quinta-feira, 26 de março de 2015

AL WILLIAMSON - TRIBUTE

A matéria a seguir, é um tributo a um homem que militou 
intensamente no setor editorial americano na chamada 
Era de Ouro dos Quadrinhos e, que apesar de ter como 
contemporâneos verdadeiros mestres do traço, conseguiu se 
destacar entre eles. Em sua época convivia com talentosos
artistas como: Frazetta, Toth, Angelo Torres, Wallace Woody, 
Joe Simon, Kirby, Joe Sinnot, Gene Colan e outros bambas 
do traço. Colaborou com diversas casas editorias como a
 EC (Educational Comics), Charlton, Marvel, DC e outras. 
Foi desenhista fantasma de diversos estúdios famosos e 
participou de inúmeras series como: 
Rip Kirby, Big Ben Bolt, Secret Agent X-9 etc. 

Dono de uma arte minúsciosa e de um traço refinado ganhou a
inda mais notoriedade ao desenhar um clássico de A
lexander Raymond: Flash Gordon. Quando Alex Raymond 
regressou da Segunda Grande Guerra Mundial, o segundo 
herói espacial das HQs, criado por ele, continuava fazendo 
sucesso. Entretanto, o criativo autor decidiu deixar 
a serie Flash Gordon e investir em um novo personagem 
chamado Rip Kirby (Nick Holmes, no Brasil). Dentre aqueles que
assumiram a responsabilidade de continuar a desenhar Flash 
Gordon se destacaram Dan Berry e um jovem que 
tinha um traço maravilhoso. 
O nome desse grande artista era...

AL WILLIAMSON,


UM DOS MELHORES

DESENHISTAS DO
SÉCULO XX!



DEPOIMENTOS:

“Não me lembro bem de como eu e Al nos conhecemos. Só sei que 
éramos jovens e estávamos envolvidos com HQs. Ou melhor dizendo, 
estávamos doidos para fazer quadrinhos.  Portanto, como adorávamos
a mesma coisa nos tornamos grandes amigos.
Ele vivia de bem com a vida, tinha um bom astral, mas com o tempo
descobrimos que  aquele sujeito contagiante também era explosivo, 
quando provocado. Naquela época, pertencíamos a um grupo chamado 
The Fleagles, que adorava discutir arte. Fazia parte do bando, Frazetta,
Krenkel, Angelo Torres, George Woodbridge, Wood e eu... 
Na realidade aquele nome pelo qual o Willamson batizou o grupo 
era de um bando de criminosos liderados pelos irmãos Jake e 
Ralph Feagle. Naquele época havia muitas gangs. 

Williamson, o adolescente rebelde
O crime organizado imperava na América. Esses foras da lei roubavam
bancos, assaltavam grandes empresas e desafiavam a lei com 
frequência. Aquelas corjas fizeram parte do passado nebuloso
desse país. Mas, afinal, acabaram desaparecendo... Como Al era
um tremendo gozador achou que dar aquele apelido para a nossa
turma seria engraçado. No fundo nosso negócio era desenhos,
HQs e baseball. Creio que foi alguém do grupo que levou Al 
Williamson numa dessas nossas reuniões semanais e aí 
começamos uma boa e grande amizade.
Acho que fizemos o primeiro trabalho juntos para a revista 
John Wayne Comics... ou será que fizemos dois outros 
trabalhos juntos anteriormente? 



Quem pode lembrar? Faz tanto tempo... só sei que fizemos 
diversos trabalhos em parceria. Lembro-me que em 1951 
trabalhamos juntos numa HQ.
Ele fez os lápis e eu a artefinalizei.  E, em 1953, fizemos Circa.
 Na medida em que os trabalhos aumentavam formamos
(a turma) um estúdio para atender a demanda, porque na
verdade éramos lerdos para produzir. Essa “irmandade do traço” 
durou um bom tempo. 
Deixamos de fazer parcerias quando eu fui trabalhar como 
desenhista fantasma desenhando as tiras de jornais de Li’l Abner, 
de Al Capp (Ferdinando, no Brasil). 





AL CAPP
Alfred Gerald Chaplin - 1909 - 1979
Williamson era genial e genioso. Um dia foi rejeitado pelo pessoal da
revista Famous Funnies, devido ao seu comportamento agressivo 
com os editores. O pessoal adorava o trabalho dele, mas ele não 
era fácil de se lidar. Sei dessa história, da rejeição, porque comecei a 
trabalhar fazendo as tiras de jornais de Joe Comet em 1952, enquanto
fazia capas para a Famous Funnies. Então, fiquei sabendo da história 
da rejeição. Com o tempo Al amadureceu e se tornou um ótimo 
profissional. Angelo Torres, Wood e ele criaram HQs
fantásticas para a EC.”

                                               FRANK FRAZETTA



Frazetta - 1928-2010



                                            

“ Um rapaz chamado Larry Ivie me apresentou Al Williamson. 
Conheci Larry, um dia, quando eu estava dando uma palestra na 
School of Visual Arts. Eu estava precisando de um colaborador e 
ele me disse que tinha o cara certo para me ajudar a fazer Rip Kirby.
Então, eu disse: Manda ele pra mim!” Quando Al foi ao estúdio,
que eu e Leonard Starr mantínhamos em Nova Iorque, examinei 
portfólio dele e adorei os trabalhos daquele rapaz. 
Eu nunca tinha visto o trabalho dele antes. 
Não hesitei em contratá-lo. 
Aqueles traços tinham algo de Raymond. 
Al começou fazendo free lance para nós. 
Era muito talentoso, mas arredio.
Era preciso saber controlá-lo. 
Tinha talento, trabalhava como ninguém, 
mas era um jovem, digamos, revoltado.
As vezes desaparecia por dias. 
Depois, perdemos contato com ele,
quando eu e o meu sócio fomos para o México, 
onde moramos por 17 meses. 
Quando voltamos para a América ficamos sabendo que 
Al Williamson estava fazendo free lance para Bob Lubbers, 
que na época desenhava X-9. 
Com o tempo Lubbers deixou de fazer X-9 e foi fazer outras coisas. 
Al ficou sem trabalho e foi me procurar. 
Daí eu resolvi apresentá-lo para o editor da King Features. 
 Pelo visto, eles se deram bem." 

Lubbers e John Celardo
(Robert Barton ) Bob Lubbers
1909 - 
"Já ouvi uma lenda que dizia que Al Williamson estagiou comigo 
durante 6 meses - treinando - antes que começasse a trabalhar 
em Rip Kirby. Isso não é verdade. O rapaz era bom de traço e de
imediato começou a me ajudar. No início ele era um pouco lento, 
mas foi melhorando com o tempo.
Fizemos uma boa parceria. Ele fazia os desenhos a lápis 
e, as vezes, também passava tinta nos fundos, enquanto eu 
artefinalizava apenas as figuras.”

                                 JOHN PRENTICE
1920 - 1999





“Minha ligação com Williamson começou no colégio, em 1953 ou 54... 
na época  tínhamos um grupo que curtia arte. Frazetta, que fazia
parte do grupo, adorava desenhar e vivia rabiscando, Nick Meglin 
e eu éramos fanáticos colecionadores de HQs. Angelo Torres, 
assim como a maioria, sonhava em um dia poder viver de HQs. 
Se não estou enganado, foi o Angelo que trouxe aquele rapaz 
para o nossa turma. 
Ele vivia no mundo da lua, adorava fazer artes fantasiosas, incríveis. 
Gostávamos tanto de desenhos e de HQs que acabamos entrando, 
todos, para a School of Visual Arts.
Tive pouca relação profissional com ele. Fizemos, juntos, o 
clássico ilustrado First Men in The Moon. Porém, aquilo foi um 
trabalho em grupo, onde todos participaram. 
O dinheiro que recebemos dividimos entre nós.
 Enfim, ganhamos uma mixaria. Pensei: 
“Vai ser difícil viver fazendo quadrinhos”. 
Naquela época eu já estava casado e tinha um filho, 
então decidi abandonar o grupo e seguir em 
outra direção, que fosse mais fácil e rentável.
Passei a me dedicar a desenhos cômicos e
caricatos. Com eles me dei bem, quando
surgiu a revista MAD.”

                                            GEORGE WOODBRIDGE

1930 - 2004



Angelo Torres também colaborou com a Mad durante anos

“Conheci Al Williamson, por acaso, na grande fase da Western 
Publishing. Isto aconteceu depois que conheci Carlos Garzon, 
que morava perto da minha casa. O cara, assim como eu,  também 
adorava desenhos e HQs e juntos acabamos fazendo uma HQ 
de Flash Gordon para a Western Publishing, graças ao amigo 
dele chamado Oscar Lebeck, que era editor.
Foi durante as idas e vindas a essa editora que conheci Al e 
nos tornamos bons amigos. Sempre fui fã dele. 
Anos depois, na década de 80, quando ele estava fazendo as
páginas dominicais de Star Wars ele me convidou para fazer
as indicações de cores nos overlays. Hesitei. Então ele me disse: 
“Vamos lá, cara! Até seu filho é capaz de fazer esse trabalho!”
Depois dessa argumentação decidi encarar o desafio.”

MCWILLIAMS  

1916 - 1993
Por Angelo Torres e Alden McWilliams
Artes de MCWilliams

As HQs dessa serie era de McWilliams

Arte de McWilliams

“Vi Al, pela primeira vez, na National Cartoonist Society em 1960,
em Nova Iorque. Eu já admirava os trabalhos que ele havia publicado 
pela Educacional Comics. Na época, eu trabalhava para a King Features, desenhando Mandrake e ele estava fazendo o Secret Agent X-9. 
Descobrimos que adorávamos as mesmas coisas, por exemplo: 
os antigos filmes da Republic serials e David 
Sharpe, o cara que era o responsável pela realização daqueles 
movimentados e fascinantes seriados. Ambos desejávamos
conhecer ele pessoalmente, porque era ele que sempre nos orientava
e ajudava trazendo dados, releases e fotos daqueles seriados quando
tínhamos que tranformá-los ou adaptados para quadrinhos, como: 
Buck Rogers, Red Ryder, Spy Masher, King Of The Royal Mounted,
Dick Tracy VS Crime Inc etc. 
Certo dia, por sorte minha e de Williamson, encontramos David 
num evento de HQs chamado HoustonCon. Isso aconteceu em 1973.
Ficamos felizes em conhecê-lo pessoalmente e o homem era um 
simpatia. Nos disse que adorava HQs e que respeitava gente como
nós que sabia fazer a coisa profissionalmente. Em síntese, nos 
demos bem e ficamos grandes amigos. 
É pena que David sofreu um trágico acidente pouco tempo 
depois, como aconteceu com Raymond. 
Mas, falando de coisas boas... Al sempre me disse que para criar ele
sempre se inspirava em seu grande mestre: Alex Raymond. 
E, ao meu ver, no trabalho dele, de fato, tem muito de Raymond.
Com uma vantagem: Seu traço é bem mais moderno e arrojado. 
A arte dele é fina é cativante. Tem aquele algo mais que acaba 
cativando profissionais do ramo e os leitores. Isso é típico de quem
faz a coisa com amor, com a alma. Al Williamson sempre adorou o
que fazia, por isso faz bem feito. Dá prazer observar as HQs que 
ele produzia. Seus desenhos e, principalmente, as mulheres que
ele fazia eram encantadoras. São um colírio para os olhos.”


FRED FREDERICKS

(Arold Fredericks Jr)






“Quando eu o conheci ele era um jovem irresponsável e 
desorganizado. Naquela época, ele trabalhava associado com
outros artistas iniciantes como Krenkel, Frazetta e Angelo Torres. 
Acho que ele não sabia que não precisava deles. 
Mas, sozinho não conseguia cumprir os prazos e por isso contava 
com a ajuda dos amigos, eu acho. Ele foi o mais jovem colaborador 
da minha editora, tinha talento, mas dava muito trabalho fazer 
aquele rapaz cumprir os prazos de entrega do material.
Demorou para cortar o “cordão umbilical” com a turma.
Mas, por fim, encontrou seu próprio caminho, amadureceu 
e virou um profissional responsável e super competente. 
Sempre desenhou com capricho. É um dos grandes da América. 
Produziu HQs geniais para as nossas revistas, principalmente, 
para as series de terror e ficção científica. Sempre foi genial.”


William (Bill) Gaines – EC Comics

1922 - 1992
“Nos conhecemos por volta de 1955 ou 56, quando eu cheguei em 
Nova Iorque e comecei a trabalhar para a Atlas Comics e outras 
editoras que faliram. Trabalhamos juntos em algumas tiras para
periódicos. Fizemos material com diversos temas, como: Mistério,
westerns e selva... 
mas não recordo os títulos. Foi há muito tempo... em 58 eu passei
a ser desenhista fantasma das tiras de Rip Kirby, depois fui chamado 
para artefinalizar algumas páginas  para a King Comics para a serie...
serie... Flash Gordon Book. Foi isso! E, parece que os desenhos
a lápis eram do Al Williamson, pelo que fiquei sabendo depois.
Na época eu sonhava em trabalhar para a DC, como Wally Wood.
 Mas acabei indo parar na EC Comics, graças a Wood, que
 também colaborava com eles, assim como Angelo Torres.
As publicações da EC vendiam bem, mas quando aquele idiota 
lançou o livro A Sedução dos Inocentes, onde afirmava que as 
HQs eram nocivas para crianças e adolescentes as revistas 
daquela casa passaram a ser queimadas em praça 
pública e as vendas despencaram. Aquilo tudo foi
um absurdo. 









As vendas despencaram e para acabar de ferrar tudo surgiu
o famigerado código de ética para acabar com as pequenas editoras. 
Muitas editoras fecharam as portas e muitos artistas migraram para
a publicidade ou mudaram para outro ramo. A coisa ficou feia. 
Decidi parar de trabalhar com HQs na primavera de 1982, quando estava produzindo duas series de tiras para os syndicates e uma outra que 
eu fazia para Barbara Cartland’s Romance. Fiz muitas HQs na vida, 
como The Sword of Shannara, Bestseller Showcase e outras. 
Fiz algumas capas para Elliot Capp, o irmão de Al Capp. 
Entretanto, o mercado estava mudado e eu estava decidido 
a parar com aquilo. Partir para outra.   
Na verdade, eu e o Williamson fizemos poucos trabalhos juntos. 
Ficamos anos sem nos vermos, apesar de sermos bons amigos. 
As vezes nos encontrávamos, por acaso, em alguma convenção sobre quadrinhos ou nos falávamos por telefone. 
Ele sempre foi um dos grandes da arte sequencial americana.
Há quem não concorde comigo, porém, eu acho que o 
Flash Gordon desenhado por ele era melhor do que o que foi feito
pelo grande mestre Raymond... e em Star Wars, de George Lucas, 
ele deu um show a parte naquelas tiras de jornais. 
Al Williamson nasceu para fazer HQs. Há quem duvide disso? 
Sempre fui fã dele. ”

GRAY MORROW
1934 - 2001





“As histórias que escrevi e que Al adaptou para as HQs da EC Comics, 
na minha opinião, estavam bem desenhadas. E o principal é que ele
respeitou a minha ideia original. Muitos artistas, quando adaptam
textos para as HQs acabam deturpando a ideia original. 
Nesse ponto ele fez a coisa certa.
Muitos quadrinistas adaptaram meus textos para HQs, mas Al foi o
melhor deles. Williamson manteve o clima, a atmosfera exatamente
do modo que eu criei em meus contos e conseguiu captar 
as características essenciais dos meus personagens. 
Fiquei muito feliz quando vi o resultado. 
Conheci antigos trabalhos que ele fazia para tiras de jornais e 
sempre o achei notável, pois naquelas tiras há um espaço limitado
para se trabalhar. Mesmo assim, Williamson sabia trabalhar 
com elas muito bem. Tenho acompanhado o trabalho dele em 
Star Wars. Está fantástico, para variar. Quem domina bem as tiras 
mostra maturidade e tarimba profissional e é óbvio que tem um melhor desempenho numa página de HQ. Espero que esse excepcional
artista também faça páginas inteiras para jornais da serie Star Wars. 
Os fãs iriam adorar. Enfim, nada tenho a reclamar.
 Meus textos foram muito bem desenhados 
e adaptados para as HQs por Al Williamson. 
The Sound of Thunder, ficou sensacional. Adorei”. 


RAY BRADBURY  

1920 - 2012






AL WILLIAMSON:
MINIBIOGRAFIA

Alonzo Q. Williamson nasceu em Nova Iorque no 
dia 21 de março de 1931 e faleceu em 12 de junho
de 2010. Foi uma grande perda para o mundo das 
HQs, mas deixou um legado incrível. Sua arte digni-
ficou ainda mais as histórias em quadrinhos. Durante 
seus primeiros onze anos de vida ele viveu na Colômbia. Quando ele completou um ano de idade seus pais foram morar naquele 
país da América Latina e permaneceram nele até 1943, quando sua 
mãe decidiu voltar para a América.


Times Square - 1943
DESCOBRINDO AS HQs

Em 1939, o menino descobriu as histórias em quadrinhos, mas para 
ele aquelas HQs não eram americanas. Pensava que eram mexicanas, 
porque ele não sabia que as tiras produzidas nos Estados Unidos eram republicadas nos jornais do México, que eram distribuídos também na 
Colômbia. Foi assim que ele descobriu Terry and The Pirates - que
também teve longa metragem e seriado de TV - e Connie and so 
Forth. Uma das series de tiras que ele mais gostava era Don Dixon.
O jovem Williamson nunca tinha visto quadrinhos de Flash Gordon,
naquela época. Aqueles periódicos mexicanos que chegavam 
na Colômbia também traziam algumas tiras produzidas na Europa
e na Argentina. Uma dessas tiras, que ele adorava, chamava-se 
The Undersea Empire e ela era escrita e desenhada por um 
argentino chamado Carlos Clemen. Aquele autor latino foi
o primeiro que inspirou o pequeno Williamson a 
tentar desenhar uma HQ.








DESCOBRINDO FLASH GORDON

Ele só descobriu Flash Gordon, de Alex Raymond, acidentalmente, 
em Bogotá, que era uma pequena cidade naquele época. 
Certa feita ele narrou aos amigos como ocorreu essa descoberta...

“ Minha mãe tinha duas horas para almoçar. Assim, costumava ir 
para a casa, que ficava perto do trabalho dela.. eu estava
desenhando na mesa enquanto ela lia um jornal. Então ela 
me disse: “Al, vai passar um filme no cinema sobre naves e 
aventuras espaciais, não é isto que você gosta? 
Chama-se Flash Gordon..." 
” Aquela foi a primeira vez que tinha ouvido falar em
Flash Gordon. Eu vivia fazendo desenhos de naves 
espaciais, influenciado por Buck Rogers, que era 
publicado nos jornais locais. Por isso fiquei excitado quando
ela me disse que era um filme de ficção científica. 
Eu jamais tinha visto um filme daquele tipo antes.”

Ele era vidrado por HQs siderais desde que conhecera as 
tiras de jornais de Buck Rogers, o primeiro personagem de HQ
a viver aventuras espaciais. Depois, passou a colecionar as 
tiras desse personagem e as revistas em quadrinhos
que passaram a ser publicadas numa publicação mexicana, 
onde as tiras eram montadas e transformadas em gibis. 
Desde então, vivia no mundo dos sonhos e não parava de imaginar
grandes aventuras espaciais. Adorava desenhar naves intergalácticas.
A mãe dele, tentando agradar o garoto, lhe deu o dinheiro para ir 
ao cinema ver a estreia daquele filme que fora produzido 
nos Estados Unidos, cujo título era: 
Flash Gordon Conquers The Universe.


“Quando eu era pequeno, juro que não podia acreditar que eles 
pudessem fazer um filme como aquele. Assisti o filme e confesso 
que fiquei impressionado com ele. Ele não era um herói comum, 
vivia suas aventuras no espaço. Tive a mesma reação que teve, 
anos depois, a garotada que assistiu pela primeira vez Star Wars.
Adorei aquele filme do Flash Gordon, assim como adorei 
Star Wars. Foi uma sensação incrível.”

Porém, o filme, que agitara a pequena cidade abaixo da linha 
do Equador e que deixara a molecada maluca, era um seriado 
e sua exibição foi feita em duas partes. Os primeiros seis
capítulos foram exibidos na primeira semana, juntos. 
O restante do filme só foi exibido no outro final de semana.
As crianças, enlouquecidas, tinham que enfrentar uma
verdadeira maratona para conseguir os ingressos 
e enfrentar uma fila enorme para entrar no cinema. Uma loucura.
Quando o projetor iluminou a sala de exibição a garotada vibrou. 
Antes de começar a exibição dos últimos seis episódios, 
recaptularam o que havia acontecido nos episódios anteriores. 
A plateia vibrava em cada cena de ação e todos se 
lamentaram quando a sessão terminou.
Ao voltar para a casa aqueles pequenos espectadores 
sonhavam com aquele mundo fantasioso, com aqueles
 reinos incríveis e com aquelas naves espaciais. 
Logo no início da semana, um jornal espanhol, 
no formato tablóide, que era distribuído naquele país começou 
a publicar as aventuras de Flash Gordon. 
Rapidamente ele evaporou, literalmente, das bancas. 
Todos que assistiram o seriado passaram 
a colecionar as HQs daquele incrível herói sideral 
que saíam naquele periódico."






Por sorte, o pequeno Williamson tinha assistido um filme sobre 
Flash Gordon e não de Buck Rogers. Tal fato fez ele descobrir 
posteriormente os incríveis desenhos de Alex Raymond e isto 
o influenciou pelo resto da vida. Copiava os desenhos de Raymond incansavelmente. Estava decidido a se tornar 
um desenhista de HQs, apesar de não saber como.




PEARL HARBOR


“Descobri o filme de Flash Gordon, de Raymond, em 1941, quando
eu tinha 10 anos de idade. Exatamente um dia antes do ataque 
japonês a Pearl Harbor... me lembro bem daquele ataque 
surpresa, daquele dia fatídico em que os aviões
japoneses  atacaram de surpresa e acabaram com os
navios americanos, as emissoras
de rádio local não paravam de noticiar. 
Aquele ataque nipônico aconteceu num domingo e eu
 tinha assistido os primeiros episódios de Flash Gordon
 no cinema no sábado, um dia antes.” – 
declarou Williamson, durante uma entrevista.

Depois que o garoto assistiu Flash Gordon, vivia copiando 

os desenhos de Buck Rogers, feitos por Clarence Gray  
e os de Alex Raymond. Sonhava em fazer um curso de 
desenho para aperfeiçoar sua arte.

DE VOLTA A AMÉRICA


Quando voltou para os Estados Unidos a primeira coisa 
que fez foi comprar algumas edições de HQs que faltavam em 
sua coleção. E foi percorrendo às bancas de jornais e livrarias 
da América foi que ele acabou descobrindo as artes 
espetaculares de outros dois grandes mestres das HQs: 
Harold Foster e Burne Hogarth. Não hesitou 
e passou a colecionar além de Flash Gordon, Tarzan e Príncipe 
Valente.

“Passei a ser fã daqueles incríveis artistas: Raymond, Foster e 
Hogarth. Eles me inspiravam. Na América reencontrei um dos 
poucos amigos que eu tinha conhecido em Bogotá: Adolfo 
Buylla – que era três anos mais velho do que eu. Nossa 
amizade começou devido a nossa afinidade: adorávamos
 HQs. Adolfo também desejava ser cartunista 
e veio para a América em busca de seu sonho, assim como eu. 
Sabíamos que na Colômbia era impossível viver fazendo 
histórias em quadrinhos. Na América do Sul muitos jovens
adoravam as revistas em quadrinhos, mas na América colecionar 
HQs era uma verdadeira febre. As editoras vendiam muito e com 
certeza havia alguma chance de apresentar nossos trabalhos
para alguns editores, eu acreditava piamente. 
Depois, perdi contato com Adolfo e só voltei a encontrá-lo em 1970. 
Mas isto é uma outra história...”

Segundo Williamson, foi Adolfo que mostrou para ele pela primeira 
vez uma HQ escrita por Edgar Rice Burroughs e desenhada por Foster: 
Tarzan Of the Apes. Algum tempo depois, ele descobriu que 
o mesmo desenhista – Harold Foster – era o mesmo
que depois passou a fazer Prince Valiant.










Harold Rudolf Foster - 1912-1982
Burne Hogarth - 1911-1996
Edgard Rice Burroughs - 1875-1996
Williamson adorava fazer desenhos, ler gibis e assistir os seriados 
de seus heróis favoritos. Mas, nem só as HQs inspiravam o jovem artista a desenhar. Vivia tentando reproduzir as fotos que via de Stewart Granger, 
Buster Grabbe, Dave Sharpe e Liz Taylor. Ele também ficou encantado
ao assistir filmes como: Prisioner of Zenda, King Kong e Gunga Din. 
Mas, Flash Gordon era seu seriado preferido. Não cansava de 
revê-lo nas matinês americanas, que aconteciam aos sábados.

“Até hoje eu adoro filmes fantasiosos e os pockets books 
de Ray Bradbury... acho que jamais cresci”, confessava aos amigos.


Clarence Linden (Buster Grabbe) - 1907-1983



Buster Grabbe também estrelou um seriado da TV, que no Brasil
se chamou Legionários Toddy - que era patrocinado pela Nestlé.
Dame Elizabeth Rosemon (Liz) Taylor - 1932 - 2011






SCHOOL VISUAL ARTS


Certo dia, Williamson, afinal, entrou para uma escola de arte.
O nome dela era School Visual Arts, onde fez boas amizades 
e acabou conhecendo outros rapazes que tinham talento e 
que também sonhavam em se tornar um dia um Raymond, 
um Foster, ou Hogarth. Entre aquela turma só havia uma garota: 
Marie Severin. Tempos depois encontramos ela trabalhando 
para a revista MAD, que foi criada pela EC. Na medida em que 
o tempo passava os desenhos de Williamson iam evoluindo. 
Empolgado, decidiu fazer um fanzine. 
Certo dia, decidiu procurar alguns editores e agências
de publicidade, precisava trabalhar.

“Por sorte, meus trabalhos agradaram alguns editores. 
De repente, comecei a fazer free lances aqui e ali. 
Porém, eu demorava muito para fazer os desenhos. 
A coisa melhorou quando conheci Ralph Mayo. 
Ele me encaminhou para fazer umas artes para uma agência 
de publicidade chamada Standard. Confesso que a primeira 
vez que peguei um briefing, um texto para fazer uma ilustração 
publicitária, gelei. Quem me ajudou a superar aquele medo foi 
um cara que conheci lá chamado Frank Frazetta. Ele era fera e
desenvolvia as ilustrações para as campanhas, brincando."

ROY KRENKEL

1918-1983


Al Williamson e Krenkel

Em 1948 conheci Roy Gerald Krenkel, um cara que tinha grande 
influência nos jornais e editoras, na época. Ele gostava do meu 
trabalho e certo dia acabou me apresentando para Wallace Wood, 
que na época trabalhava para a EC Comics. Woody estava fazendo 
uma serie para tira de jornais chamada Space Ace e precisava 
de alguém para fazer as artes finais. 
Fiz um teste. Ele gostou. E, foi assim que entrei, definitivamente, 
para o mundo das HQs”.

Woody e Williamson acabaram fazendo diversos trabalhos em 
parceria, como: The Skull of The Sorcerer. Depois, ao conhecer 
Joe Orlando, também passou a colaborar com ele fazendo algumas
artes finais. Segundo Williamson, ele teve o prazer de conhecer e
trabalhar com alguns rapazes talentosos que ficariam importantes 
com o passar do tempo. Alguns deles tinham passado pelo estúdio 
de Joe, como: Wally Wood e Frank Frazetta.

“Todos nós colaborávamos para manter a produção em dia 
das tiras que aquele estúdio produzia para o sindycates. 
Apesar do esquema ser pauleira, nos divertíamos muito 
fazendo aquilo que adorávamos: Quadrinhos. 
Naquela época as tiras de jornais eram bem remuneradas, 
mais do que as revistas de HQs.”

Outro fato importante, que vale a pena frisar, é que naquela 
época  a maioria dos personagens começavam nos jornais.
Depois as tiras eram montadas e editadas como revistas. 
Superman – o primeiro super-heróis do mundo das HQs -, 
ele foi um dos poucos personagens que  fizeram o
caminho inverso. Ou seja, iniciou numa revista em quadrinhos 
chamada Action Comics e depois virou tiras para periódicos.

MUDANÇA RADICAL

Numa outra serie de tiras chamada The Invasion From The Abyss, 
Williamson fez os desenhos a lápis, Frazetta arte finalizou e Roy 
fez os cenários. Mas o autor do texto ficou furioso, disse que eles 
não tinham seguido o roteiro fielmente e acabou passando para 
Wood consertar o trabalho. Muitos quadros foram alterados, 
outros foram refeitos, para o desespero daqueles jovens artistas. 
Al ficou furioso com aquilo. Mas, depois admitiu que o trabalho
tinha ficado melhor e que Wood era mais experiente. 
Na verdade, aquela HQ passou a ser feita por quatro pessoas.
O interessante é que por fim eles acabaram gostando da ideia
de trabalhar em linha de montagem. Trabalhar em equipe agilizava 
a produção e com isto podiam atender diversos editores 
ao mesmo tempo. Assim, decidiram alugar uma sala 
e montaram um estúdio.

Wallace Wood - 1927-1981















BUSTER GRABBE COMICS


Todos os filmes estrelados por Buster Grabbe faziam muito 
sucesso, inclusive Buck Rogers e Flash Gordon. Grabbe era um
dos grandes astros da época. Devido a isso uma editora decidiu 
lançar a revista em quadrinhos chamada Buster Grabbe Comics. 
Na edição # 5 dessa serie Williamson e Krenkel desenharam uma 
HQ de ficção científica em parceria, chamada: 
The Maid of Mars. Até hoje essa edição rara é procurada pelos 
colecionadores e vale uma bom dinheiro. A primeira edição
dessa serie foi desenhada por Alex Toth. 
Mas, na verdade Williamson tinha sido convidado para fazer 
uma HQ de oito páginas para essa primeira edição. 
Para poder entregar o material a tempo, ele chamou Angelo Torres, 
Roy Krenkel e Frazetta. Fizeram as páginas em conjunto, em equipe. 
Se esforçaram e acabaram cumprindo o prazo para entregar os originais. Entretanto, antes da revista fosse impressa um dos editores decidiu 
não publicar aquela história. Segundo o desenhista, eles acabaram 
ficando a ver navios, sem dinheiro e sem os originais.

“ Ganhamos um belo calote. Eu me sentia na obrigação de 
pagar Roy, Frazetta e o Angelo, por terem colaborado comigo... 
porém,  o pouco dinheiro que eu tinha dava para pagar o Roy e
o Frazetta, mas não dava para pagar o Angelo. Por fim, os 
amigos entenderam a situação e me disseram para esquecer aquilo. 
Mas, na verdade, jamais pude me esquecer daquilo...”

 Aqueles jovens artistas tinham começado mal aquele estúdio 
e estavam cientes de que se não arrumassem trabalho 
urgentemente não iam conseguir pagar o aluguel no final do mês.
A solução foi enviar uma centena de correspondência 
com amostras de seus desenhos para diversos 
editores e estúdios.







GEORGE TUSKA


1916-2009

Por sorte, George Tuska, famoso e experiente desenhista, 
entrou em contato com eles. Tuska lhes informou que tinha um 
amigo editor que estava precisando de colaboradores.  E também 
avisou que o preço não era muito bom... disse que o judeu oferecia 
30 dólares por página. Nos orientou dizendo que esses editores 
sempre alegavam que não tinham condições de pagar mais porque 
também recebiam pouco pelas vendas.

“Rapazes, esses caras querem sugar nossas almas.
Não entendem nada de arte, mas sabem como fazer dinheiro com elas... 
é pegar ou largar. Querem arriscar? “, indagou Tuska.

Porém, ele garantiu que o tal editor apesar de  “chorar por preços”, 
pagava direito e que também tinha trabalho contínuo. 
Os prazos para produzir eram curtos, mesmo assim eles não
hesitaram. Agarraram aquela oportunidade com unhas
e dentes. Afinal, sonhavam em poder viver de quadrinhos.
Com o tempo, Tuska virou um dos grandes artistas 
da Marvel e da DC, onde fez grandes parcerias.           










MAIS UM DESAFIO

Obviamente, todos ficaram empolgados com a proposta da King 
Comics, mas o problema é que aquela editora não tinha um escritor 
para aquela nova serie. Portanto, não tinha como enviar os roteiros. 
Eles, de repente, tinham um novo desafio: Criar roteiros e produzi-los para
a revista Witzend, uma publicação cômica.



“Wally, de repente, se revelou um bom escritor. Desenvolvia os 
roteiros enquanto nós desenhávamos. Mas, éramos péssimos 
letristas. Quem iria letrerar as HQs? Para fazer as letras e os 
balões contratamos Arlene, que com o tempo também passou 
também a aplicar bendays nas artes. Nos organizamos e assim 
passamos a faturar trabalhando para aquela editora, para a
Timely (Marvel) e outras. Conseguimos fechar um contrato
para fazer HQs para a revista Unknow Worlds of Science 
Fiction, desde sua primeira edição. O estúdio começou 
a melhorar e cada vez mais conseguíamos mais trabalhos. 
É uma vergonha dizer isso, mas só consegui pagar 
meus amigos, por aquele trabalho que tomamos calote, 
vinte anos depois”, revelou Williamson, sorrindo.
A equipe fez também outros trabalhos importantes como 
The Lost Lives of Laura Hastings, Caesar and Cleopatra - 
sucessos cinematográficos que foram adaptamos para as HQs –,
The Return of The Werewolf, The Land of The 
Living Death e Al Loves E.V. etc.

FANZINEIRO

“Poucos sabem que eu comecei, na verdade, fazendo um fanzine 
onde eu usava diversos pseudônimos, como: Alonzo Q. Williamson, 
Baldo Smudge e Zeno Beckwith, nomes que ficaram populares entre os 
fanzineiros e que até hoje ninguém sabia quem eram esses rabiscadores. 
Alonzo Q. Haque era o pseudônimo usado por Roy Krenkel naquele zine”, observou Williamson.
O estúdio cresceu e com isto surgiram trabalhos – ilustrações - que
foram feitos para revistas famosas como  a Life Magazine e Fifties. 
Esta última era editada por Richard Hughes – da ACG Publications.
Hughes adorava desenhistas e HQs. Ele sempre nos respeitou. 
E o principal: pagava bem e sempre em dia. Porém, nem tudo era 
flores entre os membros do grupo. Algumas discussões eram 
inevitáveis e alguns começaram a pensar em “voar sozinhos”.

A SEPARAÇÃO   
   
 Um dia, eles decidiram se separar, trabalhar individualmente.
Tudo aconteceu em comum acordo.  Foi nesse período, nos
anos 60, que Williamson foi trabalhar com John Prentice fazendo 
HQs durante quatro anos, para a EC Comics.

“Eu já conhecia as edições da  EC Comics porque Roy as 
colecionava. Naquela época eu quase não comprava HQs,
o bolso "andava curto". Roy vivia me dizendo que aquelas 
HQs de sci-fi e de terror da EC eram ótimas. Como sempre
adorei esse tipo de HQs passei a comprar esporadicamente 
algumas daquelas edições.
Depois, descobri que aquela casa editorial só tinha aqueles
dois tipos de HQs e que nem todos os artistas
gostavam de trabalhar com aqueles gêneros. 
Naquele tempo o mercado estava superaquecido e 
havia muitas propostas e oportunidades de trabalho. 
Muitos preferiam fazer HQs de super-heróis fantasiados, 
coisa que eu jamais gostei.
Meus ex-sócios estavam, todos, se virando. Wally Wood foi
trabalhar com a Avon Books, após dar aulas na escola de 
arte de Hogarth, os demais estavam colaborando para 
outras casas editoriais. Assim, decidi encarar o desafio
lançado pela EC e fazer aquilo que eu adorava:
HQs de sci-fi. 
A primeira HQ que fiz para eles tinha o seguinte título: 
The Thing in The Glades. Levei duas semanas para terminá-la.  
Eles adoraram e me passaram mais um roteiro de 7 páginas intitulado 
Mad Journey. Acabei fazendo diversas HQs de sci-fi para eles. 
As revistas da EC vendiam muito na época e suas HQs tinham 
um conteúdo mais adulto. Por minha indicação, Roy também 
acabou trabalhando para a EC. Quando o volume de trabalho 
aumentou voltamos a trabalhar em conjunto algumas vezes. 
Apesar de termos nos separados, éramos unidos e nos ajudávamos 
mutuamente quando a coisa apertava. Muitas vezes tive que 
recorre aos ex-sócios para atender a demanda. 
Lembro-me perfeitamente que numa HQ chamada The One 
Who Waits, eu desenhei as figuras a lápis, Roy fez os 
foguetes e Frazetta artefinalizou todos os12 quadros.”

ROY KRENKEL ERA O CARA



Segundo Williamson, apesar dele ter feito inúmeras HQs para a
 EC Comics, Roy Krenkel foi o artista que mais fez histórias 
de sci-fi para eles. 

“O homem desenhava ráido e ninguém conseguia superá-lo. 
Fazia os lápis e artefinalizava com uma rapidez incrível. 
Adorava desenhar aliens. Ele era genial. 
Em muitas HQs que o pessoal daquela editora desenhava 
era ele que fazia os fundos. Era um cara experiente e versátil. 
Aprendi muito com ele e com Frazetta.
Se não me engano, numa outra edição da Weird Science Fantasy # 24  
saiu uma HQ chamada For Posterity, feita por  Wood, que os leitores e especialistas em arte sequencial desceram o pau. 
Afirmaram que aquela foi a pior HQ que Wood tinha feito na vida.”
Porém, segundo Williamson, o homem estava assoberbado 
de trabalhos, estava cansado. Wood fez aquela HQ numa
pauleira danada. Seu esgotamento era visível em seus desenhos, 
que sempre foram sensacionais. Normalmente, as mulheres 
sensuais que ele costumava desenhar geralmente causavam 
problemas para a EC, quando foi implantado o terrível 
código de ética.


O TEMIDO KRIGSTEIN


Entre os profissionais que trabalhavam para a EC havia um que 
a maioria dos desenhistas daquela casa temiam que ele 
artefinalizasse seus trabalhos: Bernie Krigstein (1919 - 1990). 
Não que ele fosse um desenhista ruim, mas o pessoal achava 
que a arte final dele acabava modificando os desenhos originais. 
Certa vez, Williamson fez uma trabalho para a Weird Science # 22
chamada A New Beginning. Bernie foi escalado para fazer uma  
parceria com ele, para artefinalizar os desenhos a lápis.
Porém seus estilos eram bem diferentes. 
Até os leitores admitiam que quando Berne artefinalizava os 
desenhos de Williamson  o trabalho ficava esquisito.

“Não sei porque eles mandavam Berne artefinalizar meus desenhos. 
Quando eu os via impressos achava-os ridículos. 
Nossos estilos era distintos, bem diferentes. Mas, eu nada podia fazer. 
Eles pagavam e, portanto, mandavam. Eles queriam produção e 
o único jeito de atendermos a demanda era justamente reunindo 
diversos artistas. Na verdade, os editores estavam pouco 
se lixando pela qualidade das artes. Queriam colocar as
revistas nas bancas para faturar. 
Eu e o Frazetta, por exemplo,  faríamos uma boa dupla. 
Mas, raramente fomos escalados para trabalharmos
 juntos para aquela revista.”



O desenho de Williamson artefinalizado por Krigstein

FOR POSTERITY

Uma das edições da Weird que marcou época foi aquela em que 
foi publicada uma HQ feita por Wood chamada For Posterity. 
Essa história hsitória provocou muita polêmica. Enquanto
alguns afirmavam que aquela tinha sido a pior arte que Wood
tinha feito até então, outros acharam o argumento, criado pelo
mesmo rabiscador, genial.
Mas, as cores da capa ficaram a desejar, possivelmente elas 
não foram indicadas por eles, afirmam os estudiosos.
E este foi mais um motivo para críticas severas.
Na edição # 19 da Weird, lançada em 1953, Al Williamson 
desenhou The One Who Waits, outro clássico escrito
pelo incrível  Ray Braudbury. Na sequência ele fez também
The Empire Strikes Again.

QUEM PAGAVA MELHOR?

Na época, muitos autores diziam que em seu auge a EC 
(Educational Comics) era a editora que melhor pagava seus 
colaboradores. Ao ser questionado sobre isso 
Al Williamson argumentou:

“ Em primeiro lugar, os preços pagos pelas editoras sempre 
foram inferiores aqueles que pagavam os editores de jornais, 
pelas tiras e páginas dominicais. Quanto a EC pagar bem? 
Eu não concordo. Na época eu soube que alguns artistas que
trabalhavam para a DC e para a King ganhavam mais do
que a gente.  Por exemplo: Dan Barry ganhava entre 60
e 70 dólares por página para desenhar Flash Gordon, 
enquanto a EC nos pagava entre 49 a 50 dólares. 
O máximo que recebi deles foi 45 dólares por página. 
Só recebi esse valor quando fiz um trabalho para a 
revista Shock Illustrade # 2. 
Eu e Angelo Torres trabalhamos nessa mesma edição. 
Ele pode confirmar o que estou dizendo... Para falar a 
verdade o período que mais ganhei bem foi quando 
trabalhei fazendo tiras para John Prentice e John Curlley Murphy. 
Também me dei bem ao colaborar com a Creepy. Inicialmente 
pagavam muito bem, mas depois, quando a empresa ficou mal 
das pernas, era duro receber deles. 
A maioria dos artistas acabaram levando "caseira". 
Wood também trabalhou para eles e pode confirmar 
o que acabei de afirmar. Também me lembro de ter recebido
um bom dinheiro para ilustrar um livro sobre Flash Gordon, 
meu herói preferido do espaço. ”

Há quem afirme que as revistas de HQs produzidas pelos
concorrentes eram bem melhores do que as revistas
publicadas pela editora de Gaines. 
Ao ser indagado sobre isso, Williamson disse:

“ Acho que os staffs dos profissionais da Dell e da Western
Publishing, para desenvover HQs, eram bem melhores 
do que o da EC. As concorrentes tinham colaboradores
de peso, gente experiente, como: Everett Raymond, Kinstler, 
John Buscema, Frank Thorne, Alberto Giolitti e Alex Toth. 
Temos que admitir que o time deles era bem melhor. 
Nós éramos jovens e inexperientes. Na minha opinião 
os melhores colaboradores da EC eram: Reed Grandall,  
Wally Wood, Jack Daves e Johnny Graig. Este último 
escreveu  boas histórias de terror e sobre 
crimes, além disso também desenhava bem. ”

STAR WARS


Na verdade, Al Williamson nunca teve o prazer de conhecer 
pessoalmente o genial e famoso cineasta George Lucas,
apesar de Lucas ter pedido para Al desenhar as tiras de 
jornais dessa famosa serie de sci-fi, algum tempo depois 
do filme ter alcançado recordes de bilheterias pelo mundo. 
O artista desenhou material suficiente para duas semanas, 
mas o material jamais foi publicado. Tempos depois, o
pessoal da Lucas Films entrou em contato com Al para 
que ele desenhasse de forma bem realística uma adaptação
em quadrinhos do filme The Empire Strikes Back. 
Posteriormente, o desenhista ficou sabendo que eles 
haviam lhe proposto tocar a serie porque Russ Manning 
(1929 - 1981), veterano desenhista de Tarzan e Magnus –
Robot Fighter, tinha declinado da 
proposta por problema de saúde.




Magnus foi publicado no Brasil pela editora O Cruzeiro
Quando a imprensa especializada em quadrinhos soube do convite,
de imediato, os repórteres e jornalistas tentaram falar com George
Lucas. Porém, agendar uma entrevista com o cineasta e produtor, 
para saber sobre o contrato que Al assinara era uma tarefa 
impossível.

“É mais fácil entrevistar o presidente americano, do que George 
Lucas. O cara é difícil”, afirmaram alguns jornalistas.

O jeito foi tentar falar com o pessoal ad Lucasfilm. Uma funcionária
da produtora respondeu: 

“Sim! Os quadrinhos de Flash Gordon, feitos por Al Williamson, 
entre os anos 50 e 56, o senhor Lucas os adora até hoje. 
Fazem parte da coleção dele. O senhor George tem, inclusive,
as revistas em quadrinhos de sci-fi da EC!”

Curiosos, decidiram perguntar o nome específico de algum 
desenhista de HQ, além de Williamson, que fosse favorito de Lucas,
que tivesse feito outra serie – na esperança de ouvirem o nome 
Russ Manning -, mas obtiveram como resposta:

“Al Williamson, que fez Flash Gordon, é o desenhista favorito dele... 
e por isso foi escolhido para desenhar Star Wars!”

Para o delírio dos fãs, Al passou a desenhar as tiras de Star Wars
sete dias por semana e mais uma adaptação feita pela Marvel 
chamada The Returno of The Jedi com roteiros de Archie Goodwin.

“Não está fácil tocar essas duas series, mas estou adorando “, 
declarou o artista.

 Ao ser questionado se ao longo de sua carreira ele tinha
 alguma frustração profissional o prolífico artista disse:

“ Sim, tenho duas: A primeira aconteceu quando após
 fazer a primeira encomenda sobre Star Wars jamais a vi publicada.
 A segunda foi quando fiz uma serie de ilustrações para um fabricante de chicletes - Topps Bubble Gum Dinossaur Card Illustrations -, 
sobre o mundo jurássico e seus animais, que também nunca vi 
impressa. Em ambos os casos eu recebi. Porém, até hoje não
entendi o que houve... será que não gostaram
dos meus trabalhos?”












DEPOIMENTO:

“A adaptação que Al fez para quadrinhos do filme Flash 
Gordon, de Dino DeLaurentis é magistral. Dedicou boa parte 
da sua vida criando belas ilustrações e HQs fantasiosas
e acabou se tornando um expert no gênero. Além de
 adorar sci-fi, o homem era eclético. E, ninguém desenhou 
deusas tão belas e sensuais quanto ele. Nem Raymond. 
Em Weird Science # 20 ele publicou uma HQ 
chamada 50 Girls 50, um dos maiores clássicos do gênero. 
Enfim, quem sabe, sabe.”


ALBERT BERNARD  FELDSTEIN

1925 - 2014 - Editor da EC Comics e
veterano da revista MAD

    

 Al Williamson durante décadas produziu HQs de diversos gêneros. 
Ele foi um artista completo e um dos grandes mestres das HQs 
do século XX. Segundo consta, o trabalho que ele realizou em
Flash Gordon acabou influenciando muitos desenhistas de HQs
e até pessoas que não são do ramo editorial, como os cineastas Dino DeLaurentis e George Lucas - ambos confessaram que se inspiraram
em Al para produzirem Flash Gordon, o filme, e Star Wars. 
O nome desse desenhista, que marcou época, está para sempre 
gravado no panteão dos grandes artistas do gênero. 
Que os deuses das HQs o tenham em bom lugar, grande mestre
Al Williamson...
E que assim seja!







Material do tempo dos Flangers


































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