segunda-feira, 20 de abril de 2015

FELIX THE CAT - A VERDADEIRA HISTÓRIA


Na década de 20 um personagem criado para desenhos
 animados, no tempo em que o cinema ainda era mudo,
gozava de fama internacional. Tanto, que até o escritor
 brasileiro Monteiro Lobato, impressionado com a
popularidade desse grande ícone das animações
 americanas, decidiu colocá-lo numa aventura da
turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo. No entanto, ele
 não foi o primeiro felino do cinema de animação
ou do mundo dos quadrinhos.
Anos antes de sua criação, Krazy Kat, criado por Herriman,
 já havia surgido em desenho animado e também fora
 publicado em forma de HQs. Segundo pesquisadores -
 inclusive o grande editor brasileiro chamado
Otacílio d'Assunção Barros (Ota), famoso ex-editor
 da revista MAD, Tex e Spektro, pela extinta Vecchi, que é
um estudioso de HQs - , a história da criação desse 
personagem foi tumultuada.
Há quem atribua a criação desse gato ao autraliano
Pat Sullivan, que migrou para os Estados Unidos.
 Porém, outros afirmam que quem, de fato, criou o felino
 e o desenvolveu foi o desenhista e animador Otto
 Messmer. 

Em 1923, a King Features Syndicate adquiriu os
direitos para transformar o felino em HQs, como
 página dominical. Porém, ele estreou primeiro,
nesse formato, na Inglaterra, e não na América, em 1923.
Nos Estados Unidos ele foi publicado pela primeira vez
 no jornal Boston American em seu suplemento
dominical, onde revezava com outros personagens.
Mas, foi na telona que ele se notabilizou.
Em 1927, uma tira diária dele foi lançada e sua página
 dominical só foi cancelada em 1937.
A seguir, você vai saber um pouco mais sobre...

 FELIX, UM FELINO DE SUCESSO!


 

Assim que chegou à América, em busca de uma vida
 melhor, Pat Sullivam exerceu diversas atividades
  profissionais e até uma breve carreira como lutador
 de box. Por fim, acabou arrumando emprego no
 estúdio do cartunista William F. Marriner, desenhista e
autor de uma tira para periódicos chamada Sambo.     
Quando Marriner veio a falecer em 1914, Sullivan 
assumiu a serie Sambo. Porém, ela logo foi cancelada.
,assim, Sullivan, temporariamente, ficou sem emprego.
Mas, como naquela época, o mercado de desenhos animados 
estava em franca expansão não demorou muito para que o desenhista arruma-se trabalho num dos estúdios pioneiros
criado por Raoul Barre, que trabalhava sob encomenda para diversos distribuidores.

Após adiquirir boa experiência no ramo da animação 
Sullivan, em 1916, abriu seu próprio estúdio e para 
auxiliá-lo contratou o criativo animador Otto Messmer,
 que estava iniciando no ramo. Essa contratação, com certeza,
acabaria mudando de forma radical o futuro daquele
australiano.


UM AUTOR ATRÁS DAS GRADES



1917 - Pat Sullivan foi preso por ter seduzido uma
 adolescente, que morava nas redondezas do estúdio, 
e por ter passado doença venérea para a jovem acabou
sendo condenado. Durante um ano ficou prisioneiro na penitenciária de Sing Sing. Nesse período turbulento da
 vida do australiano Messmer teve que procurar outro 
emprego, mas, de pente, foi convocado para prestar o
 serviço militar justamente na época em que a
América entrava na Primeira Guerra Mundial.
 Foi enviado para o front, na Europa.
Ao voltar da guerra, ileso, encontrou o estúdio de 
Sullivam em plena atividade, com algumas boas
 encomendas, como: fazer uma animação cujos
desenhos fossem baseados no vagabundo
(Carlitos), criado pelo genial Charles Chaplin, que
fazia um grande sucesso nas telonas.




Empolgados, arregaçaram a manga e começaram
 a trabalhar. De súbito, receberam uma encomenda 
urgente da Paramount, que exigia uma animação
às pressas. Nessa encomenda expressa era uma 
serie chamada  Feline Follies (1919). Foi nela que
Feliz apareceu pela primeira vez.
 Feline Folies, na verdade, era um dos programas de 
variedade criados pela Paramount Screen Magazine 
que eram exibidos nos cinemas da América
antes do início do filme principal. 











Pat  e Otto Messmer trabalharam dia e noite para 
fazer a encomenda. O esforço foi coroado
com êxito, visto que o público adorou o trabalho. 
Assim, a empresa que produzia o programa,
 Famous Players-Lasky, acabou assinando um contrato
 com a pequena empresa de Sullivan para produzir 
novos desenhos com aquele gato esquisito que tinha
caído nas graças dos espectadores.
O personagem acabou  recebendo o nome de Felix.
Mas como esse programa tinha um custo elevado o
produtor Adolph Zukor decidiu cancelá-lo.
Sillivan entrou em pânico porque os direitos autorais
 daquela serie animada em que Felix tinha se tornado 
o astro principal era de Zukor.
 Como ele poderia obter os direitos
sobre o personagem? Esta era a questão.

A SOLUÇÃO

Após imaginar inúmeras estratégias e tentar infrutíferas negociações onde o Zukor se mostrava irredutível em 
lhe ceder os direitos do personagem, ele decidiu apelar 
e acabou dando uma mijada na mesa de Zukor, após 
invadir o escritório do poderoso da Paramount.
Furioso e visando evitar mais dores de cabeça com 
aquele autor maluco, Zukor mandou seu
advogado transferir os direitos de propriedade 
de Felix para Sullivan.





Ainda segundo especialistas em HQs, embora o gato
Felix tenha sido criado por Messmer ele só foi reconhecido
como seu legítimo criador muitos anos depois.
Pat Sullivan era quem assinava os trabalhos enquanto
Messmer atuava como desenhista fantasma. 
Seu nome jamais apareceu nos créditos.
Na realidade Sullivan jamais participou do processo 
de criação. Otto Messmer era quem coordenava um 
pequeno grupo de animadores.
Sullivan, não se pode negar, era um bom
empresário, mas um péssimo cartunista.






Em 1921, Sullivan assinou um novo contrato, desta feita com Margaret J. Winkler, ex-secretária de Harry Warner, que a encorajou a montar o próprio negócio dela para
distribuir filmes e animações. Assim, Margaret se 
tornou a primeira mulher do mundo
a ter sua própria produtora e distribuidora.



MARGARET TORNOU FELIX 
AINDA MAIS POPULAR


Ao passo que o estúdio de Sullivan produzia os desenhos
era Margaret que cuidava com eficiência para que eles 
chegassem às salas de exibições. 
Em 1932, essa mulher já havia conseguido montar
 uma grande rede de distribuição no território americano
e no Canadá. Também assinou contrato com a Pathé para
a distribuição internacional. Foi graças a ela que
 Felix passou a ser exibido num número incrível de 
cinemas da América e do mundo, até se tornar um 
grande ícone dessa importante mídia.








A, equipe de Sullivan

DA TELONA PARA OS QUADRINHOS

Em 1923 Felix, o gato, se tornou HQs que eram
 distribuídas pela King features. Cabia a Messmer criar, 
desenhar e desenvolver  as tiras de jornais. Aliás, Messmer desenhou mais HQs de Felix do que participou das 
animações. Em 1943, ele passou a desenhar também os 
gibis do felino que a princípio foram publicados pela
 Dell Comics, e depois pela Toby Press e pela
 Harvey Comics.
















Felix era um sucesso. Além das tiras, diversos outros
 produtos começaram a apresentar a marca Gato Felix.
 O personagem, de repente, se transformou num fenômeno
mercadológico, foi o primeiro campeão de licenciamento para merchandising, enriquecendo Sullivan.
Inúmeros eram os produtos que traziam Felix estampado. 
E, por incrível que possa parecer, até uma música chamada
Felix on Walking fez um tremendo sucesso no Hit Parade
da Inglaterra, em 1923. Os negócios iam de vento em polpa, 
mas no horizonte algumas nuvens negras 
prenunciavam problemas.













PAT SULLIVAN VERSUS
 O CASAL MÍNTZ

Como bom negociante, Sullivan pleiteva sempre aumentos
 na hora de renovar o contrato com Margaret Wrinkler. 
Ela e o marido sempre acabavam cedendo as propostas
daquele homem, mesmo a contra gosto, afinal não podiam
 deixar escapar aquele felino que estava valendo ouro.
 O Gato Felix era o carro chefe daquela empresa. 
Em 1924 a Wrinkler Pictures passou a distribuir os
 desenhos de outro animador, um jovem chamado
 Walt Disney, que tiha criado uma serie chamada
Alice in Cartoonland. Esta serie criada por
Disney era oposta a outra famosa serie criada pelo
estúdio Max Fleischer - que fizera Popeye - chamada
Ou of The Inkwell, que também era
distribuída pela Wrinkler.




Enquanto a serie de Fleischer mostrava um
personagem animado contracenando com gentes,
Alice - inspirada na personagem de Lewis Carroll -
 era uma figura humana que vivia num mundo de
figuras animadas, desenhadas. Por imposição de Charles 
Míntz, marido de Margaret, os personagens criados
por Disney deveriam ser parecidos com Felix. 


Disney e Mitz

Assim, surgiu Julius, um gato coadjuvante, uma cópia
descara do gato Felix. Pat Sullivan ficou furioso e 
avisou  seu advogado que não iria mais renovar
contrato algum com aquele casal que jogara 
sujo com ele. 


CHARLES MINTZ, O TRAPACEIRO


O coelho Oswald ( Oswald The Lucky Rabbit), criado
 por Disney  era um plágio de Felix, apesar de ser
um coelho, por imposição de Mintz. Por fim, Oswald
acabou sendo roubado por Mintz. Isso aconteceu anos
depois, quando o desenhista e animador tentou negociar
 um aumento. De repente, Charles Mintz disse que 
não precisava mais dos préstimos de Disney.
Como se isso não bastasse, Mintz também acabou
contratando a equipe do animador para trabalhar
 exclusivamente com ele. Como consequência, 
Disney e um de seus sócios minoritários - Roy Disney
e o desenhista Ub Iwerk eram sócios que tinham uma 
pequena parcela das ações da companhia.



Mintz de óculos e chapéu na mão

Algum tempo depois, por sorte, Walt Disney e
 Iwerks acabaram criando Mickey Mouse, um 
dos maiores ícones do desenho animado e das HQs.
Isto é, quem deu as formas ovais 
ao camundongo foi Iwerks.






AQUI SE FAZ, AQUI SE PAGA

Esse antigo adágio popular de fato veio a acontecer
na vida de Mintz, o trapaceiro, quando a Universal,
legítima dona dos direitos de Oswald, contratou um
outro animado, Walt Lantz, tirando o trapaceiro 
Mintz da jogada.
Anos depois, Lantz seria o criador de clássicos da
animação e das HQs, como: Andy Panda, Woody
Woodpecker (O Pica-Pau, no Brasil) e outros
personagens que se tornaram célebres.



SURGE A BIJOU FILMS

Pat Sullivan e Knopp fundaram uma nova empresa, 
a Bijou Films, que se tornou a nova produtora dos
desenhos animados de Felix, após enfrentar alguns
processos judiciais movido pelo casal Mintz,
que não deram em nada. O gato Felix continuou a 
fazer sucesso e isso fez com que Sullivan
enriquecesse ainda mais.
Faturando alto, Sullivam vivia viajando para 
divulgar ainda mais "seu" personagem, enquanto 
Messmer e sua equipe em Nova Iorque não paravam
de produzir os desenhos animados, que 
se tornariam clássicos.








Sullivan vivia inventando histórias de como tinha 
inventado Felix. Passava longos períodos fora dos Estados
Unidos, gozando da fama e do sucesso que aquele
felino fazia em outros países.
Enquanto Messmer, o real criador de Felix, vivia
modestamente, Sullivan esbanjava dinheiro e se tornara
um alcóolatra. Acreditava, piamente, que aquele gato jamais
iria perder a popularidade. Aos poucos, o consumo 
exagerado de álcool acabou 
prejudicando a saúde e os negócios de Sullivan.

SURGE O CINEMA SONORO. 
FELIX ENTRA EM DECADÊNCIA




1927 - Era o dia 6 de outubro, quando o filme 
The Jazz Singer estreou nas salas de exibições
da América. O filme foi um campeão de bilheteria e definitivamente decretou o final do cinema mudo.
Subitamente, o  mundo do cinema ficou
de pernas para o ar.
No dia seguinte, após a estreia do primeiro
filme sonoro, muitos produtores de Hollywood,
preocupados, tentavam se adaptar àquela nova
tecnologia.
Não havia saída: Ou se adaptavam à nova realidade 
ou iriam sucumbir. Sullivan, acomodado com o sucesso, 
decidiu não aderir a nova onda de mercado, de imediato.
Para acabar de desbancar Felix, Disney e Ub Iwerks, 
após terem sido sacaneados por Mintz, criaram
e desenvolveram em segredo o primeiro desenho animado 
de Mickey Mouse. E, para não ser passado para
trás outra vez Walter Elias Disney decidiu registrar
 aquele seu novo personagem. A ideia inicial era fazer
uma animação com Mickey sem som, mas com o sucesso alcançado por aquele primeiro filme sonoro os planos foram mudados. Disney resolveu investir num desenho animado 
sonoro. Mal sabia Sullivan que os dias de fama do seu
gato estavam prestes a acabar.

Al Johnson também encenou uma peça na Broadway


É LANÇADO STEAMBOAT WILLIE

O primeiro desenho animado feito por Disney foi 
exibido nas telonas no dia 18 de novembro de 1928.
Este fato deu início a uma nova era do cinema de
animação. Mickey mouse, de imediato, conquistou 
o público, ganhou espaço nas mídias, fazendo com
que Felix ficasse relegado a  segundo plano. 
Não demorou muito para que Felix, o gato, começasse
a perder popularidade. Sua decadência teve início em 1931,
afirmam os entendidos.
Assim a maioria dos contratos de merchandising foram 
cancelados, porque os grandes fabricantes de brinquedos e
outros produtos industrializados preferiam Mickey.






SULLIVAN EM DECADÊNCIA

Obviamente, financeiramente a empresa de Sullivan 
ficou abalada com o repentino declínio de
popularidade de Felix. Mesmo assim Pat Sullivan
continuava gastando e bebendo desenfreadamente,
enquanto a sífilis que ele contraíra anos atrás, devido
 a suas aventuras sexuais, estava num estágio avançado
e atacava seu cérebro. Como se não bastasse a caótica 
situação financeira e física do autor, sua esposa, 
Majorie Sullivan, em 1932, caiu da janela do segundo
 andar do prédio onde residiam. Os jornais da época
 especularam sobre esse estranho caso, suspeitando
de assassinato, mas, por fim, o laudo médico concluiu 
a causa da morte, como: suicídio.
Tais fatos fizeram a mente de  Sullivan piorar de vez.
 Passava horas bebendo e torrando, literalmente,
 dinheiro. Muitas vezes sua mente estava
tão abalada que nem conseguia reconhecer os
 amigos ou seu fiel escudeiro Messmer. 
Pat Sullivan veio a falecer no dia
15 de fevereiro de 1993. Causa da morte: 
Alcoolismo crônico e pneumonia Lobular terminal.

MESSMER E FELIX

Mesmo após a morte de Sullivan, Messmer continuou
 a desenhar as HQs de Felix. Certa feita, Van Beuren, 
dono de um estúdio que não conseguia notoriedade
no ramo, porque não tinha nenhum personagem
carismático ou importante, após negociar com os 
herdeiros de Sullivan uma nova serie de animação
de Felix, entretanto Messmer se  recusou a participar dela. 
Van Beuren só tinha um personagem, que além de
aparecer em animações também aparecia nas HQs
dos jornais, Little  King (Reizinho). A ideia era fazer 
ressurgir das cinzas o gato Felix através de uma nova 
serie animada que pudesse aumentar substancialmente
o faturamento de seu estúdio.








GILLET E FELIX

Como Messmer se recusou a participar da nova serie, 
Van Beuren recorreu a Burt Gillet, um
experiente animador que já havia trabalhado com
 Messmer há alguns anos atrás e que depois
foi trabalhar na Disney. Gillet aceitou o desafio e 
assim passou a dirigir essas novas animações de Felix.
Porém, quando a RKO, que distribuía os desenhos 
produzidos pelo estúdio de Van Beuren decidiu
cancelar o contrato a pequena empresa de HQs
começou a viver dramas financeiros. 




Estrategicamente, seu dirigente decidiu investir
firme nas tiras de jornais e nas HQs, passando a 
esses dois tipos de material aos editores. 
Milagrosamente, o personagem e o estúdio passaram 
a sobreviver apenas das histórias em quadrinhos. 
Foi através dessas HQs que o gato Felix voltou a 
fazer sucesso. Mesmo assim, o carismático personagem 
 voltou ao mundo dos desenhos animados na 
década de 50.


JOE ORIOLO E FELIX



Há um ditado que diz que os gatos têm sete vidas.
Pelo visto, a história real da trajetória desse felino 
do mundo da animação e das HQs é a prova cabal de que
essa antiga lenda, muitas vezes, se torna realidade.
Otto Messmer tinha conhecido Joe Oriolo na época em que trabalhou para nos Famous Studios, que pertencia à
Paramount, que acabou sucedendo o famoso estúdio de
Max Fleischer. Em virtude de Messmer começar a
trabalhar numa empresa que produzia letreiros
 animados para propagandas que eram utilizadas 
em fachadas de edifícios - para melhorar seu 
faturamento -, ele vivia atarefado e precisava
 urgentemente de alguém para ajudá-lo a desenhar
 as tiras diárias e as revistas de HQs de Felix.
Oriolo, não hesitou e assumiu os quadrinhos e depois
as próprias tiras distribuídas pela King .





Curiosamente, anos depois, Oriolo criou um livro 
infantil chamado Casper The Friendly Ghost 
(Gasparzinho, no Brasil). Porém, como ele jamais 
conseguiu publicar esse livro desse personagem,
ficou desanimado e  decidiu vender os direitos.
Passou a escrever os roteiros para uma
serie animada do seu ex-personagem
que acabou sendo lançada pela
 Paramount em 1945. Casper fez sucesso
imediato, que acabou ganhando uma serie
 de TV,e da telinha rapidamente virou personagem 
de revistas de  histórias em quadrinhos.
Oriolo ficou furioso, pois  só recebeu pela venda
dos direitos  e pelo  primeiro roteiro que escreveu 
desse simpático personagem infantil, que acabou agradando pessoas de todas as idades. Apesar de Casper
fazer sucesso mundial, seu autor jamais viu ou
ganhou um centavo além da negociata inicial.
Apesar da infeliz negociação,  o destino tinha outros 
planos para Oriolo.





PROPRIETÁRIO DA
MARCA FELIX

Joe Oriolo, ao contrário de Messmer, levava jeito para
os negócios. Em 1950, Pat Sullivan, sobrinho\herdeiro
que tinha o mesmo nome do tio, chegou à América,
 vindo da Austrália, dispostos  tocar os negócios
 da família e tinha uma ideia fixa na cabeça:
 ressuscitar o gato Felix. Se estabeleceu nos
Estados Unidos e se associou a Oriolo com o intuito 
de produzir uma nova serie de animações para a TV, 
que necessitava de desenhos inéditos, 
pois viviam de reprises.
Naquela época William (Bill) Hanna e Joseph (Joe) 
Barbera, criadores de Tom e Jerry, estavam inativos
 depois que a Metro resolveu acabar com o
departamento de animação. Sem esmorecer,
os dois decidiram fundar uma nova produtora de
animação: a Hanna-Barbera Productions,
que se tornou especialista em desenhos animados
,para a TV, ao criarem um sistema prático e 
econômico - que reduzia o número de fotogramas
do filme - que barateava os custos reaproveitando
 cenas etc.
O mesmo sistema criado por Hanna-Barbera também
foi adotado por Oriolo, visto que as animações feitas 
para o cinema eram mais bem elaboradas e onerosas.



FELIX, PELA TRANSLUX

Assim, em 1958, surgiu uma nova produção do
gato Felix pela Translux. Nessa nova serie animada 
surgiram novos personagens criados por
Oriolo e, principalmente a fantástica maleta mágica 
de onde Felix tirava coisas incríveis. Joe Oriolo também
produziu outras series animadas para a TV, como: 
Hércules. Com o passar do tempo, começou
a faturar alto adquirindo os direitos de exibição de
desenhos produzidos no Japão que ele adaptava para
o público americano.
Como bom empreendedor, Oriolo acabou comprando 
a parte do estúdio que pertencia ao sobrinho de Sullivan 
e acabou se tornando o único dono da marca Felix.

DONALD ORIOLO E A FELIX 
THE CAT PRODUCTIONS

Com a morte de Joe Oriolo em 1985, seu filho Don 
Oriolo passou a ser o herdeiro da Felix The Cat Productions
e passou a cuidar de manter viva a marca. Nos anos 80, ele produziu um longametragem para o cinema
(Feliz The Cat, The Movie) e algum tempo depois alguns
especiais para a TV. Porém, segundo os entendidos e a 
crítica especializada, a melhor versão de Felix feita para 
a TV foi The Twisted Tales of Felix The Cat, que
foi produzida nso anos 90, onde o felino aparece num 
clima altamente psicodélico. Seu principal roteirista foi
Mark Evanier, parceiro do genial cartunista Sergio Aragonés,
que desenhou a hilária serie chamada Groo, uma sátira de
Conan, o bárbaro.


FELIX, NO BRASIL



O gato preto também foi bastante popular em terras
tupiniquins. Suas páginas dominicais surgiram em 1929, 
através da Gazetinha.
No ano seguinte, foram publicadas no Tico-Tico, a primeira 
revista a lançar HQs no país. Apesar do Tico-Tico lançar inicialmente apenas material nacional passou a publicar dois materiais distribuídos pela King Features: Felix, o gato, e
Mickey Mouse.
Depois, as tiras do felino passaram a ser publicadas 
em diversos periódicos brasileiros.

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS



A editora La Selva foi a primeira a editar as HQs de
Felix no Brasil, entre os anos 50 e 60. Foram lançadas
por essa saudosa casa editorial exatamente  112 edições - 
a última foi em 1965 -, na serie denominada Seleções
Juvenis, segundo estudiosos de HQs.
1966 - A Rio-Gráfica ao lançar a revista Gibi Colorido 
com diversos personagens da King, entre estes estava
o gato Felix. A edição # 25 foi exclusivamente desse
popular felino. A partir da edição # 27 Felix saiu de
cena e o grande astro dessa publicação passou a ser o 
marinheiro Popeye.

Graças a Associação Latino-Americana de Livre
Comércio, uma editora estabelecida no Chile chamada
Cochrane, no final da década de 60, entrou com tudo no
mercado brasileiro de publicações, onde passou a lançar,
num português deplorável, diversas publicações de HQs,
inclusive o gato Felix - que saia paralelamente as edições
da Rio-Gráfica. 

EDITORA TRIESTE

1972 - Nesse época surgiu a editora Trieste, comandada por Estevan la Selva, após se retirar da sociedade familiar, e
resove relançar Felix, em formatinho. Inicialmente como almanaque e depois em edições mensais, de 32 páginas
mais capas, em cores.

BLOCH EDITORES

A última aparição do felino nas bancas nacionais foi em
1974, na revista Super Gato Felix, que foi lançada pela
saudosa editora carioca chamada Bloch Editores. 
A publicação durou apenas 11 edições. Em suas páginas
foram reproduzidas das HQs lançadas na América
pela Harvey.




OPERA GRAPHICA EDITORA

Corajosamente a extinta e saudosa editora Opera Graphica, 
de Carlos Mann, lançou em 2006 uma edição luxuosa 
destinada a colecionadores, em formato livro, com
capa cartonada, chamada Gato Felix Classic, onde foram
apresentadas as 5 HQs clássicas, lançadas em jornais entre
1934 e 1935, criadas por Otto Messmer -  período mais 
popular do personagem. Uma atração especial
dessa publicação que foi comercializada pela 
Comix Book Shop são os textos escritos pelo multicartunista
ex-editor da MAD Ota, da revista Tex e da Spektro,
um grande colecionador e pesquisador de HQs.










Se você é colecionador e perdeu essa edição sensacional 
saiba que ela é indispensável em qualquer acervo que 
se preze. Consulte...

Quem sabe você ainda pode encontrar por lá 
alguns raros exemplares.



Se, de fato, gatos possuem sete vidas - como dizemos
no Brasil. Na América se diz que eles têm 9 vidas -, 
esse felino criado para a animação e para as HQs, que 
sobreviveu  ao longo das décadas, apesar dos 
contratempos, veio ao mundo para
provar  que os gatos são quase imortais.



Comic Con 2013
Por: Tony Fernandes\Redação\Estúdios Pégasus
Uma Divisão de Arte e Criação da
Pégasus Publicações Ltda -
São Paulo - SP - Brasil

Copyright 20015 - Todos os Direitos Reservados

OBS: As imagens contidas nessa matéria têm o cunho
ilustrativo e seus direitos pertencem a seus autores ou representantes legais.  

OBRA CONSULTADA: Gato Felix Classic - 
Opera Graphica
Wikkipedia - Pat Sullivan Biograph -
e diversos sites da WEB,
inclusive, o de Pat Sullivan.