfica e Editora – atual Globo) e
 a Bloch também insistiram em lançar os falidos heróis Made in
 America, porém a ascensão e queda desses títulos ocorreram
 mais uma vez, apesar destes estarem em pauta na mídia. 
A editora Abril corajosamente ressuscitou essas antigas séries
 falidas e foi a casa editorial que mais tempo permaneceu com 
esses títulos em bancas, pagando um grande royaltie anual. 
Como é possível notar, os heróis produzidos na América só deram 
certo no país graças a insistência em relançá-los, por diversos 
editores – vide Tex. Não é justamente essa insistência, que falta 
para que um personagem nacional caia nas graças dos leitores?

Paulo Maffia: Sim, mas hoje você tem que se pensar no 
personagem como multimídia , ou seja não só nas HQS.

Tony 26 – Exato, pois o mundo mudou e precisamos nos adaptar a
 nova realidade... ao meu ver todo autor e editor deve ser multimídia,
 caso contrário, ta morto... Curiosamente, a M&C Editores (Minami e Cunha), 
foram os primeiros a lançar Conan no país. X-men e o Surfista Prateado
 foram lançados pela GEP (Gráfica e Editora Penteado) e a revista Bidú –
 com os personagens do genial Mauricio de Sousa -, foi lançado 
pelos Bentivegna... entretanto nenhum desses editores obtiveram
 o sucesso alcançado pela Abril quando relançou essas 
séries ou personagens. Qual é o segredo?

Paulo Maffia: Como diz o Muricy Ramalho: Trabalho!


Tony 27 – Muricy? Eu sabia, ninguém é perfeito (Rsss...)... Fui e sou editor... 
conheço muitos deles e a maioria se queixa das baixas tiragens e 
da má distribuição no país. Alguns afirmam que os distribuidores sempre 
ditaram as normas de mercado e que estes é que mandam nos 
editores, pois só distribuem aquilo que lhes interessam. 
O poderoso Grupo Abril, tem gráfica própria e hoje é dono da
 única distribuidora existente no país: a Trilog, após a aquisição 
da Fernando Chinaglia. Voces, na Abril, também têm queixa 
sobre os repartes enviados pela distribuidora para as diversas
 regiões desse verdadeiro continente chamado Brasil? 
Voces, como funcionários, têm acesso aos boletins de vendas?

Paulo Maffia: Sim, eles são vitais para 
sempre melhorar o nosso trabalho!

Tony 28 – Pensei que os boletins se restringissem apenas ao setor
 de marketing da empresa. Menos mal... Conversando com alguns
 membros do Sindicato dos Jornaleiros de S. Paulo descobri que
 muitos deles acreditam que: permitir que as editoras angariassem 
assinantes foi um erro. Acreditam que isso tirou os leitores das bancas.
 Também acabei constatando que a maioria destes preferem 
vender revistas mais caras, com as quais 
ganham mais (30% do preço de capa). 
Na certa, é por isso que atualmente a distribuidora parece 
ter predileção em sugerir aos editores produtos mais sofisticados,
 com CD-Rom ou DVDs, para atender esses revendedores.
 Você tem uma opinião formada sobre isso?

Paulo Maffia: Para ser honesto, não.

Tony 29 – Gostei da sua sinceridade. Seguindo em frente... 
Houve um tempo em que o jornaleiro pagava pela mercadoria e 
podia trocar os encalhes por uma nova edição. Foi implantado o
 sistema de consignação. Assim, hoje em dia, os jornaleiros parecem
 ter pouco interesse em oferecer ou procurar uma mercadoria 
solicitada por um leitor e as grandes bancas se tornaram lojas de 
conveniência, pois vendem desde sorvetes, cartões telefônicos,
 recargas de celulares, talões de zona azul, etc.
 Você não acha que isto também 
contribuiu para que as vendas desabassem? 
O sistema de consignação, de fato, foi um erro?

Paulo Maffia: Se foi um erro ou não, agora a esta altura
 do campeonato, não interessa, o que interessa , e aí
 está o desafio do Editor, tornar o seu produto atraente
 para este novo tipo de mercado. 

Tony 30 – É... como diz o dito popular: “Não adianta chorar o
 leite derramado”. O negócio é bola pra frente. Só temos esse mercado e 
devemos nos adaptar a ele, isto é lógico e imutável... Não adiante
ficarmos reclamando dele, precisamos encontrar soluções. É isso aí!
Quais são suas metas, perspectivas ou projeções de vendas 
para 2013, meu querido bengala brother Maffia? 
Algum novo lançamento programado?

Paulo Maffia: Há um longo caminho ainda a ser percorrido,
 mas posso lhes garantir que iremos avançar ainda mais no 
próximo ano, com um novo pacote de assinaturas, novos 
especiais temáticos, especiais em capa 
dura e muitas outras surpresas.

Teria a onda dos mangás, abalado as demais publicações?

Tony 31 – Na última reunião que fiz com o pessoal da DINAP- 
há cerca de dois anos atrás-, tomei conhecimento de que as vendas do 
mercado editorial nacional crescem 4% ao ano. Nada mal.
 Portanto, as vendas, de fato, têm se mantido no mesmo patamar 
já há alguns anos de forma positiva. O que houve foi um aumento 
descomunal de editores e de novos produtos segmentados. 
Isto obviamente acabou dividindo o“bolo”, que antes era
 degustado por um número menor de editores e produtos.
 Esse raciocínio é correto?

Paulo Maffia: Sim, mas é um segmento muito sensível a 
economia do pais: Na crise é a primeira coisa que a pessoa
 corta, e quando a coisa melhora, somos a última 
coisa que o pessoal volta a comprar.

Paulo 32 –Exato. É de se estranhar que estamos tendo problemas
 com vendas d erevistas,  num país, como o Brasil, que sofre menos 
com a crise monetária internacional, se o compararmos aos demais
 países do mundo, que estão passando por esse tipo de problema,
 que já superamos. Porém, sou ciente de que a reação é lenta e gradativa, 
infelizmente. Acredito que a coisa tende a melhorar... 
Grande Paulo, parabéns pelo belo trabalho que você e sua equipe – de um - 
vem desenvolvendo para o grupo Abril (Rsss...). 
Estamos, todos, torcendo por vocês. 
Que as vendas dos quadrinhos da Abril – e dos demais editores -, 
venham a crescer a cada dia, fazendo aquecer o mercado. 
Muito sucesso e grato, por sua atenção e colaboração.
 Até a próxima, guerreiro.

Paulo Maffia: Valeu.

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