quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O GENIAL JEAN GIRAUD (MOEBIUS)


OS GRANDES MESTRES DAS HQs


JEAN GIRAUD (MOEBIUS),
O AUTOR DE BLUEBERRY,
UM CLÁSSICO DAS HQs!

Jean Giraud também conhecido como Moebius

1938. Nogent, na região do Marne, na França, 
nascia aquele que é considerado
um dos maiores mestres dos quadrinhos 
europeus de todos os tempos:
Jean Giraud, que também ficou conhecido
 como Moebius, o grande mestre
das HQs de ficção científica.
Seus pais se separaram quando ele tinha 
apenas três anos.
Assim, ele passou a ser criado por seus avós. 
Aos quinze anos, em 1954, 
 entrou para a École dês Arts Apliqués 
( Escola de Artes Aplicadas), em Paris.
 Aos 18 anos começou a publicar ativamente 
em periódicos e descobriu,
 graças a seu pai, sua maior paixão: 
a ficção científica.
Porém, inicialmente ele começou sua carreira
 fazendo HQs de histórias de faroeste.

FORA DA EUROPA

Durante um certo período (1955\1956), ele viveu
 com sua mãe, no México.
Naquele país, o adolescente Giraud descobriu
 a vida boêmia, a maconha
e teve suas primeiras experiências sexuais.
Seus primeiros trabalhos artísticos foram
 publicados na revista Far West e
 no semanário católico Coeurs Vaillants, em 1956. 
Foi convocado e serviu o exército primeiramente
 na Alemanha e depois na Argélia.
Em 1958, Jean Giraud voltou ao velho continente
 europeu onde travou contato
 com o famoso desenhista Joseph Gillain (Jijé)
 e acabou se tornando um
de seus alunos. Algum tempo depois, o mestre 
Jijé permitiu que seu jovem
discípulo aplicado fizesse algumas pranchas 
do personagem de western
Jerry Spring para o álbum “La Route de 
Coronado”, que foi publicado na
famosa revista francesa chamada Spirou, em 1960.

JEAN GIRADUD & 
JEAN-MICHEL CHARLIER


As editoras Abril e Panini lançaram Blueberry no Brasil


Exatamente três anos depois, usando o 
pseudônimo Gir, criou em parceria
com o talentoso e prolífico escritor franco-belga 
 Jean-Michel Charlier, autor de vários personagens 
que ficaram famosos, uma série de western que
ganharia reconhecimento internacionalmente:
 Fort Navajo, que apresentava
as aventuras do tenente Blueberry, da
 cavalaria dos Estados Unidos.
A primeira HQ desta série foi lançada no
 dia 31 de outubro de 1963, num famoso semanário
francês chamado Pilote, publicação onde
também surgiu Asterix e outros personagens 
que se tornaram célebres.
Naquele mesmo ano, Jean Giraud publicou
seus primeiros trabalhos
 assinando um novo pseudônimo: Moebius, 
na revista Hara Kiri.
Em 1965, ele decidiu voltar ao México devido
 a uma grande desilusão
 amorosa, que lhe causou depressão e o fez 
entrar no mundo das drogas.
Assim, pela primeira vez, ele conheceu os efeitos 
alucinógenos dos cogumelos,
etc. Segundo ele, este fato também fez abrir 
sua mente para outras perspectivas
 de vida, assim que superou a crise emocional.
Enquanto isso, o Tenente Blueberry, na Europa, 
ganhava seu primeiro álbum
de luxo, numa compilação da heróica história 
de estréia do personagem.
 Devido ao sucesso imediato do álbum, outras 
edições de Blueberry também
foram lançadas na sequência.
Porém, esta série de western diferia em muito
 aos demais personagens do
passado que habitavam também o velho Oeste, 
pois o tenente criado
 por Giraud e Charlier abordava a luta contra os
 índios de uma forma mais
humanista, além, é claro, de apresentar 
muita ação, aventura, humor e
suspense e, obviamente, os tradicionais
 duelos contra
pistoleiros ávidos por sangue.
Em pouco tempo as aventuras de Blueberry
 se tornaram um verdadeiro
marco dos quadrinhos europeus. Trazia roteiros
 mirabolantes e muito bem
escritos, mostrando que o escritor tinha um vasto 
conhecimento do tema e
 da tumultuada história da conquista do Oeste 
americano, que ocorreu
entre 1865 e 1890. Um grande roteiro aliado
 a arte extasiante de Gir só
podia dar numa coisa: Um clássico que obteve 
um absoluto sucesso de vendas.
A crítica e o grande público teceram elogios 
a este  grande e sensacional lançamento.


Trinta e quatro anos depois, 28 álbuns da série 
principal do Tenente Blueberry tinham
sidos publicados e tantos outros de 
outras séries paralelas.
Blueberry, de fato, conquistou em cheio
 o público-leitor e chegou até a
 ir parar nas telonas. Ganhou um filme para o
 cinema intitulado “Blueberry –
Desejo de Vingança”, onde o irriquieto e
 fanfarrão herói do Oeste foi
 interpretado pelo ator Vicent Cassel, 
numa história baseada nos
álbuns “A Mina do Alemão Perdido “ e 
“ O Espectro das Balas de Ouro”.



OBS: A ed. Abril também lançou algumas edições em P&B na década de 90

No Brasil, algumas edições do Tenente Bluberry
 (em cores e P&B), originalmente
publicadas na Europa pela Dargaud, 
foram lançadas pela editora Abril  e
pela Panini Comics.
Definitivamente a carreira de Jean Giraud 
deslanchou. Ganhou notoriedade,
tanto no gênero western como, também, 
nos quadrinhos de ficção científica,
sua grande e antiga paixão, que foram 
publicados na revolucionária
 revista Métal Hurlant (Heavy Metal, em inglês),
 de Les Humanoides Associes, onde passou a
 assinar como Moebius.
De espírito irriquieto e muito ativo ele também 
passou a desenhar posters, cartazes
 publicitários e ilustrou um roteiro de Dan 
O’Bannon , “The Long Tomorrow”, 
 que se tornou um clássico das HQs de
 ficção científica.
 Também fez storyboards para o filme que 
Jodorowsky tentou realizar
 a partir do clássico Duna (anos depois 
filmado por David Lynch) e,
também, para o filme “Les Maitres Du Temps”.   

Também desenhou um roteiro de Jodorowsky,
 que jamais chegou a ser filmado,
mas que se tornou um clássico dos quadrinhos
 de ficção científica: O Incal.
Assim, seu nome passou a ser reverenciado
 por outros artistas e pelos fãs por
todo o mundo. Jean Giraud e Moebius, esses
 dois nomes, assinados por ele, 
 acabaram entrando definitivamente para
 a categoria dos grandes
mestres dos quadrinhos mundiais.


É praticamente impossível falar de HQs de 
ficção científica sem citar seu nome.
 Sua arte, também nesse gênero é primorosa,
 arrebatadora, que encanta quem
 as conheceu ou as conhece.
 Não é a toa que o grande mestre da ficção acabou
sendo contratado para ser designer de 
algumas importantes produções
cinematográficas de Hollywood, como: 
Duna, Alien (o filme de Ridley Scott),
 Tron, Os Mestres do Universo, Willow, 
O Segredo do Abismo 
e O Quinto Elemento, entre outras.

Um clássico feito para a Marvel Comics

Estan Lee & Jean Giraud - Dois gênios das HQs

GIRAUD NOS 
ESTADOS UNIDOS

Até nos Estados Unidos  Giraud passou a
 ser reverenciado pelos grandes
 mestres do comics americano. E, foi assim,
 que a poderosa Marvel Comics
deu a ele a incumbência de produzir uma 
graphic novel especial de um dos
 seus mais importantes e populares heróis:
 O Surfista Prateado, tamanha era
sua popularidade entre os leitores americanos, 
 com textos do lendário
 Stan Lee, um dos grandes responsáveis 
pelo renascimento dos super-heróis
 americanos e autor de famosas séries, como: 
Capitão América, Homem de Ferro, Quarteto 
Fantástico, X-Men, Homem Aranha, etc.
A edição especial do Surfista Prateado 
desenhada por Giraud - o personagem foi uma 
criação de Stan Lee e Jack Kirby-, que teve 
sua estréia numa edição especial da Marvel, no 
formato magazine, feita pelo Da Vinci
das HQs, o lendário e saudoso grande mestre
 mister John Buscema, foi publicada numa luxuosa
 edição com capa dura, cartonada, em cores,
 em papel couche, pela Epic Comics, em 1988, 
nos Estados Unidos, ao preço de $19,95 dólares, nas
 livrarias especializadas, apenas.  
Trata-se de uma publicação imperdível,
 para quem aprecia esse fantástico personagem e esses
 dois monstros sagrados da arte sequencial.
The Silver Surfer, feita por Lee e Moebius  
é uma publicação onde os dois
 maiores mestres das histórias em quadrinhos 
mundiais esbanjam talento e muita criatividade.
Vale a pena conferir.


Assim, o nome Jean Giraud se tornou sinônimo
 de qualidade no maravilhoso
mundo das HQs e ele também passou a ser 
um dos desenhistas
contemporâneos mais premiados de toda a Europa.

Ele é um dos mais requisitados ilustradores europeus

Jean Giraud (Moebius) 1986

Como Moebius ele dá um show nas
 HQs de ficção-cioentífica

  

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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ENTREVISTA COM FABIO CHIBILSKI, DA INK BLOOD COMICS!



Um sensacional projeto Ink Blood Comics para os Estados Unidos


Uma nova série muito bem elaborada

O entrevistado de hoje é, aparentemente, 
mais um jovem empreendedor...  e devo confessar 
que admiro gente como ele, que tem essa garra, 
espírito de luta e de aventura. Afinal, para ser 
editor nesse país, nesse mercado tempestuoso,
 é preciso, antes de tudo, muito dinheiro e
 uma dose cavalar de coragem. E coragem é o 
que não falta pra esse cidadão, que tem um 
estúdio,  que virou também editora, e 
que corajosamente se aventurou a lançar 
um produto próprio no oscilante mercado 
nacional. No mercado americano, ele 
também está por lá já há algum tempo. 
Seu estúdio fica no Sul do país e está 
 trabalhando a todo o vapor.
O nome da fera ,de hoje,  é...

Fabio Chibilski, o dono do Ink Blood 
Studio e Editora!
Ele é o responsável pelo 
renascimento de... CHET, um clássico
de western produzido no Brasil! 


Chilbiski, como todo bom guerreiro, em posição de combate

Tony 1 – Grande Fábio, sou seu fã... é um 
grande prazer poder entrevistar alguém tão
 dinâmico e criativo como você.
 Podemos começar? Lá vem fumo... (Rsss...). 
Vai dar para encarar?
Todos querem  saber a verdade, OK?

Fabio –  A verdade esta lá fora...

Tony 2 – Já ouvi ou li isto em algum lugar, 
antes... Arquivo X? (Rsss...). Esta foi boa... 
começamos bem... pra saber de você vou ter 
que entrevistar os etês? Então, vamos lá... 
Fábio Chilbiski, este é o seu nome verdadeiro, 
ou é apenas um “nome de guerra”, que 
você usa para assinar seus trabalhos?

Fabio –  Fábio Henrique Chibilski, O POLACO PRETO. 
Sim, este é o meu nome.

        Tony  3 – “Polaco preto?”... esta também 
foi ótima... (Rsss...). Em que dia, mês, ano
 e em que estado você nasceu?

Fabio –  Dia 29 de novembro de 1975, no Paraná.




           Tony 4 - É um jovem mancebo, ou melhor, 
um bengala young... (rsss...). Como e quando 
surgiu a ideia de abrir o estúdio Ink Blood?

Fabio –  Caro bengala boy... isso faz muito
 tempo... montei o primeiro estúdio em 1993, 
na minha casa, num pequeno espaço. 
Ali eu me reunia com os amigos cheios 
de utopia, fazíamos fanzines de terror e ficção. 
Tudo na base do xerox por pura paixão.
Montei um fanzine com o nome de Cult comics, 
que acabou dando o nome ao estúdio, e 
que muitos anos depois foi mudado 
para Ink Blood Comics.

Tony 5 – Mais um fanzineiro que virou profissional, 
bacana... Roy Thomas - Marvel-, Roberto Guedes –
 Meteoro -, e muita gente boa por aí, também
 começou assim como você... Quais foram 
os gibis que você lia quando era pequeno?

Fabio –  Eu comecei muito cedo. Meu avô me,
dava muitos gibis quando eu era criança. 
Comecei com Mauricio de Sousa e Disney. 
Muito tempo depois conheci Marvel. 
Principalmente Conan 
que me fez a cabeça.






Conan, arte do Frazetta, foi vendida por 1 milhão de dólares


Personagens do Mauricio fazem sucesso em muitos países




Disney - sucesso mundial

    Tony 6 –  Todo mundo adorava Conan,
 que desenhos, que belas artes finais e 
que grandes histórias. Este 
]gibi era fascinante. Sabia que quem ]
lançou Conan no Brasil, primeiro, 
foi a M&C editora, na década de 70,
 e não emplacou em formatinho?
Anos depois a Abril pegou e faturou
 alto durante uns 10 anos. É incrível, né?
 Ainda tenho a coleção, da Abril...
 mas estas últimas edições andam cada 
vez pior.Vamos em frente... 
Esta sua vontade de desenhar, obviamente, 
surgiu na infância ou adolescência, OK?   
  Algum desenhista específico o influênciou? 
De quem você era fã?

Fabio –  Quando criança, do Mauricio. 
Depois que conheci o Conan do King 
John Buscema, a coisa mudou . 
Eu tinha 10 anos quando fui comprar 
minha primeira bico de pena e naquim 
pra fazer riscos no estilo Buscema.
Os caras que me fizeram a cabeça foram:
 John Buscema, Frank Frazetta, Bernie 
Wrightson, Alex Raymond e dois 
fantásticos brasileiros, Mozart 
Couto e Watson Portela.

Tony 7 -  Só feras... parabéns, pelo bom gosto...
Por que, de repente, você decidiu se tornar 
um editor independente?

Fabio – R: Eu sempre fiz fanzines. Tenho uma 
escola de desenho há muitos anos e sempre 
fizemos fanzines com os alunos, pra
 desenvolver a narrativa e também divulgar 
nossos trabalhos na região. Chegamos
 a imprimir gibis em serigrafia , no braço.
 Capa colorida, imprimindo cor a cor...kkkk...
 madrugadas inteiras puxando rodo de tinta
 em tela. A idéia de ter uma editora e 
publicar revistas eu tinha desde criança,
 mas só agora estou conseguindo dar 
inicio a esse velho sonho.

 Tony 8 – Legal, Fabio... pelo visto a coisa
 tava no sangue, escrita no seu DNA... 
Em primeiro lugar, parabéns por ter tido 
a coragem de ressuscitar o Chet, dos irmãos 
Portellas, um grande personagem, que até 
cheguei a colecionar no passado. Chet, 
pra mim, é um clássico das HQs nacionais. 
 O Brasil precisa de mais gente como você, 
empreendedor, bengala young. Vamos nessa... 
Por que você decidiu lançar Chet?

Edição comemorativa da Ink Blood Comics




 Fabio -  O Chet veio por acaso. Depois de 
cruzar uma conversa com o Wilde Portella.
 Minha ideia era lançar revistas de terror. 
Mas como surgiu o Chet no caminho 
decidi editá-lo por já ser conhecido e ter
 um certo número de fãs, pra mim era mais 
chão do que uma revista desconhecida do público. 
Também tinha o fator de eu ser fã do Wilde 
e do Watson, então publicar o personagem 
de dois cabras que eu admirava quando
 ainda era criança pesou para a escolha.

 Tony 9 – Esses dois manos valem ouro. 
Em qualquer país de primeiro mundo
 estariam ricos, com este personagem. 
Mas, como isto aqui é Brasil, a coisa 
é complicada, você sabe... Sempre os 
admirei também.  Pena que Watson 
não quer saber mais de desenhar, segundo
 o bengala friend Wilde... o homem 
era um bicho, nas artes seqüenciais. 
Paralelas, pra mim, é um clássico. Seguindo...  
Como foi que 
você conheceu o bengala brother e grande 
escriba Wilde Portella? 
Cabra arretado e criativo... (Rsss...).

Fabio -  A primeira vez que vi o trabalho 
desse cabra foi na revista Spektro e esta 
também foi a primeira vez que vi o traço
 do Watson. Aquilo era fantástico. 
Mas tive contato só no ano passado com 
o Wilde e por acaso. Eu estava online no
 Orkut quando ele veio me perguntar se 
eu era de uma rádio online sobre 
quadrinhos... kkkkk , eu fiquei boiando...
falei que ele estava enganado e
 que eu tinha um estúdio de quadrinhos. 
Nesse momento me caiu a ficha que
 estava conversando com um dos Portellas,
 perguntei à ele “Você é irmão do Watson?” , 
a partir daí a conversa foi longa. 
Até chegarmos no Chet.

Exibindo o primeiro lançamento da Ink Blood Comics: Chet

Tony 10 – Que coincidência incrível... você
 ” trombou” com um cara que admira, 
acidentalmente... é, como digo, o 
destino traça caminhos inesperados. 
Bacana... Qual foi a tiragem real de Chet 
e como foram as vendas dessa edição 
comemorativa dos 30 anos? Deu pra 
ganhar dinheiro? O produto, 
ao menos, se pagou?

Fabio – Isso é segredo de estado. Ainda 
estamos vendendo o Chet. E parece que 
o povo se animou agora. Esta semana 
voltamos a vendê-lo. O pessoal ainda 
está descobrindo a revista, embora esteja
 pra vender em vários comics shops do país.
A revista ainda está no começo, então 
teremos que trabalhar mais, pra gerar 
lucros significativos no futuro. 
Quadrinhos no Brasil ainda é uma 
grande aventura para qualquer editor.

Tony 11 – Bota aventura nisto, bengala friend...
 eu que o diga... (Rsss...). Tive três editoras,
 é mole? E todas foram "pro saco", quebraram... 
já posso entrar para o Guiness Book... 
(Rsss...). Bem, pelo menos ganhei 
know-how... (Rsss...). Quanto a 
você enrustir a tiragem... tá querendo me 
enrolar, né?  Tudo bem... Acho que 
captei vossos “sinais de fumaça”. Ou seja, 
a tiragem deve ter sido pequena... 
abaixo de 3 mil, na certa. E se você ainda 
tem para vender é sinal de que não vendeu 
quase nada... assim, fica fácil concluir que 
o produto não se pagou .Enfim,  você
 teve que bancar... levou prejú... e olha 
que eu não tenho bolas de cristal... (Rsss...). 
Li, isto tudo, nas “entrelinhas” do seu 
“embromation”... (Rsss...). Sobre a 
gradativa descoberta, que você apontou,
 não podia ser diferente, faltou mídia,
 divulgação. Estamos editando Apache
 nas bancas há meses, pela editora 
As Américas e mesmo assim muita gente
 também está descobrindo o gibi agora.
 Sem grana e sem mídia eletrônica a coisa 
é demorada mesmo. Há títulos de mais 
nas bancas atualmente. Parece que todo 
mundo decidiu ser editor. Fora a 
WEB, há games, telefones celulares, 
RPGs, etc, para brigar com as HQs. 
Esses são os motivos pelo qual as vendas
 despencaram, no geral, em todo o planeta.
 O “bolo” foi dividido numa centena
 de fatias e cada um tá comendo um pedacinho. 
Mas, se Chet voltou a vender isto é bom 
sinal. Há muitos fãs de Chet no Brasil -
 inclusive, eu -, e em Portugal. 
A saudosa editora Vecchi 
mandava Tex para Portugal.
Foi assim que nosso bengala friend 
de além-mar, Zeca Willer, conheceu
 o gibi e tornou-se um dos maiores 
divulgadores de Tex e colecionador
 ferrenho. Um autêntico texmaníaco... 
(Rsss...). De volta as perguntas... 
Você ainda pretende lançar outros títulos, 
no Brasil? Continuar na carreira de editor? 
Espero que você não desista... (Rsss...).

Fabio –  Minha maior utopia e ser tão grande
 quanto a Ebal foi no seu tempo áureo.
 Além do mais eu sou uma mula de teimoso.

Tony 12 –  “Mula, de teimoso?” (Rssss...). 
Você quis dizer, persistente? Mas, isto
 é bom. É uma grande virtude. Tem nego 
que toma uma porrada e já quer descer 
do rinque. “É de batalhas que se vive a vida”,
 diz a letra de uma sábia canção. Também 
sempre fui assim. Errava, levantava a cabeça,
 respirava fundo e voltava pro pau. 
É errando que se aprende, digo sempre 
isto. Ink Blood Studio, vamos falar dele... 
Fabio, quantas pessoas fazem 
parte da sua equipe, hoje?

Fabio –  Oito pessoas aqui, mas tenho 
colaboradores de outros estados do Brasil. 
No total são 15 pessoas, entre desenhistas,
 coloristas, finalistas, escribas, tradutores e agentes.

A equipe Ink and Blood em ação

Tony 13 – Isto é muito bom, tá gerando emprego, 
aquecendo o mercado interno, parabéns! 
O que vocês produzem atualmente no
 Ink Blood Studio e pra quem?

Fabio – O Ink Blood vive basicamente 
do mercado americano. Produzimos comics 
de heróis entre outros para editoras pequenas 
e médias americanas. Temos uma 
lista boa de clientes, desde autores
 independentes como editoras maiores como
Zenoscop e Arcana comics.

Eles levam o trabalho a sério

Tony 14 – Zenoscop, não conheço. Mas, Arcana 
eu conheço... Quando abri minha primeira
editora acho que eu tinha uns 20 ou 22 anos
 (ETF – Comunicação Comercial Ltda). 
Não entendia patavinas de administração 
de empresas e muito menos como funcionava
 a parte comercial de uma editora. 
Não sabia a diferença de uma fatura e uma
 duplicata, é mole? E era metido a empresário
 de comunicação... Mesmo assim, 
decidi meter as caras, pois sempre 
acreditei que é errando que se aprende. 
Mandei rodar 30 mil de cada no Jornal do
 Brasil, no Rio, e depois não sabia como
 distribuir aquela meleca toda... foi um 
desespero. Então, fui orientado a procurar 
a DINAP (Distribuidora Nacional de 
Publicações, que pertence ao grupo Abril). 
Criei coragem e fui lá sentar com os 
caras engravatados, que só falava em
 marketing e em vendas. Daí caiu a fixa 
de que eu não sabia era de porra nenhuma, 
de nada. Só via a coisa pelo lado artístico. 
Um grande erro. Mesmo assim, não 
foi fácil convencê-los a lançar Fantasticman, 
Fantasma Negro e outros títulos.  
Você, antes de lançar Chet, também 
tinha intenção de lançar o produto nas 
bancas, em todo o país? Foi procurar 
um grande distribuidor?

Usar os recursos da tecnologia é fundamental 
para quem faz arte atualmente

 Fabio –  kkkkkkk... Essa questão é delicada, 
mas sou conhecido na minha cidade por 
afrontar e resolver  as coisas no peito, por 
isso tenho uma legião de desafetos. 
E com a resposta que vou te dar
 espero fazer mais alguns.

Tony 15 - Então, vamos nessa... afinal, pra alguém que, 
como você, diz ter um zilhão de desafetos, 
ter mais uns 50 não vai fazer diferença, 
correto? (Rssss...). Brincadeira...

Fabio - Quando veio a oportunidade de 
lançar o Chet eu cogitei a distribuição nacional.
 Iria imprimir em São Paulo e não no Paraná,
 como fiz . Eu já sabia os procedimentos 
de distribuição, pois trabalho com isso 
nos E.U.A  já há tempos... mas o que
 eu não sabia era das maracutaias que 
estavam acontecendo aqui no Brasil...
duas distribuidoras e ainda se unem 
em uma única empresa pra foder
 todos os editores médios e pequenos. kkkk...
 isso só acontece no Brasil mesmo...
A distribuição já é uma merda... e agora, isso? 
Sabia que nada chega no interior através
 desta pseuda-distribuição nacional? 

Aqui na minha cidade, por exemplo, 

que é o maior tronco ferroviário do Paraná 
não chega nada. Fica tudo em Curitiba e 
depois vira encalhe. Iniciei negociação
 para distribuir com a Fernando Chinaglia, 
porém o contrato era para várias edições 
e eu só iria lançar o Chet especial, não 
tinha a ideia de continuar. 
A porcentagem da distribuição era irreal: 
50% do preço de capa, putz... isso é piada. 
Então resolvi imprimir menos e distribuir 
só em comics shops. Pra vocês terem ideia,
 eu pago 10% sobre o preço de capa do 
que for vendido pra distribuidora 
americana Diamond, para distribuição
 em todo o E.U.A e Canadá. Temos
 inúmeras convenções de comics para 
divulgar as edições lá fora
e isto me ajuda muito .

Tony 16 - Continue...
 
Fabio - O brasileiro é foda, prestigia o que 
vem de fora e esquece o que é produzido aqui. 
Eu pretendo invadir o mercado americano
 assim como eles fizeram com o nosso.

 Tony 17 – Entendi... war is war... right?
 Você está ciente sobre o monopólio,
 da distribuição. Dizem que 
o tal de monopólio é proibido no Brasil, 
segundo a constituição, 
mas ele sempre acaba rolando quando 
se tem muita grana... 
hoje só temos, na verdade, uma distribuidora 
num país que já teve 
várias, no passado... - apesar que tá correndo 
um boato que já 
compraram a parte Rio\São Paulo... 
pelo Angelo Rossi Filho 
(ex-editora Peixes).
Vou precisar checar isto direito... 
Por falar em monopólio, lá nos States, 
distribuidora grande, só existe a 
Diamond Comics, que eu 
saiba. Parece que o monopólio
 também como solto por aquelas bandas.
Você disse, que a porcentagem que paga 
a eles (Diamond) é bem menor: 
10%.  De fato, 50% do preço
 de capa é um absurdo. 
O editor brasileiro rala, se endivida,
 banca tudo, e depois divide a grana com 
a "diretoria". 
Também nunca achei legal isso... é
 sacanagem, de fato. Você sentiu o 
velho drama dos editores tupiniquins: má distribuição e 
porcentagem do preço de capa paga pra eles muito alta. Explicando melhor, aos leigos: no país os editores 
pagam 50% do preço de 
capa para a distribuidora, que paga 30% 
do preço de capa para 
os jornaleiros de SP\Rio e 15% para 
os jornaleiros do chamado 
“interior”, o restante do país.

O que resta dos tais 50% é deles. E tem mais uma...

 atualmente, se o seu produto não
 atingir uma meta “X” você 
tem que pagar as despesas, custos
 operacionais de distribuição, 
do seu bolso. A coisa ficou feia. 
Antigamente não era assim. 
Voltando ao bate papo... Então, foi isto,
bengala young... Você sentiu o drama nosso 
e daí resolveu fazer a coisa do seu jeito... 
legal. Toda tentativa é válida... De qualquer
 forma, mais uma vez, parabéns pela coragem
 e ousadia. Fazer o que você fez não é fácil. 
Como disse antes, é errando que se 
aprende. Quem erra cedo, aprende
 mais rápido e tem tempo pra corrigir 
a cagada... (Rsss...). 
Eu que eu o diga... Hoje, você que já teve 
experiência como editor, acredita que 
existe ainda futuro nas bancas? Você sabe,
 as vendas andam baixas em geral, por todo o mundo...

Fabio –  Infelizmente isso é verdade. Isso acontece
 principalmente por causa dos autores e 
suas fórmulas já cansadas. O quadrinho
 é uma coisa mágica, incansável. O que cansa
 são as mesmas coisas de sempre. O personagem
 morre e volta, uma hora é clone outra hora 
não é mais. Pô... eu sou algum idiota ???
 É sempre a mesma merda ... sempre 
equipes de heróis, o cara é mutante ou 
tomou banho de radiação, e por aí vai.
O mercado tá cansado, precisa de coisas 
novas. Isso não acontece só no comics, 
mas também no mangá, pelo menos, 
no comercial.
Hoje não temos uma linha adulta em banca, 
só restou o Tex, Zagor e de vez em 
quando algum outro titulo Bonelli. 
É claro que se tem edições de luxo 
para livrarias a preço de ouro pra
 um gibi que as vezes custa centavos
 pra imprimir. Mas isso é outra historia.





Tony 18 –  Gostei da sua consciência de mercado... 
também acho que esses velhos heróis e 
fórmulas criadas na década de 30, já era.
 As vendas comprovam isto. Elas decrescem
 a cada dia. Os leitores do passado não 
conseguem mais entender as histórias –
 mudaram tudo -, e os novos estão  de 
saco cheio da velha história. Talvez, 
por isso, o público do mangá cresceu, 
nas últimas décadas. Mangás eram 
novidades. Grande bengala young, 
vulgo polaco negro - gostei disso -... 
Webcomics... vamos falar disso... 
Você acha que esta é a saída? 
Acredita que os gibis tradicionais tendem a 
desaparecer, com o tempo? Tem gente que 
afirma que sim, eu acho que não...

Fabio – Acredito que cada gênero terá seu 
público seletivo e com baixa tiragem, uma 
venda mais direcionada. Mas não acabará. 
A web não tem como substituir o papel 
na mão e o cheiro de naftalina pra 
proteger o gibi. Acredito que a web está
 sendo uma ferramenta ótima para 
divulgação e prévias, mas não como 
substituta do impresso. 

Tony 19 - Naftalina, para proteger o gibi?
 Tem certeza disso? Nunca ouvi falar, 
pra mim é novidade... (rsss...). Vivendo
 e aprendendo...
mas acho que há algo errado... eu vivia
 dentro de gráficas e nunca soube 
dessa tal naftalina... (rsss...). 
Deixa pra lá. Simbora! 
Prossiga... perdão...

Fabio - A editora Abril fez um grande 
estrago quando começou a elitizar os 
quadrinhos com a série Premium da
 Marvel  ,com o fim do formatinho e 
o formato americano de luxo imposto!
 Os preços foram parar na China. 

Tony 20 - É... mas acabaram ganhando 
um "Premium" chamado 
"A Anta de Ouro"! Aquilo foi uma
 tremenda burrice.
Só queria saber o nome do "gênio" 
que teve esta ideia absurda...
"brilhante". Ainda vou descobrir 
quem foi o doido...

Fabio - Hoje o menino que engraxa 
sapatos na esquina já não pode ir com 
moedinhas na banca comprar um gibi.
Acho que revistas em quadrinhos 
deveria ser para o povo, uma
 mídia barata e boa, que deveria chegar 
a todos. Seria bacana se também 
o menino da favela tivesse
 condições de comprar. Hoje, pagar
 R$ 15,00 conto num gibi é uma
 afronta pra um país com renda
 per capita tão baixa.

Tony 21 – Você tá coberto de razão, grande Fábio. 
Falou e disse tudo. Também defendo a tese 
de que história em quadrinhos sempre foram 
um grande veículo comunicação de massa, 
porém nas últimas décadas deixou de cumprir 
seu papel social. Supostamente, só quem
 tem dinheiro pode comprá-las e o pior, nem,
 esses “ricos” estão comprando mais as
 melecas... esses "gênios" editoriais que inventam
 moda deram um “tiro no próprio pé”. 
Quando a Abril elitizou as HQs (década de 90),
 pensei: “Cacete, vai acontecer outra vez. 
As HQs vão pro saco...”. Não deu outra. 
Eu tinha visto isto acontecer no passado com
 a EBAl. Os gibis dela vendiam bem 
(p&b, a preço popular), daí um “gênio”
 decidiu elitizar: capa dura, plastificada,
 papel grosso de miolo, em cores, uma beleza...
 e o preço lá em cima. Foi assim que a EBAL, 
que lançava todos esses heróis famosos
 acabou parando de lançar gibis, para sempre.
 Anos depois, um outro “gênio” fez a 
mesma merda acontecer na Abril. 
A coisa parece que é cíclica... esse “Eisnteins”
 aparecem a cada 20 ou 30 anos (Rsss...). 
Deveriam ser” afogados no tanque”,
 quando eram pequenos... (Rsss...). 
Assim evitaríamos essas tragédias editoriais...
 mas, vamos falar de coisas boas... 
Quando você me enviou os arquivos com 
as artes da série Anúbis  fiquei impressionado.
 Que belas artes, cores fantásticas,
 material impressionante. Você me disse 
que estava negociando com uma editora 
americana. Fechou o negócio? 
A revista já saiu? Tô torcendo por 
este projeto. Acredito nele. É algo diferente.
















Fabio - Anubis Warrior foi iniciado em 2009, mas é um personagem antigo nosso, criado em 1998. Só agora vai sair e infelizmente fora do Brasil. Tenho contrato com a Arcana Comics para uma Graphic Novel do Anúbis e mais algumas séries. Agora começaremos a fazer de divulgação nos Estados Unidos nas convenções de comics.

Tony 22 –  Maravilha, poucos brasileiros conseguem 
vender para os editores americanos projetos
 autorais, ou seja, com os seus próprios 
personagens. Isto é uma grande vitória, guerreiro. 
Parabéns! Vamos falar sobre Arcana Comics e 
Sean O’Reilly, o fundador dessa editora 
independente de sucesso americana... como 
contatou com ele? Como a coisa aconteceu
 e como surgiu a proposta?



Fabio –  Bom, primeiro fizemos free lancers 

pra  Arcana. Entramos em contato com a área 
de submissão da editora e ela nos encomendou 
cenários de games. Fizemos o trabalho levamos 
alguns xingos do Sean, que é um cabra 
nervoso, ainda não manjávamos muito de
 inglês e acabamos atrasando uma coisa ou 
outra kkkkkk... Depois foram feitos
outros trabalhos pra Arcana. Então eu resolvi 
mostrar o meu roteiro para o Sean. 
Ele gostou da ideia e teve o
lampejo de montar o projeto. Assinei contrato
 com ele e começamos a revista. 
Levou quase dois anos pra ser feita.


Sean O'Reilly

 Tony 23 - “... Levamos alguns Xingos 
do Sean...” (Rsss...). Genial... “cabra nervoso”, 
muito bom... (Rsss...). “Não manjávamos 
muito de inglês e acabamos atrasando 
uma coisa ou outra”... cara, você me 
fez se esborrachar de tanto rir... (Rsss...).
 Quer dizer que a coisa foi feita na base 
da aventura, mesmo? Nem inglês, vocês
 sabiam direito? Caceta... essa 
foi de mais... (Rsss...). Depois dessas, 
só me recuperando... putz... vamos
 tentar prosseguir... essas entrevistas 
me divertem... Pelo que sei, a Arcana 
Comics era um estúdio que 
atendia: Disney, NBC, Sony Animation, 
HBO, Warner, etc, e que acabou 
virando um editor Indie 
(independente, como se diz nos States), 
confere?

Fabio –  Sim, é isso mesmo.

Tony 24 -  Tá vendo só? O tiozinho aqui
 está ligadão nos fatos... ainda... (Rsss...). 
Tô quase batendo pinos, meu HD anda lotando 
e não dá pra fazer update... (Rsss...). 
Voltando a falar sobre a Ink e sobre 
a Arcana... Você, como proprietário da
 Ink Blood Comics, pretende seguir 
a mesma trilha do Sean? Ou seja, virar 
definitivamente um editor independente,
 ou um editor profissional”... quero dizer, 
que lança seus produtos em bancas, 
via uma grande distribuidora?


Fabio – Minha ideia principal é distribuir 
nos E.U.A  e depois retornar com as 
edições para o Brasil. Se tornar profissional 
será uma questão de tempo.

Tony 25 – Vai fundo, bengala Júnior... opa!
 JR, é o Lex, nosso mascote oficial... você 
é o bengala young... (Rsss...). Go ahead! 
É batalhando que se chega lá. Vou estar 
torcendo por você, pode acreditar. Afinal, 
sempre acreditei que o mundo é dos loucos... 
digo “loucos”, no bom sentido. Gente corajosa, 
empreendedora. A América se fez graças a 
esse tipo de gente, que se arrisca, abre e
 fecha negócios e continua tentando, não 
desiste nunca, atá morrer. Falta espírito 
empreendedor pros artistas brasileiros. 
A maioria dos caras querem trabalhar em
 casa, no fundo do quintal ou então virar 
empregado. Já disse, tem que ir pras 
cabeças, abrir firma, se organizar, etc. 
Na maioria das grandes editoras você 
não recebe sem nota fiscal, sem conta
 bancária da firma, etc. Quem quer
 crescer tem que investir, trabalhar 
de forma profissional. Os gringos, lá fora, 
são grandes corporações organizadas, 
cheias da grana, que fizeram dos comics 
uma verdadeira indústria. Por isso 
trabalham em equipe. Aqui, neguinho quer
 fazer tudo sozinho e não faz porra nenhuma...
 é lamentável (Rsss...).  Com eu dizia... 
 o mundo é dos loucos, se não fosse eles
 ainda estaríamos morando em cavernas, 
nunca teríamos chegado à Lua, etc.  
Acho que você, por falta de experiência, 
não planejou direito o lançamento 
do Chet, concorda? Não deveriam, antes
 de lançar o produto, ter, ao menos, 3 
edições prontas, para garantir a 
continuidade? Ou a coisa foi 
experimental, mesmo?





Fabio -  Isso, em parte. Eu não tinha a 
intenção de lançar outras edições do Chet.
 Pra mim seria só a especial. O Anubis, por
 exemplo, eu produzi todo o material com
 muita antecedência, por que tenho em 
mente várias edições e especiais, mas não 
tinha essa expectativa aqui. É claro que é
 preciso pelo menos 6 edições de folga antes 
de lançar a primeira. Eu estou trabalhando
 há 3 anos em uma mini serie chamada SPI
 para uma editora dos E.U.A. Estou terminando 
a quarta edição e a primeira ainda não 
saiu lá. Primeiro será feito toda uma
 divulgação nos meios existentes. 
O que é diferente aqui. Não temos 
grandes convenções mensalmente, só
 a Rio Comics e outras menores.




Tony 26 – Você está enganado. Esqueceu 
a FestComix, de São Paulo, bengala young? 
O ano passado tivemos eventos desse 
tipo em diversas partes do país. Aos poucos, 
parece que a coisa está melhorando, no que
 se refere a eventos, é óbvio. O resto anda
 degringolando. Poucos editores têm 
coragem de investir em quadrinhos nacionais.
 Demos sorte em encontrar a editora As Américas.
 Meu editor, o Marco Antonio Faceto é um 
cara corajoso, de garra, que está fazendo
 história, com certeza, lançando Apache, 
um quadrinho nacional. O Fabiano também
 é um grande bengala brother.
 Esses dois caras, da ed. As Américas
 são de mais.




Raramente se vê produto brasileiro nas
 bancas. Um absurdo. Quanto ao planejamento 
e profissionalismo dos gringos, preparando 
o mercado para receber o produto, isto 
também se deve ao fator: ter dinheiro.
 Eles fazem as coisas planejadas, com 
antecedência, com uma grande
 infraestrutura de marketing, planejamento de mídia e até merschandising, etc. No Brasil, onde os editores e desenhistas que se aventuram em fazer e lançar suas HQs, em geral, não têm grana, a coisa acaba saindo nas coxas, sem planejamento. Acredito que é por isto que muita coisa morre logo nas primeiras edições. 
A maioria dos editores querem lançar as edições 1, 2 e 3 e ir pras cabeças. Se não venderem bem, param. Assim, nada vai pra frente. É preciso insistir até o leitor descobrir que o produto existe – já que não há grana para investir em rádio e TV e a divulgação via WEB ainda não é tão significativa, no país.  É preciso investir, insistir por várias edições para encontrar o seu nicho - seu público-alvo. Há editores que param na primeira, é incrível.  Voltando a falar da Arcana Comics... hoje eles têm cerca de 150 títulos e em 4 anos já venderam cerca de um milhão de exemplares em todo o mundo, via WEB, é isto mesmo?

Fabio – Sim a Arcana deu muito certo graças 
a presença deles de forma forte nos eventos
 de comics e pela forma que eles têm de divulgar. 
As animações feitas para divulgar as 
revistas são obras fantásticas.

 Tony 27 -  Já vi algumas dessas animações! 
São show de bola. Kade, o herói gótico, foi 
o primeiro gibi de sucesso da Arcana. 
Wizard’s  Secret  Satsh e 100 Girls, 
também da Arcana, foram campeões de
 venda, pelo que sei, e até receberam o troféu 
 Winning The Shuster Awards for Top Publisher... 
sabe me dizer mais sobre isto?




Fabio –  Kade se tornou o carro-chefe da Arcana,
vendeu muito e vai ter muitas novidades
 chegando sobre o personagem esse ano. 
A mão pesada do Sean fez a diferença na 
edição do Kade. Sean é o roteirista. 
A questão é que a Arcana é muito organizada,
 eles preparam bem cada edição.

                Tony 28 – Fui lá no site deles conferir 
e achei aquele vídeo maravilhoso (Midgard)... 
os caras dão um show de animação em
 computação gráfica. O trabalho deles é 
super profissional. O pessoal da Arcana
 Comics está de parabéns! Você e sua 
equipe também fazem animações pra eles?







Fabio - R: Não. A única coisa que fazemos é 
criar cenários para games.

 Tony 29 – Legal. Na minha opinião pessoal, 
hoje, games são como os quadrinhos do 
passado. São um sucesso de vendas e sempre
 muito esperados. Vocês estão trabalhando com
 o produto certo, de grande aceitação mundial. 
Voltando a falar de vocês, nossos intrépidos 
artistas... O estúdio Ink Blood já trabalhou
 com alguma editora no Brasil? Pretende 
negociar novos projetos 
com editores nacionais?

Fabio – Nunca trabalhamos com editoras daqui. 
Por quê? Porque vivemos de quadrinhos e
 aqui o valor pago é muito baixo, não dá pra 
viver. Já  me passou a ideia de fechar parceria
 com uma editora de médio porte pra lançar
 títulos no Brasil, mas agora pretendo vender 
lá fora e depois voltar como enlatado... 
 o povo vai pensar que é revista 
americana traduzida no Brasil.

Tony 30 – Você tem razão... os preços são 
incomparáveis... não dá pra viver só de HQs, 
por aqui...  mas, as grandes editoras nacionais 
chegam a pagar até 500 reais por páginas, 
o que não é nada mal... o duro é fechar
 com uma Abril, por exemplo. O brasileirio, 
como é paga-pau de americano, na certa, 
vai comprar Anubis achando que é de lá... 
vai ser um sucesso. A ideia é boa. Acho que a 
maioria dos leitores nacionais têm 
preconceito das nossas HQs, pelo menos, a
 grande maioria. Vamos falar de Anúbis – 
que está sensacional. Anubis é uma mini 
série em 2 edições, pelo que sei, certo? 
E quanto a Scar Darknnes Blood?
 Este é um outro projeto de vocês, de
 terror gótico? Também é uma miniserie?
 Conta pra gente como são estes
 novos projetos editoriais...











Fabio – Scar vai sair pela Arcana também, 
em forma de graphic novel. Tenho vários títulos
 pra lançar esse ano , por lá.
Mostrei o Chet para o Sean e ele me disse
 que distribui nos E.U.A.

Tony 31 – Cara, você pegou na veia. 
Tá faltando terror no mercado... Quanto ao 
Chet ou qualquer outra HQs, olha aí...
 isto pode ser uma boa saída... mas tem 
uma coisa: você sabia que o Tex nunca 
foi publicado na América? Os americanos 
odeiam ou não aceitam que estrangeiros 
“mexam” com o folclore deles. 
Fazer esses caras aceitarem um western
 feito fora do país não vai ser tarefa fácil,
 bengala young and friend. Mas, vale a
 pena tentar... vai que, de repente, emplaca? 
Como disse antes, o mundo é dos doidos...
 (Rsss...). Quem não arrisca morre 
sem saber se ia dar certo. Continuando...  
O que é ou o que foi Necronomicomics?
Dá pra explicar?


Fabio – Necronomics vai sair ainda. Será uma 
revista de terror, aventura e ficção cientifica, 
que estou trabalhando desde 2009. Estou
 juntando material. Eu pago por HQs fechadas 
aos artistas. Muitos me enviaram roteiros 
e desenhos , mas pouca coisa interessante.
 A minha proposta é ter um estilo kripta, 
Spektro e Hevy Metal em uma só edição. 
Já tenho um bom número de HQs e series 
pra lançar na revista com bons artistas. 
Terá também seções com entrevistas 
e matérias sobre quadrinhos.




Tony 32 – Gostei! Isto me parece um grande
 e sensacional projeto e, pelo que você disse, 
está planejando, a La gringos... ou seja,
 cuidadosamente... maravilha! Kripta, Spektro
 e Heavy Metal, três grandes títulos de 
alta qualidade... aliás, há séculos não 
sai uma boa revista de terror ou ficção, 
no país. Nem estrangeira, nem nacional.  
Até as HQs eróticas sumiram. 
Nas bancas só dá mangás, super-heróis
 e Hentai – HQ erótica japonesa. 
-me, Fabio... 
Algum sonho?




Fabio - De creme... kkkkkkkk . Olha quero 
publicar muito quadrinho, fora e aqui.

Tony 33 – Sonho, de creme? De padaria...
Também, adoro... (Rsss...). 
Piadista... Alguma frustração?

Fabio – Não poder pagar pelo menos 100 
dólares por página pra cada desenhista.

Tony 34 – Mesmo assim, não tá pagando mal,
 pelo visto... depois desta entrevista vai ter 
muita gente querendo trabalhar para você... 
com certeza. Uma pergunta crucial, que
 todos querem saber: 
 Chet Ed. # 2, vai sair pela Ink Blood Comics?

Fabio – Vai sair a edição 01. A especial não conta. 
Como disse anteriormente a ideia era lançar 
só a especial. Eu não iria continuar.
 Mas, velho...quando as cartas de leitores 
começaram a chegar e de fãs de várias
 cidades...putzs ...deu um nó na garganta.
 Eu vi que era aquilo. Vi que aqueles 
leitores mereciam o respeito de ter
 mais edições. Então decidi continuar,
 para esses leitores ...quanto aos críticos
 e os caras que gostam de enlatados ...
 que vão à merda. Vou fazer revistas
 para nossos fãs e isso é o que importa.

Tony 35–  Que bela e boa notícia. Os fãs de Chet 
vão adorar... eu vibrei, com esta revelação... 
Quanto aos críticos e pseudos-artistas, sempre
 os mandei à merda. Defino crítico de
 arte como: o sujeito... ou melhor, o pentelho, 
frustrado, que não faz porra nenhuma e 
que adora meter o pau em quem faz.  
Se acham o nosso trabalho uma merda, 
por que é que eles não pegam e não
 fazem melhor, se são entendidos? 
Quem sabe, faz... quem não sabe, pixa...
Também sempre tive em mente uma coisa:
 Faço HQs para o grande público e não
 para meia dúzia de pseudos-entendidos. 
Os únicos elogios significativos, de fato,
 são: dos fãs, da distribuidora e do meu editor. 
O resto é merda.  Agora vamos saber como
 você se auto define... Fábio Chilbiski 
por Fabio Chilbiski?

Fabio –  Uma mula teimosa,que não 
desiste nunca. Se me encher, faço por birra. 
Me tornei mais perigoso, aprendi a ficar 
quieto e começar tudo de novo... 
Viva, Raul! Viva a Sociedade Alternativa
e viva os quadrinhos, pô!

Tony 36 – Raul, grande cara, genial... maluco beleza... 
curto, até hoje, o  grande trabalho musical dele. 
Foi um cara genial. Mas, em especial, aquela 
canção que diz: “Tente outra vez!”  Aquela ordem 
é uma lição de otimismo, de perseverança e 
deveria ser seguido por todos. Em frente... 
O Ink and Blood Studio já deve ter 
feito muitas HQs para o exterior, pelo visto. 
Em geral, qual é a média de preço que uma
 editora independente paga por uma página
 de quadrinhos, Fábio? Pode nos informar?
 Na certa, muitos desenhistas que sonham
 em um dia poder trabalhar pro exterior 
estão ansiosos para ter esta
 informação... (Rsss...). Já tô 
vendo a turma com a antena ligada. 
Esta vai ser a parte mais lida dessa entrevista, 
pode ter certeza... (Rsss...).

Fabio –  Pra piazada que está começando vai a dica...

Tony 37 - "Piazada" (molecada)... esses termos do sul 
do país são engraçados...

Fabio - Sempre peça 50% adiantado,
 nunca entregue em alta resolução o material 
se ainda não foi pago. Uma HQ só deve ser 
entregue em 300 ou 600 DPIs a arte. Não seja
 trouxa de gringos, cobrem. Nada de fazer por
 comissão, desenhar e receber por porcentagem 
de vendas. Isso é pura bucha. Editores 
independentes e editoras pequenas
 pagam em media 25 USD (dólares americanos), 
mas tem nego que pensa que latino não 
tem estomago e oferecem até 5 USD por 
página. Manda o cara se catar. 
As médias começam com 50 USD por 
página, para novatos. Mas há muitas 
pagando entre 120 a 170 usd por página.
 Lembrem-se: 
não existe só a Marvel e a DC, moçada.

Tony 38 – Gostei... há vida inteligente 
além da Marvel e DC.
Caro, bengala friend young, Fábio 
Chilbiski, o famoso polaco negro das
 HQs nacionais – Chilbiski... 
Êta sobrenome polaco complicado... (Rsss...) -, 
mais explícito do que você foi ao responder 
a última questão, impossível...
 suas dicas foram objetivas e 
muito esclarecedoras. Depois dessa, só 
vai entrar em fria quem nunca leu 
esta entrevista\bate-papo.
 Por falar nisso, nosso bate papo foi muito
 bom, foi elucidativo e 
até divertido... você é um cara simpático, 
atencioso, brincalhão, 
inteligente, com uma grande visão real do 
mercado, e super descontraído... 
quero agradecer por sua atenção
 e desejar um grande 2011
 para você, para sua família e toda 
a sua equipe... e que todos 
os seus projetos de vida e profissionais 
se concretizem. 
Valeu, bengala friend and young, do Sul, 
e grande guerreiro! Quer deixar alguma
 mensagem, e-mail para
 contato, endereço de site
 do estúdio? Fique a vontade.

Fabio – Mestre, Tony, eu é que agradeço a honra 
de conversar com você. Eu era piazinho quando 
comprei Fantastic Man em banca, 
tú tá velho cabra... KKKKK...

Tony 39 -  Ahá! Então fostes tu!? Naquela época só 
vendemos dois exemplares de Fantasticman... 
um pra minha mãe e o outro foi... então, 
foi você, o doido? (Rssss...). Velho é apelido... 
ajudei a construir a Arca de Noé , pode me 
chamar de vozinho... tenho 5 netinhos (Rsss...). 
Gozador... você não tem jeito, piazão... 
algo mais pra dizer? Mais alguma gracinha?
  
              Fabio –  Meus queridos amigos Brasileiros, 
nós somos um dos países mais criativos do
 mundo. Mas precisamos valorizar nossa 
produção. Vocês gostam do Aranha, do Capitão,
Superman, entre outros, por que é enlatado. 
Se fosse nacional vocês achariam ridículo.
Eu coleciono Homem Aranha e gosto muito 
da velha fase. Há também aqueles que acham
 todo personagem brasileiro ruim e suas 
origens  ridículas. Mas... por que não 
valorizarmos nossa cultura? O americano usa 
até cueca com a bandeira americana. 
Nós só lembramos da bandeira, símbolo 
da Pátria, na época da Copa do Mundo. 
O quadrinho brasileiro é extremamente rico
e bom. Basta voces enxergarem.  Não temos 
um Will Eisner ou Stan Lee entre nós??? 
Não temos por que vocês não dão chance do 
mercado amadurecer. 
não compram a revista 
ruim pra incentivá- la a melhorar, por quê?
Já ouvi leitor dizendo assim:
“Nossa essa edição do Batman está ruim... 
mas vou levar, afinal é o Batman.”
 Esse tipo de pensamento é medíocre e 
acaba com os sonhos de termos um 
grande mercado nacional de quadrinhos, um dia. 
Quer saber mais? É claro que temos 
Wills Eisners e Lees por  aqui.
Basta tirar a cabeça pra fora e enxergar, cara...
 lembram de um cara chamado Jaime 
Cortez  e de um tal de José Lanzellotti???
Um abraço a todos e até o Chet # 01. 
Nossos colts 45 estão carregados até a boca...

Tony – 40 : Caceta... depois desse belo
 discurso você já pode se canditar ao senado,
 em Brasília, bengala young. Gostei.
 Tem gente que acha que os comics só tem 
gente boa, que começaram bambas. Tá cheio 
de nego ruim por lá. Eles também 
criaram milhares de personagens e revistas 
que não deram certo. É preciso estar ciente 
de que todo trabalho evolui. Os primeiros 
Batmans e Supermans também tinham 
desenhos ridículos... não evoluiram? 
Valeu, grande Fábio Chilbiski, o único polaco
 preto do Sul do país e das HQs brasileiras... 
precisamos de mais guerreiros com
 espírito nacionalista e consciente
 como você, piazão! 
Até de repente, tchê! Barbaridade! 
Tri-legal!Putz... isto é papo de gaúcho 
não de paranense, "barriga verde"... 
vocês não têm
nenhum linguajar típico aí do Paraná?
                 Website do Fábio: http://www.inkbloodcomics.com/2010/03/chet.html
               e-mail: inkbloodcomics@gmail.com

Ainda dá tempo de adquirir a edição 
especial de CHET e outros produtos
editoriais lançados pelo Fabio,
nas Comics Shops ou por e-mail!

Não perca também outra sensacional 
entrevista com... 
Jotah, o criador da 
Turma do Barulho 
em...
Jotah foi um dos poucos a conseguir fechar 
um contrato com a editora Abril e que também 
conseguiu lançar, por ela, 5 edições. 
Na entrevista ele revela coisas de bastidores. 
imperdível.


Wilde Portella - escriba, criador de Chet


Arte: Paulo José. Chet ed. # 1 vem aí! Fique plugado!

Copyright 2011\Tony Fernandes\Estúdios Pégasus -
Uma divisão da Pégasus Publicações Ltda - SP - Brasil

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