Foi graças ao bengala brother Marcio
Baraldi, o cartunista mais rock and roll
do país, e ao bengala
friend, Jota Silvestre, que está promovendo
um debate acalorado sobre
a lei das HQs no país é que
tomei conhecimento dos fatos,
quando pediram que eu desse
a minha opinião.
Daí resolvi expor aqui a tal lei e pedir que
todos participem com sua opinião
RESERVA DE MERCADO PARA
OS QUADRINHOS NACIONAIS!
A VELHA LEI QUE NUNCA
DECOLOU VOLTOU A BAILA!
No dia 9 de dezembro, sexta-feira,
o deputado Rui Costa,
o deputado Rui Costa,
relator
do projeto de lei nº 6.060/2009
(de autoria de Vicentinho), que
"estabelece mecanismos
"estabelece mecanismos
de incentivo para a produção, publicação e
distribuição de revistas em quadrinhos nacionais"
(com a polêmica implantação
de cotas para as editoras),
de cotas para as editoras),
foi realizada na cidade de São Paulo.
Apesar de poucos
Apesar de poucos
terem comparecido ao evento houve uma
conversa entre o político e com alguns
representantes de entidades dos
desenhistas e de editores.
representantes de entidades dos
desenhistas e de editores.
O encontro aconteceu às 15 horas, no auditório da
Biblioteca Monteiro Lobato,
que fica na Rua General
Jardim, 485, na Vila Buarque, São Paulo.
OUTRO EVENTO...
OUTRO EVENTO...
No último dia 27 de outubro, houve uma audiência
pública sobre a
lei em Brasília, com a presença
apenas de representantes da Associação
dos
Cartunistas do Brasil e
da Associação Nacional dos
Editores de
Revista.
Na ocasião, José Alberto Lovetro, o Jal, que preside a
ACB,
convidou o deputado Rui Costa para vir a São
Paulo e ouvir mais opiniões sobre
o projeto.
Por isso, Jal solicitou que os interessados em
participar do debate
confirmassem presença pelo
e-mail:
Um debate tem
agitado a comunidade quadrinística do país
nas últimas semanas. Trata-se do o projeto de lei
que
determina cotas de publicação para as Histórias em
quadrinhos brasileiras e acena com
incentivos fiscais
(leia a lei na íntegra abaixo desta postagem).
O tema é antigo, mas foi reavivado pelo desenhista
Rafael Grampá
no início de novembro por meio do
Twitter e ganhou repercussão num artigo
publicado no blog do Universo HQ.
Na semana passada, o novo relator do projeto de
lei número 6.060/2009 esteve em São Paulo para
discuti-lo com representantes de
artistas e editoras.
Uma nota sobre
a situação atual do projeto no
Blog dos Quadrinhos, do jornalista Paulo Ramos,
evidenciou que o assunto divide os próprios
profissionais do setor editorial brasileiro.
Ou seja, tem gente contar e a favor da tal lei.
As opiniões se dividem.
Pergunto: Qual é a sua opinião,
bengala friend e militante
da arte sequencial?
PROJETO DE LEI
Número 6.060/2009
Art. 1º Esta Lei estabelece incentivo para a produção
e
distribuição de histórias em quadrinhos
de origem nacional no mercado editorial
brasileiro.
Art. 2º As editoras deverão publicar um percentual
mínimo de 20
por cento de histórias em
quadrinhos de origem nacional, considerando-se
o
conjunto das publicações do gênero
produzidas a cada ano, na forma da
regulamentação.
§ 1º Considera-se história em quadrinhos de
origem nacional aquela
criada por artista
brasileiro ou por estrangeiro radicado no
Brasil e que tenha
sido publicada
por empresa sediada no Brasil.
§2º O percentual de títulos estipulado no “caput”
deste artigo
será atingido da seguinte forma:
cinco (5) por cento no primeiro ano de
vigência desta lei; dez (10) por cento no
segundo ano; quinze (15) por cento no
terceiro ano, atingindo-se a cota de
20 por cento no ano subsequente.
Art. 3º As empresas distribuidoras deverão
ter um percentual
mínimo de 20 por
cento de obras brasileiras em quadrinhos
entre seus títulos do
gênero, obrigando
se a lançá-los comercialmente.
§1º O percentual de títulos e lançamentos a
que se refere este
artigo será implementado
na forma prevista no § 2º do artigo anterior.
Art. 4º Em se tratando de veículos impressos
de circulação diária,
semanal ou mensal,
deverá ser observada a relação de uma
tira nacional para
cada tira
estrangeira publicada.
Art. 5º O Poder Público, por meio do órgão
competente,
implementará medidas de apoio
e incentivo à produção de histórias em
quadrinhos
nacionais, tais como, estimular
a leitura em sala de aula, promover eventos
e
encontros de difusão do mercado
editorial de histórias com quadros
em seqüência
voltadas para o público
infanto-juvenil e a inserção de disciplinas
práticas,
tais como roteiro e desenho,
no currículo das escolas e
universidades públicas.
Art. 6º Os bancos e as agências de fomento federais
estabelecerão
programa específicos para
apoio e financiamento à produção de
publicações em
quadrinhos de origem
nacional, por empresa brasileira,
na forma da
regulamentação.
§1º Na seleção dos projetos, será dada
preferência àqueles de temática
relacionada com a cultura brasileira.
§2º Os projetos financiados com recursos
públicos deverão destinar
percentual
de, no mínimo, 10% da tiragem das publicações
em quadrinhos para
distribuição em
bibliotecas públicas, na forma
da regulamentação.
Art. 7º Esta lei entra em vigor na
data de sua publicação.
Pedimos a
gentileza de deixar aqui
sua opinião sobre a lei e também para mandar
seu depoimento para o e-mail
Web leitores
sintam-se à vontade para emitir
sua opinião na área de comentários dos
nossos blogs.
E
fique de olho, pois à medida que novos depoimentos
chegarem, os posts serão atualizados.
Projeto de lei
número 6.060/2009.
número 6.060/2009.
Você é a favor ou contra?
A MINHA OPINIÃO PESSOAL!
O Brasil é uma piada. Este, com certeza, é o único
país do mundo que as leis pegam ou não-pegam.
Um absurdo.
Afinal, leis devem ser cumpridas, pelo menos,
numa nação séria isto seria óbvio.
Mas, desde quando este país é sério?
Quando entrevistei o bengala brother Paulo
Hamasaki tomei conhecimento que o ex-
Presidente Jânio Quadros havia promulgado
uma lei em defesa dos quadrinhos nacionais
que jamais foi cumprida, apesar
de ter sido aprovada. Fato que até
então eu desconhecia.
"Essa história é antiga. Na década de 70 eu já participava
de
debates na TV sobre leis de nacionalização,
reserva de mercado, cotas, etc.
Em
primeiro lugar, para que haja nacionalização
tem que existir produção, tô careca de dizer isso.
Sem produção nada acontece.
Enquanto nós, os criadores, não constituirmos
empresas e nos
organizarmos (trabalhar em equipe),
vai continuar esta situação ridícula:
Um
bando de gatos pingados querendo peitar
grandes corporações americanas, cheias
da
grana, de bons marketeiros, que transformaram
HQs em indústria e ganham
milhões com isto.
Para variar a judeusada
americana está por trás
dessa coisa toda, no Brasil e no mundo.
É
preciso relembrar que quem manda em
tudo é o sionismo (grandes capitalistas
judeus)?
A imprensa mundial, assim como os grandes
veículos de comunicação do
mundo,
estão nas mãos deles e eles fazem a
cabeça da opinião pública.
Basta analisar uma coisa simples:
A Índia produz mais filmes
que Hollywood.
Por que não vemos filmes indianos pelo
mundo afora nos cinemas e na TV?
Simples: o
poder do capitalismo da América dita
as cartas e controla o jogo.
E, quem
construiu Hollywood?
Os judeus americanos, há alguma dúvida?
Consumimos o que
eles impõem
através do poder da mídia.
Os japoneses só emplacaram porque, num
passado não muito
distante, estavam cheios dos
dólares, compraram os estúdios de Hollywood e
passaram a produzir e empestear nossos lares
com séries no estilo mangá.
Mas,
ralaram durante anos.
Convém lembrar que, o Japão só cresceu no
período pós-guerra
graças aos capitalistas
americanos de origem hebraica.
Não tenho nada pessoal
contra a raça.
Mas, as vezes me pergunto:
“Cadê os nossos judeus capitalistas,
para investir
no nosso setor editorial?”
Obviamente que eles existem.
No entanto, seriam doidos se
investissem
num setor instável e que não tem nenhuma
lei de incentivo fiscal ou
tributário.
SOBRE A LEI QUE
TRAMITA
Ela hoje é obsoleta.
O mundo mudou.
A realidade do mercado mundial também.
Qualquer lei que imponha cota aos editores
é ridícula. Cadê
a tal de democracia?
ANALISANDO:
Uma
lei de cota seria ótima para obrigar os grandes
editores a dar espaço pro
material nacional –
já que estes dificilmente pensam em investir
nesse tipo de
material -, mas, por outro lado,
seria uma tragédia para os pequenos e médios
editores. A quebradeira seria geral.
Falo isso de cátedra, pois além de
produtor
gráfico também sou editor.
Custa caro produzir HQs no Brasil, manter
uma boa equipe e
investir em produtos desconhecidos
(que não estão na mídia).
Isto é sempre um
jogo perigoso, do ponto
de vista financeiro. É sempre um pôquer, a
gente vive
pagando pra ver- na esperança de
no mínimo pagar os custos -, porém, em geral,
quebramos a cara.
Sou o exemplo vivo disso.
Jamais existiu no país uma editora que vivesse
apenas de HQs,
o que é comum na Europa
e nos Estados Unidos.
QUEM, DE FATO,
PRECISA DE APOIO
PRECISA DE APOIO
Na minha modesta opinião, os editores
(pequenos e médios) é
que precisam de apoio.
Afinal, não são eles a base que sustentam
esta merda
toda?
Se existissem leis que facilitassem à eles
o acesso ao crédito, a compra
de papel subsidiado,
campanhas publicitárias e veiculação em
mídia eletrônica a
preços módicos, estes
poderiam criar boas estratégias de marketing,
concorrer
de igual para igual com os produtos
editoriais gringos, ganhar dinheiro e
oferecer
aos seus autores condições dignas
de trabalho pagando um bom preço.
PARA RELEMBRAR...
Nesse país, um certo cidadão pegou dinheiro
do BNDS para
construir um puteiro
de luxo em São Paulo.
Outra coisa: o pobrezinho do Abílio
Diniz, dono
da maior rede de supermercados do país,
também recorreu ao referido órgão do governo,
que trabalha com
dinheiro público, pra comprar
o grupo Carrefour. Isto não é piada?
Já tentou pedir ao
BNDS dinheiro (capital de giro),
para investir na sua editora ou produto?
A
burocracia é imensa, que acabei desistindo.
Cadê a ajuda para as pequenas
e médias
empresas?
Se você falar com o seu gerente – seja qual for o
seu banco
-, que está precisando de um empréstimo
para capital de giro a resposta será:
“Seu ramo de atividade está incluso na lista de
alto risco. É impossível, sinto
muito.”
As dificuldades do pequeno e médio empreendedor
são imensas
e ainda tem gente que critica os
editores pequenos que, em geral, são os únicos
que investem em HQs tupiniquins.
É bom lembrar que, os
pequenos e médios
nada mais são do que pobres investidores e
idealistas, que sempre
estiveram a mercê
das normas impostas pelos poderosos
distribuidores, quando
estes
ainda existiam no país.
E o pior é que hoje, no Brasil, existe o
monopólio de um
único distribuidor:
TRILOG, do grupo Abril.
Segudno a Constituição brasileira monopólio
não deveria existir. Mas, isto não é o que vemos.
O distribuidor atual dita as normas, as tiragens,
etc.
Enfim, manda no editor que é um mero fantoche
na mão dele. Ou você aceita o jogo
deles ou tá lascado. Não há opção.
UMA PROFISSÃO
DE KAMIKAZES
DE KAMIKAZES
Os editores bancam os custos e pagam 50% do
preço de capa
para a distribuidora, que há anos
faz um trabalho de merda de distribuição.
Mandam repartes exagerados para algumas
praças enquanto outras quase nada
recebem.
Quem edita ou já editou profissionalmente
nesse país sabe muito bem do que eu
estou
falando.
Atualmente, se você não atingir uma meta “X”
em vendas é obrigado a
pagar do próprio bolso
o custo operacional do distribuidor.
Coisa que não existia no passado.
Há muitos editores
no vermelho, com vendas
médias de 15%. Isso mal dá para bancar o
custo gráfico.
Se você tem diversos produtos
no
vermelho, já era.
Na certa, ficará devendo para meio mundo e em
breve será
taxado de picareta, caloteiro, etc.
Cadê a lei que diminui a porcentagem
cobrada
pelo distribuidor?
Cadê a lei que amenize os custos operacionais
ou a carga
tributária também do distribuidor?
Simplesmente não existem.
Cadê a lei que acabe com o monopólio e
incentive mais
distribuidoras, como existiu
no passado? No país temos uma bela rede fluvial.
No entanto, utilizamos a forma mais cara
de transporte, o rodoviário. Isto não é ilógico?
Cadê a
lei que diminua o valor dos fretes
dos pequenos e médios editores?
Cadê as ferrovias, que antes eram usadas
para a distribuição
de publicações e que
sempre tiveram um valor de frente
inferior ao transporte
rodoviário e
aeroviário?
Estão jogados por aí, enferrujando.
Somente apoiando as bases do negócio é
que o autor nacional
poderá crescer e viver
dignamente do seu trabalho.
Sem um bom sistema de
distribuição,
sem frete barato, sem mídia acessível e
com editores quase sem dinheiro
é
impossível construir um metiê
sólido, consistente.
TEM MUITA GENTE
VIAJANDO
NA MAIONESE
VIAJANDO
NA MAIONESE
Muitos colegas de classe falam do PROAC e do
aquecimento do mercado editorial nacional
nos últimos
anos.
Olhem para as bancas!
Cadê a produção nacional?
Ela é inócua! Só dá
Mauricio com sua Turma da
Mônica, nosso grande herói.
Programas como o PROAC
e outros servem
apenas para incentivar a produção minguada
e não deixar morrer
a chama das HQs no país.
Nos últimos anos surgiram milhares de
editores
independentes que, corajosamente,
publicam ou tentaram publicar seus personagens
de forma intrépida
com ridículas tiragens
de mil exemplares, que levam uma eternidade
para serem
vendidas. Quando vendem.
Quem é editor independente sabe que a
coisa não é
fácil.
É muita ralação, muita paixão e pouca grana.
Pergunto: Esses bravos
guerreiros estão
ganhando o suficiente para se manter
dignamente?
Brevemente
poderão abrir espaço para novos
talentos? Gerar emprego? Consolidar,
de fato,
as HQs nacionais? Obviamente que não.
Poucos são os editores independentes que
conseguem vender bem suas
publicações.
OBS: Nenhum sindicato ou representante de
HQs do exterior assina um contrato de
licenciamento para publicação se o
editor não se propor a fazer uma
grande tiragem e eles também não
aceitam um preço por página,
como costumamos receber
por aqui. Trabalham com advance
(Taxa de adiantamento) e com 6% sobre
a venda de cada produto.
Conheço bem esse tipo de
contrato.
As tiragens medíocres só são feitas
para os produtos nacionais.
Isto, pra mim, é pura sacanagem.
Isto, pra mim, é pura sacanagem.
Desse jeito nunca vamos alçar voo.
CONCLUSÃO:
Precisamos de editores que trabalhem de forma
profissional,
que façam boas tiragens, que possam
oferecer ao público um produto de qualidade
com preços acessíveis e isto jamais será
alcançado se continuarmos desunidos
(egoisticamente) lançando seus próprios Zines.
Pra mim, uma tiragem de mil
exemplares
é coisa de fanzineiro.
Onde estão os investidores nacionais?
Cadê os capitalistas
com espírito nacionalista?
Ninguém é doido de entrar numa canoa
furada, onde não há
leis que de
sustentação as bases.
Se as bases (editores, distribuição e mídia),
forem
protegidas por leis, aí sim, talvez um dia,
poderemos ter gente vivendo daquilo
que faz decentemente.
É certo que o preço que pagam por nossos
originais e
aviltante. Mas, também é certo que
devemos tirar o chapéu pra essa gente
guerreira
que faz das tripas coração para manter um
produto nas bancas, como
foi o caso da editora
As Américas, que corajosamente manteve
diversos produtos
no vermelho – durante um bom
tempo, inclusive Apache-, devido as péssimas
tiragens e má
distribuição. E esta mesma situação
caótica não se restringe apenas a referida
editora ou apenas às revistas de quadrinhos.
Tem muita gente balançando, no
vermelho.
Tem papeleiros e gráficas tradicionais em
decadência. Isto prova que
a coisa
vai de mal a pior.
LEI DE IMPOSIÇÃO
Como pode existir uma lei que impõe cota
a editores que mal
conseguem se manter?
Uma empresa editorial também deve pagar
seus duros encargos
sociais, funcionários,
colaboradores, matéria prima, etc.
O governo quer
receber (assim como os autores),
ninguém quer saber se seu produto vendeu ou
não.
Se uma empresa deixa de pagar os impostos
baixa um fiscal e fecha a firma.
A coisa é foda.
Nem tudo são flores, como imaginam alguns
autores que se acham
geniais.
Este é um negócio como qualquer outro
e tem que dar lucro.
Afinal, todo mundo não quer receber?
Mantenho a Pégasus há mais de 10 anos e
posso afirmar que não tem sido fácil
manter as portas abertas e honrar
nossos compromissos.
Trabalhamos, as vezes, até em feriados
e finais de semana. E, obviamente, não são
são as HQs que pagam nossas contas.
Fazemos uma porrada de outros
trabalhos comerciais.
Elas são apenas nossa paixão.
Antigamente até já consegui viver quase
que exclusivamente de quadrinhos, mas
atualmente é quase impossível.
NA VERDADE A
COISA É VISTA
COISA É VISTA
POR DOIS PRISMAS
É só na cabeça dos criadores que existe essa
concepção
errônea de classificar HQs como ARTE,
na acepção da palavra!
Editores enxergam as HQs como meros
produtos, como massa de tomate, etc.
Um produto requer investimento e,
portanto,
deve gerar receita. HQs são artes comerciais e
como tais devem
cumprir seu papel social:
dar entreterimento, cultura popular e gerar receita.
Qualquer outra
visão delas é mera utopia.
Sempre existirá aqueles que são contra
o meu ponto de vista.
A
estes recomendo: Abram sua casa editorial
e aprendam como funciona a coisa.
Saia de trás da prancheta e do computador –
esse mundo de sonhos - e caia na
real.
Sem dinheiro, sem infraestrutura é quase
impossível tocar qualquer
negócio adiante.
Idealismo, sem dinheiro, não leva a nada.
Mas, há aqueles que só visam satisfazer seu ego.
Devemos unir a classe, conscientizar todos
e brigar para que
haja leis de sustentação
na base de tudo.
Só assim teremos um dia, quem sabe,
um
mercado digno, onde todos serão bem
pagos e poderão montar uma boa
infraestrutura de produção e
manter uma certa qualidade.
Ao participar da palestra do Civitelle, na Festcomix
do ano
passado, aqui em São Paulo – um
dos mais populares desenhistas de Tex –
fiquei impressioando
ao saber que ele faz
apenas 15 páginas por mês.
Dá pra imaginar quanto tempo um
desenhista
deTex leva para produzir uma edição
de 300 págs, né?
Isso prova que
eles, lá fora, são bem
remunerados.
Pensei: “Cacete, e aqui fazemos mais de 100
págs de Apache
por mês (2 edições, pois a revista era
rodada aos pares, para baratear custo),
e ainda tem gente que acha
que deveríamos
dar maior qualidade.
Fazemos a coisa por paixão, na base do
esforço, na garra, e para quem não
sabe há prazos
para serem compridos.
Sugiro à esses pseudos-críticos de arte
que sentem o bundão,
arregacem as mangas
e venham encarar uma produção doida como
temos que
enfrentar se quisermos fazer
HQs profissionalmente no Brasil.
O ritmo é
pauleira e a grana é pouca, mal
dá para cobrir os custos da pequena equipe.
Cansei de tirar dinheiro de
publicidade para
pagar meus colaboradores que me ajudam
a fazer Apache. E, para
falar a verdade, eu e
o editor sempre estivemos no vermelho.
Mas, fazer o quê? Paixão é paixão.
Quem nasce doido, morre doido.
Essa lei não está com nada.
É preciso reformulá-la.
Tenho dito!"
Tony Fernandes - Autor de Fantastic Man,
Fantasma Negro, O Pequeno Ninja,
Apache, etc,
escriba, editor e publicitário.
e-mail: tonypegasus@gmail.com
GOSTARIA DE SABER
A SUA OPINIÃO,
A SUA OPINIÃO,
VOCÊ É CONTRA OU
A FAVOR DA LEI?
PARTICIPE DESSE
DEBATE!
Pégasus\Divulgação\17/12 de 2011
Uma iniciativa de estímulo à produção e veiculação de material nacional demonstra no mínimo a insatisfação com o cenário atual e algum interesse em que tal situação seja modificada.
ResponderExcluirCerto.
O projeto de lei, na forma como está composto, entretanto demonstra uma visão no mínimo míope da realidade editorial atual. Não pretendo ser nenhum expert no assunto, mas já me aventurei nestas sendas (como roteirista e diagramador, tentando ser desenhista) e digo que não basta produzir, não basta imprimir e não basta nem mesmo colocar nas bancas.
É preciso que qualquer iniciativa de HQ seja tratada como um negócio. É preciso ter um Projeto de Negócio, como qualquer produto que se queira colocar em mercado. Não adianta o criador ter aquela ideia "sensacional" de personagens, roteiro, diagramação ousada, blablablá, se primeiro seu produto não vier de encontro a uma demanda real e consistente do público-alvo.
Não sou contra novas ideias, pelo contrário, anseio por elas. Mas ideias precisam sobreviver no mundo real para se tornarem realidade, assim, amigo candidato a produtor de HQ: tempere suas ideias revolucionarias com aquilo que o público espera de você. Conheça seu público, e ele virá a conhecê-lo também.
Fato: um produto novo não vai conseguir "criar" espaço para si, ele vai DISPUTAR seu espaço com os produtos já disponíveis... e pode-se ter certeza que os veiculadores daqueles produtos vão reagir contra esse "novo", seja sufocando os canais para que ele se veicule (situação atual), seja alardeando a má qualidade do concorrente (decorrente de produção econômica ou de pura maledicência mesmo), ou mesmo aumentando a concorrência colocando temporariamente mais títulos à venda.
Para iniciar esta luta, é necessário planejar seus passos, prever percalços, preparar-se até para alguns recuos estratégicos. Uma lei que obrigue a uma cota de produções nacionais vai atalhar alguns passos desta luta... em um primeiro momento. Mas sem passar pela têmpera desta luta, os produtos que chegarão ao leitor dificilmente terão o mérito de atingir aquilo que o leitor espera de um trabalho, seja nacional ou estrangeiro: que lhe proporcione prazer.
Certo. Critiquei, pronto. E agora proponho alternativas:
Que as editoras pudessem substituir essas "cotas de publicação" em cotas de participação em um produto de fomento a novas iniciativas. Melhor explicando: Uma edição, com selo governamental (já que querem que o governo se imiscua no assunto) onde o quadrinista nacional tivesse garantido o espaço para sua produção, um regime de "X" páginas por novo autor, com opção de renovação conforme demanda de público.
Esta publicação deveria ter caráter cultural, com distribuição garantida em escolas públicas, por exemplo, e opção de venda mediante encomenda, talvez. Só a distribuição em bibliotecas escolares já seria útil em termos de divulgação, e os próprios produtores poderiam adquirir exemplares a fim de divulgar o trabalho por conta própria.
Bem, uma ideia é só uma ideia. Até que crie raízes e sejam transformadas em realidade. Mas para isso, as ideias precisam ser protegidas enquanto nascem, como plantas em uma estufa. É essa a raiz de minha ideia, uma estufa para a produção de quadrinhos nacional.
Douglas "Mago D´Zilla" Reis
Douglas, parabéns! Adorei suas críticas a lei e as sugestões. Você tem uma visão bem realista de mercado. Infelizmente, nem todos pensam assim.
ResponderExcluirGrato, por sua participação e vamos aguardar outras opiniões dos bengalas friends!
Tá valendo!
Boa semana!