segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Anitta - Menina Má no Domingão do Faustão 18/08/2013 HD

ENTREVISTA COM O BENGALA BROTHER DOM ALVAREZ, COLECIONADOR E FÃ DO JUDOKA!

Nos anos 60 e 70 a EBAL - editora carioca comandada pelo grande guru Adolfo Aizen – pioneiro que trouxe as HQs para o Brasil-, era a empresa que mais lançava quadrinhos no Brasil. Sua maior concorrente era a RGE (Rio Gráfica Editora, atual Globo). Enquanto a Globo, neste período, publicava capas e até quadrinhos de alguns autores nacionais sua maior concorrente inundava as bancas apenas com material importado. Eu era apenas um garoto literalmente tarado por gibis. Comprava de tudo que via pela frente, nacional e importado - para o desespero do meu pai.
Dentre os inúmeros títulos de super-heróis Marvel e DC lançados pela EBAL - que eu colecionava - estava a revista O Judoka, que originalmente era publicado nos Estados Unidos pela Charlton Comics com o título de Judô Master. De repente, para a minha surpresa, a revista mudou o título para O Judoka e passou a apresentar as aventuras de um personagem cujo pano de fundo era a cidade do Rio de Janeiro, escrita e desenhada por autores nacionais. Confesso que vibrei ao ver a minha editora favorita investindo num personagem tupiniquim. Mas, chega de blá-blá-blá!
O entrevistado de hoje, além de ser um dos membros fundadores da confraria mais pentelha do país – Bengalas Boys Club -, é um grande colecionador. Possui um acervo incrível de quadrinhos, resgata fantásticas obras do passado - que generosamente compartilha com os bengalas friends no Facebook. Este cara incrível, que também é um grande incentivador e consumidor do quadrinho nacional, e que tive o prazer de conhecer em São Paulo, assim como eu, é fã de carteirinha do Judoka, um grande herói do passado. Neste exato momento ele está “queimando a pestana” escrevendo um livro sobre este personagem que encantou uma geração.
 Na sequência, vamos saber um pouco mais sobre...

DOM ALVAREZ DE LA MANCHA,
UM JUDOKAMANÍACO E
GRANDE COLECIONADOR!


Tony 1: Bienvenido, Dom Alvarez de La Mancha! Há muito tempo eu desejava entrevistá-lo. Certo dia, perguntei se você poderia conceder-me uma entrevista. Você me disse na maior humildade: “Eu, Tony!? Sou um simples colecionador!” Convém lembrar que a entrevista com o José Carlos (vulgo Zeca Willer) do blog português do Tex – que também é colecionador -, foi uma das mais populares.  Agora, que você está prestes a lançar um livro sobre o nosso personagem favorito das HQs nacionais, pensei: “Agora ele não vai poder recusar...”. Vai me dar a honra de colher seu depoimento ou tá difícil? Posso dar o tiro de largada?

ALVAREZ: Pode sim! Tony, realmente me considero só um pequeno/médio colecionador. Mas que priorizo o material nacional. Fiquei anos sem colecionar quadrinhos, comprava alguma coisa e lia, mas sem colecionar. Até que já depois dos quarenta resolvi refazer minha antiga coleção de O Judoka, meu grande ídolo de infância (eu tinha 12 anos quando saiu a revista). Queria refazer a coleção e escanea-la para distribuir na Net e divulgar o personagem de que tanto gostava na infância. Ai me deu vontade de fazer o mesmo com a Coleção Lança de Prata do Tarzan, onde eram quadrinizados os romances originais de Edgar Rice Burroughs, o genial criador de Tarzan, John Carter de Marte, Carson de Vênus, entre tantos outros personagens. Depois veio a vontade de fazer o mesmo com as revistas da Edição Maravilhosa que traziam a quadrinização de romances brasileiros/portugueses e que foram desenhados por artistas nacionais... E por aí foi. Comecei a fuçar no Mercado Livre atrás de quadrinhos nacionais antigos e comprando o que podia. Daí passei também a revender as duplicatas, ou as que eu consegui por um preço bom, que dava para revender com um bom lucro e reinvestir em novo material de interesse para meu projeto inicial. Assim acabei virando um colecionador e negociador do Mercado Livre, onde compro o que me interessa ou o que está com bom preço e que posso revender depois e reaplicar a grana em novos quadrinhos antigos. E aí o objetivo do projeto passou a ser TODOS os gibis nacionais antigos, quanto mais antigos melhor, para escanear e disponibilizar na Web.

Tony 2: Isto é digno de louvor, porque muitos colecionadores egoísticamente nem pensam em compartilhar nada com os amigos. Acho isto muita mesquinhês. Gostei muito da parte “...Posso revender depois e reaplicar a grana em novos quadrinhos antigos.” Taí um bom jeito de fazer uma bela e grande coleção. Qual é o seu nome completo? Em que dia, mês e ano você nasceu? Cidade, estado ou país?


ALVAREZ: José Manoel Alvarez Vilas Porto. Meu pai não tinha nada para me deixar, então deixou um nome grande. Rsssss!  Nasci em 14/01/1957, na Maternidade Pró-Matre, aqui na Praça Mauá (point da malandragem e das boates e dos inferninhos, naquela época, por ser ao lado do cais do porto carioca). Portanto sou cidadão Carioca com o Maior orgulho, nascido no saudoso estado da Guanabara.

Tony 3: Um “carioca da gema”? Com essa pinta de gringo? Quem diria, hein? Legal... Quando e por que sua família, decidiu vir para o Brasil?

ALVAREZ: Na década de 50 a Espanha vivia uma situação ruim economicamente, vinha de uma guerra civil, estava sob a ditadura Franquista. Todos os jovens com idade de trabalho eram obrigados a servir o exercito ou fugir para outros países para trabalhar e mandar o sustento para suas famílias. Em meados da década de 50, a situação estava muito ruim no campo, na Galícia, de onde a família de meus pais era originária. Meu pai, ainda noivo de minha mãe resolveu vir para o Brasil, pois sua irmã mais velha já tinha vindo pra cá com seu marido. Então ele veio para tentar a sorte e depois trazer minha mãe. Algum tempo depois ele escreveu (que falta fazia o Facebook, e-mail e Skype naquela época!!!) para minha mãe solicitando que ela viesse, pois ele já estava trabalhando e casariam aqui. Porém, meu avô negou e disse que ela só sairia de lá casada. Solteira nem pensar.

Tony 4: É, naquela época os pais não davam mole, mesmo...

 ALVAREZ: Então meu pai teve que ir à embaixada da Espanha e solicitar uma certidão, sei lá o nome que tinha, para casar com ela. Ele assinou, as testemunhas assinaram e o documento foi enviado pela embaixada para a Espanha e minha mãe teve que ira até o Ministério das Relações Exteriores, ou algo semelhante, para junto com meus avós, assinar a certidão de casamento. Só assim meu avô concordou em que ela viesse pra o Brasil reunir-se ao meu pai.  Eu nasci dois anos depois.

Tony 5: Cacilda, se o seu pai não aceitasse a proposta do seu avô jamais teria se casado com sua mãe e você jamais viria ao mundo, parceiro (Rsss...). Íamos perder um dos melhores bengalas brothers da confraria (Rsss...)...

ALVAREZ: Quando tinha quatro anos minha avó materna sofreu um acidente e quebrou uma perna. Então pediu a presença da sua filha lá ao lado dela. Meus pais juntaram o dinheiro pra passagem de navio e eu fui pra lá com minha mãe, deixando minhas duas irmãs com meu pai aqui.  O plano era que ele nos mandaria dinheiro pra compramos as passagens de volta dentro de seis meses. Bem, isso é uma outra história, mas o dinheiro nunca chegou.

Tony 6: Nunca chegou!?? Cacilda... prossiga...

ALVAREZ: Minha mãe teve que ir trabalhar pra juntar o dinheiro necessário pra comprar as passagens de navio e eu só fui rever minhas irmãs quatro anos depois, já praticamente com nove anos.


Tony 7: Isto é que é mulher! Ela foi uma mãezona, na acepção da palavra! Já não se fazem mais mulheres como antes. Mas, seu velho “pisou na bola”...


Mãe e filhos, na Espanha

Tony 8: Prosseguindo... Qual é sua formação? Algum curso superior?


O jovem em sua prancheta

ALVAREZ: Assim que concluí o Curso Científico eu fiz vestibular para Artes Visuais, na Escola Nacional de Belas Artes, da UFRJ. Passei e estudei durante um semestre. Nesta época só havia este curso no horário da manhã, das 08 às 12:00h. Deste modo, como eu já estava trabalhando, meu gerente negociou comigo para que eu entrasse as 13:00h e saísse às 20:30h. E as horas que ficassem faltando para completar as 44 horas semanais eu compensaria aos sábados. Foi um semestre dureza. Mas era compensador. Aulas de modelo vivo, escultura, desenho livre, anatomia...

Tony 9: Aulas de modelo vivo... minha nossa, como isto era bom. Durante este tipo de aulas era comum os garotos ficarem com “o pincel em riste” (Rsss...). E o mestre queria que a gente desenhasse a fulana... como, se dava até tremedeira e nego começava a babar (Rsss...). Tempo bom...

ALVAREZ: A única chatice era a aula de matemática descritiva, pois os dois primeiros anos do curso eram comuns também para o pessoal que fazia desenho industrial e arquitetura. Mas dava pra levar numa boa. 
Então, ao final do semestre entrou um novo gerente e implicou com meu horário. Por mais que eu argumentasse ele foi radical. Eu tinha que trabalhar no mesmo horário dos outros funcionários do departamento ou ele colocaria outra pessoa. Assim tranquei a matricula na UFRJ e fiquei esperando o cara se “enforcar” e entrar outro menos Caxias no lugar dele. Só que ele demorou a sair. E quando saiu eu fui à UFRJ, mas a minha vaga já tinha caducado, pois eu teria que ter destrancado ela e cursado pelo menos um mês antes de tranca-la de novo. 

Tony 10: Gerentão pentelho, né?

ALVAREZ: Como esta era uma fase muito difícil de minha vida, onde eu trabalhava para ajudar no sustento de minha mãe e duas irmãs mais novas, não tive como deixar este emprego. Quando eu tinha nove anos, logo após eu voltar da Espanha, onde tinha ficado quatro anos com meus avós, meu pai abandonou minha mãe e sumiu. Deixou-nos sem nada. Com uma mão na frente e outra atrás, como se diz. Ficamos morando de favor na casa de um tio. Nós quatro dividíamos um pequeno quartos nos fundos da casa. Assim fiz vestibular novamente, mas desta vez para algo que eu achava que daria mais dinheiro e garantisse um emprego melhor. Fui cursar administração. Sou formado em Administração de Empresas. Nesta fase fui incentivado pela Neuza, minha namorada, que fez vestibular junto comigo, pra mesma faculdade, mas para Ciências Contábeis. Era minha namorada naquela época e é minha esposa até hoje, estamos casados a 29 anos.

Tony 11: Seu pai era complicado, mesmo... mas, vocês batalharam, foram fortes e superaram tudo. Isto é importante. Sua história é uma grande lição de vida, para muitos que se queixam a toa. E, por fim, você achou a Neusa, que o incentivou e acabou se tornando a mãe de seus filhos e sua grande companheira. Maravilha, uma história incrível que teve um happy end. Mas, prosseguindo: Qual é a sua profissão?

ALVAREZ: Bem, até maio deste ano eu era vendedor de uma multinacional americana.  Trabalhava lá há 38 anos. Meu único emprego na vida.

Tony 12: Era!? Não é mais?

ALVAREZ:  Em maio, ao retornar de férias fui demitido. Assim como outros colegas também antigos de casa. Eu era o mais antigo de todos. Deram aquela desculpa de sempre, que precisavam colocar gente nova.

Tony 13: Esses empresários, no geral, sempre sacaneiam, nós, os mais velhos... obviamente preferem contratar gente nova, inexperiente, que podem explorar, pagando mesmo. Definitivamente, este país não tem nada a ver com a cultura japonesa, que respeitam os mais velhos, mais experientes. Fazer o quê? Isto é Brasillll...

ALVAREZ: Então resolvi tirar um semestre sabático pra descansar sem pensar em trabalho. Dei entrada na minha aposentadoria e agora estou curtindo meus gibis, meus mais de 500 livros, a maioria ainda sem ler, voltando a fazer meus rabiscos sem compromisso... Estou igual àquela música do grande botafoguense Zeca pagodinho, “deixando a vida me levar”.   

Tony 14: Acho que fez a coisa certa, bengala brother. O negócio e relaxar e deixar a coisa rolar. Já trabalhamos muito na vida. É óbvio que não dá pra ficar na “maresia”, mas poder se dedicar aquilo que gostamos é fundamental. Você sempre morou no Rio de Janeiro? Assim que chegou foi morar em que bairro carioca?

ALVAREZ: Sempre morei no Rio de Janeiro. Nasci na Praça Mauá, morei na região da Praza Onze, depois sempre na Zona Norte, a mais de quarenta em Anchieta (onde também morava anonimamente o imortal Carlos Zéfiro).



Tony 15: Taís brincando!? Então era lá que o cidadão se escondia, fazendo suas HQs de sacanagem? Sou fã do Zéfiro até hoje e ainda guardo algumas raras edições... Essa paixão pelos quadrinhos, na certa, se originou na infância ou adolescência, como ocorreu com a maioria de nós... pergunto: O que você lia na tenra idade? Quais eram seus gibis ou heróis preferidos e artistas – além dos “catecismos” do Zéfiro (Rsss...) ?


ALVAREZ: O jornal carioca O GLOBO publicava diariamente uma página inteira com tiras de quadrinhos. Eram 20 tiras diárias com Superman, Fantasma, Mandrake, Tarzan, Flash Gordon, Brucutu, Dick Tracy, Nick Holmes, Modest Blaise, Recruta Zero, entre outros que não lembro agora. As terças e sábados publicavam uma prancha colorida do Príncipe Valente e Tarzan desenhado por Russ Manning. Aos domingos (isso já anos mais tarde, pois inicialmente O Globo não saia aos domingos), era publicado um caderno especial de quadrinhos, chamado O Globinho Supercolorido, com muitas personagens da Disney, Hanna-Barbera, Popeye, Brucutu, etc. Nessa época morávamos ainda com meu tio, que comprava O Globo diariamente. Eu ficava aguardando ele voltar do trabalho à noite para pegar o jornal. Já o esperava no portão, pegava o jornal e abria o segundo caderno no chão da sala para conseguir ler melhor, pois as folhas do jornal eram bem grandes para um menino de nove, dez anos.



Quadrinhos nas páginas do jornal O GLOBO

Tony 16: Aqui em São Paulo os jornais também publicavam muitos quadrinhos. Nós, os garotos, recortávamos as páginas e colecionávamos as tiras e os cadernos dominicais. Tempo bom aquele, né? Hoje não temos mais tantas opções de HQs em nossos periódicos, infelizmente...



ALVAREZ: Claro que não lia todas as histórias, pois algumas tinham uma temática mais adulta para minha idade e eu achava-as muito chatas. Mas lia todas aquelas que viraram clássicas e que também saíam nas revistas mensais das editoras EBAL e Rio Gráfica, as duas maiores editoras do país naquela época. Assim o jornal O Globo entrou na minha vida (comecei lendo os quadrinhos, alguns anos após passei a ler também a parte esportiva, e muitos anos depois o restante dos assuntos, muito adultos para aquele jovem leitor). Pois eu leio O Globo diariamente até hoje, nunca deixei de lê-lo, sendo que tenho uma assinatura ininterrupta dele desde 1980.

Tony 17: Isto que você citou é interessante, nos habituávamos a ver ou ler os jornais e acabamos nos tornando leitores assíduos deles. Hoje, falta isso... falta atrair os jovens para a leitura, formar fiéis leitores. Mas, a cada dia que passa a galera gosta de ler menos a cada dia... a molecada, hoje, tem uma preguiça danada para ler...  

 ALVAREZ: Hoje, infelizmente, a página de quadrinhos publica apenas algumas tiras, não se comparando com a fartura de opções daquela época. De O Globo passei para os quadrinhos de banca, sempre que ganhava algum dinheiro do meu padrinho, que nos visitava todo sábado, comprava alguma edição das revistas que mais gostava naquela época: Legião dos Super-Heróis, 
O Judoka, Homem-Aranha, O Fantasma, Zorro, Tarzan, 
Flecha Ligeira, Cavaleiro Negro, etc..

Tony 18: Todos clássicos... também curtia muito esses títulos...

 ALVAREZ: Eu só podia comprar uma ou duas durante o mês, mas minha preferência era por alguma destas, de preferência aquela com a capa mais bonita no dia da compra. Também lia as revistas Disney, mas nunca fui de comprar. Gostava muito do Super Pateta e depois do Peninha (Morcego Vermelho).

Tony 19: As desventuras do Morcego Vermelho eram geniais, de mijar de rir (Rsss...). E o material era feito por brasileiros, isto é que é incrível.

ALVAREZ: Nesta época os quadrinhos brasileiros também tinham muitas personagens interessantes, como o Jerônimo, o Herói do Sertão, que fazia grande sucesso desenhado pelo grande Edmundo Rodrigues. Eu ouvia o seriado do Jerônimo diariamente pela Rádio Nacional. Não perdia um capítulo.

Tony 20: Pelo que me lembro, não transmitiam aqui em São Paulo as novelas radiofônicas do Jerônimo, eu acho... mas, eu colecionava os gibis. Adorava os traços do Ed. Por aqui criaram Juvêncio, o herói do sertão, - na cola do sucesso de Jerônimo. Juvêncio também começou como novela radiofônica e acabou virando revista em quadrinhos (editora Luzeiro, do meu saudoso amigo Arlindo Cruz). A garotada não perdia um capítulo, Juvêncio era transmitido diariamente. Naquela época tinha muitas novelas radiofônicas, principalmente, para a mulherada melar a calcinha (rsss...), verdadeiros dramas mexicanos (rsss...). Porém, as histórias eram singelas. Não havia tanta sacanagem como hoje aparece na novela das oito... 

ALVAREZ: E tinha os Quadrinhos da EDREL que eram um capítulo à parte. Um adolescente lendo aquelas histórias maravilhosas desenhadas pelo Fernando Ikoma, o Cláudio Seto, o Paulo Fukue, era uma tentação. Peitos em abundância, bundas desnudas, rssssssss... Achava aqueles desenhos nervosos do Ikoma o máximo.


Arte do mestre Fernando Ikoma



Reedeição das melhores HQs do mestre Ikoma, na EDREL


Tony 21: Aquilo, de fato, era excitante... lembro-me de uma HQ que uma fulana tirava a roupa enquanto um cactus murcho ficava duro... cara, aquilo era demais! Deixava a molecada doida (Rsss...). Acho que a tal HQ era do Seto ou do Ikoma...

 ALVAREZ: E aquelas histórias do Ninja e do Samurai desenhadas pelo Seto eram coisa de outro mundo. Lembravam-me dos seriados japoneses da TV, que eu assistia às tardes na casa de amigos. Em especial os “Agentes Fantasmas”, um grupo de ninjas que lutavam, pulavam de alturas enormes, jogavam aquelas estrelas mortais... Nossa!

Tony 22: Adorava essa série da TV. Pensei que chamasse Patrulha Fantasma (Rsss...). Eu também colecionava as edições do Ninja e do Samurai, da Edrel. Na época, eu era vidrado em Nacional Kid e Speedy Race. Jamais imaginei que um dia iria conhecer pessoalmente o Minami Keizi, um dos fundadores da gloriosa Edrel. E graças a você e o Sir Lancelotti tive a honra de entrevistar o Ikoma, um grande mestre das HQs.

 ALVAREZ: As histórias da EDREL tinham varias coisas que eu gostava; terror, samurais, desenhos ao estilo dos que passavam na TV (Speed Racer, Oitavo Homem, Tarô Kid...) e o principal, muita ficção científica, tema em que sempre fui vidrado. Além é claro de muitos peitos, bundas, nus, tudo pra fazer a alegria de um adolescente. Rsssss 

Tony 23: Oitavo Homem, Tarô Kid, caceta, nem mais me lembrava dessas séries.Você foi lá no fundo do baí, bengala brother! Adorei... Mas, falando sério, através da minha rede de espionagem internacional – depois do buchicho do Barak e da Dilma, a coisa ficou chique (Rsssss...) -, tomei conhecimento que você freqüentou um curso de desenho, OK? Em que ano fez o curso? E, em qual escola de arte?

ALVAREZ: Bom, como eu já adiantei na resposta de outra pergunta, primeiro foi a tentativa de fazer a Escola de Belas Artes, que só durou seis meses. Depois em 1980 ainda tentei fazer o Curso Oberg, o mesmo onde se formou o Mestre Primaggio Montavi (na mesma filial, por coincidência). Até tem essa foto minha postada aqui com a prancheta de desenho que comprei a prestação na Casa Mattos, uma papelaria carioca especializada em material de desenho, que já não existe mais. Mas o sonho durou só uns dois ou três meses, até a grana ficar apertada para pagar a mensalidade e comprar o material. Aí acabei desistindo do curso. Os tempos ainda estavam bem bicudos.

Tony 24: Estudou na mesma escola do Primo? Que feliz coincidência, né? Mas, nunca é tarde para voltar a desenhar. Você lava jeito, basta treinar. O que eu não entendo é que tá cheio de caras ruins publicando – inclusive eu-, enquanto muita gente boa de traço não encontra espaço pra trabalhar, é mole? Acho que o pessoal não vai bater na porta das editoras. Só pode ser isto. Um dia isto precisa mudar... Quem faz curso de arte, em geral, deseja se tornar um profissional dessa área maluca e maravilhosa, obviamente... você desejava fazer quadrinhos? Chegou a tentar? Criou algum personagem? E, por que desistiu? Vi seus desenhos no Face e achei que você leva jeito para a coisa...

ALVAREZ: Meu sonho era ser desenhista de quadrinhos ou astronauta.  Se possível as duas coisas. Eu era fissurado pelo ano 2000.  Sonhava sempre pensando no que eu estaria fazendo no ano 2000. Como eu seria ou como o mundo seria? Será que já estaríamos viajando para vários planetas? Anos antes eu acompanhei a descida do homem na Lua, naquela transmissão ao vivo pela TV. Acho que eu pisei na lua junto com o Neil Armstrong.

Tony 25: Também vibrei com aquela transmissão, apesar dos mais velhos dizerem que aquilo era coisa de Hollywood... a velha guarda jamais engoliu a conquista da Lua (Rsss...)...

ALVAREZ: O filme 2001, Uma Odisseia no Espaço, me marcou muito. Assim como o livro. Eu lia os livros do Arthur Clark e do Isaac Asimov que me caiam nas mãos e ficava maravilhado com toda aquela imaginação deles.

Tony 26: 2001 foi um puta filmaço! Adorei! Aliás, como você, também sempre me amarrei em filmes e livros de sci-fi!

 ALVAREZ: Li Cinco por Infinitus durante meses na banca de jornal, pois meu dinheiro não dava pra comprar aquela baita edição bacana. O jornaleiro era meu amigo, assim que saia um novo número ele me avisava e eu me deliciava naquelas histórias maravilhosamente desenhadas pelo Esteban Maroto. Uma vez ele me emprestou uma edição para que levasse pra casa, pois eu disse que precisava copiar aqueles desenhos. Passei um ou dois dias tentando reproduzir os desenhos dele. Aquilo era demais...

Tony 27: Você foi um garoto de sorte, lia sem ter que pagar... não dei essa sorte. Acabava com a minha minguada mesada comprando Cinco por Infinitus até completar a coleção. Adorava a arte do Maroto mas, pra mim, apenas a primeira edição trazia uma boa história. Os demais roteiros eram fracos. Mas, os desenhos eram show...

ALVAREZ: Nesta época eu criava personagens e fazia meus próprios gibis em folhas de caderno dobradas ao meio. Acho que é por isso que eu odeio o “formatinho” até hoje. Fazia os gibis dobrando as folhas do caderno e prendendo-as com alfinetes de costura da minha mãe no lugar dos grampos. Naquela época os cadernos eram menores, não eram esses grandões de hoje.

Tony 28: Acho que todo garoto maluco como a gente, tarado por HQs, acabavam com as folhas dos cadernos escolares criando gibis (Rsss...)...

ALVAREZ: Aqui preciso abrir um parêntese para falar de minha mãe. Desde que meu pai nos abandonara, quando eu tinha meus nove anos, minha mãe virou mãe e pai ao mesmo tempo. Era costureira, costurava em casa até quatorze horas por dia para nos garantir o mínimo de roupa limpa pra vestir, uniformes pra escola, material escolar e comida. Ela tinha 34 anos, e abdicou de sua vida como mulher para cuidar de nós. Jurou que nunca mais teria outro homem, pois correia o risco de se arrumasse um novo marido ele ainda querer fazer mal a minhas irmãs. Assim, na flor da idade, ela trocou sua vida sentimental por seus filhos. E lutou bravamente até que eu comecei a trabalhar aos 18 anos, após ser dispensado de fazer o serviço militar. Antes ela não deixava para não atrapalhar meus estudos. Não que a dureza tenha acabado. Claro que não, ainda continuou por muito tempo, mas aí havia mais um pouco de dinheiro no final do mês. Até conseguirmos alugar uma pequena casa, e sair do pequeno quarto na casa de meu tio, onde morávamos eu, ela e minhas duas irmãs. É difícil falar deste período sem que os olhos fiquem marejados, ao pensar em todo o sacrifício que minha mãe fez. Hoje está com 77 anos e é nosso orgulho.

Tony 29: A vida não é fácil, meu amigo... o importante é que a senhora sua mãe sempre foi uma mulher de fibra, valente e jamais deixou os filhos na mão. E o bacana é que você cresceu, trabalhou, batalhou e até hoje reconhece o esforço dessa nobre senhora. Atualmente, a mulherada anda mais perdida do que cachorro quando cai de caminhão de mudança. Não respeitam mais ninguém e muitas abandonam os filhos. Essas “coisas” – que pra mim não são mulheres ou humanas - não merecem ser mães. Quando vemos aqui no estúdio nossa mascote – uma gata viralata – tomando conta de dois gatinhos pretos e quatro angorás - que ela deu cria rescentemete -,  com amor e carinho, comentamos: “Se toda mulher que é mãe fosse assim como a Sininho, o mundo seria melhor...”. Alvarez, manda um beijão pra essa grande mulher, sua mama! Voltando as HQs?


ALVAREZ: Bem, voltando aos quadrinhos... Eu fazia meus gibizinhos e criava meus personagens. Claro que eram muito ruins... Pelo menos era o que o pessoal da EBAL pensava. Eu vivia escrevendo cartas pra eles enviando personagens, histórias e sugestões. Inclusive postei no Facebook duas dessas cartas que chagaram a ser publicadas na revista Fantomas e uma no Judoka. Mas houve mais uma ou duas publicadas. Eles davam aquelas respostas pra fazer o cara procurar outra coisa para fazer na vida. Já deviam estar com o saco cheio. Hahahahahaha!  Mas eu não desistia.

Tony 30: Também vivia pentelhando os caras e até participei – sem ter nenhuma condição – de um concurso que fizeram para criar uma HQ sobre a Independência do Brasil. Sendo eu um fã confesso de sci-fi – como já citei -, criei uma história maluca que tinha até discos voadores (Rsss...). Coisa de maluco... mas meu nome (Antonio Fernandes Filho) acabou aparecendo na lista dos participantes que posteriormente foi publicada. Não sei onde eu estava com a caeça, my friend...


Nos conhecemos, primeiramente, no Facebook... depois, tive o prazer de conhecer você e o seu filho durante a Fest Comix 2010, junto com o Fábio Civitelli, desenhista do Tex -, o Gege Carsan e o nosso querido bengala brother de além mar José Carlos Francisco (vulgo Zeca Willer e dono do melhor blog do Tex europeu), também compareceram ao evento. Apesar do nosso rápido encontro me simpatizei muito com você, com o Gege e o Zeca, bengala brother. O incrível é que você veio da Cidade Maravilhosa para São Paulo, num bate e volta, só para curtir e conhecer pessoalmente a turma do Tex e, especialmente, o genial Civitelli. Quando, como e por que nasceu esta paixão pelo querido ranger da Bonelli Comics?

ALVAREZ: Realmente foi um bate e volta. Sai do Rio de manhã cedo pela Azul, fui pra Campinas, pegamos o ônibus da Azul até o Shopping Eldorado e de lá um taxi até a Fest Comix. Ao retornar ao final da tarde, fizemos a logística inversa.  Eu lia Tex há muitos anos, logo que comecei a trabalhar, embora o personagem Bonelli que mais goste seja Martin Mystère, depois Tex e em seguida Júlia. Através da lista BonelliHQ do Yahoo eu conheci o Zeca, o GG Carsan, o AMoreira, entre outros. Aliás, estes estavam lá, o Moreira também com seu filho.

ACMoreira (à esquerda) e Alvarez (ao centro) na FESTICOMIX, em São Paulo 
Tony 32: Bem lembrado... o Antonio Carlos Moreira (vulgo Jãoenine e um dos cardeais da confraria) e o filho estavam lá também. O cara é uma simpatia e fissurado em western. Pinta e desenha muito... mas, continue... vivo interrompendo os depoimentos. Preciso parar com isto...

 ALVAREZ: Nas conversas via e-mail com o Zeca sempre falei da minha admiração imensa pelos desenhos do Civitelli. E o Zeca sempre postando fotos das amostras de quadrinhos em Portugal, inúmeras (uma vergonha pro Brasil, já que Portugal tem um tamanho e uma população pequenina comprando com nosso país), onde sempre aparecia o Civitelli como uma pessoa amabilíssima com todos. Assim ele me conseguiu vários desenhos autografados por ele, incluindo um exclusivo, não apenas um print autografado. Foi um desenho exclusivo e que, assim como os outros dele, mais o do Mauricio de Souza e o Sacarrolha do Primaggio, todos autografados, estão expostos enquadrados na parede de meu escritório.




Tony 33: Adorei... quem gosta da coisa é assim mesmo. O Zeca Willer (ou Zeca Benfica) é um dos nossos grandes bengalas brothers de além mar. Tem um acervo maluco (no bom sentido. Rsss...). 



ALVAREZ: Pois bem, em agradecimento eu mandei, através do Zeca, uma camisa 7 do Botafogo (a camisa do imortal Garrincha), com o nome do Civitelli gravado às costas.  Qual não foi minha alegria ao receber de volta as fotos do Zeca mostrando o momento da entrega e o Civitelli estendendo a camisa do Botafogo. Que ele prometeu usar ao andar de bike, um de seus prazeres. Depois na Fest Comix ele me agradeceu novamente
 o presente, o que foi uma grande emoção.

Tony 34: Botafogo!? Putz... ninguém é perfeito. Preferia ver o mestre Civitelli com a camisa do Corinthians (Rsss...)... Mas, gosto não se discute... 



ALVAREZ: Na verdade eu coleciono Tex, mas eu não leio todos os Tex que compro. Recuso-me a ler histórias desenhadas por alguns autores que eu não gosto de seu estilo. Do Galepp eu li pouquíssimas histórias, só quando são muito importantes na cronologia. Do Letteri eu só li Oklahoma, porque foi uma história tão falada pelos fãs que eu tomei um Engov e fiz um esforço supremo pra ler. Eu posso ler um péssimo roteiro, mas com desenhos que eu goste, sem o menor problema. Mas não consigo ler um bom roteiro com desenhos ruins, ou que eu acho ruins, de que eu não goste do estilo. O que é o caso destes dois artistas. Do restante eu leio sem problemas.

Tony 35: Teve que tomar um Engov!? Esta foi boa (Rsss...). Se deu certo com você deve funcionar comigo. Vou experimentar (Rsss...). Mas, falando sério, apesar de nãos er fá do traço Gallepeano as histórias, em geral, eram boas. Além do mais, sem ele Tex jamais existiria. Quanto a Oklahoma, foi uma ótima história.  Há alguns anos atrás eu também colecionava Tex, hoje ainda devo ter umas 100 edições, infelizmente. Atualmente, esporadicamente compro a série Gigante – Textone, na Itália -, quando gosto do traço do artista. Trata-se de uma ótima série, mas nem todos os desenhistas da série de western mais antiga do país me agradam... Você tem todas as edições de Tex lançadas no Brasil (o Pequeno Xerife, as edições da Vecchi, da Rio-Gráfica – Globo - e as da Mythos)?

ALVAREZ: Bem... Tex mensal eu tenho quase todos os da Vecchi, bem poucos da RGE/Globo e todos os da Mythos. Da Mythos eu tenho ainda o Tex Coleção a partir do nº. 250, todos os Tex Ouro, todos os Tex Gigantes, todos os Almanaque Tex e agora todos os Tex em Cores. E da Mythos ainda tenho Todos os Ken Parker, Nick Raider, Martin Mystère, Mister No, Mágico Vento, Júlia, Dylan Dog e uma boa quantidade de Zagor. Da época da Record eu tenho todos Nick Raider, Martin Mystère, Dylan Dog e quase todos os Zagor. Isso falando do universo Bonelli.

Tony 36:  Caramba! Haja espaço pra guardar tudo isto! Você, assim como o Zeca, é um Texmaníaco de carteirinha... Qual é a melhor, ou as melhores, histórias de Tex?

ALVAREZ: Cavaleiro Solitário, o Tex Gigante desenhado por Joe Kubert. E todos os desenhados por Civitelli, Mastantuono e os irmãos Cestero.

Tony 37: A edição do Kubert, pra mim vale ouro, algumas do Civitelli gostei e as dos Cesteros adorei...  Civitelli é o melhor desenhista do ranger? Quais deles mais o agrada?

ALVAREZ: Para mim, pela ordem, Civitelli, Mastantuono e os irmãos Cestero.

Tony 38: Quais dos desenhistas do ranger que não lhe agradam – se é que tem algum ruim? (Rsssss...).

ALVAREZ: Galepp e Letteri. Para estes dois todos os personagens tem a mesma cara, as mesmas expressões (ou a falta delas).

 Tony 39: Em parte você tem razão... Você se considera um dos maiores colecionadores do país? Ou conhece gente que tem um acervo maior?

ALVAREZ: Claro que não. Sou um pequeno colecionador. Mesmo! Tem centenas de colecionadores com acervo superior e mais valioso que o meu. Acho que o maior de todos é o Tom Zé, o Antônio José da Silva. Depois vem muitos outros. Tem muita gente que tem muito acervo, mas não mostra, não compartilha. Cada um tem suas razões. Como eu compartilho algumas coisas, dá a impressão que é muito grande, mas não é. Mas eu foco em quadrinhos nacionais antigos, de autores nacionais. Tenho personagens estrangeiros, mas não é minha prioridade.

Tony 40: Caras egoístas... seu acervo é pequeno? Imagine se fosse grande (Rsss...)... Antes da próxima pergunta, primeiro quero agradecer publicamente a você e aos Bengalas Brothers Antônio Carlos Moreira (vulgo Jãoeine) e ao Sir Lancelott (vulgo capitão Piauí), por terem colaborado, com José Carlos - nosso querido cowboy de além-mar -  pela elaboração das questões feitas a mim para o sempre sensacional blog português do ranger, o qual concedi uma entrevista há um tempo atrás. Prosseguindo... Por falar em Zeca Willer, vocês têm muita afinidade, ambos gostam de Tex – aliás eu também adoro. Sou jurássico (Rsss...). Como conheceu o José Carlos, o maior divulgador do ranger de todos os tempos?

ALVAREZ: Foi através da lista BonelliHQ do Yahoo. Ele me chamou logo a atenção, não só pela coleção de Tex, mas pela forma clara e correta de se expressar, enorme educação e gentileza com todos.

Tony 41: O cidadão é um gentleman... O Zé Carlos também tem um acervo incrível de Tex, inclusive, quadros emoldurados feito pelos artistas da Bonelli. 
O cara é um privilegiado, já teve oportunidade de estar na sede da editora italiana, conhecer os artistas pessoalmente e até o saudoso Bonelli, por quem ainda tem grande apreço... na certa, o Zeca, deve ter edições raras texianas até de outros países. Pergunto: Você e o Zeca trocam exemplares entre si – que por ventura têm duplicados em seus acervos?

ALVAREZ:  Não, pois eu não teria nada que ele já não tenha. Rsssssssss!  Eu já presentei o Zeca com dois exemplares de uma revista argentina no formato talão de cheques, como a nossa Júnior, em que o Tex tinha outro nome. Parece que os argentinos estavam dando o jeitinho deles por lá também, sem a Bonelli saber.


Fotos: 1 - Com o filho e Civitelli - Foto 2: Com Dolores e
 Marcos Maldonado, o filho e Zeca Willer


Tony 42: Los hermanos piratas? Pulicavam sem pagar os direitos? Pensei que só os brasileiros fossem picaretas (Rsss...)...

ALVAREZ: E se não me engano também mandei pra ele aqueles dois exemplares que o Wilson Fernandes fez plagiando descaradamente o Tex. Acho que estes eu cheguei a mandar os exemplares físicos para o Museu do Tex (também conhecido como apartamento do Zeca).  





 Tony 43: Wilson Fernandes, ele “aprontou”, novamente!? Uma vez ele fez O Escorpião, plagiando o Fantasma, de Lee Falk. Mas, quando o conheci, ele me disse que fez aquilo por imposição do editor. Pode ser que esse plágio do Tex também tenha sido por ordem de algum editor sem escrúpulos. Isto acontece, pode acreditar. Falando sobre o Zeca, ele é uma simpatia... e só por ter atravessado o Atlântico para comparecer a um evento do Tex, na FESTCOMIX, dá para sentir o quanto ele adora o ranger. Você o conheceu pessoalmente, pela primeira vez – como eu -, durante aquele evento?

ALVAREZ: Sim, foi lá que o conheci pessoalmente. Mas ele já me fez o convite, por várias vezes, para, se eu for um dia a Portugal, não deixar de vista-lo. O AMoreia é que já esteve lá no Forte Apache, digo Navajo, do Zeca. Rsssss...

Tony 44: O Zeca também já estendeu este convite a minha pessoa, quando eu for à Portugal... mas, devido a correria e aos compromissos ta difícil ir conhecer o “Forte Apache” (Rsss...). Mas, uma hora vou visitá-lo, com certeza, vou ter que ir à Espanha...  O bengala brother, Gege Carsan – grande fotógrafo, autor de um ótimo livro sobre o ranger-, ele também é colecionador ferrenho de Tex, tanto que compareceu ao evento caracterizado de Tex... o cara é incrível. Veio do estado dele para a capital paulista especialmente para a festa realizada pela Mythos e a Comix – a maior loja especializada em quadrinhos, nacionais e importados. O Gege foi super atencioso com todos, assim como o Zeca e o Civitelli. Apesar de gostar das HQs do ranger, não sou tão fissurado assim em western, pois – de vez em quando – compro gibis de diversos gêneros... Na sua opinião, por que o ranger cativa tanto esses bengalas 
brothers no país e além mar?

ALVAREZ: O GG Carsan é o próprio Tex, como pode ser visto nas fotos sobre a Fest Comix 2010. Rssss   Ele é itinerante e corre todo o Brasil sempre caracterizado de Tex, participando de eventos e divulgando Tex e seus livros. Na verdade são dois livros sobre o Tex. Acho que Tex, pela estrutura criativa da Bonelli, cativa quem gosta de ler boas histórias, bons roteiros, associados a um grande staff de desenhistas de primeira grandeza.
Não só Tex, mas também Mágico Vento, Júlia, Mister No, tem roteiros muito bons. Não é fácil fazer revistas mensais com mais de 100 páginas. Tem que ter um ótimo time de roteiristas e de desenhistas. Acho que é isso que Tex e os outros personagens Bonelli nos proporcionam. Muitos roteiros de Tex dariam ótimos westerns para o cinema.
Fotos do incrível acervo de Alvarez



Tony 45: Concordo em número e grau... Na realidade a revista Tex, que fez um sucesso retumbante no passado em nosso país, já não vende como antes, como ocorreu a diversos títulos famosos pelo mundo afora. Mesmo assim, a Mythos editora lança no Brasil diversos títulos de Tex, você compra todos, mensalmente?

ALVAREZ: Tex mensal, Tex Coleção, Tex em cores, Almanaque Tex, Tex Ouro. Tex Anual, Tex Gigante e Júlia. Lembrando que apenas Tex Mensal, claro, é mensal e Tex Coleção é quinzenal. As outras têm periodicidade distinta, Bimestral, semestral ou anual.






Tony 46: Incrível! A Mythos, agradece... Ken Parker – editado pelo bengala brother Wagner Augusto, há anos -, na minha opinião, é uma das séries que mais gosto da Bonelli Comics. Acho sensacional o traço do Milazzo... Das séries da Bonelli Comics lançadas no Brasil pela Mythos (Mágico Vento, Júlia, Zagor, Martin Mistery), quais são as suas preferidas?




ALVAREZ: Gosto de todas. Mas gosto menos de Zagor, que 
deixei de comprar já há uns dois anos.

Tony 47: Cheguei a comprar algumas edições de Zagor, mas parei... algo nele não me agradou. Sei que você é um aficcionado por quadrinhos e que possui um acervo imenso... tem ideia de quantas revistas em quadrinhos tem na sua gibiteca, ou é impossível computar?



ALVAREZ:  Minha mulher me pergunta isso sempre que entra no meu escritório e vê meus quatro armários de ferro, daqueles com mais de 2m de altura. Acho que ela quer calcular quanto dinheiro está empatado ali. Rssssss. Eu sempre brinco com ela, dizendo que aquelas são minhas amantes, minhas bebidas, meus vícios, então o dinheiro gasto com elas está mais bem empregado do que se fosse com os outros vícios. Rssss.  Não tenho ideia de quantas revistas eu tenho. Mas prometo que vou tentar contar.

Raridades no acervo de Alvarez

Tony 48: Vou esperar só até o ano 3 mil (Rsss...). Esta sua  fantástica coleção, ela começou quando?

ALVAREZ: Já respondido acima em outra resposta.

Tony 49: Ops! Desculpe-me pela gafe. Até parece que bebo (Rsss...). Pelo visto, você é um dos que mais prestigia as HQs nacionais... A famosa Bodega do Léo – do intrépido bengala brotherzão Léo Santana - há anos é uma espetacular vitrine para expor e vender autores e editores alternativos. Você costuma comprar através da famosa Bodega, ou através de outras lojas virtuais? Alguma loja especializada, em quadrinhos, da sua cidade, que você freqüenta?

 ALVAREZ:  Compro na Bodega do Léo há muito tempo. Foi através dela que comprei todas as edições lançadas pelo Emir Ribeiro para Velta e outros personagens dele. É lá que compro os principais lançamentos da Júpiter II do José Sales, todas as edições de O Cometa do Samicler Gonçalves e por aí vai.

Tony 50: Esta série do Samicler é espetacular. Sou fã desse cara!

ALVARES: Aqui no Rio não costumo frequentar lojas de quadrinhos, até porque aqui nem sei se tem mais alguma ainda aberta. 
As que eu conhecia fecharam todas.

Tony 51: Algumas casas especializadas aqui de S. Paulo também foram “pro saco”. Isto é lamentável... Pelo visto, você é como eu era há alguns anos atrás, comprava de tudo – atualmente prefiro os livros. Estou correto? Tudo, de fato, lhe interessa? Ou há um gênero que mais lhe agrada, grande guru e bengala-Mor? Já leu tudo que adquiriu nos últimos séculos? Duvido (Rsss...)...

ALVAREZ: Não, não li.  A pilha “Aguardando leitura” está maior do que a pilha do que já foi lido.  Principalmente os livros. Gosto muito de livros. Leio pelo menos um por mês. Mas quero aumentar esta média, para voltar à média de uns tempos atrás de até três livros por mês. Sempre tive o habito da leitura.

Tony 52: Também adoro ler. Mas, eu sabia que era impossível você ler tudo o que tem. Tenho um acervinho e há nele uma porrada de coisas que acho que vou morrer sem ter lido (Rsss...).

 ALVAREZ: E graças a Deus consegui transmitir isso para pelo menos um de meus filhos, exatamente aquele que estava lá em SP comigo, Tony. Ele se formou no primeiro semestre em História na UFF e este mês passou na prova e na entrevista para fazer mestrado lá mesmo.

Tony 53: Sensacional! Diz pra ele que eu mandei um grande mano amplexo pra ele! Esse garoto vai longe! É isto aí!

ALVAREZ: Mas, como eu dizia, o hábito de leitura sempre foi muito forte em mim. Quando garoto, ainda no ginásio, a prefeitura do Rio de Janeiro tinha um programa chamado Biblioteca Volante, que eram ônibus adaptados com estantes para serem bibliotecas móveis. Estes ônibus ficavam cada dia estacionados num bairro diferente da cidade e retornavam a este mesmo ponto 15 dias depois. E eles cadastravam os leitores interessados e cada um tinha uma ficha de leitura que dava direito a pegar dois livros e ficar com eles por quinze dias, até o retorno da biblioteca.
Pois dois livros por quinzena para mim naquela época era pouco, então fiz o cadastro de uma de minhas irmãs e assim eu pegava quatro livros por quinzena, dois pra mim e dois “pra ela”. “Rssssss.  Foi assim que li todos os livros de Tarzan publicados no Brasil naquela maravilhosa coleção Terramarear”. E pegava de tudo um pouco. Arthur Clark, Isaac Asimov, Erico Veríssimo, José Mauro de Vasconcelos, JG de Araújo Jorge, Fernando Sabino e até Henry Miller... Rsssss.

Tony 54: Espertinho, né? Quem gosta é assim mesmo, sou rato de bibliotecas... agora, achei bacana a ideia dessa biblioteca ambulante. Podiam implantar isto em todo o país. Aliás, um amigo me disse que um barco\biblioteca percorre os povoados e cidades que ficam às margens do rio Amazonas. Isto é sensacional! Vamos nessa... atenção colecionadores! Recentemente um grande colecionador de gibis do país teve suas raridades profanadas, roubadas, deu no noticiário policial. Puta sacanagem... a vítima, na certa, tinha muitas raridades. O infeliz quase deve ter sofrido um enfarte. Minha nossa... (Rsss...). Você já pensou em colocar sua coleção no seguro?

 ALVAREZ:  Parece que não fazem seguro para gibis, pois a seguradora não tem como avaliar o real valor do acervo. Nos EUA parece que existem tabelas de referencia de quanto pode custar uma edição de determinada revista, valor mínimo, máximo, ou algo parecido.  Mas aqui não há nada disso, então, pelo que andei lendo após esse famoso assalto, não há como a seguradora estipular um valor de cobertura.

 Tony 55: As seguradoras do país precisam rever isto, e deveriam começar a agir como as seguradoras da América... Você está elaborando um livro sobre o herói que marcou nossa geração, O Judoka. A série fez muito sucesso e acabou indo parar até no cinema. Como e por que teve esta ideia genial?


ALVAREZ: Tenho lido muitos livros sobre quadrinhos, como os de Roberto Guedes, incluindo o último sobre o Stan Lee, os livros do Gonçalo Júnior referentes à Guerra dos Gibis, incluindo aí o último, Maria Erótica, o Clamor do Sexo (que, aliás, achei um título mal escolhido, pois leva as pessoas a char que é um livro sobre sexo, quando na verdade é uma verdadeira aula sobre as editoras EDREL, M&C, Grafipar e sua luta contra a censura durante a Ditadura Militar). Li o livro do Gian Danton, também sobre a Grafipar, e vários outros.
Aí me bateu uma saudade do personagem que eu tanto gostava e que é citado em alguns livros, mas de uma maneira muito rápida e superficial. Foi uma revista que teve 46 edições e inspirou um filme do cinema nacional, independente da qualidade do filme. Nenhuma revista fica 46 edições nas bancas, numa editora de ponta, como era a EBAL na época, se não tiver qualidade. E ela, a despeito de alguns roteiros simplistas, tinha um excelente time de desenhistas: Fernando Ikoma, Floriano Hermeto (FHAF), Claudio Almeida, Juarez Odilon, Candido Machado, Mário José Lima, Henrique de Farias, Francisco Sampaio, Alberto Silva e Eduardo Baron.  Tinha gente de primeira.


Tony 56: Com certeza... só dava feras do traço...

 ALVAREZ: E vi que na maioria dos livros o assunto era tocado muito superficialmente, quando em muitos caos, outras revistas que tiveram duas ou três edições apenas impressas tinham um espaço maior. Isso me doeu. E fui amadurecendo a ideia, que no inicio era só dos scans, e agora poderia ser uma coisa maior. Também me inspiraram os dois livros do GG Carsan sobre o Tex. Eu acompanhei sua luta desde o inicio, sua busca por editoras, e o sufoco todo até acabar bancando tudo do próprio bolso.

Tony 57: É, autor neste país sofre e sempre acaba bancando seu próprio projeto. Isto só acontece, porque os chamados “editores profissionais”, em geral, não acreditam no produto nacional. Preferem investir em produtos criados fora do país. Me pergunto: Um livro sobre Tex, criado por Gege, por que a Mythos não bancou? Acho isto muito estranho... Mas, vamos em frente: Qual será o conteúdo desta obra sui generis, que vai agradar em cheio os judokamaníacos, como eu (Rsss...)? 

ALVAREZ:  Vai ter que esperar sair o livro. Rssssss. O conteúdo em si é segredo, hoje em dia é meio complicado sair falando sobre projetos ainda em andamento. Estou numa fase muito embrionária ainda.

Tony 58: Top secret!? Ok, vou ter quer esperar, como os demais... Eu também colecionei esta série. Porém, hoje, não tenho mais nenhum exemplar, por infelicidade. O roteirista oficial da série era o Pedro Anísio, estou certo? E, as primeiras histórias foram desenhadas pelo Mário Lima, se meu cérebro não tá enferrujado...

ALVAREZ: O roteirista da maioria das histórias foi o Pedro Anísio, que já trabalhava na EBAL desde seus primórdios e era um conceituado redator e escritor de novelas radiofônicas da Radio Nacional. Ela que era a TV Globo daquela época. Foi das radionovelas da Nacional que saíram para os quadrinhos Jerônimo, O Herói do Sertão, desenhada pelo grande Edmundo Rodrigues e O Anjo, desenhada pelo Flávio Colin.
Quem desenhou a primeira edição, mas a sétima revista a sair, pois as seis primeiras foram com o personagem americano Judô Master, foi o Eduardo Baron. A edição 08 foi do Mário José Lima, a 09 voltou com o Eduardo Baron e a 10 novamente com o Mário José Lima. Eles foram se revezando até a edição 14, desenhada pelo FHAF, uma revelação que veio causar furor entre os fãs.

Tony 59: Fazer uma obra como essa requer muita pesquisa, Alvarez... você está colhendo depoimentos dos artistas que participaram da série?

ALVAREZ:  Infelizmente estamos num país sem memória e que não cultua seus ídolos e artistas de um modo geral. Pelé é cultuado no Mundo todo, recebido por reis, presidentes, Papas, mas no Brasil constantemente é ridicularizado com comentários jocosos e pouco inteligentes. Ayrton Senna é muito mais reverenciado até hoje na Inglaterra e no Japão do que aqui. Paulo Coelho é publicado em dezenas de línguas no Mundo, recebe comendas na França e em outros países e aqui é ridicularizado e tratado como um escritor menor. Muitos até afirmam que nem o reconhecem como escritor. Infelizmente este é o país em que vivemos. Uma nação que um presidente se dizia sem instrução, como se isso fosse uma virtude. Aquele mesmo que se gabou dizendo que sua mãe nasceu analfabeta!!!

Tony 60: Taí um péssimo exemplo para os jovens... se o cara chegou lá, sem estudar, pra que estudar? , pensará a galera.

ALVAREZ: Estou tendo uma grande dificuldade de encontrar material na Internet ou de localizar alguns dos artistas envolvidos com a revista.  Graças a Deus já consegui localizar pelo menos três dos desenhistas, mas ainda falta muita gente.
Pra você ter uma ideia há uns dois dias tive vontade de chorar. Como sei que o Juarez Odilon já morreu e não teria como me conceder a entrevista para o livro. Fui pesquisar sobre ele na Internet e em livros especializados. Achei desenhos dele, mas isso eu não preciso, pois tenho dezenas de revistas desenhadas por ele. Mas eu queria saber quem ele era, onde nasceu, como começou a desenhar, como foi desenhar O Judoka, quando morreu, etc.  Tive sorte de achar um retrato antigo dele. Sobre sua obra, apenas citações a algumas revistas que ele desenhou e só.  Na Enciclopédia dos Quadrinhos do Goida, nova edição revista e ampliada, com mais de 530 páginas, tem um textinho de uma coluna com umas dez linhas sobre ele. De outros caras, que não tem cacife nem pra lavar os pinceis do Juarez Odilon, tem quase uma página. Do Inácio Justo a mesma coisa, uma nota de tamanho semelhante e sem nenhuma informação nova. Poxa, ele foi um batalhador pelos quadrinhos nacionais. Ele ensinou e apoiou uma legião de artistas que se tornaram importantes no mercado brasileiro. Do Cláudio Almeida tem um texto idêntico e diz que ele direcionou quase toda sua produção para a sátira e a comédia. E na primeira edição, de 1990, estava escrito que ele direcionou TODA sua produção para a sátira e comédia. E só falam dele citando a MAD, a KLIK e afins. Desconheceram que ele desenhou cinco revistas do O Judoka, incluindo a última, uma das mais marcantes. Desconsideraram que ele foi desenhista também da RGE e desenhou integralmente a edição 191 do Fantasma. Que ele desenhou para a revista Crás da editora Abril. Que foi o criador de séries policiais em tiras para jornal e que foram, pelo menos aqui no Rio de Janeiro, publicadas no O Jornal, pertencente aos Diários Associados. Sendo que do tópico do Claudio Almeida, no local das datas de Nascimento e/ou morte há um sinal de interrogação. Mas quando o livro foi lançado ele já havia nascido (Rssss) e depois morrido. Como eles não conseguiram estas informações, se o Claudio morreu há uns dez anos apenas? Ainda bem que eu consegui localizar o filho do Cláudio Almeida que me prometeu ajudar em tudo que for possível com relação à memória do pai.

Tony 61: De fato, também sempre achei um absurdo essas obras sobre HQs. Seus autores enaltecem a "gringaiada" e, em geral, colocam uma notinha ridícula sobre os autores nacionais. Nunca vi lógica nisto, principalmente, quando muitos brasileiros tem uma vasta carreira profissional para ser narrada. Acho que esses autores têm preguiça de pesquisar, de ir atrás, de saber mais. Se limitam a traduzir e compilar obras estrangeiras, que trazem tudo mastigado. Assim, qualquer um vira escritor (Rsss...).

ALVAREZ: Nesta mesma obra tem idêntico espaço para o Walmir Amaral. Uma coluna com umas oito/dez linhas. Caramba, o Walmir tem um baita currículo, ele não trabalhou só fazendo aquelas milhares de capas lindas para a RGE. Ele desenhou histórias do Fantasma, do Anjo, do Cavaleiro Negro, do Mandrake. Muito antes ele desenhou histórias de O Vingador para a Outubro, depois Taika. Depois da RGE ele desenhou para a Abril aventuras do Zorro e para a revista Crás e também para a Grafipar. Caramba, o Walmir não pode ter um terço do espaço dado ao Zenival, com todo o respeito que me merece o Zenival, que publicou alguma coisa de terror na Vecchi e na Grafipar, e de quem eu gostava do estilo de desenho. Mas foi só, sumiu, cadê ele? O Walmir foi um marco. Ca%$#@, o ROB LIEFELD tem um texto descrevendo sua “grande obra” que é maior que o texto do Inácio Justo+Claudio Almeida+Juarez Odilon+Walmir Amaral juntos. Aí dá vontade de chorar com o descaso com os artistas nacionais. É isso não é exclusividade desta “Enciclopédia”, mas dos livros sobre quadrinhos de uma maneira geral, que dão pouco valor aos artistas nacionais em obras mais genéricas. Lembro apenas de uma exceção, o Roberto Guedes, que tem um excelente livro sobre os Super-Heróis Brasileiros.

Tony 62: O Guedes é um grande profissional, é criativo. Um dos melhores escribas desse país. Tenho um orgulho danado porque ele colaborou para a minha editora. Fomos os primeiros a lançar Meteoro, um ótimo personagem. Escrever sobre autores estrangeiros é moleza, ta tudo pronto, é só traduzir e adaptar o texto (reescrever), mas falar sobre o nosso pessoal exige “ralação”, tem que ir atrás, pesquisar, fuçar. Poucos fazem isto, como você está fazendo. Este é o caminho.

ALVAREZ: Então, como disse no início, deste discurso meio revoltado, nós não reverenciamos nossos ídolos e também não nos importamos com isso. Vejo nos livros textos e mais textos falando de vários autores até medíocres internacionais e quase nada dos grandes artistas nacionais.
Isso me deu mais vontade de pesquisar e escrever o livro. Pois a parte referente aos autores vai ser um dos focos.

Tony 63: Revoltado, e com razão. Vai fundo. Este livro seu vai ficar incrível e já estou ansioso para vê-lo impresso, pode acreditar. Por fim, um trabalho jornalístico, de garimpo. Isto é ótimo. Pergunto: Há quanto tempo você está elaborando a obra?

ALVAREZ: Ainda estou na fase de pesquisa, coleta de material, informações, tentando localizar as pessoas envolvidas. Graças a Deus já encontrei pelo menos alguns artistas importantes, mas ainda falta muita gente.

Tony 64: Maravilhoso. Não para, não. Sabatina:Vamos ver se você sabe tudo mesmo sobre esta série que virou cult: O Judoka.




ALVAREZ:  OK! Mas vamos por partes pra não esquecer nada.

Tony 65: Quem criou o personagem? E, por quê?

ALVAREZ:  Adolfo Aizen entregou esta tarefa de criação ao Pedro Anísio, do qual já falei antes, que o acompanhava a muito tempo, antes mesmo de existir a EBAL. E para fazer os desenhos da primeira edição foi escolhido o Eduardo Baron, um jovem de 22 anos, que alguns afirmam ser argentino e exercer a direção de arte da EBAL naquela época.  Quanto à motivação, pelo que sei a revista até a edição 06 publicava material americano, com o Judô Master... Possivelmente as vendas com o personagem americano não estivessem indo bem e aí surgiu a oportunidade de lançar uma produção nacional, com herói nacional, com as cores verde e amarelo, afinal estávamos em plena época do “Brasil, ame-o ou deixe-o”, não é mesmo? Estes detalhes mais precisos ainda estou pesquisando. O problema é que quase todos os Aizen já morreram ou estão difíceis de achar. Mas estou tentando. Desta parte da motivação do lançamento eu quero ir mais fundo nos detalhes e ainda estou pesquisando.

Tony 66: OK... Em que dia mês e ano O Judoka nacional passou a ser publicado pela EBAL?

ALVAREZ:  Edição 07, com o Judoka brasileiro saiu em outubro de 1969. Eu tinha 12 anos na época.

O Judoka - Por: FAHF

Tony 67. Bingo! Quantos desenhistas participaram da série?
 Quais eram os nomes deles?

ALVAREZ:  Ao todo participaram desenhando histórias completas nove desenhistas, mais o Henrique DeFarias que arte finalizou duas edições. Pela ordem de trabalhos publicados: Eduardo Barão (07, 09, 16, 20 e 28), Mário José Lima ( 08, 10, 11, 12, 13, 15, 18, 19, 21, 22, 25 e 51), FHAF – Floriano Hermeto de Almeida Filho (14, 17, 24, 27 e 37), Alberto Silva (23, 26 e 29), Francisco Sampaio (30, 31, 34, 36, 39, 42, 48 e 50), Cláudio Almeida (31, 35, 44, 46 e 52), Fernando Ikoma (38 e 40), Juarez Odilon (41, 43, 45, 47 e 49), Henrique DeFarias arte finalizou as edições 33 e 48 e Francisco Sampaio arte finalizou a edição 28. Todas as capas foram feitas pelos desenhistas desta equipe, exceto as capas das edições 07 e 09 que foram desenhadas pelo grande ilustrador da EBAL Monteiro Filho, que também acompanhava Adolfo Aizen desde antes da EBAL existir.

Tony 68: Cacete, você entende mesmo do personagem... Quais foram os mais constantes?

ALVAREZ:  O  Mário Lima desenhou 12 edições, depois veio o Sampaio com 08, Eduardo Baron, FHAF, Cláudio Almeida e Juarez Odilon desenharam 05 edições cada. Estes que citei foram os que desenharam mais edições.



Tony 69: Perfeito... isto é, eu nem me lembrava (Rsss...). Mas, se você falou, ta falado, mestre! Tinha um cara que fazia uma enquadração super moderna e escrevia seus próprios roteiros. Ele assinava FAHF, ou algo parecido, se não estou enganado – isto faz séculos (Rsss...). Qual era o nome real desse artista?

ALVAREZ: Era o FHAF ou Floriano Hermeto de Almeida Filho. Ele virou um ícone entre os fãs do Judoka, com aquele seu estilo meio Guido Crepax, muito influenciado pelos europeus e o cinema. E era um baita roteirista, só uma de suas histórias não foi escrita por ele. Ele era arquiteto e nunca tinha desenhado quadrinhos, pois não gostava muito de super-heróis do estilo Marvel-DC. Viu o Judoka nas bancas e resolveu arriscar. Fez uma história e levou pra mostrar na EBAL. Esse eu já consegui o contato com ele, já conversamos e a entrevista sobre o Judoka estará sendo feita em breve.



Tony 70: Sobre o Fahf, li na Internet. Ele era um dos meus favoritos, tinha uma quadrinização moderna a La Guido Grepax. Perfeito... Outro artista da série tinha uma figuras maravilhosas dinâmicas e um traço solto, inacabado, que eu apreciava muito... como ele assinava?

ALVAREZ:   Acredito que você esteja falando do Alberto Silva, que, eu acho, tinha um estilo um tanto parecido com o do Pedro Mauro Moreno naqueles westerns que ele desenhava do Pacho para a Taika. Este tenho tido muita dificuldade para conseguir descobrir seu paradeiro ou maiores informações sobre sua carreira.

Tony 71: Este era o cara! Adorava os desenhos dele, mas confesso que não lembrava mais o nome... Quantas edições durou a série? Em que ano ela foi encerrada? E, por quê?

ALVAREZ: Ao todo foram 46 edições, de outubro de 1969 a julho de 1973. Acredito que as vendas já não eram as mesmas do inicio. As coisas financeiramente já não estavam muito boas para a EBAL. Esta é uma parte que ainda estou pesquisando mais a fundo para tentar passar os maiores detalhes possíveis no livro.

Tony 72: O Judoka, o filme, deu lucro ou prejuízo? Quem foi o produtor? Quem o dirigiu?


Cartaz promocional do filme O Judoka

ALVAREZ:  Este filme é uma história a parte. Ele foi produzido em 1972, mas é impossível achar uma cópia dele na Internet (e lá se acha de tudo, até filmes mudos da década de 2010). Já entrei em contato com o Canal Brasil especializado em cinema nacional e nada. Há uma legião de fãs buscando por este filme, pela curiosidade, pelo valor histórico. Artisticamente, pelas fotos que vi dele, deve ter sido um filme bem ruim, desses que de tão trash acabam virando cult. O Judoka vestido com uma malha verde, um quimono branco curtinho por cima e calçando tênis branco. Rssssss!  Uma daquelas “congas” brancas dos anos 70, que usávamos na escola nos dias de aula de educação física. Pelas fotos que eu achei na Net já dá para ver que não era uma coisa muito séria.

Pedrinho (o Judoka) e Elisangela (Lúcia, a namorada do heroi)



Seu diretor foi o Marcelo Ramos Motta, que nunca dirigiu um filme, antes ou depois do Judoka. Ele era escritor, roteirista de TV, autor de peças de teatro, etc., mas não era diretor de cinema. Aí deu no que deu. Além do mais, naquela época forte das pornochanchadas, se o filme não tivesse uma bunda de fora, um peitinho balançando ao vento, ou um rápido nu frontal não emplacava mesmo.

O elenco era encabeçado por Pedro Aguinaga, no papel do Judoka. Ele nunca foi ator, era modelo, fazia comerciais de cigarro (se não me engano do Charm, ou do LS, um que tinha como slogan “O fino que satisfaz”), e que tinha ganho no programado Chacrinha o título de “O homem mais bonito do Brasil”.
A Elizangela fazia o papel da Lúcia, namorada dele. Ela sim já uma atriz em formação e que antes tinha sido ajudante de palco no programa do Capitão Furacão, nas tarde da TV Globo aqui no RJ. Aliás, eu era apaixonado pela Elizangela devido ao programa do Capitão Furacão.

Finalizando, o filme foi um fracasso anunciado e talvez por passar em pouquíssimas salas, com um número irrisório de cópias, quase ninguém viu. Nem os fãs assumidos do Judoka conseguiram ver esse filme. Eu mesmo não vi. Era durango na época, e o filme estava passando numa ou duas salas da Zona Sul do Rio. Naquela época eu não tinha dinheiro pra bancar o ingresso e umas quatro passagens de ônibus pra ir e voltar. Como já disse antes, nesta época tinha 15 anos, não trabalhava ainda e minha mãe não tinha condição de bancar algumas coisas tão supérfluas assim, pelo menos naquela situação.

 Tony 73: Sempre acreditei nisto. Ou seja, que o filme não deu retorno. Apesar da editora anunciar o filme na revista, nunca vi um cinema da minha cidade expondo o cartaz do filme. Acho que fizeram poucas cópias da “meleca” (Rsss...). A sabatina continua, hombre! Adelante, como diriam os espanhóis! Tá lascado (Rsss...).

ALVAREZ: Vamos por partes, Amigo! Rssss

Tony 74: Sim, vamos por partes, como diria Jack, o estripador (Rsss...)...  Em que edição a namorada de Carlos – o Judoka -, surgiu ? Quem desenhou aquela edição?   

ALVAREZ: A Lúcia virou A Judoka na edição 22, “Os Samurais do Medo”, desenhada pelo Mário José Lima.








Tony 75: Na mosca... Quantas páginas terá o seu livro? Outra coisa, tem noção de quando o livro vai para o prelo?

ALVAREZ:  Tony, este assunto é igual às obras da Copa do Mundo, aos Itaquerões da vida. Rsssss!  Você começa com uma ideia, vão surgindo outras, você vai adaptando o projeto, e aí só vamos saber na hora de montar tudo pra ver o rascunhão final. Veja que depois que eu comentei no Facebook sobre o livro vários amigos desenhistas já produziram, e outros estão produzindo artes especialmente para o livro. Cada um dando sua versão do personagem. Uma maravilha, muito emocionante pra mim. O primeiro foi o Candido Machado, que desenhou a edição 32, e que assinava Benedito Candido. Consegui contato com ele e expus minhas ideias que ele encampou na hora. Ficou emocionado, pois nem lembrava mais do O Judoka, ou pelo menos não acreditava que outras pessoas lembrassem a ponto de escrever um livro sobre o assunto. Começamos a trocar mensagens sobre a entrevista e ele já foi me mandando os rascunhos de uma releitura dos personagens para os dias atuais. Ficou empolgado e produziu uma página belíssima que está lá no Facebook para todos verem. Depois o Emir Ribeiro fez outra, o Lancelotti, o Seabra, o Augusto Minightti, e ainda tem mais gente fazendo.



Nova versão. Arte de Benedito Cândido

As artes já produzidas podem ser vistas neste link: https://www.facebook.com/alvarez.listas/media_set?set=a.739926809367532.1073741826.100000506608059&type=3
Sendo assim fica difícil prever quantas páginas terá exatamente. Pretendo usar muitas imagens, pois não acho a menor graça em livros de quadrinhos sem muitas imagens, detalhes da arte dos desenhistas com aquele e com outros personagens, etc.
Acho que deve ficar em torno de 300 páginas. Mas vai depender da quantidade de material e também dos custos, né?

Tony 76: Captei vossos “sinais de fumaça”, cara pálida... Taí a dica, pessoal. Sigam o link... O livro terá a versão física e on line? Como ele será comercializado?

ALVAREZ:  Vai depender de como eu conseguir viabilizar a publicação. Estou pensando em usar o Catarse para financiar a produção. Já participei de alguns financiamento de outras obras pelo Catarse e tem sido bacana o resultado que tenho visto. Mas vou pensar nisso mais pra frente, preciso ter noção do número de páginas, se vão ter muitas fotos coloridas, etc.. Se for pelo Catarse tem várias faixas de cotas de financiamento e a cota mais baixa sempre é apenas para a edição digital em PDF. Para as outras cotas já entrariam a versão digital + impressa + possíveis recompensas pelo apoio.

Tony 77: O sistema Cartase pode, de fato, ser uma boa. Vale a pena tentar... Já fez o levantamento de custo? Tem ideia qual será o preço final aos consumidores?



ALVAREZ:   Por enquanto não. Como disse antes ainda está em formatação, não sei ainda quantas páginas ele terá, se vai ser no tamanho padrão ou um pouco maior para aproveitar melhor as centenas de imagens que pretendo colocar.

Tony 78: É óbvio que sem ter o número exato de páginas é impossível orçar, Tony, sua anta... Fiz uma pergunta idiota, perdoe-me. Coisas da idade, eu acho (Rsss...). A pergunta a seguir é fatal... como alguém que é casado, como você, consegue adquirir e colecionar tantas HQs? Como consegue convencer a esposa, que você adora este hobby? Há alguma fórmula especial? Conta pra gente... As mulheres com as quais convivi, vira e mexe ralhavam: “Você parece que não teve infância! Gasta uma grana preta com livros, filmes, músicas e gibis! Tá maluco?” (Rsss...). No fundo acho que elas tinham razão... sou um eterno bengala boy (Rsss...).

ALVAREZ:  Hahahahaha!  Todas as mulheres são muito parecidas quanto a isso. A minha aceita e não critica. Mas ela as vezes entra no meu escritório e pergunta: "- Quantas revistas têm aí? O que eu faço com isso se você desencarnar primeiro do que eu? Jogo fora? Dou pra alguém?” E eu respondo: “- Vira essa boca pra lá! Vai agourar outro!” Hahahaha!  Mas quando eu falo pra ela que talvez volte a trabalhar no ano que vem, após este semestre sabático que eu estou tirando pós aposentadoria, ela diz: “Não! Fica em casa, você não se estressa, tem seus gibis pra vender no Mercado Livre, fidesenhando...
 assim é melhor!”. 

Tony 79: Você é um privilegiado do Universo, bengala brother. Tem uma mulher que vai pro céu. Outras, já teriam incendiado tudo, na primeira discussão (Rsss...).  José Alvarez, por José Alvarez? Who are you?

ALVAREZ:  Um chato detalhista, como diz minha mulher; “Todo capricorniano é chato, detalhista, metódico, gosta de tudo certinho…”. Mas sou um botagoguense apaixonado pela vida, pela minha Família, pelos amigos mais chegados (poucos, mas verdadeiros), pelos quadrinhos antigos, pelo desenho e por ler, ler muito.

Tony 80: Por sorte, nem todo capricorniano chato também não é botafoguense (Rsss...). O mundo ainda pode ser salvo... Só as HQs atraem, ou também coleciona filmes, álbuns de figurinhas, etc.? Eu colecionei e conservei alguns álbuns de figurinhas, durante anos, como: A Queda do Império Romano, El Cid, Perdidos no Espaço, e alguns de futebol... é mole?

ALVAREZ: Tenho uma coleção de DVDs bem grande, muitos clássicos, muitos westerns, todos os faroestes com John Wayne, todos os filmes de Ficção-Científica de qualidade, todos os filmes sobre super-heróis. DVDs de séries antigas de cinema com Fantasma, Flash Gordon, Buck Rogers, Tarzan, e outros. Séries antigas da TV, como Perdidos no Espaço, Jornada nas Estrelas, National Kid, etc.
A coleção de CDs também é bem grande. Além dos livros, é claro, que já devo ter bem mais de 500, a maioria ainda pra ler.


Tony 81: Também já tive um belo acervo de filmes, DVDs, discos e CDs – como você -, mas minha última companheira destruiu boa parte dela e se apossou do que sobrou, lamentavelmente... “Só se descobre que se está dormindo com o inimigo na hora da separação”, já disse um sábio guru de botequim. Um sonho? Alguma frustração?

ALVAREZ: Sonho ver meus filhos encaminhados, casados, com netos, e curtir minha casinha de praia com minha esposa, pelo menos durante uma boa parte do mês, já que agora só vamos lá de três em três meses e olhe lá. A única frustração que tenho na vida é de não ter seguido meu curso na faculdade de Belas Artes.

Tony 82: Bobagem, doravante vai poder desenhar o que sempre desejou... Projetos para o futuro?

ALVAREZ:  Por enquanto o livro e o escaneamento do maior número possível de revistas antigas para disponibilizar na WEB.

Tony 83: Legal... Deus?

ALVAREZ:  Ele é importante na vida de todos.

Tony 84: Religiões?

ALVAREZ: Cristão e espiritualista. Cresci numa família católica, batizei, fiz primeira comunhão, crismei, casei na igreja... Mas a gente vê tanta coisa errada nas religiões, tantos interesses, tantas coisas pra serem explicadas e que eles não têm o interesse... Tanto charlatão se aproveitando do povo desesperado para enriquecer... Continuo acreditando em Deus, mas depois de adulto também passei a ler vários livros sobre budismo, Buda, Dalai Lama, Espiritismo Kardecista. Só nunca lia nada sobre o Islamismo, mas um dia, quem sabe? Acho que todos deveriam ler sobre todas as religiões, assim evitaríamos tanta intolerância religiosa, sem nexo, já que todas as religiões buscam a mesma coisa, aproximar os homens de Deus, tenha lá Ele o nome que tiver em cada corrente religiosa.

Tony 85: Exatamente exato... Time do coração (outra pergunta idiota)?

ALVAREZ: BOTAFOGO, o Glorioso! Eu nasci em 1957, ano em que meu querido Botafogo FR foi campeão Carioca mais uma vez, com uma equipe que seria a base da seleção brasileira que um ano depois conquistaria o Campeonato do Mundo na Suécia. Aquela equipe do Botafogo era um timaço, onde se destacavam: Nilton Santos, Pampolini, Didi, Garrincha, Quarentinha, Édson e Paulo Valentim. A Final foi contra o Fluminense, que tinha um ponto de vantagem na classificação e o Botafogo ganhou por 6×2.

Tony 86: Atores e atrizes?

ALVAREZ: Glória Pires e Catherine Zetha-Jones / John Wayne e Denzel Washington.

Tony 87: Zetha-Jones, sou tarado por essa dona, que é linda e talentosa. O Michael Douglas – o maridão - tá com a bola toda... Dá para citar alguns bons livros, que possa recomendar?

ALVAREZ:  Maria Erótica, O Clamor do Sexo, do Gonçalo Jr., sobre a história da EDREL e da GRAFIPAR,  todos os de Nicholas Sparks, pra quem gosta de romance, e todos os do Jorge Luiz Calife pra quem curte uma boa ficção-científica. Foi Calife, um brasileiro, que inspirou o Arthur Clark a escrever a continuação de 2001, Uma Odisseia no Espaço.

Tony 88: Muito bom gosto literário...  Filmes?

ALVAREZ:  Gosto muito de cinema, mas atualmente só tenho ido basicamente para ver os filmes sobre personagens de quadrinhos ou de Ficção-Científica. As vezes um ou outro lançamento, mas não muita coisa diferente disso. Minha esposa não gosta de cinema (ela não consegue ficar dez minutos sentada na poltrona. Rsssss!), meu filho Henrique que era meu parceirão de cinema agora está namorando, então eu dancei. Perdi meu companheiro cinéfilo. Rsssss

Tony 89: Eu também vou raramente aos cinemas – só dá filmes de super-heróis -, prefiro os DVDS... Tipo de música predileta?

ALVAREZ: MPB, Samba, Bossa Nova e Jazz (Norah Jones e Diana Krall, basicamente).

Tony 90: Acredita que a tendência de mercado são as HQs virtuais, futuramente? Ou isto já é uma realidade?

ALVAREZ: Acho que isso vai ser a tendência em alguns anos. O que vai fazer isso demorar ou não a acontecer é saber como distribuir isso pela WEB de uma maneira que o autor receba por seu trabalho. Acho que isso já vem funcionando razoavelmente pra música, livros e filmes. Creio que vai chegar logo aos gibis. Afinal eles vem sendo banidos paulatinamente das bancas nestes últimos anos. Cada vez mais o espaço deles vai diminuindo. Bancas vendem revistas, livros, bonecos e modelagem, loterias, telesena, cartões de telefone, CDs, DVDs, e trezentos milhões de revistas segmentadas. Acho que os gibis deixaram de ser lucrativos pras distribuidoras, ou será mais correto falar PRA distribuidora, pois agora só existe uma nacional. Eles ditam a quantidade a ser impressa, onde vai ser distribuído, como deve ser a capa, quantas folhas tem que ter...

Tony 91: Não espalhe, mas dizem que monopólio no país é proibido... imagina se não fosse (Rsss...)? Ah, ia me esquecendo... você sabe dizer  por que o Judoka agradou tanto, na época? Há alguma explicação lógica?

ALVAREZ: Acho que era porque qualquer um poderia ser O Judoka, ele não tinha poderes, só sabia artes marciais. Morava com o tio (que coincidência, rssss), trabalhava de dia, estudava a noite, dirigia um fusquinha (e vivia perseguindo bandidos com ele). Ainda bem que ninguém na EBAL ousou em criar um Judokamóvel. Rsssss! Já pensou um fusca todo branco com uma faixa preta na vertical passando pelas portas? Ou um SP2 ou um Puma, que eram carros mais arrojados na época?
Acho que desse ponto de vista ele se aproximava muito do leitor normal e o tornava mais querido.

Tony 92: É mesmo, morava com o tio, como você... daí, você, de imediato, se identificou. Tá explicado (Rsss...).  Falando sério, você tá coberto de razão. Qualquer garoto podia facilmente se identificar com um personagem tão humano quanto o Judoka. Graças ao esforço em conjunto de um “bando de doidos” – incentivados e comandados por Sir Lancelotti-, Bengala Boys virou história em quadrinhos virtual, pelo traço do mestre Marcelino (vulgo Carioca Mineirim). Além disso, o incrível caricaturista e bengala brother Bira Dantas deu um show fazendo a caricatura da turma (Rsss...). O Bira não é fraco, não... Como se sentiu, ao se ver como personagem de uma série de HQ?

ALVAREZ: Ficou muito bacana mesmo!  Quem não gosta de virar personagem de uma HQ? Ainda mais sendo um fã de quadrinhos? Pena que a série parou e ficou incompleta.

Tony 93: Os caras desistiram? Não sabia disso, malditos bengalistas.L-a-m-e-n-t-á-v-e-l... Só me resta agradecer por sua colaboração e oriental paciência, Dom Alvarez. Seu depoimento foi ótimo. Desejo muito sucesso nesta sua nova empreitada -  O Judoka, o livro - que, com certeza, deve ficar sensacional. E, não se esqueça de me mandar o release para divulgarmos, OK? Caso queira deixar um e-mail, endereço de site, blog, ou telefone para contato, fique a vontade...

ALVAREZ: Meu e-mail para contato é jose.m.alvarez@globo.com, e quem estiver interessado em ver as artes que já estão produzidas especialmente para o livro pode ver neste álbum do Facebook; https://www.facebook.com/alvarez.listas/media_set?set=a.739926809367532.1073741826.100000506608059&type=3

Tony 94: Valeu, foi um bate papo supimpa, como diria meu bisavô! Hasta La vista, hombre! Não esqueça de me enviar um exemplar – brincadeira -, faço questão de comprar (Rsss...)...

ALVAREZ:  Autografado!!!

Tony 95: Vou aguardar... É isso aí! Valeu! Vamos nessaaaaa....

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