segunda-feira, 29 de junho de 2015

quarta-feira, 24 de junho de 2015

A MUNDO NERD – GRANDES OBRAS 3: TERROR... NAS BANCAS!

TENHA MEDO, MUITO MEDO!


A MUNDO NERD –
GRANDES OBRAS 3: TERROR...

...traz um guia imperdível para os fãs de produções 
sangrentas e tramas macabras. A edição reúne 50 filmes, 
25 livros, 15 HQs, 15 séries e 10 games e informações 
curiosas sobre essas obras. Uma edição dos diabos 
para quem é possuído pela cultura nerd.

>> E ainda nesse volume da coleção

Banho de sangue
De que maneira Pinhead, Jason, Freddy Krueger e
outros monstros transformaram o gênero terror em 
um fenômeno nos anos 1980.


10 vampiros
Drácula de Christopher Lee, Lestat de Tom Cruise, 
Adam de Tom Hiddleston... Conheça os mais icônicos 
sugadores de sangue do cinema e da TV.



Andrew Fukuda
Uma entrevista exclusiva com o autor da elogiada 
trilogia literária A Caçada.



Bastidores tétricos
Descubra algumas curiosidades bem macabras sobre 
as principais obras de terror.



Teste Nerd
Prove que você é um verdadeiro monstro da cultura 
pop com nosso quiz sobre o universo do terror.



Pensata
O jornalista e escritor Roberto Araújo comenta a 
sensualidade do vampirismo e a relação entre 
o susto e o prazer.
















DISTRIBUIÇÃO
A Mundo Nerd – Grandes Obras 3: Terror 
completa a coleção Grandes Obras e já está nas bancas
em São Paulo capital e Rio de Janeiro capital.
No restante do país, a revista será lançada 
nos próximos 60 dias.

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Star Trek: Renegades Official Trailer

The Leviathan - New Sci-Fi Movie 2015 (Teaser)

Terminator Genisys Official TRAILER #3 (2015) Arnold Schwarzenegger Sci ...

Blindspot (NBC) Trailer (HD)

Supergirl | official First Look trailer (2015) Melissa Benoist

Fantastic Four Official Trailer #1 (2015) - Miles Teller, Michael B. Jor...

terça-feira, 16 de junho de 2015

Alceu Valença - Como Dois Animais

Luis Miguel - Boleros (Recopilación)

Sandra de sá - bye bye tristeza

Ana Carolina -- A Canção Tocou na Hora Errada - Vídeo Oficial

ZELIA DUNCAN - Catedral (live)

Legião Urbana - Vento No Litoral

Marisa Monte - Infinito Particular

Titãs e Marisa Monte-Flores (Acústico MTV)

Ritchie - Menina Veneno ao vivo HD

Blitz - A Dois Passos do Paraíso "Ao Vivo" HD

Blitz - Você Não Soube Me Amar (Áudio HQ)

sábado, 6 de junho de 2015

ENTREVISTA COM LUCCHETTI, O GRANDE ESCRIBA!

,


O entrevistado de hoje é um veterano do mundo das histórias 
em quadrinhos nacionais e é autor de diversos livros do gênero 
terror e suspense – sua “praia” favorita -, e seu nome está para 
sempre eternizado como um dos maiores escribas desse país, 
dos mais diversos gêneros de HQs e de diversos livros, de todos
os tempos. Para mim, ele fez muito mais do que Stan Lee ou
Jean-Michel Charlier – o grande mestre escriba francês, que foi 
parceiro de Jean-Giraud (Moebius). Ao meu ver, Lucchetti é um
dos maiores escribas de HQs e livros de todo o mundo, uma 
verdadeira “máquina” de produção. Esse dono de uma mente 
criativa, brilhante, também escreveu inúmeros livros,  roteiros
para o cinema, para o rádio e para a TV. Foi contemporâneo 
de grandes desenhistas brasileiros numa época em que podemos 
denominar de “A Era de Ouro dos Quadrinhos Nacionais”. 
Nessa referida fase as revistas criadas e produzidas no país
proliferavam disputando palmo a palmo o espaço nas bancas
 com as HQs estrangeiras e conquistando leitores.
Bons tempos aqueles...
O tempo passou, as HQs, livros e revistas, em geral, já não 
vendem como antigamente e os quadrinhos nacionais, aos
poucos, acabaram desaparecendo dos nossos pontos de venda. 
O mundo mudou, porém esse guerreiro incansável continua
na briga, firme, produzindo, para o nosso deleite, histórias
maravilhosas. A seguir saiba mais sobre a brilhante trajetória
profissional do lendário...

R.F. LUCCHETTI, O GENIAL

MESTRE DO TERROR!



Tony 1: Salve, grande guru dos escribas. Seja bem vindo
ao Bengalas Boys Club - termo que criei para designar gente 
como a gente, de idade avançada, mas que mantém o espírito 
jovem. Saiba que é um prazer imensurável poder entrevistar um 
dos meus maiores ídolos dos quadrinhos brasileiros. 
Li muitas HQs escritas por você, livros e assisti As Sete Vampiras.
Está apto a encarar uma saraivada de perguntas, que farei? 
Seus fãs e o pessoal da nova geração, que curte e faz HQs,
estão ansiosos por saber mais sobre sua carreira espetacular...

LUCCHETTI:  Não sei se é uma carreira espetacular.
Mas vamos às perguntas.

Tony 2: Professor Rubens Francisco Lucchetti, em que dia,
 ano, mês, cidade, estado, país, você veio ao mundo, para
 nos brindar com seus textos maravilhosos?

LUCCHETTI: Dizem que nasci em Santa Rita do Passa 
Quatro (pequena cidade do Estado de São Paulo, e cujo 
filho mais ilustre é Zequinha de Abreu), 
no dia 29 de janeiro de 1930.



Tony 3: O grande Zequinha de Abreu, o grande compositor?
Caramba, essa eu não sabia. Vivendo e aprendendo... Lucchetti...
esse seu sobrenome só pode ser de origem italiana, correto?
Conte-me um pouco sobre sua família... eles migraram para 
o Brasil em que ano? Se estabeleceram em que parte do país?
Seu pai fazia o quê? Havia algum artista na família?
Na verdade, a italianada e os judeus contribuíram
 muito para o desenvolvimento da imprensa 
no país e pelo mundo afora.

LUCCHETTI: Toda a minha família é de 
ascendência italiana. Meus avós maternos e meu
 avô paterno vieram para cá nos 
meados do século 19. Apenas minha avó 
paterna era brasileira e de origem portuguesa. 
Meu pai, Américo Lucchetti, era
fotógrafo profissional. Por volta de 1925, antes 
de conhecer minha mãe, desejava ir para a Austrália. 
Vendeu tudo o que tinha ganhado como herança e 
foi para o Rio de Janeiro, a fim de embarcar
no primeiro navio com destino a Sidney. 
Mas acabou gastando todo o dinheiro e voltou para 
Santa Rita com uma mão na frente e outra atrás. 
Lamento ele não ter ido para a Austrália.

Tony 4: Tais brincando, mestre? Ainda bem que seu pai
não foi pra Austrália, conheceu sua mãe, se casou e desse
relacionamento surgiu você. Se o homem zarpa íamos perder
um dos mais geniais escribas desse país. 
Portanto, ainda bem que a ideia de ir pra outro país 
não deu certo. Rssss... vamos em frente: 
O que você lia, quando era garoto? 
Muitos gibis, aposto... mas, quero saber quais
eram seus ídolos...

LUCCHETTI: Eu lia um tablóide trissemanal, 
O Globo Juvenilque era publicado pelo sr. 
Roberto Marinho. Meus heróis
preferidos eram Li'l Abner (mais tarde, ele 
ficaria conhecido entre nós como Ferdinando Buscapé),
 Zé Mulambo, Patsy, Tim e Tom, Charlie Chan, 
Brucutu, Dan Dun e, é claro, O Sombra.




Tony 5: Bons tempos... também curti Ferdinando, Tim e Tom
(Tim Tyler's Luck, no original) Charlie Chan (em pocket book)
e O Somba, mas não no Globo Juvenil... 
O que o levou a começar a escrever 
roteiros de HQs? Você se inspirou em algum escriba de 
HQs específico? Sabe como é, a gente sempre se espelha 
em alguém no início de carreira e com o tempo vai 
desenvolvendo um estilo próprio...

LUCCHETTI: Não me espelhei em ninguém 
para me tornar um roteirista de quadrinhos. 
Porque não lia histórias em quadrinhos de Horror/Terror. 
Procurei buscar meus próprios caminhos, inspirando-me
mais em autores como Edgar Allan Poe, H. P. Lovecraft, 
M. R. James, Sheridan Le Fanu e Algernon Blackwood.




Tony 6: Putz... alguns nunca ouvi falar...
Bebeu na fonte dos grandes mestres, está explicado... 
Como e quando surgiu a primeira oportunidade de publicar
seu primeiro texto?

LUCCHETTI: Escrevi meu primeiro roteiro 
de quadrinhos para a Editora Outubro. 
Essa história em quadrinhos, 
"A Única Testemunha", foi desenhada pelo 
também iniciante Paulo Hamasaki e publicada
 por volta de 1964 no terceiro
 número do gibizinho O Corvo.

Tony 7: Paulo Hamasaki!? Meu velho e querido bengala brother.
Trabalhamos juntos durante 5 anos na editora Noblet. 
Que legal saber que naquela época o Hama estava começando... 
Durante a minha adolescência eu lia muito os quadrinhos 
Made in America. De repente, descobri que existia gente, 
como você, Getúlio Delphim, Ignácio Justo, Shimamoto, 
Nico Rosso, Edmundo Rodrigues, Flávio Colin, e outras feras, 
produzindo HQs no Brasil. Fiquei fascinado... afinal, também
 tinha a pretensão de entrar para o ramo... Rsss... 
vocês me inspiraram a seguir em frente.

LUCCHETTI: Sinto-me lisonjeado por você ter me
 incluído entre aqueles que o inspiraram 
a tornar-se um quadrinhista.

Tony 8: A primeira HQ que li, na década de 60,  escrita por
você, se não me engano... era de terror. Meu pai não
gostava que eu comprasse gibis desse gênero, mas eu vivia
comprando-os, às escondidas. 
Achava aquelas histórias tenebrosas fantásticas. 
Foi assim que descobri os seus textos e os de 
Gedeone Malagola - outro grande mestre da escrita desse tipo
de HQs. Vocês dois me influenciaram tanto que a primeira HQ
que fiz para a Minami – Cunha Editores, na década de 70, 
era de terror. Mas, o material devia estar péssimo, porque 
eles o reprovaram. Por sorte, eles  me encaminharam para
a casa do Ignácio Justo, pra estagiar com o fera, meu
querido Sargentão e mestre. Rsss... 
Pelo visto, esse tipo de publicação – de terror e suspense -
sempre vendeu bem no Brasil, ou estou enganado?

LUCCHETTI: Foi o Horror/Terror o responsável pelo
desenvolvimento dos quadrinhos brasileiros nos anos 
1960 e 1970. Nenhum outro gênero 
contribuiu mais para isso.

Tony 9: Interessante... Foi graças a vocês que passei a ler,
 posteriormente, Drácula, de Bram Stoker, Frankstein
(o moderno Prometeu), de Mary Shelley (que é considerado
a primeira obra de ficção científica),  e vários clássicos de
Edgar Allan Poe... nos últimos anos tenho acompanhado
o trabalho de Stephen King, outro grande mestre das
histórias de terror e suspense... professor, você
aprecia Stephen King?

LUCCHETTI: Penso que, na atualidade, 
Stephen King é o melhor autor de histórias de 
Horror/Terror. Ele escreveu alguns clássicos 
como A Hora do Vampiro 
e O Iluminado.




Tony 10: Concordo plenamente... Segundo Stephen King,
Frankenstein é um dos três clássicos do gênero... os outros
dois são: Drácula e O Estranho Caso do Dr. Jekil e 
Mister Hyde. Você concorda com ele?

LUCCHETTI: Não aprecio muito Frankenstein. 
Mas concordo com King quanto aos outros dois.

Tony 20: Segundo consta, Mary Shelley escreveu a obra
quando tinha 19 anos, entre 1816 e 1817. 
Alguns historiadores afirmam que o livro foi publicado,
sem crédito, pela primeira vez em 1818. Mas há quem afirme
que a terceira edição revisada lançada em 1831 é a oficial.
Esta também é a sua opinião?

LUCCHETTI: Sim. O que me impressiona é como 
uma garota de apenas dezenove anos ter imaginado
uma história que narra a criação de um ser a partir 
de restos humanos.





















Tony 21: A garota tinha uma imaginação fértil e umas
ideias avançadinhas para a época... Na sua opinião, 
qual são os melhores contos de Edgard Allan Poe?

LUCCHETTI: São "O Coração Revelador", 
"O Gato Preto", "A Queda da Casa de Usher", 
"Morella", "O Barril de Amontillado", "Berenice", 
"Ligéia", "O Retrato Oval", "Hop-Frog", entre outros. 
Na verdade, sou fã da obra completa de Poe.
E penso que Poe é um caso único na literatura. 
Criou as histórias de Detetive & Mistério e concebeu 
alguns dos maiores clássicos do Horror e do Fantástico.

Tony 22: É, o homem detonava... foi inovador. Aliás, quem quer
escrever terror tem que ler Poe... Segundo minha rede de
espionagem internacional, você já morou em São Paulo, 
Ribeirão Preto e Rio de Janeiro, correto?
Atualmente, aonde se esconde? Rssss...

LUCCHETTI: Sua rede de espionagem 
informou-o corretamente.

Tony 23: Sério? Poxa, até que enfim esses meus espiões
deram uma dentro. Em geral, só dão mancada... Rssss.
Desse jeito vão acabar me pedindo aumento de salário.
 Mas, continue...

 LUCCHETTI: Morei duas vezes em São Paulo e em 
Ribeirão Preto. Residi durante dez anos (1972-1981) 
na cidade do Rio de Janeiro. E atualmente "encalhei" 
em Jardinópolis, uma pequena cidade próxima de
Ribeirão Preto. Escondo-me num casarão assombrado 
e construído há mais de um século.



Tony 23: Encalhou? Rssss... o termo é ótimo.
Num casarão draculiniano? Então, o amigo está no clima perfeito...
Rsss. Que profissões você exerceu antes de se tornar
um famoso escriba?

LUCCHETTI: Fui office boy, proprietário de uma loja 
de autopeças, gerente de cinema e chefe de escritório.
Aposentei-me como editor.

Tony 24: No nosso tempo, só existiam office boy, a molecada
andava na sola, a pé, que nem doido. Atualmente há motoboys...
a coisa evolui. Ficou chique. Também fui office boy... 
Nos anos 60, talvez por causa do pouco espaço para fazer 
HQs para as editoras, você passou a colaborar para 
diversos jornais importantes de São Paulo, dá para citar 
alguns? E, que tipo de matéria você escrevia para eles?

LUCCHETTI: Colaborei no Suplemento
Literário d'O Estado de S. Paulo, na Folha de 
S. Paulo, Shopping News
Última Hora. Escrevia artigos sobre Cinema, 
Cinema de Animação, Quadrinhos
e Literatura Policial.

Tony 25: Gostei. Polivalente... Você escreveu muitas laudas
de HQs, de diversos gêneros, mas, principalmente histórias 
de terror. Por que essa predileção por este tipo de histórias,
grande mestre e bengala brother? Por que dava maior retorno 
financeiro, ou por que simplesmente sempre foi 
o seu tema favorito?

LUCCHETTI: Escrevia principalmente roteiros de
histórias em quadrinhos de Terror porque eram 
o que os editores pediam. 
Quanto a retorno financeiro...

Tony 26: Entendi. O retorno financeiro nunca foi lá essas
coisas, pra variar... para se ganhar dinheiro com HQs no Brasil
é preciso produzir muito. Até o nosso grande Machado de Assis,
um dos maiores expoentes da literatura brasileira, não vivia da escrita. 
Era funcionário público. Além de assinar diversas obras, você 
também usou muitos pseudônimos... dá para citar alguns?

LUCCHETTI: Theodore Field,  Helen Barton, 
Urbain Laplace, Vincent Lugosi, Brian Stockler, 
Sherman Himms, Frank Luke e uma
infinidade de outros.

Tony 27: Brian Stockler, ficou sensacional... deve ser parente 
de Abraham (Bram) Stoker, poeta e contista irlandês que 
criou Drácula...Rsss... Programas de rádio e TV... interessante, 
certa vez o professor, o saudoso Gedeone – outro grande
 escriba e desenhista tupiniquim -, me disse que também tinha escrito 
textos para a TV Excelsior, antigo canal 9, de São Paulo.  
Pelo visto, quando a coisa apertava no setor editorial, 
vocês corriam para outros veículos de comunicação, 
como emissoras de rádio e TV e agências de publicidade... 
Você, também escreveu para diversas emissoras
de rádio e TV? Dá para citar algumas? E, que tipo de textos,
especificamente, você elaborava para eles?

LUCCHETTI: Sim, escrevi tanto para o
Rádio como para a Televisão. Era um atividade 
paralela, mas não por ter faltado trabalho nas 
editoras. Meus primeiros passos no
Rádio foi como argumentista. Eu explico: 
por volta de 1943,  Octávio Gabus Mendes tinha
um programa na PRF-3, RádioTupi de São Paulo. 
Era um programa que ia ao ar todos 
os finais de tarde, de segunda a sexta-feira. 
Era um radioteatro de trinta minutos, com
histórias, em sua maioria, enviadas pelas ouvintes 
(o programa destinava-se ao público feminino). 
Na verdade, essas ouvintes recortavam as histórias
 de revistas (na época, existiam várias 
revistas como Fon-Fon!, Carioca, Vamos Ler!
Contos MagazineEu Sei Tudo!, A Cigarra
O Cruzeiro, que publicavam contos). 
Aproveitei a oportunidade e comecei a enviar 
textos de minha autoria para o programa. 
Hoje, reconheço que esses textos 
eram argumentos para histórias. 
Por várias vezes, o sr. Octávio elogiou-os e até 
me pediu no ar para ir falar com ele na Cidade 
do Rádio, onde estavam instaladas as rádios Tupi 
e Difusora, de propriedade do Assis Chateaubriand. 
Quando fui visitá-lo na rádio, o sr. Octávio disse-me
 que "eu tinha uma grande imaginação e que, 
certamente, poderia vir a ser no futuro um
redator de rádio ou  de televisão, que, mais cedo 
ou mais tarde, chegaria ao Brasil". 
foi a minha primeira experiência no Rádio.



Tony 28: Belo curriculum! Fantástico, reconheceram 
o seu talento... prossiga...

LUCCHETTI: Alguns anos mais tarde, quando 
eu já morava em Ribeirão Preto, iniciei minha 
carreira de autor de scripts 
radiofônicos. Em 1955, por volta da inauguração
da nova fase da PRA-7 Rádio Clube de Ribeirão
Preto, Aloysio Silva Araújo (a exemplo do sr. 
Octávio, ele é um dos homens 
famosos da radiofonia do nosso país.
Fazia o programa Cadeira de Barbeiro, junto 
com o Manoel de Nóbrega) foi
contratado para ser o diretor de 
broadcasting da PRA-7.
Ele, então, convidou-me para escrever os 
scripts de dois programas: Grande Teatro de
Aventuras e Grande Teatro A7. O primeiro, 
destinado ao público juvenil, era 
apresentado de segunda a sexta-feira, às
dezessete horas, com histórias de Aventura 
e/ou Mistério com uma grande dose de suspense. 
Já o segundo, destinava-se ao público adulto e
apresentava histórias dramáticas. 
Ia ao ar aos domingos, às vinte e duas horas e 
tinha duas horas de duração. Esse meu trabalho
 no Rádio durou dois anos (1956-1958).





Tony 29: Que bacana... isso me fez lembrar 
que minha saudosa mãe vivia ouvindo as novelas
radiofônicas da Rádio S. Paulo... foi através 
dessas novelas radiofônicas que 
conheci Juvêncio, o justiceiro do sertão, 
uma espécie de Lone Ranger tupiniquim e 
uma versão paulistana de Jerônimo, criada por 
Moyses Weltman e eternizada nas
HQs feitas pelos irmãos Edmundo e Edno Rodrigues. 
Não perdia um episódio.. bons tempos aqueles.
A molecada ficava sentada em volta do rádio
para curtir as aventuras do herói no mais
profundo silêncio... Rssss...

LUCCHETTI: Foi também em Ribeirão que 
comecei na Televisão. Foi na TV Tupi, Canal 3 de 
Ribeirão Preto, onde apresentava ao vivo 
um programa semanal de enigmas policiais:
Quem Foi?. Contávamos com uma só câmera 
(refugo da TV Tupi de São Paulo) e a participação
do telespectador ao telefone.
Em 1967-1968, já morando em São Paulo, escrevi
os scripts de dois programas de Terror apresentados 
pelo sr. José Mojica Marins: Além, Muito Além 
do Além, na TV Bandeirantes; e O Estranho Mundo
de Zé do Caixão, na TV Tupi.

Tony 28: Que bela trajetória profissional, parabéns... 
Seu livro, Noite Diabólica, que foi publicado em 1963, é 
considerado a primeira obra de terror escrita no país, OK? 
Como surgiu a oportunidade de lançá-lo? 
E, ele saiu por qual editora?

LUCCHETTI: Como eu era um aficcionado 
pelos desenhos do Nico Rosso (eu comprava 
mensalmente a revista Seleções de Terror,
 da Editora Outubro, só para ver os
desenhos que ele fazia para a série Drácula), ficava
sonhando em ter uma de minhas histórias 
desenhadas por ele.









Tony 29: De fato, o estilo do prof. Nico era fascinante.
Eu também colecionava as publicações que ele fazia...
Dava um show de claro e escuro, enfim, era genial... tive
o prazer de conhecê-lo pessoalmente e visitar seu estúdio
(na casa dele) nos anos 70. Foi lá que descobri que o Ignácio 
Justo começou com o Nico, como auxiliar, fazendo algumas 
HQs a lápis... desculpe-me por interrompê-lo, professor... 
continue...

 LUCCHETTI: Então, mandei alguns textos
 meus para o Hélio Pôrto, o principal roteirista 
da Outubro, a fim de que os roteirizasse e 
entregasse os roteiros
 para o Nico desenhá-los.

Tony 30: Hélio Porto!? Ele escrevia roteiros de HQs para a Outubro? 
Essa eu não sabia... conheci o Hélião na década de 80, na editora
Noblet... o Hamasaki era muito amigo dele e me apresentou o fera. 
O cara tinha um vozeiraõ e tanto. Na época dublava filmes para 
a TV, que até hoje são exibidos na telinha... fiquei sabendo, outro
dia, que ele faleceu. Foi um grande cara...

LUCCHETTI: O Hélio gostou tanto desses 
textos que resolveu publicá-los da forma como
 eu os escrevera, inaugurando, com o livro Noite 
Diabólica, a Coleção Super Bôlso - Série Terror
Sinceramente, não gostei de terem aproveitado
meus textos (eram simples argumentos)
como se fossem contos. Mas fui agraciado, 
porque este livro teve a capa e as ilustrações 
feitas por um mestre do Desenho: 
Jayme Cortez. E, a partir daí, entabulei
amizade com o Cortez.

Editora Outubro - Inauguração

Lyrio Aragão, Mauricio, Shima e P. Hamasaki




Tony 31: Grande Cortez, eu, ele e o Reinaldo de Oliveira 
éramos bons amigos. Vivíamos comparecendo em eventos 
no Museu da Imagem e do Som etc. Anos depois, a Rita
Carnet, viúva do Reinaldo de Oliveira, me apresentou a 
esposa do Cortez  (a dona Edna) e o Jayminho,
no Centro Cultural Banco do Brasil. Fiquei sabendo que
eles estão morando em Nova Iorque... desculpe-me por mais
esta interrupção, mas é difícil ficar calado ante suas revelações...
pode continuar, por favor...

LUCCHETTI: Quanto ao Noite Diabólica ser 
"o primeiro livro de Terror escrito no Brasil"... 
Isso quem afirma é o pesquisador Rudolf Piper, 
num artigo sobre mim 
n'O Grande Livro do Terror!

Tony 29: Se o Piper afirmou isso, quem vai duvidar?
É verdade que você também colaborou com
jornais e revistas de Portugal, e até dos Estados Unidos? 
Como surgiram essas oportunidades, e como 
arrumava tempo para atender a demanda?

LUCCHETTI: Em Portugal, devido à minha amizade
com o crítico e editor Vasco Granja (já falecido), 
colaborei no Diário de Lisboa e diversos jornais 
de província.
Fui correspondente no Brasil das revistas Celulóide 
(de Portugal) e CTVD - Cinema - TV - Digest 
(dos Estados Unidos), que se destinava aos
profissionais de Cinema.

Tony 30: Incrível! O genial Zé do Caixão (José Mojica Marins) 
é, até hoje, o único cineasta brasileiro que fez filmes de terror. 
É interessante que nossos cineastas não se habilitam a 
fazer ficção e terror, por falta de recurso financeiro,
obviamente – dois gêneros que a galera adora... 
Ainda segundo meus espiões, você passou a fazer parceria 
com o Zé nos anos 60, perfeito? Sei que as HQs lançadas 
desse sinistro personagem - criado pelo Mojica – foram
publicadas pela editora Luzeiro – ou será que a Luzeiro
se chamava Prelúdio, na época? Dizem que a Prelúdio
era poderosa e maior que a editora Abriu que começou
numas salinhas na rua João Adolfo, no centro
da cidade. Aquelas Hqs, todas, foram 
escritas por você, amado mestre? E os programas da 
TV Bandeirantes, em que Zé do Caixão protagonizava, 
com muito sucesso, também tinham textos seus?

LUCCHETTI: As histórias das revistas 
O Estranho Mundo de Zé do Caixão foram 
inteiramente criadas e redigidas
por mim. Os desenhos das histórias em quadrinhos
eram do Nico Rosso. S aíram quatro números, 
publicados pela Editora Prelúdio, dos irmãos
Arlindo Pinto de Souza e Armando Augusto Lopes. 
Posteriormente, a Prelúdio  lançaria Zé do Caixão 
no Reino do Terror, produzida por
mim e pelo Nico. Foram lançados apenas dois números. 
Todos os scripts do programa Além, Muito Além do Além
da TV Bandeirantes, e do programa O Estranho Mundo de
Zé do Caixão, da TV Tupi, foram escritos por mim.



Tony 31: Cacilda! Você é uma verdadeira máquina para produzir... 
Creio que temos um amigo em comum, Delcídio Luz, que também
trabalhou com o Zé do Caixão, nos áureos tempos...
você se lembra dele?

LUCCHETTI: Sinceramente, não. 
Eu só conhecia uma meia dúzia de pessoas
 que trabalhavam com o Mojica: 
Jean Silva (mais tarde, ele adotaria o nome
de Jean Garrett), Mário Lima, Walter C. Portella, 
Roberto Leme, Giorgio Attili, 
Salvador Amaral e Virgílio Roveda 
(ele é mais conhecido como Gaúcho).

Tony 32: Pensei que conheci o Delcídio
(vulgo Severino Del Bill)... é bastante criativo,
 escreve roteiros, peças teatrais e compõem
músicas incríveis e é um grande camarda...
prosseguindo: Dizem que foi o José Mojica Marins
 (Zé do Caixão), que apresentou
para você o cineasta Ivan Cardoso... e que foi aí 
que surgiu a oportunidade para você escrever 
outros roteiros para o cinema, 
como: O Escorpião Escarlate, As Sete Vampiras etc... 
isto tem procedência? Conta pra gente,
como tudo aconteceu?

LUCCHETTI:  Foi realmente o sr. Mojica 
que apresentou o Ivan para mim. Por volta 
de 1977, o sr. Mojica levou o Ivan à minha casa, 
na Rua Bariri, no bairro da Olaria, na
Zona Norte do Rio de Janeiro. 
Mas a minha parceria com o Ivan só teria
 início dois anos mais tarde, quando ele me 
procurou para escrever um roteiro 
alinhavando uma serie 
de sequências que havia filmado em Super-8.
Esse roteiro foi o de O Segredo da Múmia.




Tony 33: Legal... vira e mexe eu encontrava o
Zé do Caixão, um dos cineastas mais criativos desse país, 
perambulando pelo centro da cidade, nas imediações da 
avenida São João com aquelas putas unhonas... Mas, já
faz algum tempo que eu não o vejo mais. Mas, o Delcídio 
ainda tem contato com ele.  Por falar do Mojica 
(Zé do Caixão),vamos falar sobre o cancelamento
da revista O Estranho Mundo de Zé do Caixão, para 
esclarecer alguns pontos obscuros dessa história. 
Há muitas lendas a respeito desse cancelamento,
entretanto, dá para contar para a gente, grande mestre 
escriba, por que, de fato, a revista foi cancelada?
Eu adorava aquela serie e cheguei a colecioná-la. 
Os roteiros e os desenhos do prof. Nico, em meio tom,
faziam uma simbiose perfeita.

LUCCHETTI: As histórias publicadas em 
O Estranho Mundo de Zé do Caixão e posteriormente 
em Zé do Caixão no Reino do Terror foram todas polêmicas. 
Retratavam fielmente o Brasil. Quem lê/vê, por exemplo,
"Noite Negra" ou "A Praga" percebe, de imediato, 
isso. Alguns pseudohistoriadores de Quadrinhos
afirmam que essas revistas foram canceladas devido
à Censura Federal.

Tony 34 : Também ouvi dizer isso... afinal, estávamos em
pleno regime de ditadura militar, da censura prévia... 
os caras controlavam todos os meios de comunicação. 
Mas, diga-me: isto tem fundamento?








LUCCHETTI: Tenho a dizer para esses cidadãos que
jogam toda a culpa do que acontece de mal no Governo
que isso não é verdade. O Estranho Mundo de Zé do
Caixão só deixou de circular porque passou a ser 
publicada por uma editora totalmente incipiente, 
a Dorkas (isso aconteceu devido a uma maracutaia 
do seu editor, um sujeito arrogante, cujo nome não
merece, de forma alguma, ser lembrado aqui), que em 
quatro meses só conseguiu lançar dois números e com
um padrão de qualidade péssimo (esse editor, sujeito 
medíocre, fez tudo para assassinar uma galinha dos
ovos de ouro). Quanto a Zé do Caixão no Reino do 
Terror não vingou porque, devido ao acontecido com 
os dois números lançados pela Dorkas, qualquer
revista com Zé do Caixão no título estava "queimada".

Tony 33: Sério? Dorkas? Nunca ouvi falar dessa editora... 
Comprei as edições da Prelúdio... Isto eu jamais imaginei.
Mas, valeu. Agora tudo ficou esclarecido.
O bom dessas entrevistas é que nelas a verdade vem à tona. 
Só me resta descobrir quem foi esse editor... hmmm... 
vou colocar meus espíões, quase secretos, pra desvendar 
quem é ou quem foi esse sujeito.
Um detalhe: O Arlindo vendeu a Luzeiro (antiga Prelúdio),
com todo acervo de cordéis etc, para um amigo chamado
Gregório Nicoló. Há alguns anos atrás quando fui visitar
o Gregório descobri algo fantástico: ele tem todos os
originais do Zé do Caixão feitos pelo Nico, artes do
meu saudoso amigo Queiróz - tamanho a-3 - etc. 
Babei ao poder tocar aquelas preciosidades...
Mas, vamos nessa, o papo está ótimo: 
Quantos roteiros para cinema você desenvolveu?
Dá pra contar?

LUCCHETTI: Roteiros filmados foram 25. Há um outro tanto
escritos e que permanecem inéditos até hoje, alimentando 
os meus bichos de estimação (cupins, traças etc).






Tony 34: Rssss... esses seus bichinhos devem estar bem 
gordinhos... haja originais para devorar... Rsss... 
Histórias em quadrinhos?

LUCCHETTI: Umas trezentas.

Tony 35: Porra, meu! O professor não é fraco não... Rsss. Livros?

LUCCHETTI: 1.547, assinados com pseudônimos e
heterônimos. E uns trinta, assinados com meu próprio nome.

Tony 36: Caraca, vai ser criativo assim lá longe...Rsss...
jamais entrevistei alguém que tem um curriculum tão extenso
quanto o seu, professor... parabéns. Acho que nem o velho Stan
Lee escreveu tanto quanto você, é incrível. Os americanos afirmam 
que Glaylord Dubis  ou Dubois – sei lá - foi o maior escriba de 
HQs e livros, de todos os tempos, mas depois de saber sobre 
o seu incrível curriculum, não sei não... acho que você 
superou o gringo, prof...ou então,está ali, coladinho no cidadão.
Rsss. Para mim, você e o Gedeone são dos dois maiores 
escribas desse país, porque produziram zilhões de roteiros 
e adaptações de clássicos do terror e outros gêneros... 
você viveu o que podemos classificar como 
“A Era de Ouro das HQs Nacionais!”, ou seja, havia diversos 
títulos criados e desenvolvidos
por artistas brasileiros nas bancas. 
O mercado estava superaquecido. 
Como era o seu relacionamento com os editores e com os
desenhistas? Costumavam se reunir num frenético happy hour, 
regado a cervejas geladas, ou o papo era sério, sempre.
O Gedeone – um ex-delegado apaixonado por HQs -, depois que
mudou para Jundiaí me disse que mandava os roteiros dele 
pelo correio e que de vez em quando vinha para São Paulo. 
Mas, vira e mexe estava nos meus estúdios ou editoras. 
Fomos grandes amigos e ele sempre elogiou o seu trabalho...



LUCCHETTI: Sempre tive um relacionamento bastante
amistoso com os editores, procurando cumprir os prazos 
para as entregas dos roteiros, que se destinavam a histórias 
em quadrinhos que deveriam ser publicadas em revistas 
de periodicidade mensal. Os contatos com os desenhistas
eram feitos, na maioria das vezes, pelos próprios editores; 
e eu nem sabia quem iria desenhar as histórias.
Mas houve algumas exceções, é claro: Eugênio Colonnese, 
Rodolfo Zalla e Nico Rosso. Com esses eu trabalhava
diretamente.

Tony 37: Três feras do traço!

LUCCHETTI: Colonnese e Zalla tinham o Estúdio D-Arte,
e eles me encomendavam os roteiros. Quanto ao Nico,
tive um relacionamento mais prolífico; e logo criamos 
as nossas próprias publicações: A Cripta, O Estranho
Mundo de Zé do Caixão, Fantastykon - Panorama do Irreal
entre outros. O Nico e eu nos entendíamos muito bem. 
Foi o meu maior parceiro nos Quadrinhos.

Tony 38: Que bela parceria... vocês foram incríveis.
Os preços pagos na época, tanto pelos roteiros como para
os desenhos, eram bons? Enfim, dava para ganhar dinheiro? 
Viver decentemente? Ou, era preciso ser polivalente pra
defender um dinheiro mais graudo...

LUCCHETTI: Se eu quisesse realmente ganhar dinheiro, 
nunca iria escrever roteiros de histórias em quadrinhos. 
Teria continuado com minha loja de autopeças.



Tony 39: Rssss... sei como é. Fazemos a coisa por paixão
e não pelo vil metal... mas, você sabe, quem produz muito 
sempre acaba faturando melhor. Você é considerado o primeiro 
autor Pulp do Brasil... em que ano foi lançado o seu primeiro 
livro Pulp, e por qual editora? É bom explicar o que é uma
publicação Pulp, pois muita gente desconhece 
esse termo inglês... Rsss...

LUCCHETTI: Publicação pulp é aquela impressa num
papel de péssima qualidade, áspero e amarelado. 
Suas capas são bem chamativas e tem histórias em 
que as cenas se sobrepõem aos enredos. Minhas primeiras  
narrativas pulp foram publicadas na revista Policial em Revista
na segunda metade dos anos 1940. Já os primeiros livros 
pulps de minha autoria apareceram na década de 1970 na 
coleção Trevo Negro, da Cedibra - Companhia Editora
Brasileira, do Rio de Janeiro.



Tony 40: Mil novecentos e quarenta!? Cacilda! Nessa época 
eu nem estava no saco do meu pai... Rssss... O livro Emir Ribeiro
Ilustra Fantasmagorias de R. F. Luchetti, foi finalista no ano 
passado ao Prêmio Jabuti - uma espécie de Oscar da literatura
brasileira -, na categoria ilustração... como e quando surgiu a 
ideia de fazer essa parceria com o meu querido e polêmico
bengala brother, o genial Emir Ribeiro?

LUCCHETTI: Foi por volta de 2002. Era um antigo projeto
meu e do Jayme Cortez. Seria um livro em que textos e 
ilustrações se integrariam. O Cortez chegou a ilustrar 
uma história, que foi publicada no Grande Livro do Terror! 
Em 2002, escrevi para vários desenhistas (muitos deles já
haviam, inclusive, desenhado histórias em quadrinhos
roteirizadas por mim), propondo que cada um deles  ilustrasse 
um conto meu. Falei que esses contos seriam publicados num
livro que meu filho, o Marco Aurélio, estava organizando. 
Apenas dois ou três responderam, entre eles o Emir Ribeiro, 
que se propôs a ilustrar o livro inteiro.






Tony 41: O Emir e gente boa. Adoro esse cara e sou fã do trabalho
dele. Velta é sensacional. Além do mais ele não é hipócrita e mete
a boca no trombone, desce o sarrafo em quem merece. 
Doa a quem doer.Não tem papas na língua. 
O Emir é guerreiro e encara qualquer desafio e se dá bem.

LUCCHETTI: Esse livro, Emir Ribeiro Ilustra 
Fantasmagorias de R. F. Lucchetti, que penso ser um 
dos meus melhores trabalhos, foi concluído em 2003, 
mas só foi ser impresso dez anos depois, ou seja, 2013.

Tony 42: Confesso que não tive oportunidade de lê-lo, 
infelizmente. Mas, vou procurá-lo... deve star duka esse trabalho
de vocês. Você trabalhou com verdadeiros monstros sagrados 
das HQs nacionais... com quais deles você melhor se relacionou?

LUCCHETTI: Sem dúvida alguma, foi com o Nico Rosso.

Tony 41: Criar argumentos, roteiros de HQs... você tinha total
liberdade de criação, ou criava sob encomenda dos editores, 
se é que eles tinham algum critério, na época... Rsss. 
Mas tem editor pentelho, que vivem dando palpites inúteis, 
você sabe do que estou falando... Para mim a maioria dos 
editores só entendem de dinheiro, de arte não sabem 
porra nenhuma..

LUCCHETTI: Sempre tive total liberdade de criação
nos meus roteiros de histórias em quadrinhos.



Tony 42: O lado bom de trabalhar com editores de menor 
porte é justamente essa total liberdade de criação. 
Os editores grandes nacionais e internacionais são chatos
pra cacete... Professor e querido bengala brother, antes 
de eu elaborar essa entrevista, analisei seu curriculum e
confesso que nunca vi alguém ter realizado tantas obras
quanto você... confesso que fiquei impressionado. 
Há quem diga que não existe no mundo alguém que escreveu
tanto quanto você e que seu nome deveria estar no livro
dos recordes. Na América, alguém com seu talento estaria,
supostamente, milhardário, recebendo royalties do mundo todo... 
e aqui no Brasil? Deu, pelo menos, para fazer o chamado 
“pé de meia”? Deu para se ajeitar financeiramente, vivendo 
de escrever, ou teve que enveredar por outros caminhos
profissionais além  da escrita?

LUCCHETTI: Se eu tivesse nascido nos Estados Unidos, 
estaria realmente milionário. Mas aqui, neste brejo, a vida 
de escritor não é nada fácil. Escrever foi algo que
sempre fiz paralelamente às atividades que garantiam 
o meu sustento. 
Inicialmente, eu escrevia e era dono de uma loja de 
autopeças. Depois, escrevia e era gerente de escritório. 
Mais tarde, fui ser editor. E, quando me aposentei, em 1983, 
para poder sobreviver (se dependesse só do salário 
de aposentado, morreria de fome), tive de escrever 
uma tonelada de livros sob encomenda.










Tony 43: É... viver de arte num país subdesenvolvido é 
uma merda... mas, admiro gente como você que faz por que 
adora aquilo que faz. Não deu para “enricar”, mas deu para
 viver decentemente. Isso é o que importa. Poucos conseguem viver
daquilo que gostam de fazer. Portanto, acho que somos privilegiados, 
porque ainda fazemos aquilo que mais adoramos. Prêmios... 
como diz um amigo meu, eles dão status, mas não pagam 
supermercados... Rsss... mas, é óbvio que eles representam 
o reconhecimento por um trabalho bem feito. 
E isso massageia o ego de todos nós, autores. 
Creio que apenas o Prêmio Nobel da Paz, instituído após a
morte de Alfred Nobel que, por ironia é considerado 
“O Pai da Dinamite”, contempla seus ganhadores com uma
boa soma em dinheiro (cerca de 1,2 milhão a 1,9 milhão 
de dólares), infelizmente. Mas, continuando...  
Pelo que consta, você foi 
agraciado com diversos deles. Dá para citar alguns prêmios 
que faturou ao longo de sua brilhante e produtiva carreira?

LUCCHETTI: Ganhei o Kikito de Melhor Roteiro de 
Longa-Metragem no X Festival de Gramado, em 1982, 
pelo roteiro de O Segredo da Múmia. Ganhei também o 
Sol de Prata de Melhor Roteiro de Longa-Metragem 
no II Rio-Cine Festival, em 1986, pelo roteiro de 
O Despertar da Besta (anteriormente, esse filme se
intitulava Ritual dos Sádicos).  Mas o meu maior prêmio
foi ter tido, em outubro de 2014, uma página inteira 
no The New York Times.

Tony 44: Maravilhoso! Não há dinheiro do mundo que 
pague por essas conquistas, não é mesmo? Mas, se 
viesse uns dólares junto com esses prêmios daria para 
ser ainda mais feliz, correto? Um dia o Worney – da AQC -
me ligou e disse: “Tio, você ganhou o Angelo Agostini, 
Mestre dos Quadrinhos!” Daí eu disse, brincando: 
“Prefiro minha parte em dinheiro!”. Ele redarguiu: 
“Tio, dinheiro a gente não tem! Você vai vir recebê-lo?”.
Respondi: “É claro que vou, será uma honra, sobrinho!”. 
Admiro essa rapaziada da AQC e do Troféu HQMIX, que
durante anos realizam esses eventos e dão prêmios aos
autores de HQs, sem ganhar nada com isso. 
Essa gente é incrível. Eles é que merecem receber troféus. 
Mas, vamos nessa: Como era o clima, nos bastidores das 
editoras, na época em que as HQs nacionais iam de vento 
em popa? Era de euforia? Autores e editores acreditavam 
piamente em consolidar a indústria das HQs no país, 
como nos Estados Unidos? Ou todos sabiam que aquela
fase era passageira? Outra coisa: Qual dos editores era
 mais afável com os artistas?

LUCCHETTI: Ninguém ficava preocupado em saber se
aquele boom do quadrinho brasileiro iria durar ou não. 
O pessoal apenas trabalhava, pensando em viver somente
o presente. Agora, uma pergunta: no Brasil, dá para 
planejarmos o futuro? Não sabemos nem o que
 vai acontecer amanhã.

Tony 45: Tens razão... Rsss... mas uma coisa é previsível,
mestre: mais denúncias sobre políticos corruptos virão e
acabarão, pra variar, em pizza! Esse é o país das CPIS que
não dão em merda nenhuma, infelizmente. Agora até os picaretas 
internacionais estão surgindo na mídia. Vide a FIFA. E, pra
variar tem brasileiro no meio dessa palhaçada toda.
A casa, literalmente, caiu pra esses calhordas. Acho ótimo.   

LUCCHETTI: Os editores com quem eu tinha mais 
amizade eram: o sr. Arlindo Pinto de Souza, da Prelúdio;
o Manoel César Cassoli, da Taika; e o sr. Savério 
Fittipaldi, da Saber. Sempre tive um bom 
relacionamento com os editores.

Tony 46: O Arlindo era gente fina, trabalhei com ele,
o Manelão Cassoli conheci no tempo da revista Psiu –  
quando foi sócio do Hélio Porto -, o Bartolo Fittipaldi foi um
cara legal, mas esse tal de Savério, nunca fui com a fachada dele,
apesar da editora Saber ter publicado a minha primeira
revista de HQ - Sargento Bronca... 
Eu comecei a escrever e a desenhar HQs na década de 70, em
plena crise do papel (dei azar...Rsss). Os editores estavam 
desanimados, muitos acabaram fechando suas portas... 
lembro-me que ao visitar a Graúna, do saudoso amigo 
Reinaldo de Oliveira – editor de Golden Guitar, 
O Homem Fera etc -, as máquinas impressoras estavam
paradas e a gráfica totalmente inoperante, sem ninguém... 
creio que foi nessa época que muita gente boa como 
Getúlio Delphim, Edmundo, Shima, Colin e outras feras 
migraram para a publicidade, por uma questão de sobrevivência.
Nessa fase crítica mundial, você também recorreu às
agências ou a outros setores profissionais?

LUCCHETTI: No início da década de 1970 
(para ser mais preciso, em 1972), mudei-me para o
Rio de Janeiro. Fui ser editor na Cedibra.

Tony 46: Cedibra, foi uma grande editora. Na época, então,
você estava numa boa. Se não estou equivocado, a Cedibra
foi a primeira a lançar o gato Garfield no Brasil... Fiz um
trabalho pra eles na década de 80 – histórinhas do Mickey 
Mouse estampadas em tecido, para crianças. 
Você tem ideia de que com quantas editoras já trabalhou? 
Ah, ia me esquecendo...
você também foi um dos editores da Cedibra, mas foi também 
aqui em São Paulo ou somente no Rio de Janeiro? 
Lembro-me, certa feita, que eles vieram para a cidade de 
Campinas, interior paulista... Como e quando surgiu essa
oportunidade? E, que revistas vocês publicaram?



LUCCHETTI:  Na Cedibra, fui editor de publicações especiais.
Produzi álbuns de figurinhas; editorei as coleções de livros 
policiais, de Terror, Ficção Científica... Quando a Cedibra se
mudou para o interior de São Paulo (isso foi por volta de 1984), 
eu já não trabalhava mais lá. Devo ter trabalhado, ao 
todo, para umas quarenta editoras.



Tony 47: Você e o Gedeone têm que entrar pro Guiness 
Book! Há quem diga que as HQs Made in Brazil não 
deslancham porque faltam ação e suspense e devido 
aos aos péssimos roteiros. Você concorda com isso?

LUCCHETTI: Não concordo com isso. O que falta, 
na verdade, são editores. Eles não investem no talento 
do autor brasileiro. Preferem continuar lançando 
principalmente os enlatados norte-americanos. 
A mesma coisa acontece com o nosso cinema:
não temos produtores e nem distribuidores.

Tony 48: A "briga" é feia... Por falar em editores que não 
investem em autores nacionais, faz uma data que não
vemos nada de novo. Made in Brazil, em nossas bancas 
de jornais – exceto Pátria Armada, do Klébs Jr. 
Cadê o espírito nacionalista? Só dá material americano
e japonês em nossos pontos de venda. Ainda bem que existe 
Mauricio de Sousa, o grande herói nacional das HQs com
sua Turma da Mônica, brigando com os mangás...  
Apesar de sua carreira espetacular, intrépido escriba, você 
sente alguma frustração profissional?

LUCCHETTI: Penso que não. Principalmente, nestes 
últimos oito meses está acontecendo comigo uma serie 
de fatos que chega a me espantar. Pois estou recebendo 
o carinho dos fãs e leitores dos quatro cantos do Brasil. 
Isso é algo que revigora o espírito.

Tony 49: Faz bem pra alma, com certeza! Acredito eu que, 
nos últimos 40 anos não há uma só criatura desse país, 
que lesse um gibi, que não conhecesse a assinatura 
R.F.Lucchetti e de Gedeone Malagola... 
Um sonho, ou projeto futuro?

LUCCHETTI: Sonhos?  Tenho vários. Projetos para o 
futuro não faltam. Agora, vamos ver quantos desses
projetos conseguirão ser realizados.

Tony 50: Fé me Deus e pé na tábua! Quem é, na verdade
 Rubens Francisco Luchetti? Dá para se autodefinir?

LUCCHETTI: Sou um sonhador romântico. 
Um outsider. Sou aquariano. E dizem que os aquarianos
estão cem anos à frente de sua época; comigo se dá o
contrário, já que gostaria de ter nascido no século 19.

Tony 51: Rsss... um aquariano retro, essa foi ótima! 
Vai saber se não viveu em "encadernações" passadas,
como afirmam os espíritas... Rssss... Deus, religiões e 
pastores eletrônicos? Qual é seu conceito sobre isso?

LUCCHETTI:O Salmo 23 resume todo o meu pensamento 
sobre religião e faço dele minha oração preferida: 
"O Senhor é meu pastor, e nada me faltará." 
Que é necessário mais do que isso?

Tony 52: Nada! Disse tudo... Família?

LUCCHETTI: A família é o esteio de tudo.



Tony 53: A tendência das edições impressas é se 
extinguirem gradativamente dando lugar as
publicações digitais?

LUCCHETTI: Parece que fatalmente isso está acontecendo. 
Por culpa das próprias editoras que não investem em 
novos talentos. Tem muita gente boa por aí e que não 
encontra oportunidades de ser publicado. Mas, para mim, nada 
substitui a palavra impressa no papel.

Tony 54: Tô contigo e não abro! Acho que ler no computador, tablet,
celular, kindle ou outras parafernálias cibernéticas é um pé no saco! 
Você sabe, há muitas lendas no mercado sobre autores de HQs.
Mas a nova geração gosta...
Uma delas diz que você também desenha ou
 já desenhou... isto é verdade, mestre escriba?

LUCCHETTI: Nunca desenhei uma história em quadrinhos.
O que fiz foi uma infinidade de bicos de pena e pintei 
alguns quadros que adornam as paredes de minha casa.

Tony 55: Bacana... o DNA artístico está no sangue...
Você tem um filho escritor, correto? Puxou para o pai, 
que maravilha... qual é o nome dele?
E, que obras ele já publicou?

LUCCHETTI: O nome dele é Marco Aurélio. 
Ele é pesquisador de Cinema e Quadrinhos. 
Publicou uma meia dúzia de livros sobre Quadrinhos
(A Ficção Científica nos Quadrinhos, As Sedutoras dos 
Quadrinhos, Desnudando Valentina - Realidade e 
Fantasia no Universo de Guido Crepax, entre outros).
É editor de uma publicação on line, Jornal do Cinema
(acesse: www.jornaldocinema.com.br) e escreveu uns 
quatrocentos livros de bolso dos gêneros Espionagem
Western.



Tony 56: Que maravilha! Muito sucesso para o Marcão! 
O cara tem pra quem puxar! Taí a dica, galera, vamos, todos,
visitar esse link. O nosso bate papo está muito bom, mas 
infelizmente estamos chegando ao fim... se você quiser 
deixar aí um fone de contato, e-mail ou endereço de site 
ou blog, esteja a vontade, mestre... a casa é sua...

LUCCHETTI: Obrigado, Tony, por esta oportunidade. 
Meu site é: www.rflucchetti.com.br
Os leitores também podem me contatar 
pelo meu facebook 
ou pelo meu e-mail: omestredohorror@gmail.com. 
E, para terem conhecimento de alguns textos meus, os 
leitores podem acessar o Recanto das Letras
 (http://www.recantodasletras.com.br/) e o próprio Jornal do Cinema.

Tony 57:  Uma derradeira pergunta... é verdade que foi
relançado em 2014 uma coleção de 15 livros de sua autoria? 
Quais são os títulos? Essas obras estão sendo lançadas 
por qual casa editorial? E, como podemos adquirir 
essas preciosidades?

LUCCHETTI: Essa coleção, intitulada Coleção R. F. Lucchetti,
será composta de quinze livros. O primeiro, As Máscaras 
do Pavor, foi lançado no final de 2014. O segundo, 
O Museu dos Horrores, será publicado em julho-agosto,
deste ano. Esses livros são comercializados apenas por mim. 
Os leitores podem me contatar pelo facebook ou pelo e-mail.



Tony 58: Maravilha, professor! É bom saber que continua na
 ativa, agitando. E vê se não para peloamordedeus...
Tem alguma dica para dar para aqueles fãs que
pretendem seguir a sua bem sucedida trilha profissional 
e se tornar um grande mestre escriba? Existe alguma fórmula?

LUCCHETTI:Tenho comigo uma máxima:
"É mais fácil caminhar do que abrir uma picada ou trilha."
A dica que eu poderia dar é a seguinte: 
a pessoa precisa perseverar, a despeito de tudo e de todos.
Críticas não faltam. Elogios são muito poucos; e muitas 
vezes, hipócritas. Por isso, o caminho daquele que em nosso país
se dedica ou queira se dedicar a escrever é espinhoso.

Tony 59: De fato, não é fácil. Como tudo o que é arte.
Haja perseverança... Meu querido professor Lucchetti,
há alguns anos atrás falei com você por telefone, graças 
ao Gedeone... porém,  jamais imaginei que um dia poderia
ter a honra de estar entrevistando alguém que também me
inspirou a escrever e a ingressar no mundo das HQs e da
comunicação. Grato, por seu depoimento...
e que 2015, seja um ano pleno de realizações! 
Essa foi a entrevista mais longa que já fiz na vida, eu acho –
graças a sua paciência -, mas valeu! Até a próxima, grande
mestre escriba!

LUCHETTI: Eu que agradeço essa oportunidade de
poder me expressar. Gostei desse bate-papo. 
Estarei sempre à disposição.

Tony 60: Se você gostou do bate papo deixe um
comentário abaixo, amigo web leitor. E, obrigado
por nos prestigiar e até a nossa próxima
entrevista com outro grande mestre das HQs.
See you later, cowboys!
Be well!


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