Esse bengala friend é o dono do Draz Studio.
Ele é muito criativo, agitado e polivalente.
Já fez HQs, de vários estilos, fez fotografias e
Ele é muito criativo, agitado e polivalente.
Já fez HQs, de vários estilos, fez fotografias e
montou diversos tipos de livros e revistas.
Sempre foi um bom e grande amigo.
Sempre foi um bom e grande amigo.
Esses são alguns adjetivos que
podem definir esse cidadão que sempre
teve uma boa índole, um bom caráter.
O dono de um traço nervoso, que eu sempre
teve uma boa índole, um bom caráter.
O dono de um traço nervoso, que eu sempre
adorei, está de volta ao mercado e desta
vez com uma nova proposta:
vez com uma nova proposta:
fazer cartoons. Eu estou falando de
um amigo de longa data, de
um amigo de longa data, de
árduas jornadas, muita luta e pequenas
conquistas, que conseguimos ao
longo dos anos. Curtam agora a...
longo dos anos. Curtam agora a...
ENTREVISTA COM O
DESENHISTAS,CARTUNISTA
DESENHISTAS,CARTUNISTA
E FOTÓGRAFO...
DÉCIO RAMIREZ!
DÉCIO RAMIREZ!
Auto-retrato |
Tony 1 : - Se não me engano conheci você,
bengala friend, na década
de 70 ou 80, quando eu era funcionário
da editora Noblet, confere?
de 70 ou 80, quando eu era funcionário
da editora Noblet, confere?
Ramirez: Sim, foi em 1983, por ai...
Trabalhava: você, o Wanderley e o Paulo
Hamasaki era o diretor de arte.
Trabalhava: você, o Wanderley e o Paulo
Hamasaki era o diretor de arte.
Aliás teve uma frase que o
Hama me disse uma vez que não
esqueci até hoje.
Hama me disse uma vez que não
esqueci até hoje.
Ele falou: “Ramirez, você nunca vai
ganhar dinheiro com desenho!”
ganhar dinheiro com desenho!”
Kkk.... Isto foi um super estimulo pra
quem estava começando, né?
quem estava começando, né?
Rs... Queria, hoje, perguntar pra ele se
ele conseguiu ganhar dinheiro
ele conseguiu ganhar dinheiro
com os desenhos dele... rsss...
Aliás, a Noblet era o melhor point,
dos melhores desenhistas.
dos melhores desenhistas.
Se reuniam lá grandes feras do
quadrinho e da ilustração, inclusive,
quadrinho e da ilustração, inclusive,
Jayme Cortez, que me apadrinhou
na editora Abril e pro mercado
na editora Abril e pro mercado
editorial... Foi uma grande escola pra mim,
além de um sonho
além de um sonho
conviver ao lado dos grandes
desenhistas que eu admirava muito.
desenhistas que eu admirava muito.
Tony 2 – Ô loco! Não lembrava disso...
mas, o "Grampolinha" - apelido
brejeiro do Hamasaki,
por sua baixa estatura -, foi cruel.
Você morava perto
mas, o "Grampolinha" - apelido
brejeiro do Hamasaki,
por sua baixa estatura -, foi cruel.
Você morava perto
da editora, naquela época, né?
Quantos anos você tinha?
Quantos anos você tinha?
Ramirez: Eu lia muito Akim e dentro vinha
histórias do Capitão (Buana) Savana
histórias do Capitão (Buana) Savana
e do Inspetor Pereira, que você fazia,
eu adorava.
Eu fazia estágio no Joaquim 3 Rios,
eu adorava.
Buana (Capitão) Savana foi publicado durante 5 anos na revista AKIM, em preto e branco |
um dos maiores estúdios
de animação na época, e
quando li o endereço na
revista Akim fiquei feliz,
de animação na época, e
quando li o endereço na
revista Akim fiquei feliz,
pois era na rua atrás do prédio onde
eu morava na Aclimação.
eu morava na Aclimação.
No mesmo prédio meu morava também
outro fera da ilustra o mestre
outro fera da ilustra o mestre
Adão Gonçalves... só vim a saber que
ele morava lá, no mesmo
ele morava lá, no mesmo
prédio que eu, através de voces.
Pensei, “vou lá na Noblet tentar
um emprego e consegui”.
um emprego e consegui”.
Seu Joseph abriu uma prancheta
pra mim, eu não sabia desenhar
pra mim, eu não sabia desenhar
um círculo direito, embora
pensava que soubesse...
pensava que soubesse...
eu era super tímido... rsss.
Vocês foram pacientes comigo.
Vocês foram pacientes comigo.
Tinha 15 anos na época.
Tony 3 – Era um jovem mancebo, saltitante
e inexperiente... (Rsss...).
e inexperiente... (Rsss...).
Depois, saí da Noblet e montei meu
primeiro estúdio. Ficamos um tempo
primeiro estúdio. Ficamos um tempo
sem nos ver. Aí, um belo dia,
você apareceu lá na ETF, no
você apareceu lá na ETF, no
Jabaquara. OK? Nesta época você
já estudava desenho com o
já estudava desenho com o
mestre e sargentão Ignácio Justo?
Um artista polivalente |
Ramirez – Ainda na Noblet você me
convidou pra fazer freela
convidou pra fazer freela
pra você lá na ETF, que tinha acabado
de abrir, onde ilustrei o
de abrir, onde ilustrei o
primeiro livro da minha vida, que
era para colorir com história
era para colorir com história
de uma ratinha, não me lembro o
nome agora. Fiquei muito feliz.
nome agora. Fiquei muito feliz.
No mesmo tempo ainda na Noblet,
você e o Salata armaram
você e o Salata armaram
pra mim, me indicando o Justo e
fui lá conhecer o fera
fui lá conhecer o fera
(na época, nos dois
sentidos da palavra. Rs...)
sentidos da palavra. Rs...)
Tony 4 – Convidei, sim... e agora também
me lembrei dessas ilustrações
me lembrei dessas ilustrações
que você fez. Era pra uma revista
infantil, para ler e pintar.
infantil, para ler e pintar.
Agora me lembrei. Como foi a experiência
de freqüentar a mansão do Justo,
no bairro da Aclimação?
no bairro da Aclimação?
Você deu mais sorte do que
a minha velha turma.
a minha velha turma.
Nós fomos a turma do “barraco”,
porém você pertenceu a
porém você pertenceu a
turma da “mansão”... (Rsss...).
Conta pra gente como era estudar lá,
Conta pra gente como era estudar lá,
quais eram as dicas? Ele estava
preparando a nova turma
preparando a nova turma
pras agências de publicidade
ou para as editoras?
ou para as editoras?
Ramirez: Quando cheguei lá na mansão,
quem me atendeu
foi a dona Nilza, esposa do Justo.
E ela falou que ele não estava lá,
até a hora que eu
quem me atendeu
foi a dona Nilza, esposa do Justo.
E ela falou que ele não estava lá,
até a hora que eu
falei que quem me indicou prá ir lá foi
o Salatiel. De repente, um
o Salatiel. De repente, um
estrondo imenso rugiu de dentro da
casa e aparece um homem
casa e aparece um homem
vestido de roupão de banho e uma
arma na mão, puto da vida,
arma na mão, puto da vida,
querendo me estrangular (sem exageros).
Falou um zilhão do Salata,
Falou um zilhão do Salata,
porque parece que o Salatiel fez xixi
no jardim da casa dele
no jardim da casa dele
(tô rindo muito aqui me
lembrando disso)... Rsss...
lembrando disso)... Rsss...
Tony 5 – Estrondo? Seria o incrível Hulk?
Que nada, só podia ser o
Que nada, só podia ser o
mestre Justo, que as vezes era meio
injusto em suas ações...
Rsssss... Putz...
injusto em suas ações...
Rsssss... Putz...
Esses lances malucos... isto era típico
do sargentão Justo... (Rsss...).
do sargentão Justo... (Rsss...).
De arma na mão?
Devia ser de plástico, no mínimo... (Rsss...).
Devia ser de plástico, no mínimo... (Rsss...).
Ele era doidão, mesmo.
Gente boa, mas doidão... Um dia, ele
Gente boa, mas doidão... Um dia, ele
correu atrás de um ladrão
pela avenida com um revólver
de brinquedo do filho dele... (Rssss...).
Esta foi de foder... (Rsss...).
pela avenida com um revólver
de brinquedo do filho dele... (Rssss...).
Esta foi de foder... (Rsss...).
Só de lembrar dessas
passagens cômicas tô até
chorando de tanto rir...
passagens cômicas tô até
chorando de tanto rir...
tenho que respirar... (rsss...). ô loco... foi demais.
O mestre sempre foi uma comédia, grande, Rá...
Uma vez eu e o Wanderley fomos na
Minami e Cunha Editores com uma HQ
Minami e Cunha Editores com uma HQ
de terror. Daí o Minami, que deve
ter achado aquelas 10 págs
ter achado aquelas 10 págs
uma merda, não quis comprar
e mandou a gente pra casa do
e mandou a gente pra casa do
Justo, numa travessa da rua
Conde de Sarzedas, no bairro
Conde de Sarzedas, no bairro
oriental da Liberdade.
Não conhecíamos o personagem e
Não conhecíamos o personagem e
muito menos o trabalho dele.
Tocamos a campainha.
Tocamos a campainha.
De repente, um cara barbado,
vestindo capacete e macacão d
vestindo capacete e macacão d
a aeronáutica nos atendeu
com um prato de comida
na mão... (Rsss...).
com um prato de comida
na mão... (Rsss...).
Achei aquilo muito estranho. Olhamos um pra
cara do outro sem entender porra nenhuma.
cara do outro sem entender porra nenhuma.
Antes que pudéssemos
falar qualquer coisa ele disse:
falar qualquer coisa ele disse:
“Voces vieram por causa da televisão?
Pensei: “Que televisão?
O cara é maluco.” (Rsss...).
O cara é maluco.” (Rsss...).
Aí, como sempre, ele deu um grito:
“Nilza! Os meninos vieram por
causa da televisão! Podem entrar!
causa da televisão! Podem entrar!
Vamos entrem!”
Dez minutos depois, lá dentro,
ele perguntou:
ele perguntou:
“Voces viram o debate na televisão, ontem?
Gostaram?”
Gostaram?”
Aí eu disse: “Que debate? Em que canal?” Rsss...
Ele explicou: “Ontem eu promovi
um debate lá na TV2 Cultura,
no programa do professor
Luciano Ramos e levamos até o
pessoal da Abril! O Iga
(Valdir Igayara, ex-bambamban da Abril)
estava lá. Voces não viram?”
um debate lá na TV2 Cultura,
no programa do professor
Luciano Ramos e levamos até o
pessoal da Abril! O Iga
(Valdir Igayara, ex-bambamban da Abril)
estava lá. Voces não viram?”
“Não” – respondemos.
“Nilza! “ – gritou o cidadão, novamente,
entre uma garfada e outra
entre uma garfada e outra
(estava almoçando). “Os meninos
não viram o programa da TV!
não viram o programa da TV!
Não sabem que estamos brigando
para nacionalizar as HQs!
para nacionalizar as HQs!
Fazer valer a lei dos 50% de
material nacional funcionar!”
material nacional funcionar!”
Então, a dona Nilza perguntou:
“Quem mandou vocês aqui?”
“Quem mandou vocês aqui?”
Explicamos, sem graça, que
tinha sido o Minami, da editora.
tinha sido o Minami, da editora.
Aí ela olhou pra ele e disse:
“Ah, bom! Foi o Minami que
os mandou aqui, Dito! “(Benedito
Ignácio Justo é o nome da fera).
“Ah, bom! Foi o Minami que
os mandou aqui, Dito! “(Benedito
Ignácio Justo é o nome da fera).
Em síntese, mostramos os trabalhos
e ele nos propôs estagiarmos
e ele nos propôs estagiarmos
com ele. Portanto, o nosso encontro
com o mestre, assim como o seu,
com o mestre, assim como o seu,
foi hapoteótico, pra variar (rsss...).
Olha só que interessante, isto
aconteceu em 1972\73.
Já naquela época ele
aconteceu em 1972\73.
Já naquela época ele
estava lutando pra implantar a tal lei
de nacionalização e até agora,
de nacionalização e até agora,
em pleno século XXI, nada aconteceu.
É um absurdo.
É um absurdo.
Ramirez – Eu, o Justo e a dona Nilza,
continuamos ali. Eu, sem
continuamos ali. Eu, sem
entender patavina. Depois de uma hora
e meia no portão e passando
e meia no portão e passando
o maior mico perante os vizinhos, ele falou:
“Se você realmente quiser
aprender anatomia comigo, esteja aqui
aprender anatomia comigo, esteja aqui
amanhã as 18hs, sem se atrasar!
” E assim fui entrei pra turma
” E assim fui entrei pra turma
do Justo. A aventura durou mais
de dois anos eu ia visitar o Justo
de dois anos eu ia visitar o Justo
até há alguns anos atrás.
Apesar de certas loucuras
foi uma experiência e aprendizado bárbaro.
Todos, inclusive você que passou por lá
Apesar de certas loucuras
foi uma experiência e aprendizado bárbaro.
Todos, inclusive você que passou por lá
é testemunha. Surgiu desde dessa
época uma grande admiração
época uma grande admiração
e amizade por ele.
Tony, daria pra fazer um livro de tantas
historias que tenho do Justo.
historias que tenho do Justo.
Tony 6 – Sem dúvida, e seria uma
verdadeira bíblia de humor... (Rsss...).
verdadeira bíblia de humor... (Rsss...).
O Justo sempre foi uma figura...
quem fabricou jogou a fórmula fora...
quem fabricou jogou a fórmula fora...
Se por um lado tinha esses lances
malucos, por outro sempre
malucos, por outro sempre
teve uma boa alma. Jamais cobrou
um centavo de ninguém para ensinar
um centavo de ninguém para ensinar
arte e até hoje, o que já passou de
gente pela casa dele, não tá no gibi.
gente pela casa dele, não tá no gibi.
Ou será que tá? Acho que alguns...
Somos o que somos, graças à ele.
Somos o que somos, graças à ele.
Será que ele continua ministrando
aulas de desenho?
aulas de desenho?
Faz anos que não vou lá.
Tô devendo uma visita pro mestre.
Tô devendo uma visita pro mestre.
Ramirez – Ele nunca cobrou um centavo
mesmo e era sempre uma
mesmo e era sempre uma
alegria frequentar lá. Um cara super
simples, recebia a todos de
simples, recebia a todos de
braços abertos. quando
não estava nervoso... rs.
Pelo que sei ele
não estava nervoso... rs.
Pelo que sei ele
não tem mais alunos como antes.
Na época era eu e mais um bando.
Na época era eu e mais um bando.
Quando revi o Justo, fazem alguns anos,
ele estava super bem.
ele estava super bem.
Isto é, bem ele sempre esteve.
Tinha parado de fumar, de tomar café
Tinha parado de fumar, de tomar café
(ele tinha mania de encher o
copo de cafe e ir tomando aos
copo de cafe e ir tomando aos
poucos, frio mesmo), e não tinha
mais aquelas crises de general...
mais aquelas crises de general...
rsss... até ele comentou que
estava melhor....rs.
estava melhor....rs.
Não sei dizer se está ainda dando aulas.
Faz um tempinho que não o vejo.
Tony 7 – Pois é... precisamos, todos,
rever o mestre.
Você sabia que ele sofria
de úlcera nervosa?
Quando estudávamos
com ele, estava todo mundo
rever o mestre.
Você sabia que ele sofria
de úlcera nervosa?
Quando estudávamos
com ele, estava todo mundo
nas pranchetas concentrados, desenhando.
De repente, ele começava
De repente, ele começava
a gemer com a mão no estômago
e dava um puta grito:
e dava um puta grito:
“Nilza! Um copo de leite gelado! Por favor!”
De susto, nego quase caia da
prancheta... (Rsss...). Antes que eu
me esqueça... em que dia, mês
De susto, nego quase caia da
prancheta... (Rsss...). Antes que eu
me esqueça... em que dia, mês
e ano você nasceu, grande Ramirón?
Cidade, estado, número
da cueca... (Rsss...).
da cueca... (Rsss...).
Ramirez - Nasci em Sampa, no
dia 23 de outubro de mil e alguma coisa,
não acho que foi
em dois mil e alguma coisa ...
bem, acho que nasci
dia 23 de outubro de mil e alguma coisa,
não acho que foi
em dois mil e alguma coisa ...
bem, acho que nasci
mesmo foi nesse ano de 2011.
Tony 8 – Escondendo a idade, né?
Já vi que está ficando velho, old
Já vi que está ficando velho, old
bengala friend... (rsss...).
Pelo sobrenome dá pra captar que você
Pelo sobrenome dá pra captar que você
é descendente de espanhóis...
seu pai e sua Mãe, eles eram
seu pai e sua Mãe, eles eram
espanhóis ou filhos de espanhóis?
Que venga el toro, hombre! Olé!!!
Que venga el toro, hombre! Olé!!!
Ramirez - Meu pai, era filho de espanhol
e minha mãe de italiano.
e minha mãe de italiano.
Que venga el toro se possible fatiado
em bife, acompanhado por
em bife, acompanhado por
um prato de macarrão!
Tony 9 – Boa... boa... (rsss...). Todo mundo
quando é garoto sente uma
quando é garoto sente uma
forte atração pelas HQs, OK? Quais eram
seus heróis preferidos,
seus heróis preferidos,
na infância ou adolescência?
Ramirez – Lia muito, Fantasma, Tex e
Mad, estes eram os meus
Mad, estes eram os meus
preferidos na infância e adolescência.
Tinha coleção desses gibis,
Tinha coleção desses gibis,
muitos, mas muitos números mesmo.
Me desfiz de tudo em meados
Me desfiz de tudo em meados
de 98. Lia também Batman, Espada
Selvagem de Conan. Depois:
Selvagem de Conan. Depois:
Chiclete com Banana, Piratas do Tietê
e uma cacetada de revistas
e uma cacetada de revistas
européias e argentinas.
Fora as que eu colaborava.
Eu era “gibiteiro”
Fora as que eu colaborava.
Eu era “gibiteiro”
puro. Mas as favoritas eram
as 3 primeiras citadas,
as 3 primeiras citadas,
eu, sempre preferiu os artistas
europeus – exceto os grandes americanos
do passado, como: Raymond,
do passado, como: Raymond,
Foster, Frazetta, Buscema, Kirby,
Bóris, Adams, etc.
Hoje, a coisa mais
Bóris, Adams, etc.
Thor e Fantatsic Four por: Jack Kirby |
As pinturas de Boris Vallejo eram fantásticas |
Hoje, a coisa mais
difícil é ver um americano fazendo HQs...
mas, ainda há alguns. Pergunto:
mas, ainda há alguns. Pergunto:
Quais desses poucos americanos
que ainda fazem HQs, são seus favoritos?
que ainda fazem HQs, são seus favoritos?
Ramirez: Não tenho artistas preferido
americano, sem hipocrisia.
americano, sem hipocrisia.
No inicio de carreira lia super-heróis
porque o mercado na época
porque o mercado na época
tendia a esse tipo de quadrinho.
Lia Mad que a equipe era
Lia Mad que a equipe era
duka, praticamente composta
só de artistas americanos.
Eu sempre preferi mais os
só de artistas americanos.
Arte do genial Mort Drucker para a revista Mad |
Eu sempre preferi mais os
europeus e argentinos, além de
alguns brasileiros.
Quando iniciei na Noblet descobri
um cara que curti muito que se
Quando iniciei na Noblet descobri
um cara que curti muito que se
chama Alfonso Azpiri.
Lorna - A bela e sensual personagem de Azpiri. Ficção-científica e muita sensualidade roalva nas páginas da revista Heavy metal |
Tony 11 – Adoro o trabalho do Azpiri...
tem aquele tração nervoso,
como o seu, e faz umas mulheres
pra lá de boazudas e sexys...
tem aquele tração nervoso,
como o seu, e faz umas mulheres
pra lá de boazudas e sexys...
saia muito na Heavy Metal. Quanto
a revista Mad, os desenhos do
Mort Drucker, aquelas caricaturas
que ele fazia eram incríveis,
perfeitas...
a revista Mad, os desenhos do
Mort Drucker, aquelas caricaturas
que ele fazia eram incríveis,
perfeitas...
Ramirez - Tentava copiar as
mulheres dele porque pra mim ele
mulheres dele porque pra mim ele
era o melhor. Passei anos perdendo
tempo tentando fazer mulheres
tempo tentando fazer mulheres
bonitinhas por causa dele,..rs.
O Spacca, toda vez que me encontrava
O Spacca, toda vez que me encontrava
me falava: “ Ah, você é o cara que
faz as mulheres gostosinhas!”
faz as mulheres gostosinhas!”
alguns artistas com os quais
nos identificamos. É normal.
Não é que copiamos ou queremos
ser, mas que simplesmente
nos identificamos. É normal.
Não é que copiamos ou queremos
ser, mas que simplesmente
tem alguma identificação.
Com o tempo você se solta, se decobre e
Com o tempo você se solta, se decobre e
vira você mesmo. Isso é natural.
Tony 12 – Concordo... todo mundo começa
“imitando”, seguindo
As personagens sensuais de Azipiri inspiraram Décio Ramirez |
Arte, a la Azpiri, feita por Décio Ramirez, na década de 90 |
“imitando”, seguindo
um estilo de alguém que admira e aos
poucos vamos
desenvolvendo um estilo
próprio, bengala friend.
poucos vamos
desenvolvendo um estilo
próprio, bengala friend.
Ramirez – Depois, você esquece
tudo que aprendeu
manda tudo às favas e cria estilo próprio.
Ai você é você, mesmo porque nem
tem tempo mais
tudo que aprendeu
manda tudo às favas e cria estilo próprio.
Ai você é você, mesmo porque nem
tem tempo mais
pra ficar olhando muito um ou outro.
Um lance interessante sobre isso...
Um lance interessante sobre isso...
Fazem anos que não vejo
nada como referência.
O que você vê
nada como referência.
O que você vê
na minha arte hoje sou eu mesmo.
Vou aproveitar a deixa:
Vou aproveitar a deixa:
Há uns 3, 4 meses atrás, fiz
experimentações de finalização comigo
experimentações de finalização comigo
mesmo. Você sabe, quem para
perde um pouco a identidade. Mas esta
perde um pouco a identidade. Mas esta
experiência serviu de escola, rever soluções.
Olhar o que se fez e o que
Olhar o que se fez e o que
se está fazendo é legal. Cresci muito
nesses últimos tempos com
nesses últimos tempos com
isso. Adoro a estilização, sempre adorei.
Quanto menos traço soluciono
Quanto menos traço soluciono
uma figura melhor. O legal disso tudo
é você se descobrir sempre, estar
constantemente em busca, isso
torna você mais maduro.
é você se descobrir sempre, estar
constantemente em busca, isso
torna você mais maduro.
Tony 13 – Uma coisa você tem razão.
Todo autor tem que reciclar e
Todo autor tem que reciclar e
aceitar novos desafios ou está morto.
É gozado que vejo este tipo
É gozado que vejo este tipo
de insegurança, que captei no seu
depoimento acima, na maioria dos
depoimento acima, na maioria dos
artistas que conheço.
Alguns chegam a travar e não
conseguem fazer
Alguns chegam a travar e não
conseguem fazer
mais nada. Na minha opinião isto
é excesso de perfeccionismo.
é excesso de perfeccionismo.
Os caras querem ser tão auto-críticos,
tão perfeitos, que se decepcionam
tão perfeitos, que se decepcionam
com sua própria criação e criam
um clima de insegurança.
um clima de insegurança.
Acho isto muito louco.
Nunca senti uma coisa dessa,
sabe por quê?
Nunca senti uma coisa dessa,
sabe por quê?
Porque jamais fiquei preocupado
com a opinião de outro
com a opinião de outro
artista ou da crítica sobre o meu trabalho.
Creio que a galera
Creio que a galera
da arte tem um lado
narcisista exacerbado.
narcisista exacerbado.
Querem ouvir elogios, odeiam críticas.
E há também uma grande
E há também uma grande
preocupação que o outro
profissional teça elogios a obra.
profissional teça elogios a obra.
Quando isso não acontece. Fodeu.
O cara se sente um merda e é capaz
O cara se sente um merda e é capaz
até de travar. Acho esse tipo de raciocínio
ridículo. Sempre pensei assim: não faço
ridículo. Sempre pensei assim: não faço
trabalhos pra receber elogios
da classe. O que me importa é o
grande público. Os pseudos-críticos
grande público. Os pseudos-críticos
de arte e artistas que se explodam, grande Rá.
Essa gente compra revista raramente.
Essa gente compra revista raramente.
Muitas vezes eles nem conhecem o trabalho
e começam a falar merda. Outra coisa,
“supunhetamos” que esses
“supunhetamos” que esses
críticos e artistas adorassem o
seu trabalho e o comprassem ele.
seu trabalho e o comprassem ele.
Cara, eles são uma parcela tão ínfima
do mercado que em termos
do mercado que em termos
significativos de venda não ia
fazer qualquer diferença.
fazer qualquer diferença.
Você iria precisar de, no mínimo,
10 mil artistas e críticos comprando
10 mil artistas e críticos comprando
sua revista para que ela
permanecesse nas bancas.
Deu pra entender?
permanecesse nas bancas.
Deu pra entender?
Você precisa do julgamento popular,
da grande massa, que só
da grande massa, que só
acontece através dos
números de vendas.
Ou seja, quando os seus
números de vendas.
Ou seja, quando os seus
fiéis leitores compram seu produto.
Muitas vezes já um vi um desenho
Muitas vezes já um vi um desenho
de merda vender mais do que um lindão.
Como explicar isto? Que escola de marketing
pode explicar tal fenômeno?
Como explicar isto? Que escola de marketing
pode explicar tal fenômeno?
Pra mim, o “Rei dos Comics”,
Jack Kirby, nunca foi um
grande desenhista.
Jack Kirby, nunca foi um
grande desenhista.
As figuras dele eram exageradas.
Porém, sempre achei o trabalho
Porém, sempre achei o trabalho
dele sensacional, muito forte, diferenciado,
suas figuras tinham impacto
suas figuras tinham impacto
visual e em termos de criatividade
o cara foi fenomenal.
o cara foi fenomenal.
Aliás, pra mim, ninguém até hoje
conseguiu superá-lo até hoje.
conseguiu superá-lo até hoje.
E sempre foi um campeão de venda.
Se não fosse o velho Jack não
Se não fosse o velho Jack não
existiria Marvel hoje. Os críticos
e os artistas podiam odiara aquelas
e os artistas podiam odiara aquelas
figuras que ele fazia
anatomicamente imperfeitas.
Mas, que nós, o povo,
anatomicamente imperfeitas.
Mas, que nós, o povo,
sempre adorou. Tanto, que comprava
os heróis feitos por ele.
os heróis feitos por ele.
Outro grande exemplo europeu é Phillip Druilett.
As figuras humanas dele
As figuras humanas dele
são uma merda, mas, véio... o cara tem
uma criatividade pra fazer
uma criatividade pra fazer
ficção-científica que nem o grande
Jean Giraud (Moebius) tinha ou tem.
Jean Giraud (Moebius) tinha ou tem.
Veja, bem... avalio um trabalho pelo
conjunto da obra e não por detalhes.
conjunto da obra e não por detalhes.
Todo mundo erra. Ninguém é perfeito.
E tem outra coisa: o trabalho desses
E tem outra coisa: o trabalho desses
caras (Kirby\Druillet) podia não ser um
show de arte, entretanto, eram
show de arte, entretanto, eram
carismáticos e vendiam a beça.
Caia no gosto popular. Acho que este
Caia no gosto popular. Acho que este
é o caminho, sem neuras.
Mas, voltando ao papo...
Mas, voltando ao papo...
Voltei a revê-lo em 83, na ETF, como
já disse... seu trabalho, na época,
já disse... seu trabalho, na época,
tinha evoluído bastante...
isto ocorreu porque você
estudava desenho
isto ocorreu porque você
estudava desenho
3-D, com o mestre?
Ramirez - Nunca estudei desenho 3-D,
estudava anatomia com o Justo. Só.
estudava anatomia com o Justo. Só.
Tony 14 – Mas, cara, você vivia pentelhando
a gente com esse papo
“Tô estudando desenho 3-D com o Justo”...
era insuportável...
(Rsss...). Lembra?
a gente com esse papo
“Tô estudando desenho 3-D com o Justo”...
era insuportável...
(Rsss...). Lembra?
Ramirez - O lance sobre "3-D" era idéia minha mesmo.
Me lembro um dia em que eu e o
Jotah estávamos “layoutando” uma
capa do Capitão (Buana) Savana
Me lembro um dia em que eu e o
Jotah estávamos “layoutando” uma
capa do Capitão (Buana) Savana
pra você, saiu um angulo fantástico, 3 D.
tenho que admitir... (Rsss...).
Ramirez - Naquela época as figuras
daqui eram meio 2 planos,
chapadas, e eu dava naquele lance
de tridimensionalidade na cena.
Até nos storyboards que eu fazia
na época tinha diretor de arte
que me xingava... rsss... vocês até
me apelidaram de 3D, lembra?
daqui eram meio 2 planos,
chapadas, e eu dava naquele lance
de tridimensionalidade na cena.
Até nos storyboards que eu fazia
na época tinha diretor de arte
que me xingava... rsss... vocês até
me apelidaram de 3D, lembra?
Tony 16 – (Rsss...) Você também era uma figura...
Sim, claro que lembro... quem é que
consegue esquecer disto?
consegue esquecer disto?
Ninguém... (Rsss...).
Esse papo seu de 3-D, na época, traumatizava
Esse papo seu de 3-D, na época, traumatizava
todo mundo... Qual foi sua
primeira HQ publicada, 3-D Man?
primeira HQ publicada, 3-D Man?
Ramirez: Não foi exatamente uma HQ,
mas aquela revista da ratinha
mas aquela revista da ratinha
que fiz pra você, já te disse antes.
Tony 17 – Sei... Era uma revista de
história pra crianças, para ler e pintar
história pra crianças, para ler e pintar
que fizemos para a editora Rios...
aliás, fazíamos várias nesse estilo,
aliás, fazíamos várias nesse estilo,
na época, pra esta editora, para a
Imprima e pra outras.
Perdi a conta de quantas revistas de
atividades infantis fizemos
ao longo dos anos.
Imprima e pra outras.
Perdi a conta de quantas revistas de
atividades infantis fizemos
ao longo dos anos.
O texto era do Antonio Luís Pereira
(vulgo Capitão Bahia).
(vulgo Capitão Bahia).
Aquele trabalho ficou sensacional.
Vendeu bem.
Ramirez – HQs... sempre colaborei em
revistas com vários outros artistas
juntos, como é a Mad, Caminho de Rato,
Fierro e outras, como exemplo.
juntos, como é a Mad, Caminho de Rato,
Fierro e outras, como exemplo.
Tony 18 – Entendi, mestre... Então,
sua carreira profissional teve início
sua carreira profissional teve início
oficialmente em que ano, mesmo?
Ramirez - Boa pergunta... Rsss... sei lá se iniciou
ou ainda tá iniciando.
ou ainda tá iniciando.
Acho que ela inicia a cada ano.
Tony 19 – Negativo. A cada ano você reinicia ela.
Creio que você começou
Creio que você começou
mesmo ilustrando a história
da ratinha em 1982/83. Por aí.
da ratinha em 1982/83. Por aí.
Você conviveu com o meu
pessoal de arte, tipo: Carioca
(Wilson Borges, autor de Sapolino),
Jotacê (Jotah, autor da Turma
do Barulho), Beto, Bilau,
pessoal de arte, tipo: Carioca
(Wilson Borges, autor de Sapolino),
Jotacê (Jotah, autor da Turma
do Barulho), Beto, Bilau,
Ralf, Paulo Menon (o almofadinha
que era o nosso contato
e grande amigo), e outros feras...
com qual deles você se dava melhor,
no bom sentido, é claro.
que era o nosso contato
e grande amigo), e outros feras...
com qual deles você se dava melhor,
no bom sentido, é claro.
Ramirez - Todos foram muito amigos
e havia união. Conheci o Jotah
e havia união. Conheci o Jotah
na ETF, estávamos começando
praticamente juntos.
Aí veio o Beto e os
praticamente juntos.
Aí veio o Beto e os
outros na sequência. Desses citados
por você, o Jotah é o único que
por você, o Jotah é o único que
converso até hoje por telefone
e vi algumas vezes durante esses
e vi algumas vezes durante esses
anos. Na época, formávamos
todos uma boa turma.
todos uma boa turma.
Trabalhávamos, saiamos juntos,
éramos bem unidos mesmo.
éramos bem unidos mesmo.
Sempre me dei bem com todos.
O mercado editorial era tão aberto,
que você fazia amigos
em todo lugar.
que você fazia amigos
em todo lugar.
Todos se conheciam, trocavam
“figurinhas”, se ajudavam.
“figurinhas”, se ajudavam.
Não escondiam truques, ou coisas assim.
Para você falar com uma pessoa,
não precisava ligar, marcar hora, ou
mandar e-mail (nem existia e-mail
Para você falar com uma pessoa,
não precisava ligar, marcar hora, ou
mandar e-mail (nem existia e-mail
na época). Você tocava a campainha
o cara te atendia e você
o cara te atendia e você
estava lá. Saia com algum trabalho,
ou indicação, mesmo que fosse
ou indicação, mesmo que fosse
uma vinhetinha. Você falava com o
zelador e até com o diretor.
zelador e até com o diretor.
Bastava interfonar.
Tony 20 – É verdade... nem existia e-mail,
nem sonhávamos
com computador...
nem sonhávamos
com computador...
Putz... somos jurássicos, mesmo...
(Rsss...). Hoje, pra ser atendido,
(Rsss...). Hoje, pra ser atendido,
se não agendar a reunião ninguém te atende.
E-mail? Você manda e a
maioria nem responde.
maioria nem responde.
O pessoal fica aí mandado arte em
anexo pras editoras. A maioria
anexo pras editoras. A maioria
nem abre o anexo e deleta o e-mail
na maior – com medo de virus.
na maior – com medo de virus.
Ninguém dá mais atenção pra ninguém...
esta é que é a verdade.
esta é que é a verdade.
Qual deles era o mais metido da
nossa turma? O mais nojento?
nossa turma? O mais nojento?
Ramirez: Antigamente não tinha
metidez, nem com os mestres.
metidez, nem com os mestres.
O cara que era metido era queimado
naturalmente pelo mercado
naturalmente pelo mercado
e por ele mesmo.
Tony 21 – Verdade... o próprio fulano
implodia... (Rsss...).
implodia... (Rsss...).
Ficamos, novamente, mais
um bom tempo sem e ver...
Na década de 90 você reapareceu
quando estávamos lançando
a revista Udigrudi, pela editora Ninja.
um bom tempo sem e ver...
Na década de 90 você reapareceu
quando estávamos lançando
a revista Udigrudi, pela editora Ninja.
O estúdio era uma salinha na esquina
da avenida São João com a Ipiranga,
da avenida São João com a Ipiranga,
no coração da cidade, naquele prédio
das acadêmias de fisiculturismo.
das acadêmias de fisiculturismo.
Só dava nego bombado por lá,
cheio de anabolizantes.
cheio de anabolizantes.
Como foi que você nos reencontrou?
Ramirez: Eu migrei pra publicidade e
me afastei um pouco do editorial.
me afastei um pouco do editorial.
Fui diretor de arte de uma agência,
aos 18 anos de idade.
aos 18 anos de idade.
E “freelava” para algumas editoras
mais por prazer,
se bem que me pagavam.
mais por prazer,
se bem que me pagavam.
E também os profissionais da época
eram verdadeiros ratos de estúdio.
eram verdadeiros ratos de estúdio.
Sempre iam e vinham, não se
perdia contato físico, como hoje.
perdia contato físico, como hoje.
Era muita gente, todos se conheciam.
Você não iria conseguir se
Você não iria conseguir se
esconder por muito tempo... rsss.
Sempre tivemos também muitos
Sempre tivemos também muitos
amigos em comum.
Por isso te reencontrei fácil. Rsss...
Por isso te reencontrei fácil. Rsss...
Tony 22 – É fato... quem trabalha na TV e
nesse ramo se ficar devendo
nesse ramo se ficar devendo
pra alguém tá lascado... é localizado
rapidinho... (Rsss...).
rapidinho... (Rsss...).
A Ninja cresceu e conseguimos
abrir novos títulos nacionais
abrir novos títulos nacionais
naquela época... precisávamos
de mais gente. Daí você e outros,
de mais gente. Daí você e outros,
como: Gilvan Lira, Edson Monteiro
e Orlando Alves, Salatiel de Holanda e
e Orlando Alves, Salatiel de Holanda e
a Luciana – a única mulher da turma-,
começaram a colaborar com
começaram a colaborar com
a gente, OK? Não me lembro bem
qual foi a primeira HQ que você fez
qual foi a primeira HQ que você fez
com a gente... foi: Fantasticman?
A Maldição do Guerreiro Ninja?
A Maldição do Guerreiro Ninja?
Ou foi uma HQ erótica?
Ramirez - Iamos fazer uma espécie de
Mad e fui escalado pra ser o
Mad e fui escalado pra ser o
Mort Drucker da equipe...rsss...
Mas o projeto não saiu do papel.
Mas o projeto não saiu do papel.
Acho que nessa época eu fiz Hq
erótica também... e, terror ?
erótica também... e, terror ?
Tony 23 – Terror, você fez sim...
outro dia o bengala friend
Dom Alvarez postou lá no Facebook
uma HQ de terror que você
fez naquela época, década
outro dia o bengala friend
Dom Alvarez postou lá no Facebook
uma HQ de terror que você
fez naquela época, década
de 90! Aliás tinha um belo
traço a La Azipiri!
Ramirez - Fantastic Man só finalizei uma
história no estilo nervoso,
traço a La Azipiri!
história no estilo nervoso,
que aliás acho que fui o precursor dessa
modalidade de finalizar diferente
modalidade de finalizar diferente
pra super-heróis, no mundo.
Tony 24 – Sim, também acho.
Alguns gostaram, outros odiaram.
Alguns gostaram, outros odiaram.
Era o Azpiri tupinqiuim fazendo
Fantasticman. Fiz o lápis e você
Fantasticman. Fiz o lápis e você
artefinalizou. Pouco tempo depois,
criamos e lançamos – pela extinta
criamos e lançamos – pela extinta
ed. Ninja-, O Pequeno Ninja, um dos
maiores fenômenos de venda da
maiores fenômenos de venda da
minha carreira (ou melhor,
da nossa carreira).
da nossa carreira).
Tiragem: 250 mil.
Venda 125 mil exemplares.
Você também participou?
Venda 125 mil exemplares.
Você também participou?
Ramirez - Não, até acho que esbocei
algo, mas não fiz nada final.
Embora acompanhei bem o
personagem de perto...
Embora acompanhei bem o
personagem de perto...
Tony 25 - Tinha muita gente
ajudando a fazer o Pequeno Ninja,
por isso não me lembro bem das coisas.
Tinha os dois Alexandres
O Montandon e o Dias, guitarrista
da banda Velhas Virgens,
tinha o Verde, a Luciana e uma
ajudando a fazer o Pequeno Ninja,
por isso não me lembro bem das coisas.
Tinha os dois Alexandres
O Montandon e o Dias, guitarrista
da banda Velhas Virgens,
tinha o Verde, a Luciana e uma
pá de gente. O ritmo de produção
era pauleira e dava um trabalho
era pauleira e dava um trabalho
danado era tudo em cores.
A Ninja cresceu e mudou para o Tatuapé
A Ninja cresceu e mudou para o Tatuapé
e nós acabamos alugando as
salas do prédio – no 5º andar.
salas do prédio – no 5º andar.
O português editor\Ninja quis
roubar nossa criação, entramos na
roubar nossa criação, entramos na
justiça e ganhamos a causa e com
essa grana montamos a editora
essa grana montamos a editora
Phenix, que era duas salinhas, no
mesmo prédio, onde até hoje tá
mesmo prédio, onde até hoje tá
cheio de academias de musculação.
Lançamos as revistas posters
Lançamos as revistas posters
de cinema e emplacamos.
Lembro que isto aconteceu bem na
Lembro que isto aconteceu bem na
época em que o famigerado
Plano Collor capou o dinheiro
Plano Collor capou o dinheiro
de todo mundo. Relançamos,
pela nossa editora (Phenix) a Udigrudi,
pela nossa editora (Phenix) a Udigrudi,
numa versão menor, em
formatinho, com 132 págs.
formatinho, com 132 págs.
As primeiras edições de Udigrudi
saíram pela Ninja no formato 21 x 28 cms
saíram pela Ninja no formato 21 x 28 cms
e tinham apenas 32 páginas.
Udigrudi foi um título que deu certo,
Udigrudi foi um título que deu certo,
vendia bem. Você também chegou
a criar HQs para a Udigrudi,
a criar HQs para a Udigrudi,
naquela época, né?
Acho que dos títulos seus esta
foi a revista que mais colaborei.
Poderia voltar a fazer algo no gênero.
foi a revista que mais colaborei.
Poderia voltar a fazer algo no gênero.
Tenho em mente uma revista parecida
com pautas também, textos...
com pautas também, textos...
podemos conversar, acho que
ela ainda vende se sair renovada.
ela ainda vende se sair renovada.
Tá faltando um misto de El Jueves,
Fierro, Barcelona, Mad e Udigrudi,
Fierro, Barcelona, Mad e Udigrudi,
no mercado brasileiro.
Até me candidato a ser co-editor... rs.
Até me candidato a ser co-editor... rs.
zoávamos tudo. De séries de TVs e
novelas a super-heróis...
era uma baixaria total.
O Surfista Prateado, nas
páginas da Udigrudi virou O Surfista
novelas a super-heróis...
era uma baixaria total.
O Surfista Prateado, nas
páginas da Udigrudi virou O Surfista
Afrescalhado... (Rsss...) e foi um sucesso.
Conan, o bravo, virou...
Conan, o bravo, virou...
Cornão, o brabo... (Rsss...).
O Salata pegou aquela série
de TV chamada A Ilha da Fantasia
e fizemos a nossa versão:
“A Ilha da Baixaria”... era legal.
O Salata pegou aquela série
de TV chamada A Ilha da Fantasia
e fizemos a nossa versão:
“A Ilha da Baixaria”... era legal.
Detonávamos tudo e todos
até o editor... (Rsss...).
até o editor... (Rsss...).
Na real era uma versão da MAD,
mais erotizada, mais adulta e até
mais erotizada, mais adulta e até
revolucionária pra época.
Nas bancas só dava Chiclete com Banana,
Nas bancas só dava Chiclete com Banana,
do genial Angeli, e a Udigrudi. Voltando...
A Phenix começou a dar certo.
A Phenix começou a dar certo.
Robocop vendeu cerca de 800 mil exemplares.
Alugamos um lugar maior e mudamos
para o bairro do Brás.
para o bairro do Brás.
Ali, sim, me lembro que você passou
a ser um colaborador assíduo.
OK? Fale-me sobre esta época.
OK? Fale-me sobre esta época.
Ramirez - Nessa época eu já tinha um
estúdio de fotografia,
mas não tava dando muita grana.
Então pensei em fazer revistas,
sem ser quadrinhos.
Fui te procurar e peguei trocentas
páginas da Udigrudi pra desenhar
e fizemos também
(eu e meu sócio na época)
revistas de horóscopo
(essa criamos um personagem o
estúdio de fotografia,
mas não tava dando muita grana.
Então pensei em fazer revistas,
sem ser quadrinhos.
Fui te procurar e peguei trocentas
páginas da Udigrudi pra desenhar
e fizemos também
(eu e meu sócio na época)
revistas de horóscopo
(essa criamos um personagem o
Mahatmam Ramaukla da ordem do
progresso astral, chegava
cartas do Brasil todo querendo
conhecer o cara, lembra?
progresso astral, chegava
cartas do Brasil todo querendo
conhecer o cara, lembra?
Tony 20 – Sim, claro... acho que vocês também
fizeram livros de simpatia, etc...
fizeram livros de simpatia, etc...
Ramirez - Mahatman vem do Mahatma
Ghandi e Ramaukla
era a junção de Ramirez, Claudir e
do Augusto um amigo meu.
Ghandi e Ramaukla
era a junção de Ramirez, Claudir e
do Augusto um amigo meu.
Foi sucesso o guru inventado...
Rsss... aí fizemos guia do
motorista que sei que vendeu
muito e uma revista de moda que
ia ser bem legal, mas não
Rsss... aí fizemos guia do
motorista que sei que vendeu
muito e uma revista de moda que
ia ser bem legal, mas não
saiu da gaveta. Foi uma época também
de mudanças pra mim.
de mudanças pra mim.
Foquei muito em fotografia.
Muitos me procuravam pra criar
embalagens e fazer design gráfico...
Muitos me procuravam pra criar
embalagens e fazer design gráfico...
Tony 21 – Olha quanta coisa bacana você
realizou, guerreiro...
tem uma bagagem invejável.
Foram muitas e diversificadas
experiências... Você sempre trabalhou
tem uma bagagem invejável.
Foram muitas e diversificadas
experiências... Você sempre trabalhou
com fotos e desenhos. Estas sempre foram
suas duas grandes paixões.
suas duas grandes paixões.
Lembro-me que alguns anúncios de
nossas revistas posters as
nossas revistas posters as
fotos foram feitas por você...
Ainda trabalha com fotografia?
Ainda trabalha com fotografia?
Ramirez - A fotografia foi acontecendo.
Eu “freelava” pra TVS (hoje SBT), fazia aquelas
manchas que viravam slides de cena que o
Eu “freelava” pra TVS (hoje SBT), fazia aquelas
manchas que viravam slides de cena que o
pessoal do jornalismo colocava na
matéria quando não tinha
imagem e eu falava com o Pincel e o
Verão, chefes do estúdio.
Uma vez, acho que de saco cheio
de tanto me ver, disseram
que uma grande agência em
matéria quando não tinha
imagem e eu falava com o Pincel e o
Verão, chefes do estúdio.
Uma vez, acho que de saco cheio
de tanto me ver, disseram
que uma grande agência em
Marília tava precisando de diretor de
arte e achavam que eu era o cara.
arte e achavam que eu era o cara.
Telefonei. Tudo ficou combinado
pra eu ir lá mostrar portfólio e
pra eu ir lá mostrar portfólio e
conversar com os donos.
No dia seguinte, em que completei 18 anos,
No dia seguinte, em que completei 18 anos,
viajei. Pedi o salário de uma grande
agência de Sampa e os caras
agência de Sampa e os caras
aceitaram, me contrataram na hora.
Nem eu acreditei
Nem eu acreditei
na época, coisa de doido... Rsss.
Tony 22 – Coisa do “Chefe”, lá em cima,
grande Ramirón... você rala,
grande Ramirón... você rala,
se eforça, corre atrás e Deus ajuda,
as portas se abrem...
as portas se abrem...
Ramirez - Ai criei uma embalagem.
Eu queria uma fotografia
na capa mas o fotógrafo oficial da
agência não conseguia fazer
o que eu queria.
Eu queria uma fotografia
na capa mas o fotógrafo oficial da
agência não conseguia fazer
o que eu queria.
Fui tentar fazer e acabei dando sorte.
Deu certo... Rsss.
Ai, como sempre quis aprender
tudo que a área oferece, metidão,
comprei uma câmera e comecei
a brincar de fotógrafo.
Mas sempre como segunda opção.
Deu certo... Rsss.
Ai, como sempre quis aprender
tudo que a área oferece, metidão,
comprei uma câmera e comecei
a brincar de fotógrafo.
Mas sempre como segunda opção.
Fiz muitas festas socialites, tipo
paparazzi, pra jornais e revistas.
paparazzi, pra jornais e revistas.
Dizem que fui o precursor do Pânico,
só que nas fotografias...
só que nas fotografias...
Rsss... o que eu zuava com os
famosos não era fácil... rs...
famosos não era fácil... rs...
e me lembro que fotografei
pra você também.
pra você também.
Tony 23 – E muito... agora sabemos que você
também já trabalhou na área de publicidade
e fotos, OK? Fora esta tal agência do
interior, pra quais outras
também já trabalhou na área de publicidade
e fotos, OK? Fora esta tal agência do
interior, pra quais outras
agências você trabalhou? Outra coisa:
O que faz o seu Draz Studio,
O que faz o seu Draz Studio,
atualmente? Digo, atende que
tipo de clientela?
tipo de clientela?
Ramirez – Então, o Salata me levou pras agências...
Tony 24 – O Salatiel (vulgo Di Zuniga),
sempre foi gente finíssima...
sempre foi gente finíssima...
sempre ajudou e deu dicas à todos...
ando com saudades do
ando com saudades do
"mano véio"... estava sempre feliz e
pintava muito, brincava com as
pintava muito, brincava com as
cores e era autoditada, lá do Recife,
terra de grandes artistas... é que
terra de grandes artistas... é que
os leitores não conhecem os trabalhos
que nós vimos do Salata e que
que nós vimos do Salata e que
nunca foram publicados.
As pinturas do Zuniga, feitas na década de 80,
As pinturas do Zuniga, feitas na década de 80,
colocavam as pinturas do badalado Alex
Ross no bolso. Outro fera em
Ross no bolso. Outro fera em
pinturas era o Bilau, o Adãozinho...
os caras desenhavam
os caras desenhavam
e pintavam muito... muito mesmo,na raça.
Não existia Photoshop, Painter, etc.
Ramirez - Eu fiz mais “freelas” pras
agências do que
trabalhei dentro delas.
A primeira foi a Gray, essa trabalhei
mesmo, como funcionário.
Mas, aí pintava os freelas da Almap
(Alcântara Machado), DPZ, a M3, de Marilia,
agências do que
trabalhei dentro delas.
A primeira foi a Gray, essa trabalhei
mesmo, como funcionário.
Mas, aí pintava os freelas da Almap
(Alcântara Machado), DPZ, a M3, de Marilia,
para citar algumas, e assim foi.
Depois trabalhei em algumas médias
Depois trabalhei em algumas médias
e pequenas e aquelas que
me davam trampo...
Geralmente o pessoal
me davam trampo...
Geralmente o pessoal
das agências quer prêmio e
embalagem não dava prêmio.
embalagem não dava prêmio.
Então eu pegava esse tipo de trabalho
porque ninguém queria pegar.
porque ninguém queria pegar.
Rsss. Ai abri o estúdio e larguei de
vez agências. Aqui, no Draz
vez agências. Aqui, no Draz
Studio, atendo fabricantes de
brinquedos (fazendo embalagens) e
brinquedos (fazendo embalagens) e
trabalho para o mercado de
licenciamento e também faço
licenciamento e também faço
algumas ilustras
encomendadas de cartoons.
encomendadas de cartoons.
Tony 25 – É incrível isto, quando
você trabalha numa editora ou agência
aparece free lance de todo lado.
Você sai, monta estúdio e aí
esses clientes desaparecem... (Rsss...).
Embalagens é uma grande área,
dá muito dinheiro.
Licenciamento também é uma boa.
Embalagens é uma grande área,
dá muito dinheiro.
Licenciamento também é uma boa.
Trabalhei pro Álvaro Figueiredo, da Viacom
(fazendo desenhos para merchandising da
Pantera Cor-de-Rosa, Tom e Jerry, etc);
(fazendo desenhos para merchandising da
Pantera Cor-de-Rosa, Tom e Jerry, etc);
e com a Character (fazendo artes para os
heróis da DC Comics)...
heróis da DC Comics)...
O nosso velho bengala friend Jotacê (Jotah)
e a Sandra tinham... digo eles têm ainda, um
estúdio que só atende editoras de livros
e a Sandra tinham... digo eles têm ainda, um
estúdio que só atende editoras de livros
didáticos... você também chegou
a trabalhar com eles.
a trabalhar com eles.
Por quanto tempo?
Ramirez - O Jota me convidou pra ilustrar
alguns livros com ele e fui.
alguns livros com ele e fui.
Fiquei com eles alguns meses
apenas no estúdio deles.
apenas no estúdio deles.
Mas o Jotah é muito amigo até hoje.
Tony 26 – Então, quer dizer que você acabou
virando mesmo um
virando mesmo um
especialista em embalagens.
Fale-me mais sobre esta sua
nova experiência.
Fale-me mais sobre esta sua
nova experiência.
Taí uma área que dá dinheiro.
Encheu os bolsos (Rsss...).
Encheu os bolsos (Rsss...).
Pra que empresas você
desenvolveu embalagens?
desenvolveu embalagens?
Ramirez – Tony, isto não é novo.
É coisa antiga.
É coisa antiga.
Comecei através das agências,
como lhe expliquei antes, e o que mais
aparecia para fazer eram embalagens.
Naquela época o que a gente criava
como lhe expliquei antes, e o que mais
aparecia para fazer eram embalagens.
Naquela época o que a gente criava
chamava-se embalagem.
Hoje isto é chamado de "design gráfico"...
Hoje isto é chamado de "design gráfico"...
Rsss... Aí o mercado foi me levando
pra embalagens e eu fui em frente.
pra embalagens e eu fui em frente.
Fiz muitas, mas muitas pro mercado
de panelas, cosméticos, alimentos,
de panelas, cosméticos, alimentos,
balas e até embalagem de paçoquinha...
Naquela época era um trabalho complicado,
porque não tinha computador
porque não tinha computador
e o layout tinha que ser do tamanho
natural. Tinha mais gente
natural. Tinha mais gente
também no processo, como marcador
de letras, past up man, o mancha
de letras, past up man, o mancha
pra por as ilustras e coisa e tal.
Eu criava e ajudava no processo
Eu criava e ajudava no processo
até na finalização. Imagina uma
embalagem de jogo de panelas,
embalagem de jogo de panelas,
por exemplo, o tamanho que era.
Se o cliente mudasse uma
Se o cliente mudasse uma
coisinha, tinha que começar tudo de novo.
O processo era lento.
O processo era lento.
Hoje melhorou muito o mercado.
O computador facilitou muito
O computador facilitou muito
todo o processo.
Tony 27 – Com certeza... e a gente tinha
que desenhar a faca
(na unha, na raça), com precisão...
era complicado mesmo...
também fiz muitas
que desenhar a faca
(na unha, na raça), com precisão...
era complicado mesmo...
também fiz muitas
para o Laboratório Catarinense S\A...
Você também entende de
produção gráfica?
Gramatura de papel, formatos, etc?
Você também entende de
produção gráfica?
Gramatura de papel, formatos, etc?
Ramirez - Não mexo tanto com
isto hoje como antes.
Hoje estou focado na
isto hoje como antes.
Hoje estou focado na
criação, os clientes fazem essa parte
de produção, mas auxilio quando
de produção, mas auxilio quando
me pedem. Formatos, gramatura,
aplicação são noções
aplicação são noções
básicas para a profissão...
Tony 28 – O saudoso Fiori Gilliotti foi
um famoso locutor esportivo
da rádio e TV Bandeirantes... como
eu ia sempre lá no edifício
Radiantes (sede da emissora),
um famoso locutor esportivo
da rádio e TV Bandeirantes... como
eu ia sempre lá no edifício
Radiantes (sede da emissora),
no bairro do Morumbi, no tempo da
Copa da Argentina, quando fiz várias
Copa da Argentina, quando fiz várias
artes para eles, eu acabei conhecendo
o seu tio famoso antes mesmo
o seu tio famoso antes mesmo
de conhecer você. Daí um dia fiquei
sabendo que ele era seu tio...
sabendo que ele era seu tio...
(rsss...). O mundo é pequeno... ele era
seu tio, por parte de pai, ou de mãe?
seu tio, por parte de pai, ou de mãe?
Como era conviver com o tio Gillioti?
Ramirez – Era meu tio, por parte de mãe.
Fiori foi uma grande pessoa,
Fiori foi uma grande pessoa,
além de ser um bom locutor.
Sei lá, uma convivência boa, normal.
Sei lá, uma convivência boa, normal.
Era fácil lidar com ele.
Foi uma pena, perdi um tio e o Brasil, um dos
Foi uma pena, perdi um tio e o Brasil, um dos
melhores locutores esportivos da rádio.
A única coisa que nunca rolou foi
apadrinhamento pelo fato de eu ser
sobrinho dele. Pouca gente sabe
A única coisa que nunca rolou foi
apadrinhamento pelo fato de eu ser
sobrinho dele. Pouca gente sabe
que sou sobrinho dele.
Tony 29 – Trabalhar ou viver de HQs
nunca foi fácil nesse país,
nunca foi fácil nesse país,
você sabe... quando a gente é adolescente
e mora com os pais,
tudo bem. Mas, quando você
tem família e uma porrada de
contas pra pagar mensalmente
e mora com os pais,
tudo bem. Mas, quando você
tem família e uma porrada de
contas pra pagar mensalmente
a coisa complica. Foi por isso que você, por
um bom tempo, sumiu do setor editorial.
Ou seja, foi trabalhar em outra
área melhor remunerada?
um bom tempo, sumiu do setor editorial.
Ou seja, foi trabalhar em outra
área melhor remunerada?
Ramirez - Não. Na verdade eu sempre
tive, no fundo, preguiça de
tive, no fundo, preguiça de
desenhar muitas páginas. E quadrinhos
exige tempo e muito esforço.
exige tempo e muito esforço.
Ainda exige isso e eu sempre preferi
coisas rápidas. Alguem diz:
coisas rápidas. Alguem diz:
“Olha, preciso desse desenho.
” Eu digo: “Ok! Tá aqui!”, e pronto.
” Eu digo: “Ok! Tá aqui!”, e pronto.
Por isso fui indo pro cartum, no
máximo uma tira que faço
máximo uma tira que faço
rápido, mesmo que sejam milhares.
Tony 30 – Hmmm... só quer saber de moleza, então...
deixa de ser vagal, bengala brother...
tudo bem que fazer uma HQ
tudo bem que fazer uma HQ
longa não é fácil... as vezes dá até desânimo...
se você não pegar com vontade,
não sai. Uma vez vi o Salatiel
não sai. Uma vez vi o Salatiel
pegar um Sexyman da Noblet,
pra fazer, e olha que era só
dois quadros por páginas.
Mas, eram 132 págs. Cara, vi o “veio”
Di Zuniga- um cara tarimbado,
escolado, acostumado a encarar
grandes campanhas publicitárias -
ralando, fungando, xingando e
não acabava nunca o trabalho... (Rsss...).
pra fazer, e olha que era só
dois quadros por páginas.
Mas, eram 132 págs. Cara, vi o “veio”
Di Zuniga- um cara tarimbado,
escolado, acostumado a encarar
grandes campanhas publicitárias -
ralando, fungando, xingando e
não acabava nunca o trabalho... (Rsss...).
Foi um drama. Melou a cueca.
Fiz, também, para a Noblet,
“A Maldição do Guerreiro Ninja”, sozinho,
100 págs por mês.
Não foi fácil.
Fiz, também, para a Noblet,
“A Maldição do Guerreiro Ninja”, sozinho,
100 págs por mês.
Não foi fácil.
Tem gente que manda e-mail e diz,
“Por que não faz que nem Tex,
Apache, com mais páginas?”
Os caras pensam que
é fácil... já estou ralando
“Por que não faz que nem Tex,
Apache, com mais páginas?”
Os caras pensam que
é fácil... já estou ralando
e suando a camisa pra fazer
praticamente sozinho (desenhos
e história), 52 págs por mês (2 edições).
Por isso admiro o pique
de produção da “gringaida”.
Os caras são fodas, são verdadeiras
máquinas de produção.
praticamente sozinho (desenhos
e história), 52 págs por mês (2 edições).
Por isso admiro o pique
de produção da “gringaida”.
Os caras são fodas, são verdadeiras
máquinas de produção.
Aqui no país também tem um agravante:
os preços não te animam a
os preços não te animam a
encarar uma louca empreitada dessa.
Ramirez - Você não tem o compromisso
de fazer 10, 20 paginas de HQs
de fazer 10, 20 paginas de HQs
de uma mesma historia. Acho isto um saco.
Quanto a propaganda,
Quanto a propaganda,
ela aconteceu. Nunca tive gana de trabalhar com isso.
Passei a gostar muito, aliá, quando eu era
criança, nem sabia o que era
criança, nem sabia o que era
propaganda. Meu negócio era quadrinhos.
Quando entrei na 3 Rios
Quando entrei na 3 Rios
eu pensei: “Mas isso não é quadrinhos”.
Na época que peguei o bonde, as
editoras pagavam bem e tinha
editoras pagavam bem e tinha
muito trabalho, porque as revistas eram
mensais e havia muitos titulos.
mensais e havia muitos titulos.
Tony 31 – Sim. Havia muitos títulos, mas,
bem menos do que
hoje... e as revistas vendiam bem...
quando entrei também não
achei os preços ruins, não... deu até pra
ganhar uma boa grana fazendo HQs...
bem menos do que
hoje... e as revistas vendiam bem...
quando entrei também não
achei os preços ruins, não... deu até pra
ganhar uma boa grana fazendo HQs...
Ramirez - Olha deviam ter naquela época,
contando com você, mais
contando com você, mais
umas 6 editoras no mercado
fazendo HQs. Tinha a Grafipar,
que eu não colaborei, a Press,
a Maciota, uma do Vilachã,
que também ficava na Aclimação,
fazendo HQs. Tinha a Grafipar,
que eu não colaborei, a Press,
a Maciota, uma do Vilachã,
que também ficava na Aclimação,
a Noblet, a D’ arte, do Zalla, a Ed. Abril,
que tinha a revista Aventura e
que tinha a revista Aventura e
Ficção e uma policial. Todas mensais.
Fora isto tinha sua, a do
Manelão (apelido do portuga
da editora Ninja), Hercílio (Escala),
Cazzamata (Sampa)... era muita gente.
Fora isto tinha sua, a do
Manelão (apelido do portuga
da editora Ninja), Hercílio (Escala),
Cazzamata (Sampa)... era muita gente.
Tony 32 – Existiam menos editoras.
Só algumas correçõeszinhas,
bengala friend... seu "HD" deve
ter falhado... (rsss...).
A editora da Aclimação não
era do Vilachã era do Itagiba
Só algumas correçõeszinhas,
bengala friend... seu "HD" deve
ter falhado... (rsss...).
A editora da Aclimação não
era do Vilachã era do Itagiba
e se chamava Ondas.
Outra: Você se esqueceu da Vecchi
e da Bloch. E a Escala não era
e da Bloch. E a Escala não era
dessa época. Veio depois.
Tudo bem... deve ser a idade... (Rsss...).
Tudo bem... deve ser a idade... (Rsss...).
Opa! Me lembrei de uma pergunta
que preciso fazer à você, sobre
que preciso fazer à você, sobre
o Justo... o nosso grande mestre
sempre foi um cara legal, mas
sempre foi um cara legal, mas
acho que por ser um ex-militar da
aeronáutica, tinha um jeitão
aeronáutica, tinha um jeitão
estranho de conduzir seus discípulos.
Ele mais parecia aqueles
Ele mais parecia aqueles
sargentões mandões e
invocados de quartel... (Rsss...).
invocados de quartel... (Rsss...).
Cheguei a ter vários arranca-rabos
com o mestre... (Rsss...).
com o mestre... (Rsss...).
Você também chegou a encrencar
alguma vez com o Justo?
Seja sincero...
alguma vez com o Justo?
Seja sincero...
Ramirez - Uma vez aconteceu uma
coisa estranha e engraçada.
coisa estranha e engraçada.
Fiz um trabalho para o Zalla e
o Justo me ajudou a fazer.
o Justo me ajudou a fazer.
Antigamente os profissionais,
pra ajudar você a entrar no mercado
pra ajudar você a entrar no mercado
às vezes ajudavam desenhando a
lápis, ou artefinalizando, e você,
lápis, ou artefinalizando, e você,
muitas vezes, assinava o trabalho sozinho.
Rolava muito disso.
Rolava muito disso.
E o Justo, desta feita, esboçou pra mim.
Ok. Entreguei a HQ pro Zala.
Coincidentemente eu sumi, mas por
outras razões. Dias depois,
Ok. Entreguei a HQ pro Zala.
Coincidentemente eu sumi, mas por
outras razões. Dias depois,
chego na Noblet pra trabalhar e
encontrei um bilhete na
encontrei um bilhete na
minha prancheta dizendo
pra eu ir no Justo, urgente!!!. Ok, fui lá.
pra eu ir no Justo, urgente!!!. Ok, fui lá.
Olha que cena:
O Justo nervoso, “pacaraio”, disse
que eu tinha sumido com
o dinheiro da historia que ele fez!
Eu nem tinha recebido ainda.
Ele me levou na sala onde
ensinava anatomia, colocou os outros
alunos sentados nas laterais da
sala para serem uma espécie
de júri popular e chamou a Nilza,
a esposa, pra ser
a advogada minha de defesa.
que eu tinha sumido com
o dinheiro da historia que ele fez!
Eu nem tinha recebido ainda.
Ele me levou na sala onde
ensinava anatomia, colocou os outros
alunos sentados nas laterais da
sala para serem uma espécie
de júri popular e chamou a Nilza,
a esposa, pra ser
a advogada minha de defesa.
Ele era o juiz.
Tony 33 - Rssss... que coisa de maluco...
continue... prossiga... só podia ser coisa
do velho sargentão e imprevisível
continue... prossiga... só podia ser coisa
do velho sargentão e imprevisível
mestre... (Rssss....).
Conta logo... fiquei doido pra saber o fim...
peloamordedeus... (Rsss...).
peloamordedeus... (Rsss...).
eram os promotores.
Tony 34 – Para com isso... (Rsssss....). ô locoooo...
parece coisa de hospício...
parece coisa de hospício...
Ramirez - Puta cena de guerra.
Me acusou de milhões de coisas.
Me acusou de milhões de coisas.
Tony 35 – O julgamento de Nuremberg? (Rsss...).
Ramirez – Ele disse que eu não iria
mais frequentar a mansão...
mais frequentar a mansão...
Tony 36 – Cartão vermelho?
Foi expulso de campo... putz (rsss...). Sem
Foi expulso de campo... putz (rsss...). Sem
chance de se defender?
O cara foi cruel, grande Ramirón...
O cara foi cruel, grande Ramirón...
Que porra de julgamento era esse?
Ramirez – Puto da vida, ele também me disse
que ia me "queimar" na Almap e nas
outras agências....
que ia me "queimar" na Almap e nas
outras agências....
Tony 37- O velho mestre fez isto? Caramba...
Tornou-se o “Conde Crápula?” O Perry Mason
tupiniquim?- advogado de
uma antiga série de TV.
Tornou-se o “Conde Crápula?” O Perry Mason
tupiniquim?- advogado de
uma antiga série de TV.
Ramirez – Pois é... me senti mesmo
num tribunal!!!!
Ai teve alguns minutos de
recesso, onde todos sairam
da sala e eu fiquei lá sozinho.
num tribunal!!!!
Ai teve alguns minutos de
recesso, onde todos sairam
da sala e eu fiquei lá sozinho.
Tony 38 – Ô loco... pelo menos a zorra era organizada.
Tinha até recesso.
Tinha até recesso.
Esta eu não sabia. Nem em circo vi
uma coisa dessa... juro...
uma coisa dessa... juro...
Ramirez – De repente, entra o bando todo
novamente e o Justo da o veredito final:
novamente e o Justo da o veredito final:
Tony 39 – VereDITO, mesmo... afinal, a mulher
dele o chama de Dito... (Rsss...). Essa foi boa!
dele o chama de Dito... (Rsss...). Essa foi boa!
Ramirez – Então ele disse: “Como você
é amigo e assíduo fequentador
é amigo e assíduo fequentador
desta casa, respeitado perante os
colegas... eu, Benedito Ignácio Justo,
colegas... eu, Benedito Ignácio Justo,
perante a todos presentes nessa sala,
mais o aval da excelentíssima Nilza,
mais o aval da excelentíssima Nilza,
concedo a você o direito de continuar
frequentando essa humilde casa,
frequentando essa humilde casa,
desde que, nunca mais faça isso, de
sumir, sem dar satisfação para mim.
sumir, sem dar satisfação para mim.
Saia agora e só volte daqui 3 dias a tal hora!
Se tiver realmente a
Se tiver realmente a
certeza de que quer frequentar aqui de novo!”
Tony 40 – Olha, Ramirez... que ele
sempre foi meio pirado eu
até sabia. Que ele adorava armar
um teatrinho, também...
mas chegar a esse ponto é
complicado... e você não mandou
o velho mestre e mancebo, pra merda?
sempre foi meio pirado eu
até sabia. Que ele adorava armar
um teatrinho, também...
mas chegar a esse ponto é
complicado... e você não mandou
o velho mestre e mancebo, pra merda?
Eu tinha mandado, se fosse comigo, juro!
Ele me conhece bem.
Ele me conhece bem.
Ramirez - Dia e hora marcada, voltei lá de novo.
Tony 41 – Coisa de masoquista, cara...
Ramirez – Tudo estava normal.
Parecia que nada tinha acontecido.
Parecia que nada tinha acontecido.
Eu me divertia muito lá.
Tem muitas histórias de "rachar
o bico", de tanto rir...
Tem muitas histórias de "rachar
o bico", de tanto rir...
Esta foi a única desavença que
eu tive com o mestre.
eu tive com o mestre.
Ou melhor: que ele teve comigo.
Tony 42 – O Justo não deve ter feito
isto de maldade, não...
ele adorava pregar susto nos
outros e armar essas comédias...
é que você sempre foi de paz...
se fosse comigo...
acho que brincadeiras têm limites...
isto de maldade, não...
ele adorava pregar susto nos
outros e armar essas comédias...
é que você sempre foi de paz...
se fosse comigo...
acho que brincadeiras têm limites...
No tempo da Phenix, você, bengala
brother, aparecia com um sócio.
brother, aparecia com um sócio.
Um gordinho... um cara super legal.
Voces encaravam produzir
Voces encaravam produzir
qualquer produto editorial:
livros, revistas, HQs, etc.
livros, revistas, HQs, etc.
Formavam uma dupla
polivalente... (Rsss...).
Como era mesmo o
polivalente... (Rsss...).
Como era mesmo o
nome dele? Faz tanto tempo...
que fim levou o cidadão?
que fim levou o cidadão?
Ramirez – Beltran, Tony! Nunca mais vi o
Beltran, gente finissima.
Ele vinha aqui quando montei o
estúdio no início, depois perdi contato.
Beltran, gente finissima.
Ele vinha aqui quando montei o
estúdio no início, depois perdi contato.
Tony 28 –Beltran... como pude me
esquecer desse nome.
Eu brincava muito com ele.
Chamava-o de Bertran Russel,
de gordinho erótico, e ele sempre
esquecer desse nome.
Eu brincava muito com ele.
Chamava-o de Bertran Russel,
de gordinho erótico, e ele sempre
foi muito educado... levava numa boa.
Graças ao Facebook nos
encontramos novamente...
Deus salve a tecnologia e vejo que
você está voltando
Graças ao Facebook nos
encontramos novamente...
Deus salve a tecnologia e vejo que
você está voltando
com força total para o metiê e,
desta feita, como caricaturista.
desta feita, como caricaturista.
Tá se dando bem com isso?
A revista A-3 Quadrinhos anda
A revista A-3 Quadrinhos anda
lançando material seu.
Como foi que você conheceu esta
Como foi que você conheceu esta
turma do Matheus Moura?
Ramirez - Não sou caricaturista,Tony... Rsss...
Tony 43 – Esse nosso papo tá ficado
complicado... (Rsss...).
Você não é um fotógrafo,
mas fotografava. Não é um
desenhista de HQs, mas fez muitos
complicado... (Rsss...).
Você não é um fotógrafo,
mas fotografava. Não é um
desenhista de HQs, mas fez muitos
quadrinhos... e agora me diz que
não é um caricaturista,
não é um caricaturista,
mas faz caricaturas? Dá pra se auto
definir melhor, bengala crazy?
definir melhor, bengala crazy?
Ramirez - Vou contar a história:
Parei de desenhar desde sei lá
Parei de desenhar desde sei lá
que ano... 93 talvez.
Tony 44 – Adorei a precisão de dados...
Ramirez – “Male mal”, somente rabiscava
enquanto estava no telefone...
enquanto estava no telefone...
Para vocês terem noção, cheguei a
contratar o Salatiel para fazer
contratar o Salatiel para fazer
layouts de desenho aqui no estúdio.
Ele ficou 1 ano mais ou menos
Ele ficou 1 ano mais ou menos
comigo aqui, creio que em 2000.
Em outubro de 2008 me bateu o tesão
Em outubro de 2008 me bateu o tesão
de desenhar novamente e
decidi fazer um estilo sem esboço.
decidi fazer um estilo sem esboço.
Fiz uns rabiscos e inaugurei um blog...
Em 23 de outubro. Postei algumas coisas lá,
sem muita pretensão, e de
sem muita pretensão, e de
repente estourou.
Tem postagens lá com mais de 100 comentários.
Tem postagens lá com mais de 100 comentários.
Peguei gosto por este estilo de
desenho mesmo, vontade mesmo.
desenho mesmo, vontade mesmo.
Entre um leitor e outro, apareceu
o Matheus Moura e me
convidou pra dar uma entrevista
para ele sobre meu blog que
estourou na época. Ele me disse
o Matheus Moura e me
convidou pra dar uma entrevista
para ele sobre meu blog que
estourou na época. Ele me disse
que curtia meu trabalho.
Tony 45 – Que legal... o Matheus é batalhador
e está fazendo um belo produto.
Até escrevi uma matéria sobre a publicação dele,
num dos blogs.
e está fazendo um belo produto.
Até escrevi uma matéria sobre a publicação dele,
num dos blogs.
E foi aí que vi seu cartum, na última capa.
Muito legal.
Muito legal.
Ramirez - Aí pintou o convite para colaborar pra revista
“Caminho de Rato”...
“Caminho de Rato”...
Ramirez, primeiro a esquerda, na FestComix em S. Paulo |
Tony 46 - De novo, pintou um
rato em sua vida? (Rsss...).
Parece que o seu destino
sempre foi rato, mesmo.
Começou ilustrando uma história da
ratinha, pra mim, e anos depois pintou
outro rato? Acho que você se
outro rato? Acho que você se
sairia bem fazendo Mickey Mouse...
já pensou nisso?
já pensou nisso?
Ramirez - E depois do rato fiz pra
A-3 Quadrinhos. Depois,
fiz os designs das quartas capas
e o editorial além das ilustrações.
Historias, fiz poucas
A-3 Quadrinhos. Depois,
fiz os designs das quartas capas
e o editorial além das ilustrações.
Historias, fiz poucas
e curtas. Acho que umas 3 ou quatro.
Ele é um cara super 10.
Ele é um cara super 10.
O lance da "caricatura" aconteceu
uns 15 dias antes do Natal de 2010,
uns 15 dias antes do Natal de 2010,
onde tive a idéia de fazer "caricatura",
mas na minha interpretação a
mas na minha interpretação a
um preço baixo para que todos pudessem
ter acesso ao meu trabalho.
ter acesso ao meu trabalho.
Foi um sucesso e vou seguir fazendo
esse trabalho o ano todo. É mais uma brincadeira
do que uma caricatura de verdade.
Sou cartunista não caricaturista.
esse trabalho o ano todo. É mais uma brincadeira
do que uma caricatura de verdade.
Sou cartunista não caricaturista.
Os trabalhos estão "pintando"
paulatinamente o que é muito bom.
paulatinamente o que é muito bom.
A satisfação de receber elogios
e comentários que alegra
o dia das pessoas é maravilhoso.
Levantar sorrisos nesse
mundo duro é muito gratificante.
e comentários que alegra
o dia das pessoas é maravilhoso.
Levantar sorrisos nesse
mundo duro é muito gratificante.
Acho que o planeta Terra tá
precisando disso. Você liga a TV e só
precisando disso. Você liga a TV e só
vê maldades. O humor renova,
revitaliza, além de servir de critica
revitaliza, além de servir de critica
e embutir muitas verdades.
É muito difícil ser cartunista.
É muito difícil ser cartunista.
O cartoon te proporciona muitas
coisas boas, espero crescer
coisas boas, espero crescer
cada vez mais nesse segmento.
Tony 29 – Maravilha... então a coisa
aconteceu por acaso e
o Matheus deu uma tremenda força...
Décio Ramirez renasceu
das cinzas, para o mundo... (Rsss...).
Como a Phenix mitológica.
Adorei saber disso. Sim, fazer
aconteceu por acaso e
o Matheus deu uma tremenda força...
Décio Ramirez renasceu
das cinzas, para o mundo... (Rsss...).
Como a Phenix mitológica.
Adorei saber disso. Sim, fazer
chorar é fácil. Fazer rir é difícil, é uma arte.
Nesse mundo que só tem
Nesse mundo que só tem
tragédias aquele que faz ir é um abençoado.
Parabéns a você e a todos
Parabéns a você e a todos
aqueles que fazem o mundo um pouco
mais feliz com os cartuns e HQs de humor.
Adorei seu novo traço solto dos cartuns.
mais feliz com os cartuns e HQs de humor.
Adorei seu novo traço solto dos cartuns.
Seguindo... Editora Escala, do nosso old
bengala friend Hercílio
bengala friend Hercílio
– ex-gerentão da gráfica Brasiliana... o que
você andou fazendo pra ela?
Fotos, HQs, ou montando revistas?
Fotos, HQs, ou montando revistas?
Ramirez - Tá sabendo de tudo, hem??... Rsss...
Tony 30 – Quase tudo... My little friend...
sou um tiozinho… digo, um vozinhobem informado…
tenho uma rede de
espionagem melhor do que o F.B.I... (rsss...).
Meus "satélites" monitoram tudo... ou quase tudo.
sou um tiozinho… digo, um vozinhobem informado…
tenho uma rede de
espionagem melhor do que o F.B.I... (rsss...).
Meus "satélites" monitoram tudo... ou quase tudo.
Ramirez – Fotos, apenas. Estou tentando
voltar ao mercado do desenho. Queria tentar
publicar o Las Tiritas, meu blog
que tem mais de 200 mil acessos e
leitores no mundo todo
e alguns outros de cartum.
voltar ao mercado do desenho. Queria tentar
publicar o Las Tiritas, meu blog
que tem mais de 200 mil acessos e
leitores no mundo todo
e alguns outros de cartum.
Se tiver alguma editora a fim, agradeço a força.
Tenho um projeto
Tenho um projeto
também de cotidianos em cartum e
alguns empresariais.
alguns empresariais.
Tudo pode gerar livros e revistas.
Tony 31 - Taí uma boa idéia... já apresentou
ela pra algum editor?
ela pra algum editor?
Aposto que não... vou ver o que dá pra fazer...
mas preciso de um “boneco”,
mas preciso de um “boneco”,
você sabe como a coisa funciona... Alguma frustração na
área editorial? Deu pra ganhar dinheiro
esses anos todos?
esses anos todos?
Textos inteligentes, geniais, num traço dinâmico e estiloso |
Ramirez - Eu gostaria de lançar um
livro, pelo menos.
livro, pelo menos.
Não me frusto, porque andei sumido do
mercado, fui pra outra área e estou
recomeçando a desenhar agora.
Estou mais maduro no estilo, mais
mercado, fui pra outra área e estou
recomeçando a desenhar agora.
Estou mais maduro no estilo, mais
profissional. Sei qual é meu estilo e o que faço.
Acho o momento certo de voltar
ao mercado editorial.
ao mercado editorial.
Tony 32 – Hmmm... deu pra captar vossos
"sinais de fumaça", nas entrelinhas, talvez você
tenha faturado, mas não tão bem, como deveria...
enrolou e não respondeu esse item.
"sinais de fumaça", nas entrelinhas, talvez você
tenha faturado, mas não tão bem, como deveria...
enrolou e não respondeu esse item.
Jamais deveria ter saído, bengala
riend... precisamos
de guerreiros, como você...
riend... precisamos
de guerreiros, como você...
Um sonho que você gostaria de
realizar brevemente?
realizar brevemente?
Fora o tal livro, é claro...
Ramirez - Vou pensar...
Tony 33 – Cuidado pra não morrer pensando... (Rsss...).
Uma grande lição de vida?
Ramirez - A maior lição de vida é a própria vida.
Tony 34 – Gostei. Dizem que a vida é uma
escola, mas tem gente que consegue morrer
sem tirar o diploma. Aí é foda...
Algum plano, para 2011?
escola, mas tem gente que consegue morrer
sem tirar o diploma. Aí é foda...
Algum plano, para 2011?
Ramirez - Continuar produzindo...
Tony 35 – Boa... Décio Ramirez por Décio Ramirez?
Ramirez - Décio Ramírez.
Tony 35 – Essa eu não entendi, mas tudo bem... (Rsss...).
Caro bengala friend,
Caro bengala friend,
das antigas, foi um prazer essa troca de idéias...
e fico feliz de vê-lo outra
e fico feliz de vê-lo outra
vez na luta, entrincheirado e na batalha... (rsss...).
Se quiser pode deixar aí endereço
de site, blog, e-mail, fone de contato,
de site, blog, e-mail, fone de contato,
número da cueca, etc... (Rsss...).
Afinal, a propaganda é a alma
Afinal, a propaganda é a alma
do negócio... (Rsss...). Que conselho você
daria à um filho seu que tivesse o dom
de desenhar e quisesse entrar
de desenhar e quisesse entrar
nesse ramo, amaldiçoado por
alguns e idolatrado por outros?
alguns e idolatrado por outros?
Ramirez - Tony, prazer enorme te rever e responder
essa entrevista. Espero que tenha correspondido
a altura, friend. Conte comigo!
essa entrevista. Espero que tenha correspondido
a altura, friend. Conte comigo!
Tony – Bota altura nisso... o prazer foi todo meu.
Eu é que sou grato pela colaboração de todos
os amigos, como você, que gentilmente
Eu é que sou grato pela colaboração de todos
os amigos, como você, que gentilmente
concedem seus ricos depoimentos.
Ramires - O conselho que eu daria é chavão
entre os profissionais da área.
entre os profissionais da área.
Treinar muito. Ver muito.
Desenhar muito. Insistir muito e
ir em busca do seu sonho... acho que
esta é a base de toda profissão.
Desenhar muito. Insistir muito e
ir em busca do seu sonho... acho que
esta é a base de toda profissão.
No desenho as regras não são diferentes.
Caso queiram visitar o
Las Tiritas del D.Ramírez, acessem:
Las Tiritas del D.Ramírez, acessem:
e podem deixar seus comentários, criticas,
sugestões... Rsss...
Tony – Valeu, old cowboy! Até a próxima vez!
Sucessão, procê!
Sucessão, procê!
Ramires - Obrigadão, Tony! Valeu
LEIA TAMBÉM EM...
http:\\tonyfernandespegasus.blogspot.com
Uma imperdível entrevista com o cartunista
mais rock and roll do Brasil...
MARCIO BARALDI!
Imperdível!
autor de Roko Loko & Adrina-Lina
e VAPT & VUPT
Copyright 2011\Tony Fernandes\ Estúdios Pégasus –
LEIA TAMBÉM EM...
http:\\tonyfernandespegasus.blogspot.com
Uma imperdível entrevista com o cartunista
mais rock and roll do Brasil...
MARCIO BARALDI!
Imperdível!
autor de Roko Loko & Adrina-Lina
e VAPT & VUPT
Copyright 2011\Tony Fernandes\ Estúdios Pégasus –
Uma divisão da Pégasus Publicações Ltda -
S. Paulo\Brasil
Todos os Direitos Reservados
S. Paulo\Brasil
sensacional entrevista!! deu para conhecer mais do belo profissional que o ramírez é! Eu sou fã!! amei o tom pessoal da entrevista...parecia estar assistindo a dois amigos conversando despretensiosamente!
ResponderExcluirBeijos da Pretah!
virei mais por aqui!
Vc disse bem Joyce, de fato, somos dois velhos amigos... dois bengalas friends, jurássicos (Rsss...).
ResponderExcluirGrato, por sua visita e por seus comentários.
O bom e velho Ramirón é um grande profissional!
... Se ganha dinheiro não sei, mas que se ganha muitas pessoas com arte, ah isso ganha.
ResponderExcluirO conheci através do Blog,mais ou menos 3 anos e percebo o quanto ele é inquieto,nada acomodado,segue as tendencias e esta sempre atualizado, moderno, atento ao que se passa ao redor, admiro muito a forma leve,critica e engraçada com que o Ramirez expoe sua visão do mundo.
Abraço!
Evelyne e Joyce são duas leitoras queridíismas que adoro muito (tbm as leio) e que viraram amigas de coração.
ResponderExcluirTony foi uma pessoa que me incentivou muito e ajudou muitas feras do mercado. Continua ainda incentivando o mercado. Falta mais Tonys Fernandes no ramo.
Besos Joy e Eve, abraçãoTony!
Ramirez é um artista gráfico de expressão num traço sui generis, tem alma! Curto muito o trabalho de Ramirez, que me faz lembrar uma plêiada de espanhóis de traços ligeiros... Acho que a obra de Ramirez precisa de um Albúm...
ResponderExcluir