terça-feira, 30 de novembro de 2010

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ENTREVISTA COM AILTON ELIAS! MESTRE E CRIADOR DE BRIGADA DAS SELVAS E EX-PARCEIRO DE KERN!



O entrevistado de hoje é um velho amigo. Ele é mais um legítimo membro honorário da milenar confraria dos Bengalas Boys Club... (Rsss...). Sempre foi um bom companheiro, amigo leal e um tremendo boa praça. 
Ele veio para a capital paulista em busca de um sonho: tornar-se um profissional do desenho e das HQs. 
Porém,  o destino as vezes traça caminhos inesperados. 
Além de fazer HQs, ele também acabou 
enveredando pelos caminhos da publicidade e 
paralelamente continuou a fazer
 os seus amados quadrinhos. 
Conviveu com  o mestre das HQs de combate,
 Ignácio Justo, e com um dos maiores mitos do setor editorial brasileiro: Oscar Kern, o primeiro 
brasileiro a transformar os fanzines num produto graficamente apresentável. Portanto, esse 
entrevistado, sem dúvida, tem 
muita história para contar. 
Confira a entrevista concedida a mim 
pelo guerreiro dos pampas...


AILTON ELIAS,
 O AUTOR DE 
BRIGADA DAS SELVAS E
JOÃO DURÃO E EX-PARCEIRO
DE CRISTIANO KERN!

Brigada -  da editora Júpiter II. Uma bela capa
 Tony:  Quanta honra em poder entrevistar um velho 
batalhador como você, mestre... Preparado? Vamos lá... 
Nome completo. Dia, mês, cidade e estado onde você nasceu?

Elias:  Meu nome: AILTON ELIAS GONÇALVES. 

Nasci no dia 22/09, na cidade 
de Rio Grande, no Estado do Rio Grande do Sul.
 
Tony: Um gaúcho de verdade, tchê! Tri-legal! Quais eram seus 
heróis prediletos na infância, Elias?


Elias: Meus heróis foram, acredito, os mesmos
 que os de muita gente que liam os antigos gibis, 
como: Flash Gordon, Capitão Marvel e família... aliás,
 o que não entendo é por que continuam condenados 
por plágio do Superman, até hoje nos EUA, Tony? 
Também curtia muito o Spirit, Allan "Rocky"Lane,
 Durango Kid, e outros...








Tony: Isto é interessante, apesar de termos certa diferença 
de idade, eu e você lemos quase todos os mesmos gibis. 
Isto prova que durante um década, no mínimo, não
 houve renovação... eram sempre os mesmos. 
Isto é interessante. Quanto o processo, a briga judicial 
entre Capitão Marvel e Superman, por plágio, essa treta
 já acabou há muito tempo... hoje, ambos os 
personagens pertencem a DC Comics. O arranca rabo, se
 não me engano, ocorreu nos anos 30 ou 40.
 Mas, particularmente, sempre achei 
essa briga sem fundamento. 
Plágio? Só por que ambos tem super poderes?  
Isto, pra mim, jamais fez sentido. Deve ter sido
 pura jogada de marketing, na época. Sabe como são 
esses editores judeus... bem, mas, vamos em frente...  
Como e quando surgiu a paixão pelos desenhos e as 
Histórias em Quadrinhos?


Brigada das Selvas - Um clássico de Ailton Elias -
Em Busca de Fawcet - HQ inédita





Elias: A paixão pelos desenhos e as HQs surgiu ao 
ler os citados gibis. Ao sentir que
 eu poderia desenhá-los, 
também,  imitando-os, comecei a produzir minhas 
próprias HQs, e vendia os cadernos para os 
coleguinhas da escola, conseguindo assim 
um bom dinheiro para assistir as matinês 
aos domingos. O personagem vítima – 
que eu desenhava sempre - era o The Lone 
Ranger, aquele tal de Zorro e seu 
amigo índio chamado Tonto.




Tony:  A tradução literal do nome desse antigo justiceiro
 do Oeste é O Patrulheiro Solitário, mas no Brasil ele 
virou Zorro. O único Zorro (Raposa, em espanhol), de 
verdade, é aquele de capa e espada. But, let’s go, my old
 bengala-friend... Oscar Kern, ao publicar seu fanzine,
 mais bem-acabo que se tem notícia -na década de 80 -, 
se tornou um dos grandes nomes das HQs nacionais...
 quando e como você o conheceu?

Elias: Conheci o meu saudoso amigo 
e parceiro e roterista, 
Oscar Kern, dias depois que comprei o primeiro 
exemplar de HISTORIETA, que foi lançado em 
bancas de revistas, quando eu ainda
 residia em Porto Alegre.


Oscar Cristiano Kern, pioneiro em fazer um zine
de qualidade no Brasil
Tony: O personagem "O Homem Justo", foi criado pelo Kern
 (Roteiros), e você fez os desenhos, OK? Esta foi a 
primeira HQ que você publicou na vida? Quantas histórias 
voces fizeram d o Homem Justo? 
Alguma alusão ao mestre Ignácio Justo? (Rsss...)


Elias: Bem...decidi fazer o " Homem Justo" após eu 
ler o ótimo roteiro que o Kern levou na minha 
casa e após receber a minha carta-contato. 
Junto com o contrato  e a história do Homem 
Justo ele levou o roteiro: a "História dos
Quadrinhos", que o desenhei também, 
simultaneamente. Estas foram minhas 
primeiras publicações... só que elas saíram
 num fanzine.Quanto ao título do personagem,
 não tem nada a ver com o mestre
 Ignácio Justo, não (Rsss...).


Arte do mestre Ignácio justo para a
revista COMBATE

 Tony: Bem... você não me disse quantas histórias fizeram,
 mas, tudo bem... vamos em frente... Você começou 
num fanzine, mas era um zine chique, bem produzido, 
que se diferenciava dos demais existentes pelo país. 
Isto foi tri-legal, tchê! No Sul do país, além do Kern, 
você chegou a ter alguma experiência com editoras
 ou histórias em quadrinhos, antes de vir para São Paulo?

Elias: Quadrinhos no Sul, fora a Cetpa do Brizola,
 somente o Kern e o Altair Gelatti, em Caxias
 do Sul, tentavam fazerem 
quadrinhos independentes. 
O Altair Gelatti produzia suas revistas que
 eram pagas com publicidades que saia nos
 rodapés das páginas. Ele tinha uma 
revista famosa chamada "ALBATROZ", com
 personagens diversos. As revistas dele
 eram distribuídas gratuitamente 
nos balcões das lojas dos anunciantes. 
Na verdade, só publiquei  profissionalmente 
em São Paulo, anos depois.



Tony: Altair Gelatti, aposto que muita gente no país 
jamais ouviu falar deste grande batalhador e 
empreendedor ferrenho, Elias. Nem eu. Olha que
 informação bacana você está passando. O país é imenso e, 
em geral, naquela época em que ninguém nem sonhava
 com computadores, muitas realizações locais acabavam
 por morrer ali mesmo, na sua região, sem que os 
habitantes dos demais estados da Nação tomasse 
conhecimento. É incrível que até hoje iniciativas
 no Sul, como as de Arthur Filho e o Fábio - da Ink 
Blood Comics, que lançou recentemente uma 
edição comemorativa de Chet, famoso cowboy 
criado pelos irmãos Wilde e Watson Portella -, 
continuam acontecendo.


Chet - Edição comemorativa de 30 anos -
Ink Blood Comics
A gauchada se amarra mesmo
 em gibis, principalmente, de western. 
Qual era a tiragem da famosa Historieta e como 
este primeiro fanzine-chique era 
comercializado, distribuido? 
Esse zine foi um sucesso na época.

Elias: HISTORIETA tinha uma tiragem entre 500 a 
800 exemplares. Esses exemplares eram  
colados e grampedos na mão. O próprio KERN é 
que fazia tudo sózinho. 
Muitas vezes eu fui ajudá-lo.
 Naquela época as HQs eram coqueluche.

Tony: Hmmm... então a coisa era artesanal, mesmo... 
interessante. Também fiquei sabendo que o Kern foi 
um grande roteirista, inclusive que ele trabalhou para 
a editora Abril, - na década de 70, após o Renato 
Canini ler uma história dele, da Brigada das Selvas, 
e pediu para ele tentasse fazer um roteiro de humor-. 
Para a Abril  ele escrevia alguns personagens Disney,
 pelo que me consta. Você sabe algo a respeito da 
trajetória dele, nesta etapa? Em que ano ele começou a
 colaborar com a Abril ou quando e por que ele parou?

Elias: Sim, Tony! O Kern roteirizou personagens
 para a editora ABRIL e até criou um personagem 
para a família Disney. Mas, não me recordo o nome.
 Depois cansou da Abril, que somente aprovava 
3 roteiros de cada 15 episódios que
 eram apresentados.


Kern escreveu HQs para os personagens
Disney, no Brasil
Tony:   Fala pra gente sobre a sua experiência de ter trabalhado 
ao lado do genial e empreendedor Oscar Kern. Ele era um 
cara nacionalista, de verdade? Qual era o pensamento 
dele sobre as HQs nacionais e importadas?
 Quais foram os ídolos dele das HQs?

KERN - o guerreiro dos pampas
 
Elias: O genial Oscar Kern era um empreendedor 
nato e um grande incentivador. Na época que iniciou
 o seu fanzine de ouro ele era diretor-regional 
do INPS. Quando eu o visitava no agência que
 ficava  no quarto andar de um edifício na  "A".
 Borges de Medeiros...assim que sua secretária
 me convidava para entrar em sua sala, ele
 avisa que não queria ser interrompido.



Tony: - Incrível, isto... ele era diretor-regional do INPS...
 caramba! É difícil entender como as HQs fascinam gente
 dos mais variados níveis sociais, né? Pelo visto,
 o homem era mesmo tarado pelas HQs.  Elias, quando
 foi que você decidiu vir para São Paulo,
 em busca de novas oportunidades?

Elias: Quando cansei de ser contínuo bancário 
e outros babados e me livrei dos bancos. 
Decidi imigrar para Sampa, com a  grana 
da indenização no bolso, pois
queria viver de desenhos.
  

Brigada das Selvas - Lançada pela editora Júpiter 2,
do intrépido editor José Salles.
Tony: Gostei do espírito aventureiro, do cara que
 corre em busca dos seus sonhos, do guerreiro, 
do batalhador... Eu, você, e muita gente, passou 
pelo famoso e lendário "Barraco do Justo". 
Você, o Pedro Mauro e o Salatiel de Holanda, também 
 passaram por lá, antes de mim . Ou seja, a geração
 de voces antecedeu a nossa nova turma. 
Pergunto: Como foi que você conheceu o Justo
 e como foi conviver com ele, nosso grande
 mestre e ás da aviação tupiniquim? (Rsss...)

Elias: A "Turma de Barraco" 
era o título carinhoso 
que o mestre Justo dava pra gente. 
Quando eu entrei para a "turma", 
na galera artística estava:
 Pedro Mauro Moreno, Salatiel de Holanda, 
Aparecido Cocolete, Natanael Fuentes, 
Edgar de Souza, e outros, que já estavam 
se transferindo para as grandes agencias
 de publicidades, após estagiarem com
 o mestre, porque a famosa editora
 Outubro estava fechando suas portas.
 O saudoso Gedeone Malagola, foi quem 
meteu a "boca-no-trambone", quando 
em certa tarde chuvosa descobriu no
 pateo da ex-editora uma montanha de
 originais nossos que estavam lá jogados e
 molhados e prontos para irem parar no lixo.
Todos correram lá na esperança de salvar
 alguma coisa, mas não houve tempo.

Tony:  Bela turma, hein? Só fera... quer dizer que o prof. Gedeone 
é que alertou a turma? Puta sacanagem, porque não
 devolveram os originais pros autores, né?  Editora Outubro,
 foi uma grande casa editorial... Diga-me, quantos anos 
você tinha naquele época?

Elias: Eu estava me aproximando dos 28 aninhos...

Tony: E, quantos anos tinha o Salata (Salatiel de Holanda)?


Elias: O Salatiel, acho que estava com uns 21 anos.

Tony: O Pedro Mauro?

Elias: O Pedro... o Pedro Mauro estava
com 19 anos, eu acho.

Tony: Só dava moleque (Rsss...). Os lendários
Minami Keizi e
 Carlos da Cunha, quando você os 
conheceu estavam com que idade?

Elias: Minami Keizi e Carlos Cunha, acho que 
eles tinham uns trintões.

Tony: O nosso velho amigo e boa praça Aparecido Cocolete?

Elias: O Aparecido Cocolete, uns 20 anos.


Tony: Cocolete, gente finíssima... ele é o autor de 
Viúva Negra, um título que, pelo meu estúdio negociamos
 com as Evictor Editora, na década de 80. Vamos falar sobre
 o jornal de sangue: Notícia Populares. Este era o nome
 de um dos recordistas de vendas da imprensa Folha
 da Manhã, do grupo Folha... você chegou a fazer 
tiras pra este famoso jornal que foi extinto, correto?
Quando foi que começou a publicá-las e por que parou? 
Qual era o nome da série?

Elias: Uns 15 dias antes de descobrir o Minami
 e o Justo, descobri o Jornal Notícias Populares, 
que naquela época era cheio de tirinhas
 de aventuras, na página de passatempos. 
Foi aí que bolei o título JOÃO DURÃO, e fiz 
uma HQ, que durava várias tiras. 
Optei pelo título 
"João Durão em Um Caso Simples". 
A idéia era fazer uma série, mas, parei
 porque a "Escola do Ignácio Justo” estava
 ensinando o curso básico de anatomia 
humana que era fundamental para o
 desenhos das figuras que eu queria 
continuar desenhando e aperfeiçoando. 
Esse “curso” era ministrados em
 períodos sem trégua, lembra-se?

Tony - E como... o mestre era linha dura, acho que por 
ser um ex-militar da aeronáutica o teacher tratava 
a turma como se fossemos cadetes... (Rsss...). 
O homem mais parecia um sargentão,
daqueles bem durões, num quartel.

Elias: É... Foi durante este “curso” que eu
conheci um caraque se tornou um grande
 amigo que vivia acompanhado de um jovem 
chamado Wanderlei Felipe. Esse meu novo
 amigo tinha um "andar-balançado", que
 incomodava o mestre Justo.
 O mestre Justo também era invocado, por este
 meu amigo preferir desenhar com o lápis de
 ponta grossa. Lembro-me que o mestre insistia
para que o rebelde desenhasse com uma
 lapiseira tipo " ponta-de-agulha".
 Lembra-se desse aluno rebelde? 
 Ele se chama Tony Fernandes. Eu logo pensei:
 Está aí o tipo ideal para o meu JOÃO DURÃO, 
com topete e tudo caído na testa,
 conforme a moda na época.

O Homem Justo, por Kern e Elias -
Material publicado em HISTORIETA,
nos anos 80.
Tony: Caceta... você lembrou bem... eu adorava 
provocar o mestre. Achava ele gente boa, mas aquele 
tipo mandão, meio sargentão, me incomodava, 
também... daí eu adorava cutucar o bicho com vara curta. 
E o pior é que o pessoal da minha época era manso, 
ninguém chiava, pareciam vaquinha de presépio, 
balançavam a cabeça à tudo o que o mestre mandava. 
Sabe como é, eu era jovem, revoltado e invocado. 
Então, aquilo – desenhar com gravite grosso-  
era uma forma de desafiá-lo, digamos. 
Tive brigas homéricas com ele, coitado. 
Lembra-se? Mas, o homem é gente boa. 
Nunca cobrou nada para ensinar 
a galera e se conseguimos
 alguma coisa na vida foi graças a ele que nos mostrou
 um caminho. Sou muito grato ao velho e bom
 mestre, que me aturava... (Rsss...). Muito bem 
lembrado isso, mestre...  Quanto ao meu gingado 
para andar... não sei da onde eu tirei aquilo. 
Acho que eu era maloqueiro mesmo... (Rsss...).
Fazer o quê? Nasci na Lapa, em S. Paulo, mas fui 
criado na periferia, na Freguesia do Ó, o bairro mais 
antigo da cidade. Sobre o João Durão, agora que você 
falou me lembrei que uma vez você me disse que 
havia se inspirado em mim para criá-lo, mas confesso 
que nem lembrava mais disso. Faz tanto tempo.
 Mas, olha, mestre, é uma honra ter servido
 de fonte de inspiração. Valeu, Brigadão... (Rsss...). 
Olha eu aí numa HQ, quando era jovem, é mole? 
Parece que o meu destino, mesmo, eram os 
quadrinhos, de uma forma ou de outra (Rsss...). 
O detetive João Durão e Maria Banto, foram outros
 personagens criados, por você, como já citou. 
Antes de saber que você tinha se inspirado na
 minha pessoa rebelde e balançante  eu pensava que
 você tinha se inspirado em Modesty Blase, juro.

Elias: Nunca me passou pela cabeça me 
inspirar em Modesty Blase. Me inspirei em você,
 como disse... quanto a companheira do herói, 
MARIA BANTO, só bolei ela quando desenvolvi
 a origem  do personagem... nessa altura eu já 
trabalhava na agência Alcântara Machado (ALMAP). 
Só consegui entrar nela graças a vaga do 
Cocolete, que se transferiu 
para a MacCan-Ericson. 
Mas nessa altura do campeonato algo
 aconteceu comigo que até hoje não consegui 
entender, pois apesar de eu entrar para 
trabalhar para a agência queria continuar a
 publicar minhas tirinhas de jornais, que
 estavam saindo. Mas, de repente, os caras do 
jornal resolveram tirar todas as tiras de
 aventuras do Notícias Populares. E isto também 
aconteceu com os outros diários,
 da época. Por quê?




Tony 19: Em 73 colaborei com a Folhinha de S. Paulo e 
no mesmo ano também fiz freela pro Notícias Populares. 
Fiquei muito amigo do Ibraim Hammadam, que anos
 depois convidei para comandar a equipe do jornal 
que eu dirigia para a editora Noblet, chamado: Polícia Magazine. 
Pelo que soube, na época, os jornais pararam com as
 tiras de aventuras porque alegavam que os leitores
 não gostavam de HQs de continuação. Sairam as séries 
de aventuras e aumentaram as
 tiras cômicas, de piadas curtas.
 Se você analisar bem, eles tinham razão.
 Naquela época nem gibi de continuação vendia no país. 
Lembro-me que uma editora carioca lançou a revista 
Tintim, que tinha uma porrada de personagens europeus, 
tudo de continuação. 

HQs européias, de continuação, não vendiam
bem, antigamente,  no Brasil
 
A revista foi pro saco, em dois tempos. Foi uma pena. 
É gozado, porque hoje a nova geração parece curtir HQs de 
continuação, como: Tex e os mangás, que trazem
 histórias intermináveis. Mas, naquela época jurássica
 todo mudo odiava revistas e tiras que continuavam 
eternamente, pelo menos, aqui no Brasil. Será que a nova
geração mudou em virtude das novelas da Globo? 
Mas, de volta as questões... Além de ser um mestre das HQs
 você também fez história fazendo manchas publicitárias- 
storyboards -, para as grandes agências. Quando foi que 
você procurou e entrou para a famosa Almap? 
Poderosa agência paulista, dona de contas importantes.

Elias: Sim. Trilhei o caminho das agências também. 
 Você sabe, storyboards, na verdade, são uma
 espécie de história em quadrinhos sintetizados
 que as  agências de publicidade utilizam para 
apresentar um filme de comercial de TV para o cliente. 
Os storyboards são feitos
 na base das manchas-, ou seja meras sugestões 
visuais que causam um bom efeito 
psicológico no cliente. Acabei me especializando 
nessa técnica. Como eu disse, entrei na ALMAP
 por causa da vaga deixada pelo amigo
 Cocolete, pois era não nada fácil consegui
 entrar numa empresa daquele porte.
 Aquela agência, para mim, também 
foi uma grande  "escola". Tinha um grande
 volume de trabalho e eu fui obrigado a 
trabalhar rapidamente. Outros colegas 
ilustradores me apelidaram de "fábrica", 
devido ao ritmo louco que eu imprimia 
para executar os trabalhos. Quem já trabalhou 
na área sabe como é isso... é uma loucura...

Tony : Cansei de “rachar madrugada” 
nas agência, bengala-friend...
 fazendo freelas, que eram tudo pra ontem. 
A coisa dá dinheiro, ou melhor, dava... hoje os preços deles
 também caíram muito. Mas, cheguei a pegar uma época
 em que eles endeusavam a gente, pagavam bem e 
davam um tratamento vip para nós, os ilustradores. 
 Eu, o Salatiel e o Adãozinho, uma vez nos tornamos
 sócios de um estúdio, na avenida Jabaquara. 
Fazíamos o atendimento tipo S.O.S agências. 
Você sabe como funciona isto, quando o pessoal 
interno falhava, pisava na bola nos prazos,
ou estava assoberbado, o 
"abacaxi" vinha pra gente descascá-lo. E a coisa era 
sempre pra ontem... doideira pura. Ganhávamos
 uma nota preta nesta época, mas vivíamos que
 nem zumbis, devido aos prazos doidos. Mas, voltando a
 falar de você...  naquela época, tchê,  você praticamente
 abandonou os quadrinhos... estava 
decepcionado com o ramo, Elias?

Elias: Não. O que eu não tinha era tempo de
produzir quadrinhos, pois estava aprendendo,
 me adaptando a uma técnica diferente da
 linguagem das HQs. Ou seja, etsva me
 adaptando a fazer desenhos na
base do famoso "traço solto".


Brigada das Selvas - publicada por Evictor 
Editora, na década de 80

Tony  - A gente fazia aquilo com caneta bic preta e ecoline, 

aguarela liquida... só trabalhávamos em papel Schoeller, 
que custava uma nota preta,  e com muito guache Talens... 
o material era todo importado. Por isso cobrávamos 
bem e eles faziam questão de nos pagar super bem. 
Eles dependiam da gente pra não perder a conta de
 uma Kodak ou Volkswagem... 
Qto tempo ficou na Almap?
 Trabalhou com outras agências importantes,
 também, mestre?
Elias: Fiquei 8 anos na ALMAP.
 Após o expediente eu também ajudava nas 
campanhas atrasadas das outras grandes
 agências, como a J.W. Tompson, por exemplo, etc.


Tony  - Em 1983 eu tinha aberto a minha primeira editora 
(ETF Comunicação Comercial), lá na avenida Jabaquara,
 lembra? Você, se não me engano, estava trabalhando
 numa agência. De repente, você apareceu por lá e me 
mostrou Brigada das Selvas, OK? De onde surgiu a idéia de 
fazer essa valorosa patrulha que defende a flora e
 a fauna  da Amazônia? E porque decidiu 
apresentá-la para mim? 
Sou fã desta série até hoje... (Rsss...)
 
Elias:Tudo começou ainda em Porto Alegre... 
o saudoso OSCAR KERN, me pediu uma nova 
criação. Foi aí que me lembrei da briosa
"Brigada Militar do Rio Grande do Sul", a polícia 
militar gaúcha...e a BRIGADA DAS SELVAS, para 
operar na nossa AMAZÔNIA, que até hoje me 
seduz, deveria, na minha concepção, seguir
 a doutrina, vamos dizer assim, da Brigada Militar 
do Sul do país. Acho nossa selva fascinante. 
temos um "mundo verde" ainda quase 
que totalmente inexplorado, ou desenvolvido. 
Em certos aspectos ali, no Norte do país, está 
um mundo selvagem e moderno, ao mesmo
 tempo. Acredito que ainda nesse século, 
nossa imensa reserva florestal ainda vai
 dar muito o que falar mundialmente.

Brigada das Selvas em Historieta
Tony : Captei vossos “sinais de fumaça”, bengala friend... 
em síntese, o Kern também tem “culpa no cartório”, por 
você ter criado a Brigada. Legal. Quanto a nossa Amazônia,
 acho que ela há mito tempo está dando o que falar e a única
 reserva natural que ainda restou  neste nosso planetão 
velho de guerra, que por mais que tentamos 
destruir se recicla. É fantástica a Mãe-Natureza. 
 Mas, vamos deixar o papo ecológico para depois... 
Nesta mesma época, foi através do meu estúdio, 
da minha empresa, que você  conseguiu vender
 sua Brigada. Ela foi publicada, pela primeira vez, 
pela Evictor Editora - que também foi a primeira a 
lançar a revista Fantastic Man, no formato magazine, 
assim como a sua brigada. A capa daquela edição você 
encomendou pro Pedro Mauro, uma fera das agências e 
que adorava desenhar westerns, né?
 Aonde foi parar o Pedrinho? Tem notícias dele?

Elias: Sim, Tony. Graças a você a  Evictor Editora
 acabou sendo a primeira editora a lançar uma 
grande tiragem da minha Brigada das Selvas,
 que saiu em todas as bancas do país. 
Eu precisava fazer uma bela capa e daí 
comecei a pensar... quem poderia fazer a capa?
 Por gostar da BRIGADA, o então famoso 
Pedro Mauro, o bamba das agências, me pediu
 para ilustrar a capa.
 Achei a ideia genial, sempre adorei o trabalho dele. 
Ele pegou bem o "espírito" da obra. Onde ele 
anda, atualmente? Eu não sei...
 só sei que o Pedrinho ficou muitos anos
 radicado nos Estados Unidos, trabalhando 
para agências de lá.

Tony : Sua profissão real, aquela pela qual 
você se aposentou, é?

Elias: A minha aposentadoria foi precoce.
 Porque antes de eu entrar para o exército eu
 já tinha minha carteira assinada, por temporadas
 longas. Eu já havia trabalhado em diversos 
bancos, como ofice-boy.
  
Tony 25: Também fui Office-boy… (Rsss...).
 Naquele tempo não existia motoboy. Caramba, somos 
jurássicos mesmo...  Ficamos anos sem nos ver ou se falar...
 há uns 4 anos atrás reatamos contato e daí você me
 disse que estava aposentado, morando no Sul. Ou seja. 
O bom filho à casa torna, é isso?  Em que cidade
 você está morando,  atual mente?



Elias: Após minha aposentadoria deixei a fervura
da querida SAMPA e decidi me esconder 
na bela Cidade de Cruz Alta, onde nasceu
 o famoso e genial  Érico Veríssimo.
Jamais o perdoei por ele ter matado em
 seu romance "O Tempo e o Vento" o bom 
Capitão Rodrigo. Se tivesse mantido vivo 
esse personagem ele seria hoje considerado 
como o nosso Kit Carson, dos Pampas.

Tony : “Kit Carson dos Pampas”? Genial... (Rssss...). 
Vi uma nova edição da Brigada lançada recentemente
 pela editora Júpiter 2, do nosso amigo e guerreiro Salles... 
Aquelas  HQs são inéditas? Pelo visto, após se 
aposentar você decidiu continuar a fazer
 quadrinhos, estou certo?

Elias: As HQs que sairam  na Edição Especial 
da Brigada das Selvas, pela Editora Júpiter 2, posso 
considerá-las inéditas, porque jamais atingiram 
o grande público.Uma delas já saíu na Historieta,
 um fanzine de tiragem pequena. 
Também considero inédita uma HQ da Brigada
 que saiu com o  roteiro do  nosso querido
 Emir Ribeiro, com o título: "Os Jesuítas" que, 
na verdade,  eram um grupo de mercenários 
transvestidos de padres, que foram 
exterminados pela turma da  Brigada. 
O número desta revista lançada pela editora
 do Salles foi parar na Inglaterra, acredita? 
Nem sei como, mas os leitores de lá me 
criticaram pela violência contra 
os falsos religiosos.

HISTORIETA - Um zine que revolucionou época, onde os
fanzines, em geral, eram mal-feitos, mal-impressos
 
Tony : Acredito...  não sei se lhe falei, mas... quando a
 Evictor lançou a primeira edição oficial da Brigada a
 editora recebeu uma carta da França elogiando o material.
 Parece mentira, mas foi real. Daí dá pra gente sentir como
 os europeus adoram tudo o que diz respeito a nossa 
Amazônia e nós, que nascemos aqui não damos a
 mínima para ela. Bandos de turistas gringos vêm
 ao país, anualmente, só pra ver de perto esta maravilha
 rara enquanto muitos brasileiros morrem sem nunca 
ter ido até lá. Até o Bonelli – criador do Tex -, adorava 
a nossa selva. Adorava tanto que acabou criando Mister No,
 um piloto americano que vive suas aventuras em 
nossa rica floresta.  Ultimamente temos nos falado 
bastante via e-mail e outro dia você me mandou 
uma nova HQ do João Durão e Maria Banto. 
Quer dizer, eu acho que é nova, sei lá... Gostei da evolução 
do material. Aquele material, que eu nunca 
tinha visto, é inédito ou já foi publicado?

Elias: João Durão & Maria Bânto,
 em " O Caso de Célia", 
que te enviei, foi um colírio para os olhos do 
mestre Justo. Pois está nela tudo que ele
 me orientou para fazer um bom quadrinho. 
Aquela HQ saiu somente na Historieta, do Kern.
 Depois, saiu o episódio " A Filha de Caím ", 
que eu havia feito para o Jornal Notícias 
Populares, dias antes de cancelarem as
 tiras de aventuras. Ficou engavetada esse
 tempo todo. Pra mim ela é inédita.

Tony: Segundo o sábio mestre Gedeone, precisamos
 criar continuamente novos personagens, sempre. 
Pois, ainda segundo o saudoso mestre, uma hora a
 gente acaba acertando. Ele dizia que os americanos
 fizeram isto e que muitos personagens gringos, 
que não agradavam o público, 
acabaram desaparecendo.
 O que você acha desta teoria “gedeônica”? (Rsss...).  

Elias: Certa oportunidade tive a honra de jantar
 na casa do saudoso GEDEONME MALAGOLA 
(ex-delegado de polícia), na oportunidade 
ele também me orientou,que não era bom
 permanecer trabalhando sempre nos mesmos 
personagens criados e, sim, procurar criar 
sempre novos. Porém, o curioso, é que ele 
mesmo não foi além do "Raio Negro" e o
 "Homem Lua".


Mestre Gedeone
Raio Negro e Hydroman - Dois super-heróis
criados por Gedeone, nos anos 60
Tony: Discordo, mestre. O prof. Criou Hydroman, a Múmia, 
o Lobisomem – ambos numa versão nacional -, 
fora isto fez uma porrada de HQs de ficção, infantil  e
 até terror. Convivi muito com ele, você sabe, ele 
não saia dos meus estúdios e editoras. Conheci personagens 
dele que eu jamais imaginei que ele os tivesse criado.
 É pena que na época jamais pensei em entrevistá-los.
 O homem  sabia muito. Aprendi muito com ele. 
Diga-me, tchê... Um sonho?

Elias: Ter, finalmente, uma Editora, nacionalista, 
forte, que se dedique de corpo e alma às HQs 
eu brasileiras e que possa oferecer oportunidade 
aos artistas e novidades ao mundo.
 E que edite produtos de primeira linha.
E que sigam, também, o exemplo das
 novelas da Rede Globo, que se tornaram
 sucessos internacionalmente, devido a
  alta qualidade. Outro bom exemplo é a 
japonesada e seus famosos mangás, que 
tomaram conta do mundo... eles brigaram
muito e conseguiram chegar lá...




Tony: “Uma editora nacionalista, forte, que só invista
 em HQs de autores nossos? Hoje, isto é utopia, my dear
 bengala-friend... convencer esses editores atuais a 
fazer um lançamento nacional, não é fácil.  Veja, não é
 impossível... mas, também não é fácil. 
As grandes e fortes, como você disse, só pensam e
m lançar personagens que estão na mídia televisiva. 
Pode acreditar. Convencê-los é barra... ainda mais
 com este mercado capengando e esses abobrinhas 
colocando downloads FREE na WEB, só para aparecer.
 Fico puto com isso... já dei bronca, mas os caras são
 tapados e não enxergam que estão fodendo ainda
 mais um mercado que está balançando... idiotas e Coca-Cola 
a gente encontra em qualquer
parte do mundo, já disse alguém... 
 Um detalhe importante sobre os mangás:
 Os japas só ganharam notoriedade internacionalmente 
quando os eles, cheios dos dólares, começaram a 
comprar a maioria dos estúdios cinematográficos 
de Hollywood, tá lembrado disso? Daí começaram a 
produzir feito pastel seriados do tipo “B”, como:  
Changerman, Jaspion e outros bichos, até empestearem 
os nossos lares. Depois do sucesso na TV de Cavaleiros
 do Zodíaco, na sequência, veio o grande BUM 
editorial de mangás. A Conrad, por exemplo, faturou
 alto na época, com: Pokémon, Digimon e outras
 tranqueiras. Hoje, até a venda dos mangás caíram bastante.
 Mas, eles – os mangás – tem um público jovem fiel, 
basta ver as feiras de HQs que acontecem anualmente 
pelo país. Particularmente, só gostei de Vagabond. 
Encheram nossas bancas de títulos de mangás e
 super-heróis gringos.  Deixa pra lá... já estamos 
velhos mesmo. Quem vai sifú é esta nova geração,
 do jeito que a coisa vai... Cite 5 grandes 
filmes, na sua opinião?

Elias: Como tenho um pouco de conhecimento 
da técnica cinematográfica, cito os filmes: 
" E O Vento Levou...", " Ben-Hur", 
"Os Dez Mandamentos", 
"Titanic" " Rápida e Mortal", "E Assim Caminha 
a Humanidade", "Avatar", etc... A lista seria imensa. 
Pois ainda tem os cinemas: Italiano, Francês 
e Alemão. Me pediu 5 e eu lhe indiquei seis.

Tony: Tá maravilhoso... fo além da minha expectativa...
Livros e autores?

Elias: Livros? Os clássicos de aventuras, como:
" Vinte Mil Léguas Submarinas", " O Tempo e o Vento", 
" Os Três Mosqueteiros", "  O Prisioneiro  da 
Máscara de Ferro", e outros... Autores:
 Alexandre Dumas, Victor Hugo, Erico Veríssimo, 
Paulo Coelho, etc...

Tony: Paulo Coelho? Muita gente desce o sarrafo nele. 
Mas, cheguei a ler alguns livros dele e gostei.
 O cara é "cabeça", escreve bem... caso contrário, não
 faria sucesso no exterior. Pra mim ele equivale 
a um Herman Hess, do passado. Estilo de música preferido?

Elias: Rocky, Sambas, pois em geral eles sempre
 mostram uma boa história em suas letras -, 
tango e as clássicas...

Tony:  Somos da geração rock and roll, com certeza... 
Projetos para o futuro?

Elias: Uma renovação dentro da Brigada das Selvas,
que tenho em curso.

Tony: Alguma frustração?

Elias: Sim! Porque tenho consciência de que muitos 
bons autores "tupiniquins" do passado se 
foram com seus sonhos incompletos...

Tony: Já ouviu dizer que tudo tem que morrer para renascer?
 Ou que, um ideal nunca morre? Partindo da premissa 
espírita de que a inteligência prece a matéria, somos
 todos imortais. Sempre vai surgir um doido com as 
nossas mesmas idéias malucas... acredito piamente nisso.  
 Parece que um dos seus filhos está aí firme, arrebentando
 nas agências de publicidade paulistas. Isto é fato? 
Puxou pro pai?

Elias: Tenho um filho aí em São Paulo, que é sócio 
de uma Gráfica e Editora Didática, e que também
 passou por grandes agências de publicidade 
como letrista e arte-finalista profissional. 
Hoje é um mestre em computação gráfica,
 mas não é desenhista como eu, de HQs.
 Ele me letreirou uma HQ da Brigada, com roteiro
 do Emir Ribeiro, com o título de "EPADU'.

Tony: Em toda família tem que pintar um cara cabeça... 
esse não nasceu com o nankim nas veias... foi mais esperto
 do que nós... (Rsss...).   Ailton Elias por Ailton Elias?

Elias: Ailton Elias, como artista, gostaria de ter
 nascido na Europa ou nos EUA...ou até mesmo 
na Argentina, onde o apoio aos quadrinhistas
 é bem maior e tem uma ótima escola. 
Por outro lado, também estou feliz em 
nascer no nosso BRASIL, onde 
a HQB nunca morre...
porque sempre, de repente, ela aparece
 renascendo das cinzas, é incrível. 
Por que será que a Natureza está sempre
 trazendo ao mundo novas safras de 
artistas de quadrinhos, que hoje anda
 tirando o sono dos artista ianques?

Tony 37: Esta sua resposta ficou dúbia, esquisita... 
você disse que gostaria de ter nascido em outro
 país, onde gente como a gente, tem maior apoio; 
mas ao mesmo tempo afirmou adorar ter nascido
 num país onde as HQs nunca morrem... capengam,
mas não morrem... ficou difícil entender
 seu ponto de vista... (Rsss...). 
Mas, vamos continuar “tocando a boaida”. Afinal, estamos
 chegando ao fim... (Rsss..). Putz...
 “Afinal, chegando ao fim”... Hmmm...  isto ficou 
redundante a beça... (Rsss...). Como diria um grande 
filósofo de boteco “Nobody is perfect...”

Elias: Também achei... (Rsss...)

Tony: Grande, amigo e mestre Elias, só me resta 
agradecer aa você por este importante e esclarecedor
 depoimento. Também quero me desculpar pelas 
brincadeiras que faço... faço isto para quebrar o 
gelo e para não deixar nosso papo enfadonho. 
 Grato, por sua especial atenção e muito 
obrigado! Sucessão, procê!

Elias: É sempre um grande prazer ter essa 
oportunidade, pois creio que uma entrevista como 
esta podem esclarecer algumas dúvidas,
 que por ventura possam ter  nossos novos valores 
emergentes das HQs brasileiras.
 Minhas saudações aos leitores do 
gênero e aos colegas batalhadores.


NOTA DO ENTREVISTADOR:

Oscar Cristiano Kern, nasceu em setembro
 de 1935, na cidade de Taquara,
 no Rio Grande do Sul. Era um apaixonado
 colecionador de HQs. Escreveu, incentivou 
e batalhou muito em prol dos 
quadrinhos brasileiros.
Criou alguns personagens, mas o que mais se
 destacou foi o Homem Justo, que fez em
 parceria com Ailton Elias.  Tornou-se editor
 do mais famoso fanzine brasileiro: Historieta, 
que tinha o formato das pranchas dominicais. 
Adorava: O Globo Juvenil, Gibi,  Gazetinha, 
Brucutu, Príncipe Valente, Spirit, 
Loura Fantasma, Polícia Montada, 
Brick Bradford, o Sombra, etc.
Além da famosa Historieta também fez inúmeros 
outros fanzines de menor expressão.






"Historieta saiu como uma vitrine e balão 
de ensaio" - declarou ele, certa feita, ao dar
uma entrevista exclusiva À Paulo Ricardo
 Abade Montenegro -, " visando a chegar a 
ter sua editora própria. Tinha o formato das 
pranchas dominicais de jornais e da
s revistas Raio Vermelho da Abril e Capitão Z,
 da EBAL. Vendi grande parte de minhas
 edições antigas para obter capital e chegar
 à minha editora: fiquei sem as
 edições e sem a editora".  
Trabalhou como roteirista das 
revistas Disney, para a
editora Abril, na década de 70. 
Oscar Kern faleceu no dia 12 de janeiro
 de 2008, como um grande guerreiro. 
Deixou inúmeros projetos inacabados. 

 KERN: 1935\2008



Capa da primeira edição - Arte: Pedro Mauro Moreno
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