segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

ENTREVISTA COM ADRIANO SAPÃO!



O entrevistado de hoje é desenhista, editor, co-editor 
e um forte representante daqueles que lutam para 
manter viva a chama dos quadrinhos brasileiros. 
Já criou e desenvolveu personagens, já fez zines e
 inúmeras parcerias. Também colaborou com 
diversas publicações independentes físicas e virtuais.
 Hoje, vamos conhecer um pouco mais sobre 
esse grande guerreiro da região Nordeste do país,
 que ficou conhecido pelo curioso nome de...


ADRIANO SAPÃO!


 Tony 1: Bem vindo a este blog, cujo principal
 objetivo é mostrar gente de talento como você, 
bengala brother. Queremos, todos, saber um pouco 
mais sobre sua arte, sua vida e suas realizações. 
Posso começar, Mister Big Frog?
 

SAPÃO: Obrigado pela oportunidade, realmente ainda
 não sei se mereço tamanha honraria, mas estou 
pronto para essa aventura. Manda ver bengala Master!!!


Tony 2: A honra é toda minha, pode acreditar.
 Aperte os cintos, a aventura vai começar... 
Seu nome completo, é?  Em que dia, mês e 
ano, cidade e estado, você nasceu? 
Tem formação superior?


SAPÃO: Bom, meu nome é Adriano Lima Castelo
 Branco. Nasci em Fortaleza, no dia 24 (culpa da mamãe 
que poderia ter segurado até o dia 25, hehehe...)
 de Novembro de 1973.  Sou estudante de Educação Física.

Fortaleza: Conheça as belas prais do Nordeste do Brasil
 Tony 3: Fortaleza, belas praias... sua cidade natal é a
 Veneza brasileira. Terra boa, onde fiz grandes amigos... 
só espero que sua progenitora não leia esta sua 
declaração, daí o bicho vai pegar pro seu lado (Rsss...)...
Você é: casado, solteiro, viúvo, amancebado, ou 
“maior abandonado”? (Rsss...)...

O Preceptor - Arte: Samuel Bono - Cores: Sapão


SAPÃO: Graças a Deus sou casado há dezesseis anos, 
com uma grande mulher e temos um filhão de 
três anos e meio.


Tony 4: Maravilha. Isto denota equilíbrio... 
parabéns. Conta pra gente, como, quando e por
 que, surgiu essa “paranóia” de fazer
 histórias em quadrinhos?


SAPÃO: Bem, desde pequeno comecei a desenhar 
por intermédio do meu pai que desenhava muito bem...


Tony 5: Um pai desenhista? Show de bola... 
a coisa parece ser hereditária... isso pega mesmo...

  
SAPÃO: Mas comecei sozinho aos três anos 
ao desenhar um fusca. O entreguei a minha mãe que 
se assustou por ver que o desenho era perfeito. 
Depois disso foi só observar o meu pai desenhando 
e aprendendo mais com os quadrinhos 
que ganhava dele.


Tony 6: Esse paizão e essa mãezona, eles valem 
ouro, sempre incentivam a gente...

  
SAPÃO: Eu sempre gostei de quadrinhos e sonhava 
em fazer uma revista, mas foi em 1998, num curso 
de histórias em quadrinhos, que deu a grande
 diferença. Comecei a ir mais fundo na arte 
seqüencial e até hoje nunca mais parei.


Tony 7:Captei vossos “sinais de fumaça”... 
Cite alguns autores estrangeiros que você admira
 ou se espelhava no início de carreira
.

SAPÃO: Cara, muitos deles até hoje me inspiram, 
como : Will Eisner , Jack Kirby, Stan Lee, Joe Kubert,
 Neal Adams, Bart Sears, Jim Lee, Frank Miller,
 Frank Cho, George Pérez, Terry Dodson e aí vai!!!


Tony 8: Só gente rui, né? (Rsss...). Também sou fã de 
carteirinha desses feras... Nacionais?


SAPÃO: Gedeone Malagola , Oscar Kern, 
Julio Shimamoto,  Mozart Couto, Claudio 
Seto, Flavio Colin, Ivan Reis,
 Joe Benette, Eddy Barrows, Geraldo Borges, 
Ed Benes, Al Rio, José Luís , Tony Fernandes,
 a lista é muito grande!


Tony 9: Concordo com todos que você citou, exceto esse 
tal de Tony (Rsss...)... Pelo que tenho visto, você é 
muito criativo, dinâmico, trabalha com vários estilos... 
qual é o seu estilo preferido de arte? 
Figuras cômicas ou o desenho clássico, anatômico?


Super Pacificador - Por: Adriano Sapão

SAPÃO: Como você bem disse, eu viajo entre 
esses dois estilos . Gosto muito do cartum 
por ser mais livre e mais descontraído e o
 comics por ser uma coisa mais exata que 
requer bastante concentração e dedicação.


Jovens Heróis - Arte: Sapão. Cor: Marcos Gratão
Tony 10: Bota dedicação nisso. Até hoje ralo pra 
fazer esse tipo de arte, o cômico é bem mais fácil. 
Sempre foi a minha praia. Sou tarado por Asterix,
 Tintim e Mortadelo e Salaminho. Prosseguindo... 
Daí Kayrú... vamos falar sobre isso... este foi
 o nome do seu primeiro fanzine, correto? 
Quantos anos você tinha quando lançou ele? 
Quando foi lançado? Ele era vendido? 
Ainda é publicado? 
Parou quando e por quê?


DAI KAYRÚ - Criação de: Sapão

SAPÃO: Não...


Tony 11: Não!? Pra variar ando mal-informado...

  
SAPÃO: O primeiro fanzine que publiquei foi antes
 de terminar o curso de quadrinhos. Foi uma encomenda 
de um tio meu, que é espírita, Cardecista, e se
 chamou Proapa e só teve a primeira edição.
 Depois, foi com o término do curso, junto com 
meus colegas. E se chamou Criogenia! 
E só teve dois números. Passei um tempo desenvolvendo 
a minha própria revista e em 2002 lancei o Sho 
Kayrú que ficou com esse nome por duas 
edições até eu mudar o Sho (pequeno) para 
Daí (grande), em japonês. O Daí Kayrú foi até 
a oitava edição, nesta época já tinha 
vinte e poucos anos.


Tony 12: Japonês? Putz... eu podia jurar que essa palavra
 era de origem indígena... dancei (Rsss...).

SAPÃO: Ela era vendida de mão em mão e às vezes
 mandava para a revista QI que publicava uma 
lista com zines de todo o Brasil. Por enquanto ela 
está passando por uma reformulação,
 mas logo voltará.


Tony 13: Hmmm... me lembro bem da QI, era bacana. 
Mas, Kayrú... isso sempre me soou como uma palavra 
indígena, como já disse. Que mancada... 
O que quer dizer? Sabe o significado dela?


SAPÃO: Há, há,há... não, é uma palavra em 
Japonês e quer dizer Sapão ou Grande Sapo, 
já que no japonês não existe aumentativo.


Tony 14: Não existe aumentativo? Aprendi mais
 uma. Legal. Nessas entrevistas sempre aprendemos
 muito. Prossiga...




SAPÃO: Tenho um pouco de facilidade com essa
 língua por ser praticante de Karate-do há 
mais de vinte anos.


Tony 15 – Maravilha, temos, afinal, um karateca
 entre nós... sempre admirei os praticantes 
de artes marciais...Todos nós, que gostamos ou
 nos dedicamos à arte sequencial, parece que 
nascemos com essa coisa impregnada em nosso 
DNA. Outro dia, ouvi um cartunista dizer numa
 emissora de rádio que, nós, que nascemos com 
o “nanquim na veia”, estamos condenados a morrer
 fazendo rabiscos. Parece que foi o Xalberto que 
disse isso, eu acho. Achei isso interessante, porque
 a primeira manifestação de toda criança é rabiscar
 e colorir. Acontece que alguns crescem e param,
 enquanto outros continuam pelo resto de suas vidas,
 como se estivessem, de fato, condenados a fazer
 a coisa eternamente (Rsss...). Achei esse termo duka:
 “Condenados”...  Portanto, nesses “condenados”, 
como nós, as primeiras manifestações 
surgem precocemente. 
Eu, por exemplo, vivia criando personagens e
 fazendo “gibis” ou enchendo as folhas do meu 
caderno com desenhos do Nacional Kid e Capitão 7
 para mostrar para a molecada quando eu estava
 no ensino básico (antigo primário). 
Na adolescência, eu usava o mimeógrafo da escola
 para reproduzir desenhos com histórias de sacanagem, 
que eu vendia pros amigos. Depois, virei editor do
 jornal do colégio onde estudava, porque era um 
dos membros do Centro Cívico, acho que isso nem
 existe mais (Rsss...). Em síntese, eu tinha mania
 de editor e acabei virando um... você, pelo que sei, 
também começou editando fanzine, como o grande 
Roy Thomas – da Marvel -, Roberto Guedes – 
autor de Meteoro -, e outros bambas pelo mundo 
afora, e depois passou a editar diversas publicações
 importantes físicas e independentes virtuais... essa
 “mania de editor”, digamos assim, também foi precoce 
pra você? Dá um tesão especial? Até hoje? 
Dá pra explicar esse fascínio, que tanto nos atraiu?
 Ou será que Freud explica? (Rsss...)...


SAPÃO: Cara, falando a verdade, eu não me considero
 muito um editor...


Tony 16: Não!?  Cacilda! Alguém, da minha equipe, me
 disse que você era  editor... hmmm... vou ter que mandar 
esse alguém pro paredão (Rsss...). Tô brincando...

  
Elô - Por: Eduardo Sapão
 SAPÃO: A única coisa que editei foi o Daí Kayrú,
 não sou bom nisso, isso deixo para os
 meus amigos do Projeto Continuum, o Rafael Tavares
 e o Daniel Siqueira, eles sim sabem um pouco 
mais sobre editar. O meu negocio mesmo 
é desenhar e desenhar. hehehehe...


 Tony 17 – Como se diz por aí: Cada macaco nos
 eu galho. Esse primeiro zine seu, fazia sucesso?
 Já criava e publicava personagens seus, na época? 


SAPÃO: Fez um pouco, mas por motivo que eu 
só me conectei na Internet já tarde, não tive 
tanta divulgação na mídia. A divulgação maior
 foi no QI e no Fotolog na época! Meus personagens
 estrearam no zine Criogenia! 
E, depois marcaram presença tanto no
 Daí Kayru como no Projeto Continuum.

Invictus - Heróis do projeto Continuum

Tony 18 - Depois desse primeiro zine, você passou
 a ser co-editor do Projeto Continuum? Ou existiram 
outros produtos editoriais lançados por você, antes?


SAPÃO: Não, o Daí Kayru  foi o primeiro e
 o Projeto foi o segundo.


Tony 19 – Ok. Admiro muito os editores independentes, 
como: Emir Ribeiro, Francinildo Sena, Antonio
 Cedraz e outros. Essa gente tem garra, tem fibra. 
Estão de parabéns e muitos conseguiram se
 destacar até no cenário internacional. Acho isso incrível. 
Mas, prosseguindo... quem era o editor do 
Continuum, já que você era o co-editor?
 Quem foi o mentor desse título interessante? 
E, quantas edições já foram publicadas?




SAPÃO: Bom, o PC foi criado por mim, pelo Rafael 
Tavares e pelo Daniel Siqueira. Somos todos 
amigos que terminaram o curso de 
quadrinhos em 98. O PC como a gente o chama, 
até agora esta na nona edição e estamos 
preparando a edição número dez que ainda
 não tem previsão de sair porque queremos 
algo especial para ela. Também tivemos
 três edições extras com vários colaboradores.

Rafael Tavares e Mister Big Frog
Tony 20 – O Rafael Tavares tá em todas, é um 
grande guerreiro.  Infelizmente, não tive o
 prazer de conhecer melhor ou ler e
ssas suas publicações... 
mas, pelo que vi, rapidamente, pela Internet, 
deduzi, que a ideia de vocês, editores, era – 
ou ainda é - reunir autores locais e de todo
 o país. Era esta a proposta? Fala pra gente 
mais sobre esse curioso projeto... que autores 
colaboravam ou ainda colaboram com vocês?


SAPÃO: Certo, bom, quase todas as edições 
até a número cinco foram feitas só com 
nossos personagens e desenhadas por nós, 
a partir do numero seguinte entraram 
alguns colaboradores como o Angelo Ron, 
Mario Cesar Silva , Edvânio Pontes,
 Nel Angeiras, Samuel Bono, Will Sideralman, 
Eloyr Pacheco, Michelle Ramos, Leonardo
 Rocha, Francenildo Sena, Marcos Franco, 
Ralf Risi, Gilberto Borba, Elton Brunetti, 
Lucas Pimenta , Fan, Jackson Gebien, entre
 outros. A ideia original do PC era essa
 mesma, de que com o tempo mais autores 
e artistas usassem o espaço da publicação 
para as suas HQs. E acabamos reunindo um
 time de ótimos artistas que publicaram na revista. 
Temos muito orgulho disso.

OS INVICTOS - Arte de Nel Angerias


Tony 21 – Quanta gente boa, Big Frog... O Neal, o 
Edvânio, e o Rafael Tavares, também colaboram
 ou colaboraram com o Lorde Lobo, né? 
Como eram distribuídas, ou comercializadas as
 edições do Projeto Continuum? A coisa era
 física, palpável, ou apenas virtual?


SAPÃO: Nas três formas!!! Inicialmente começamos 
apenas com edições impressas, que 
posteriormente foram disponibilizadas na internet.
 Mas sempre priorizamos as revistas impressas
 mesmo. E as vendas eram feitas pela Internet 
e em eventos que participávamos.



Tony 22 – Gostei da estratégia de marketing... 
O pessoal que colaborava, ou que ainda colabora,
 era remunerado, ou faziam apenas por amor a arte?


SAPÃO: Cara, como quase todo fanzine ou 
pro-zine era pelo amor a arte mesmo. 
Infelizmente a verdade do nosso país é essa,
 muita vontade de conquistar o mundo, 
mas sem dinheiro no bolso!


Tony 23 – Esse país é um celeiro de gente talentosa. 
Você tem razão, o que sempre faltou é o Money. 
Mas, a coisa ta melhorando...Houve uma edição extra, 
da Continuum, só com o personagem Crânio, do
 Francinildo Sena. Sempre achei esse personagem 
interessante, original, sinistro... aliás, preciso 
entrevistar esse autor, descobrir o e-mail dele... 
sou fã desse fera... Conta aí, quem participou 
dessa edição especial com o herói criado pelo Sena? 
Quem escreveu? Quem rabiscou? 
Quantas páginas tinha a edição virtual?
 Ou também foi impressa?


SAPÃO: O Fracinildo participou do PC extra 
número 01 com história dele, argumento do Alcivan
 Gameleira e desenhos do Gilberto Borba. 
Essa edição saiu impressa em um primeiro
 momento e depois foi disponibilizado na Internet.
 Além da HQ do Crânio 
essa edição também contou com uma HQ do 
Runter, um caçador de vampiros criado por Ralf Risi.
 Se me lembro bem a revista teve 24 páginas.


Tony 24 – Runter? Com “R”, mesmo? Aportuguesado? 
Interessante... A Projeto Continuum também foi
 lançada pelo selo Big Frog Comics?
 Achei esse nome duka... (Rsss...). Muito legal...


SAPÃO: Não...


Mulher Marmota


Tony 25: Não!? Outra vez!? Cara, preciso me interar 
mais pra fazer essas entrevistas. Ando mais por fora 
do que umbigo de vedete (Rsss...)...


SAPÃO: O PC tem seu próprio selo que é o mesmo 
nome da revista. O Big Frog, como o nome já 
está dizendo, é sapão em inglês, hehehehe...
  E é o selo do Daí Kayrú!


Tony 26 – Hmmm, OK... Por falar em “Big Frog”, como
 e porque surgiu esse lance de Sapão? Ou de assinar
 Sapão? Aposto que todos estão curiosos,
 inclusive eu (Rsss...)...


SAPÃO: Pois vão ficar... há,há,há,há...


Tony 27: Vai torturar o “veio”? Deixar, todos, na expectativa? 
Sacanagem (Rsss...)... desembucha logo e contaí, 
Hitchcok dos quadrinhos...

  
SAPÃO: Claro que conto, tudo começou em 1991,
 quando participei do meu primeiro campeonato 
de karate-do. Na equipe  todos tinham apelidos:
 Foquinha, Meleca , Lá-bamba, Goiaba, Zumira, 
Camaleão, Capivara e eu Sapão, que turma né?
 Mas o por quê? Vocês se perguntam, né?




Tony 28: É óbvio... peloamordedeus, chega de suspense 
(Rsss...). Adorei o apelido desses karatécas. Meleca,
 Goiaba, Capivara... um sarro (Rsss...)
.  

Cartaz oficial da ComicCon de Fortaleza
  
SAPÂO: Um deles me apelidou dizendo que eu 
pulava muito e que parecia um sapo. 
Claro que eu odiava esse apelido. 
Anos depois, migrei para a capoeira e o apelido
 foi junto, ficou mais fácil porque quase todos 
que fazem capoeira tem um apelido também. 
Daí por diante decide adotar definitivamente
 o pseudônimo.


Tony 29 – Legal. Acho seu pseudônimo original, marcante 
e desperta a curiosidade... Nossa querida bengala girl,
 Michele Ramos, criadora do famoso Zine Brasil, um 
dos mais queridos blogs que aborda o tema quadrinhos
 e dá uma tremenda força divulgando o trabalho 
da galera fez uma parceria, ou um trabalho
 com você, certo? Dá pra contar mais sobre
 o que realizaram juntos?


SAPÃO: Ela participou com uma ótima matéria
 na revista do Projeto Continuum. Michele e 
eu somos amigos, e ela divulga o Daí
 Kayru sempre que possível.


Tony 30 – Essa bengala girl é firmeza, mesmo... 
o Zine Brasil é um sucesso. Quem não conhece 
deve conferir. Vale a pena. Recomendo...
Você também escreve suas próprias HQs?


SAPÃO: Algumas, na verdade muito poucas, 
sou mais argumentista do que roteirista.
 Geralmente quem faz minhas histórias é meu
 “irmão” e parceiro de luta o Rafael Tavares
 que é, na minha opinião, um dos 
melhores roteiristas
 desta nova geração.


Tony 31 – O cara é um grande escriba, sem dúvida.
Já li alguns textos dele... Sho Kairú – um personagem 
com nome indígena, pensava o babaca aqui -,
 Coelho Puto... – esse nome é bem
 explícito, adorei (Rsss...)- , todos são 
personagens criados por você?

SAPÃO: Bom... o Sho Kayrú, como falei mais
 acima, era o nome no meu zine. Mas acho que vc 
deve estar falando do Chi Tao, que é um trio
 de artes marciais, que são criações minhas
 e sempre estiveram no Daí Kayrú. 
Já o Coelho Puto é criação do meu grande 
amigo Edvânio Pontes, que é também 
um grande roteirista daqui do Ceará.


Tony 32 – Além desses, você criou mais alguns?


Os Invictos - Arte: Renato Rei -  Cor: Alzir Alves

SAPÃO: Sim muitos, a C.T.E.P. que consiste
 num grupo de políciais que lutam contra 
o submundo da cidade de Fortaleza 
em uma realidade fictícia, o Super Pacificador
 e o Mói da Justiça, esse junto com 
o Rafael Tavares, que é um cartum parodiando 
a Liga da Justiça , tenho também 
Os Escolhidos, um grupo de super-heróis
 brasileiros, o Buraco Negro , herói negro
 com grandes poderes e outros 
que não lancei ainda.

Lamparina Verde - por Sapão
Tony 33 – Cartum que é uma paródia da Liga da Justiça?
 Deve ser um barato, dá pra imaginar. Adoro 
sátiras...Cite alguns filmes que você curte...

SAPÃO: Todos de super-heróis, mesmo
 que depois eu os critique! Hehehehe...
 Senhor dos Anéis, os de aventuras mais 
antigos como o Fúria de Titãs, as Sete
 Faces do Dr. Lao e por ai vai!

Sem falar das séries dos anos 70, 80 e 90 
como : o Homem de Seis Milhões de Dólares, 
Perdidos no Espaço, Zorro ... que acho muito
 boas até hoje. Das atuais algumas 
eu gosto muito como Roma, Spartacus, ...


Sapão - Caricatura feita por Lorde Lobo


Tony 34 – Acho legal satirizar heróis, criei a 
Udigrudi, nos anos 90, justamente com esta
 proposta. O intuito não era denegrir a
 imagem de personagens que tanto adoramos... 
Livros ou autores, vamos falar sobre isso...

SAPÃO: Infelizmente não sou muito dedicado 
a leitura, mas os livros que li e gostei são
 os do Senhor dos Anéis do J.R.R Tolkien, 
alguns do Paulo Coelho, mas minha leitura 
mesmo favorita são os quadrinhos!



Tony 35 – J.R.R. Tolkien, o cara foi genial... quanto a 
sua preferência em ler HQs, gosto não se 
discute... Deus? Religiões? 

SAPÃO: As pessoas estão muito ligadas a 
religiões e na maioria das vezes esquecem
 do fundamental, que é Deus. Eu vejo isso 
como uma coisa muito complicada de se explicar.
 Eu me considero cristão fora da ideia de
 templo, pois o meu templo é meu corpo
 e estou conectado a Deus por isso.



Tony 36 – Concordo contigo e não abro. 
O que vejo por aí é muita gente faturando 
alto em nome de Deus. Puta sacanagem. 
Pelo que conheço do seu Estado, que pertence 
a região Norte do país, por havia aí há muitos
 índios. Você é descendente de alguma
 tribo, ou não tem nada a ver?

SAPÃO: Há,há,há... Não, você se confundiu, 
eu sou da região Nordeste, aqui no Ceará 
tem muitos poucos índios. Os que têm são 
muito poucos, nossa história é mais com
 os vaqueiros e jangadeiros, mas no
 meu caso tenho descendência européia,
 brasileira , africana e indígena como
 quase todo o Brasileiro que se preze!

Tony 37 – Putz... “pisei na bola”. Confundir norte 
com nordeste, esta foi foda (Rsss...).Mil perdões, 
pela gafe... como deu pra notar, não entendo 
nada de física quântica (Rsss...). Vamos nessa... 
Você exerce outra profissão ou 
vive apenas da sua arte?

SAPÃO: Já fiz muita coisa nessa vida.
 Para sobreviver já fui garçom, segurança, 
trabalhei em várias lojas, etc... Mas hoje, 
graças a Deus, estou fazendo o que gosto. 
Que é atuando na minha área de educação 
física e ministrando aulas de karate-do. 
O desenho que é minha paixão algumas
 vezes me proporcionou algum lucro também.

Tony 38 – Também já fiz muitas outras coisas na 
vida e isso não é demérito algum. Tudo é válido,
 como experiência, até surgir uma oportunidade. 
Aliás, sempre digo: Ninguém faz nada sozinho. 
Não adiante a gente ter talento, se alguém não
 nos der oportunidade para mostrar o que
 sabemos fazer. Por isso, correr atrás dos
 nossos sonhos é fundamental. Nada cai do céu...
Você, caro bengala brother, conseguiu fazer 
milagre.Primeiro: por estar fora do eixo Rio\São Paulo –
 dos grandes centros urbanos; segundo: por 
reunir gente de peso, como: Alzir Alves, Lorde 
Lobo, Samuel Bono, Edvânio Pontes, Jean 
Sinclair, Jackson Gebien e outras tantas feras...
 parabéns! Não deve ter sido fácil controlar 
esses bambas.Como foi trabalhar com essa 
super equipe? As HQs eram feitas no papel, 
enviadas pelo correio ou tudo rolou digitalmente?


SAPÃO: Nesta parte quem cuidava era o Rafa
e o Dan, que eram os editores do Projeto
 Continuum,eu fazia parte do conselho editorial. 
O Rafa é que mais cuidava disso, pois 
mantinha contato com toda a galera.
 Mas sempre foi tranquilo, a turma era boa 
e todos somos amigos até hoje. As HQS eram
 feitas em papel e mandadas pelo correio,
 mas hoje se encontram online.

Tony 39: Entendi... Ah, ia me esquecendo de 
uma questão que muitos, na certa, querem saber: 
O que faz um sub-editor? 
O que acontece nos bastidores?

Invicta E Raposa, de Nel Angerias - PC

 SAPÃO: Meu papel no conselho editorial 
do Projeto Continuum era, e ainda é, o de 
ajudar os meus amigos Rafa e Dan em algum impasse.
 Rafa e Dan sempre se deram muito bem e as 
decisões eram tomadas na paz e tudo eles 
me comunicavam. Assim eu podia exercer 
mais meu papel de desenhista mesmo. 
Mas aquilo que eu discordasse, eles
 consideravam. Nossas reuniões ficaram 
famosas e se chamavam de Reuniões 
Continuum e eram muito divertidas!


Tony 40: Dá pra imaginar. A coisa era bem democrática.
 O Maximus Estúdios foi criado no ano 2.000,
 pelo Edvânio Pontes, Branda Cortez, Eduardo
 Torres, OK? Você também colaborou com eles?
 Como vocês se conheceram? O Maximus, ainda existe?


SAPÃO: O único que conheço da Maximus é
 o Edvânio Pontes, e isso já faz anos. 
Ele é um grande e importante amigo. 
Colaborei com a publicação Arena do
 Maximus Estúdio com uma HQ do personagem
 do Edvânio, o Coelho Puto, uma HQ que
 me diverti muito fazendo. Acho que o
 Maximus Estúdios não existe mais, 
mas o Ed é quem deve saber isso direitinho.


Tony 41: Espero que o Ed leia esta entrevista e
 possa nos dizer algo sobre o Maximus Estúdios... 
Quando entrevistei o criativo Lorde Lobo, cara
 bom de papo, gente boa, indaguei se ele tinha
 se inspirado nos antigos fanzineiros pioneiros lá 
do sul do país - região dele -, como Cristiano 
Kern e outros feras. Fiquei surpreso quando
 ele me disse que havia se inspirado num 
fanzineiro da região Nordeste.
 Este interessante intercâmbio cultural, entre autores
 do Nordeste e do Sul do país, só foi possível 
depois da Internet, né? Ou existia antes?

SAPÃO: Antes das redes sociais e dos 
fotologs, que foram as portas para que isso
 acontecesse, acho improvável que existisse
 esse tal de intercâmbio cultural entre
 faxineiros como temos hoje. 
A Internet foi a melhor coisa que aconteceu
 para isso. Hoje nós temos contato com artistas 
de peso como: Joe Benett, Eddy Barrows, 
Ivan Reis e por aí vai. Mostrando ao mundo
 que artistas de todos os pontos do mundo 
podem ser capazes de realizar quadrinhos de 
qualidade e essa assistência muda muita coisa
 quando você quer crescer como quadrinista,
 essa é a verdadeira globalização.

Joe Bennet está arrebentando na América
  Tony 42: Faxineiros? Você quis dizer: Fanzineiros é 
óbvio (Rsss...). Deve ter sido erro de digitação... 
De fato, o mundo está cada vez menor, pós-WEB... 
E por falar em Internet, que é sinônimo de tecnologia,
 pergunto: O mundo mudou e vocês estão aí há 
um bom tempo fazendo quadrinhos virtuais, on-line, 
por que acreditam que essa é a forma como as 
novas gerações iram ler o futuro? As publicações 
físicas tendem a desaparecer aos poucos?


SAPÃO: Infelizmente está rumando para isso. 
Eu, em particular, gosto muito das publicações físicas. 
Dá prazer em pegar uma revista... o cheiro delas, 
novas e depois velhas... é indescritível a 
sensação. Tenho publicações no meu computador, 
mas não se comparam a você ler
 a revista em suas mãos.

Tony 43: Também acho. Mas a nova geração taí optando 
pelos Tablets, Ipads, etc... e é eles quem mandam... 
Quais são seus planos pro futuro?

SAPÃO: Desenhar mais e melhor, contar boas histórias!


Tony 44: Que assim seja! Alguma frustração?

SAPÃO: Tive algumas, mas foram superadas, 
o tempo e a maturidade superam tudo!


Jovens Heróis

Tony 45: Com certeza... elas nos fazem mais fortes 
para encarar o futuro. O que falta para que as 
HQs criadas no país decolem?


SAPÃO: Oportunidade de serem vistas e dinheiro
 para que boas revistas sejam lançadas com 
a qualidade que merecem, mas acho que 
no futuro as coisas serão melhores nisso.
 Sou muito otimista!




Tony 46: Que os deuses te ouçam. Vamos torcer... 
Eu acabei de voltar das férias de final de ano 
e a já arregacei as mangas pra continuar na luta... 
neste exato momento, você tá envolvido em que 
projeto? Alguma novidade vem por aí? 
Não pensa numa edição impressa?


SAPÃO: Para esse ano temos muitas coisas,
 estou fazendo os Jovens Heróis, que é um grupo 
de siderkicks de super-heróis brasileiros de 
vários autores como Lucas Ed, Marcos Gratão,
 Lorde Lobo e Rafael Tavares. Outro é Anacronia, 
do Bengala Boy Lancellot, além da volta dos
 meus personagens no Daí Kayrú e histórias d’Os
 Invictos do Rafael que sempre desenho também
 e faço meus trabalhos com caricaturas.
 Vem aí, também, o Mói da Justiça e o 
que pintar mais por aí.

Jovens Heróis - HQ inédita
Tony 47: Fantástico, você tá na ponta do casco...
Anacronia, do Bengala-Mor, Lancelott? Maravilha. 
Esse Sir é incrível. Trata-se de um grande realizador, 
desenhista e incentivador das HQs tupiniquins. 
O homem é fera e todos precisam participar e 
conhecer o imenso compêndio que ele criou 
sobre super-heróis feitos no Brasil. 
É show de bola. Sir Lancelott é criativo e um dos
 maiores empreendedores guerreiro do Nordeste.
 Mister Big Frog, está sendo um prazer poder troca
r ideias com você, saber um pouco mais sobre 
seus feitos, ideais, etc. Admiro muito seu Estado
 e esse povo generoso que me recebeu muito
 bem quando estive por aí. Que tal deixar seu 
fone para contato, e-mail, blog e site? Vamos 
“vender o peixe”. Manda bala, grande guru (Rsss...). 

SAPÃO: Beleza, meu e-mail é : sapaoart@gmail.com 
os blogs são http://www.artedosapao.blogspot.com.br   
  e http://www.caricaturartesdosapao.blogspot.com.br   
 o facebook é Adriano Sapão e o fone é (085)88613584,
 é só se comunicar!!!

Tony 48: Como anda os criadores de HQs
 em sua região? São muitos? Poucos? 
Costumam se reunir? Estão organizados?

SAPÃO: São muitos... e a cada dia aumenta mais. 
Temos uma Gibiteca onde muitos se reunem lá 
e outros tem grupos que se reunem em
 shoppings e em casas de amigos.

Gibiteca da bela cidade de Fortaleza
 Tony 49: Aqui no Sudeste, em São Paulo, tá faltando isso.
 A gente quase não encontra o pessoal do ramo. 
Estamos sempre correndo loucamente. E isso é ruim... 
Alguma consideração final para seus admiradores
 ou para aqueles que desejam também desenhar,
 fazer HQs e editar, como você?

SAPÃO: Pessoal, o segredo é o seguinte: 
Nunca desista dos seus sonhos por mais 
duros ou impossíveis que sejam.
 Na verdade, a diferença entre querer ser
 um artista e se tornar artista é só você. 
Então bola pra frente, estude tudo o que
 puder, pergunte aos mais antigos,
 seja humilde, aprenda. E o mais importante: 
goste do que você está fazendo, porque você
 é o crítico mais importante do seu trabalho.

Tony 41: Concordo plenamente, bengala brother. 
Valeu! Um 2013 repleto de realizações, saúde, 
paz, dinheiro e muito sucesso! Afinal, o ano
 oficialmente nesse país só começa a bombar 
depois do Carnaval, depois do mês de fevereiro.
 Vamos agitar o mercado! Um grande mano 
amplexo pra toda a sua equipe.

 Até a próxima!

SAPÃO: Desejo o mesmo para você, meu amigo, 
e para todos que fazem o quadrinho nacional.
 Abraços a todos e... VAMOS QUEIMAR GRAFITE!!!


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