
Local apropriado para a troca de informações entre os saudosistas e apreciadores das boas coisas dos anos 60 e 70, como: filmes, músicas (de todos os gêneros), gibis de bang-bang, antigos seriados de TV, dados sobre o velho Oeste, entrevista com os bambas das HQs nacionais e internacionais, matérias, reportagens! Fique por dentro das novidades do mundo editorial!
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
sábado, 19 de setembro de 2015
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
sábado, 5 de setembro de 2015
ENTREVISTA COM ED OLIVER DA EDITORA JÚPITER II!
Posso me considerar um sujeito de sorte,
porque ao longo
dos anos em que venho
mantendo nossos blogs no ar sempre pude
contar com a
colaboração dos amigos –
profissionais do ramo, que sempre concordaram
em dar
seu depoimento – poucos foram aqueles
que se recusaram a atender minhas
solicitações.
E foi graças a colaboração
dos nossos entrevistados
é que esses blogs estão classificados no ranking
mundial das maiores audiências e gozam de boa reputação. Agradeço, de coração,
em nome da nossa equipe. E foi graças a esses imprescindíveis colaboradores é
que esses nossos veículos de comunicação virtuais ganharam notoriedade
divulgando e registrando os grandes
acontecimentos do mundo das
HQs nos últimos
anos.
Agradecemos a todos que colaboraram e que ainda colaboram,
com seus depoimentos esclarecedores. Apesar de oferecemos aos nossos seguidores
e a população flutuante que nos visita, das mais diversas partes do mundo,
diversão e lazer, como: trailers de filmes de cinema, antigos seriados,
interessantes documentários, antigos e novos desenhos animados
da TV e matérias
especiais, ainda são as
entrevistas que obtém um grande número de acesso.
Isso nos estimula a continuar trabalhando.
Grato à todos.
Mas,
vamos em frente que aí vem gente!
Desta feita, o nosso entrevistado, que
é um competente ilustrador, autor
de HQs e designer gráfico, ex-colaborador
da Revista Mundo dos Super Heróis,
nos brindará respondendo uma serie de perguntas sobre a
carreira dele e de uma
editora de autores
independentes que foi, indubitavelmente,
uma das mais
importantes desse país e que veio lamentavelmente a encerrar suas atividades
recentemente. Estou me referindo a editora Júpiter II, que já deixou saudades e
um grande legado, porque revelou novos autores de quadrinhos e resgatou diversos
veteranos das HQs nacionais e publicou
incríveis personagens.
A seguir curtam o depoimento do bengala
brother e grande
guerreiro, que também foi
um dos mentores da citada editora de HQs
independentes que fez história.
O nome
do fera é...
ED
OLIVER, O INTRÉPIDO!
Tony
1: Salve, grande, Ed. Sinta-se em casa.
Bem vindo. Quando você aceitou dar essa
entrevista fiquei muito feliz,
pois há tempos vinha acompanhando o belo
trabalho feito por você e o valoroso guerreiro
e bengala brother Jose Salles,
através da editora
Júpiter II.
Sempre
tive a curiosidade de saber mais
sobre vocês... e esta será uma ótima
oportunidade,
de todos nós, que nos dedicamos a criar e
a desenvolver HQs,
saber mais sobre
o incrível e corajoso trabalho que vocês
realizaram e que,
infelizmente, findou.
Bem, mas vamos as perguntas básicas
iniciais,como
é de praxe...
Qual
é o seu nome de batismo, Ed?
ED
OLIVER: Eduardo Manzano.
Tony
2: Manzano? Não entendi de onde veio o Oliver,
mas deixa pra lá... bem, nome de
guerra é nome
de guerra... Rsss...
Em que dia, mês, ano e
estado você nasceu?
ED
OLIVER: Nasci em São Paulo
mesmo em 12/04/1980.
Tony
3: Você é como eu, paulistano
(quem nasce na capital é paulistano, paulista
é
quem nasce no interior de S. Paulo), somos
raridade nesta cidade... Rssss.
Você
tem alguma formação acadêmica?
Estudou arte ou é autoditada?
ED
OLIVER: Sou formado em Design Gráfico pelo
Senac, mas muito do que aprendi no
mundo das
artes e dos quadrinhos foi vivenciando no dia a
dia pondo a mão na
massa mesmo!
Tony
4: O Senac é muito bem conceituado, tem
cursos profissionalizantes excelentes,
mas sem
dúvida a melhor escola é a pratica e a
convivência com outros profissionais...
Com que idade você decidiu que deveria entrar
para o mundo
editorial?
E, por que tomou essa decisão?
O que o motivou?
ED
OLIVER: Eu sabia que queria trabalhar com
desenho desde cedo, mas na época que
comecei, as tecnologias ainda engatinhavam. Bati em muita porta
de editora com
pastinha debaixo do braço, a primeira
editora que me ofereceu um emprego fixo
foi a
Editora do Brasil em sua linha de livros didáticos.
Tony
5: Editora do Brasil... conheço bem, pois já fiz
um trabalho para eles, no
tempo do Ricardo Borges...
Como surgiu a primeira oportunidade de publicar um
trabalho seu e em que ano isso aconteceu?
Teve que ralar muito para conquistar
seu espaço?
Ou foi fácil?
ED
OLIVER: Na verdade eu surgi mesmo no
Boom dos quadrinhos alternativos do inicio
dos anos 90, época da efervescência dos fanzines, publiquei meus primeiros
trabalhos neste meio e o primeiro trabalho
pago foi uma charge para o jornal
Metro News.
Tony
6: Para quem não é da cidade de São Paulo, saiba que o Metro News é um tablóide de expressiva
tiragem distribuído gratuitamente nas estações do metro. Foi o primeiro jornal
desse tipo.
Atualmente, há outros títulos que concorrem
com ele, eu acho...
Antes de enveredar pelo setor editorial,
você exerceu outras profissões?
ED
OLIVER: Já trabalhei em livrarias, quer dizer
estava sempre perto da cena do
crime! Rsrsrsrsr!
Tony
7: “Perto da cena do crime”, é ótimo... rsss...
Você trabalha individualmente
ou prefere
trabalhar em equipe?
ED
OLIVER: Não sei, sempre busquei um
parceiro fixo ou uma turma que pudesse
levar
as coisas em frente, sobretudo
nos quadrinhos...
mas, que verdade seja dita,
muito artista
no Brasil reclama mas não leva a sério a
profissão, se compromete
a fazer
as coisas e não faz.
Quando vê trabalho grande pela frente tem
medo,
fica com preguiça de prazos e
responsabilidade. Eu sou ao contrário, se
precisar, varo noites num projeto, por isso
sempre trabalhei mais sozinho.
Tony
8: De fato, há péssimos profissionais
em todos os setores, inclusive no mundo
das HQs.
Lembro-me bem de ter visitado um editor, no início de carreira e ele
me disse: “Você vai fazer mesmo esse almanaque, Tony? Vai cumprir o prazo?”
Respondi
que sim.
E quando perguntei o por que de tal
pergunta ele respondeu:
“Incrível,
porque a maioria dos desenhistas
são “canistas”!
Ou
seja, dão o cano, não cumprem os prazos.
Isso é mal para todos da classe.
Se
estou no ramo até hoje, isto é por que
sempre respeitei os prazos, assim como
você.
Também já “rachei a noite” por diversas vezes
para não dar mancada.
Que
tipo de cliente você atende?
Apenas editoras, ou também colabora com jornais,
agências de publicidade e empresas em geral?
ED
OLIVER: Meu principal ganha pão na verdade,
há anos e até hoje em dia, está no
mercado
publicitário e de bandas musicais.
Eu tocava em bandas de Heavy Metal
e
naturalmente comecei a ilustrar material
para capas de CDs e Merchandising, com
o
crescimento do estilo o meu trabalho ficou
conhecido lá fora e hoje trabalho
diretamente
com bandas e gravadoras.
Também trabalhei muitos anos para Eliphas
Andreato e sua agência, através de quem
conheci Tom Zé que me chamou para
ilustrar
o encarte de seu CD “ Jogos de Armar “
este trabalho alavancou minha
carreira
de ilustrador sobretudo lá fora onde
Tom Zé possui uma legião
muito
grande de fãs.
Tony
9: Mais um músico... legal.
É incrível como a maioria do pessoal que lida com
HQs também mexe com o mundo da música. Também atuei na música (paralelamente)
durante uns 15 anos. Achei duka saber que você começou fazendo capas de CDs
para as bandas e aí quando fez a cada do genial Tom Zé seu trabalho repercutiu
no exterior. Parabéns, Ed, adorei as
artes que fez para as bandas. Muito loucas.
Grande imaginação. Show de bola.
Que tipo de
material você usa para executar
seus trabalhos artísticos? Quais são suas
principais ferramentas de trabalho?
ED
OLIVER: De tudo, mas não substituo o trabalho manual pelo digital, uso o
computador apenas para transpor minha arte para a plataforma digital, para trabalhos
publicitários e encartes de CDs uso mais
estas ferramentas, mas eu ainda
vejo a
arte como algo artesanal, preciso
dessa interação direta entre eu, o lápis
e o
papel, eu também pinto.
Tony
10: Também rabiscamos na raça, no papel
e depois escaneamos a arte para ser
trabalhada no computador... acho, por exemplo, a pintura digital muito
plastificada e sem personalidade, mesmo no Painter ou Photoshop... Você desenha e escreve HQs? Quais personagens
você já criou e publicou?
ED
OLIVER: Isso há muitos anos, publiquei
muita coisa lá fora e aqui, charges em
jornais
diários, dos personagens fixos que criei, como:
Máscara Noturna. Esse
personagem quem criou
o visual fui eu em parceria com o Salles, que fez os
roteiros. Tenho muito orgulho do que conseguimos
com ele, pois até hoje ele é
considerado o personagem mais polêmico da HQ brasileira!
O Tormenta também, foi
criado por mim e
teve 7 revistas lançadas.
O Universo da Alameda da Saudade que
foi
indicado ao troféu HQ Mix e ao Angelo Agostini em breve será publicado na
França pela Edition Métailié... estou fechando os últimos detalhes do acordo
com eles e espero que tudo esteja certo até
fevereiro de 2016. Sempre
considerei Alameda da Saudade um trabalho subestimado, no Brasil,
quem sabe
agora lá fora
tenha seu devido valor reconhecido.
Tony
11: Sem dúvida, Ed, os franceses dão o devido
valor a arte. Vide o jazz
americano e o caso do
comediante Jerry Lewis, que era considerado na
América como um retardado. Na América eles foram
desconsiderados, mas na Europa foram reverenciados. Parabéns pela negociata e vamos
torcer para que
tudo dê certo... Com foi que você conheceu
o José Salles? Em
que ano isso ocorreu?
ED
OLIVER: Salles sempre foi um grande
escritor, eu conheci ele na época em que
fundou sua loja, a extinta Cultura Pop, aqui
em São Paulo. Adaptei para HQs
alguns
contos dele e foi através desses trabalhos
que nossa amizade cresceu até
o ponto em
que surgiu a editora Júpiter II.
Foi algo natural, assim como o
fato de nos
tornarmos grandes amigos pessoais.
Tony
12: Essa eu não sabia... o cara tinha uma loja de revistas, como o Carlos Mann,
que teve banca e
depois loja (a famosa Comix)... legal. Como surgiu
a ideia de
criar uma editora para lançar apenas HQs independentes?
ED
OLIVER: O Salles já queria desenvolver
algo assim no final dos anos 90, por que
observávamos a quantidade de boas HQs de autores que não tinham espaço no
mercado e também foi uma forma de colocarmos nossos trabalhos no mercado.
Foi
uma época de muito preconceito contra nós,
hoje o mercado é mais aberto.
Tony
13: Dá para imaginar a barreira que vocês tiveram
que enfrentar, na época,
porque edições independentes eram raras, exceto os fanzines...
Editora Júpiter,
de quem foi a ideia de adotar esse nome? Por que escolheram esse nome Júpiter
II?
Em homenagem a antiga editora Júpiter, suponho...
ED
OLIVER: Por causa da amizade de Salles com Gedeone Malagola, que no passado
possuiu um
selo de quadrinhos chamado Júpiter,
então após
o falecimento de Gedeone foi a forma de Salles homenageá-lo. Eu achava que
precisávamos
de um nome mais forte, mas enfim foi este que ficou!
Tony
14: De fato, nosso querido e saudoso professor Gedeone Malagola (criador de
super-heróis como Raio Negro, Hydroman e Homem Lua, além de inúmeras
histórias
de terror etc) foi sócio da editora Júpiter.
Ao adotar o mesmo nome acrescido
do II, vocês fizeram uma bela homenagem a ele que foi um dos pioneiros das HQs
no país e o primeiro a desenhar e a
escrever super-heróis por essas bandas.
Prosseguindo...
A
ideia inicial de vocês era: Publicar os independentes e faturar com isso? Ou
apenas fomentar a produção de
HQs nacionais, sem visar lucro?
ED
OLIVER: Ótima pergunta... para ser sincero
esse foi um ponto de discordância
entre eu e
o Salles, quando fundamos a editora em 2005.
E
achei que o Salles fosse fazer a editora para que
ela se
auto sustentasse e que iríamos fazer uma
seleção de títulos fortes para que
isso se
tornasse uma realidade...
Veja... a Júpiter 2 foi pioneira, deu espaço para
muitos
artistas. Títulos como Máscara Noturna, Tormenta, O Gaúcho e Raio Negro foram
bem
sucedidos e tinham ótima aceitação, ganhando
leitores em todo o Brasil, mas
ao mesmo tempo
Salles insistiu em publicar coisas ainda amadoras
e que não
tinham uma continuidade e nisso havia
um ponto de discordância entre nós pois,
de repente, tínhamos 30 títulos, e eu achava que poderíamos concentrar fogo em
apenas 4 ou 5 títulos para trabalharmos e divulga-los melhor.
Mas
a editora em si era do Salles, assim como
todo
o controle financeiro da coisa...
então eu funcionei mais como um consultor
editorial. Perceba, eu não estou falando mal, afinal Salles
sempre possuiu um
coração enorme e queria dar
espaço a todos que tocavam seu coração.
Mas
infelizmente para uma editora, mesmo que independente, isso não funciona.
Assim
eu me afastei dos trabalhos na editora
e o Salles os manteve até pouco tempo
quando decidiu parar com as publicações.
Tony
15: Entendi, Ed... o cara quis ajudar a todos e daí cometeu um grave erro,
passando a publicar material
amador,
pouco comercial. Agindo assim, criaram
uma gama de títulos que não geravam
receita e nenhuma empresa pode se dar ao luxo de investir sem obter
retorno, é
óbvio...
Seguindo
em frente...
Vocês
montaram uma gráfica própria ou
pagavam para rodar?
ED
OLIVER: Salles imprimia em gráficas diferentes.
Tony
16: Cacilda! Então o homem estava com
a grana, tinha “bala na agulha”... Rsss.
Bancar uma gama de produtos, cuja maioria não
dá retorno, pagando gráficas, a
tendência, uma hora
é acabar tendo que administrar dívidas e acabar ficando refém de
gráficas, é fria... é coisa de maluco (no bom
sentido, é claro).
Para
selecionar o material dos autores, qual
era o critério que vocês adotaram?
ED
OLIVER: A princípio a ideia foi divulgar nossos próprios trabalhos e resgatar
material que era importante para a HQ brasileira e que havia sido esquecido
como O Gaúcho, de Júlio Shimamoto,
e Raio Negro, de Gedeone Malagola, sempre
publicamos aquilo que achávamos que tinha
conteúdo, autores que nos
inspirassem.
Tony
17: Até aí, beleza... estavam com o pé no
chão, além de
estarem resgatando verdadeiros
clássicos do passado...
Mas
depois, conforme você explanou a coisa deixou de seguir um caminho lógico e
extrapolou para o lado do ufanismo doido... ou seja, publicavam qualquer
tranqueira, desde que fosse Made in Brazil... melou tudo... Rssss.
Juro
que eu não sabia que o Salles, além de editor,
também escrevia HQs... santa
ignorância, a minha,
Batman...
rssss. Também pudera, com a quantidade de lançamentos independentes que
surgiram é humanamente impossível saber tudo o que rola nesse
mercado novo e
enorme...
Há
pouco tempo atrás, um amigo me levou até
a Feira de Artesanato que acontece
todo final de
semana na Praça da República, aqui em São Paulo,
e me apresentou
um jovem e talentoso artista,
William (Bill) Cabral. O rapaz estava fazendo
retratos dos visitantes e turistas que frequentam o lugar, quando ali chegamos.
E, olha... o cara é fera. Desenha muito.
Batemos um papo e antes que fossemos
embora ele
nos deu algumas revistas e uma delas era o gibi de um personagem
chamado Reação, edição # 6. Quando vi na capa o selo Júpiter II, falei:
“Conheço essa editora é do Salles!”
E
o Bill disse: “É dele mesmo, seu Tony!
O cara dá uma tremenda força pros
autores!”
Foi
assim que descobri que as histórias eram escritas
pelo Salles e desenhadas pelo
William (Bill) Cabral.
Achei interessante a ideia, pois os roteiros
disseminavam
a cultura
evangélica. Pergunto: Você e o Salles são evangélicos, ou fizeram aquela edição
e criaram o personagem sob encomenda feita
por algum pastor? Rsss...
ED
OLIVER: Rsrsrsrs! Não amigo, nem eu nem ele somos evangélicos. Na verdade O
Salles é cristão
e este personagem Reação especificamente,
é um herói baseado
nos preceitos que ele acredita, o que não acontecia com as outras HQs dele.
Mas
isso serve como exemplo para você entender o alcance que a editora teve, mais
de 70 mil
revista em todo o país!!!
Tony
18: Setenta mil edições... de fato, um número
incrível, principalmente para uma
editora independente...
Para
mim, a Júpiter II era do Salles. Não sabia que você também era sócio...
desculpe-me, pela ignorância.
A Júpiter era uma empresa constituída de verdade,
ou apenas um nome fantasia?
ED
OLIVER: Tranqüilo, amigo, como disse eu era o principal conselheiro e
idealizador visual por assim dizer, a
parte da divulgação e o marketing via internet era feito por mim também, como
dizia o Salles a
editora era uma ação entre amigos, nós e
os autores que
publicávamos.
Tony
19: Entendi, mas é que seu nome jamais aparecia
nas
edições como co-editor etc... daí parecia que
apenas ele comandava o
espetáculo...
muito estranho para um cara que ouvi falar que
era tímido e não
gostava de dar entrevistas...
Mas,
isso é uma outra história... Rsss...
Raras
são as editoras que surgiram fora
do eixo Rio\São Paulo, até em virtude da logística.
Vocês estavam sediados
na cidade de Jaú,
no interior de S. Paulo, correto?
Por que escolheram esta
cidade?
ED
OLIVER: Na verdade começamos em São Paulo como SM Editora e depois com a
mudança de Salles para Jaú lá ficou sendo sua sede.
Tony
20: Ok... agora a coisa ficou explicada...
Raio
Negro… vamos falar sobre esse super-herói
Famoso
nacional, que foi a criação Mor do meu
saudoso e querido bengala brother
professor Gedeone Malagola... de quem foi a ideia de ressuscitar esse
super-herói que marcou época? Conta aí como tudo aconteceu... achei a idéia
genial!
ED
OLIVER: Foi do Salles, depois que ele começou a manter contato e se tornou
amigo pessoal de
Gedeone e da família.
Depois
de saber que ainda havia aventuras inéditas tanto do Raio Negro quanto do
Homem-Lua e
Hydroman, Salles propôs ao Gedeone relançar
todo seu material - é importante salientar que a única pessoa que
a família Malagola permitiu que
publicasse o material do Gedeone foi o Salles,
que fez um digno e magnífico trabalho.
Nós
que conhecemos o Gedeone pessoalmente podemos dizer que este grande autor
partiu feliz.
Tony
21: Na certa ele morreu feliz da vida, por que
vocês conseguiram
ressuscitar, para as novas gerações, aqueles grande heróis do passado que foram
criados por ele. E este era o grande sonho dele.
Também achei a ideia de vocês muito legal...
Vocês
conseguiram publicar trabalhos feitos por gente da nova geração muito talentosa
e de grandes mestres veteranos das HQs como o grande mestre Adalto Silva –
sou
fã do trabalho deste cidadão... como é que vocês conseguiram reunir tanta gente
boa?
ED
OLIVER: Apesar de muita gente ignorar
nosso trabalho, aos poucos fomos
conseguindo admiradores e pessoas que ajudaram na
divulgação de nosso trabalho
em jornais,
revistas e sites...
isso chamou a atenção de artistas talentosos
e
mesmo aqueles que já gostavam do meu
trabalho e do Salles individualmente.
De
repente, estávamos recebendo cartas
e emails de todo o Brasil! Foi uma honra
para
nós poder trabalhar com tanta gente talentosa.
Para mim, em
particular, Antonio Menezes foi
um dos meus mestres!
Tony
22: Não conheço a arte do Antonio Menezes, infelizmente, porém, se você o adotou como mestre,
na certa, o cara é fera. Realmente, a editora Júpiter II
passou a ser muito comentada
por profissionais da
área e por gente que estava começando
e sonhava em
ver seu trabalho publicado...
vocês surgiram numa época em que as
HQs nacionais
em banca praticamente tinham sumido, exceto
A Turma da Mônica...
a Júpiter foi um grande
acontecimento, ninguém pode negar...
Até
o meu querido bengala brother Ailton Elias
teve a oportunidade de lançar HQs
inéditas de
Brigada das Selvas, que há muito tempo mantinha engavetadas...
Vocês
fizeram um grande trabalho.
Como vocês conheceram o Elias, outro
veterano do
mundo dos quadrinhos?
ED
OLIVER: Ailton Elias foi mais um veterano
autor que engrossou nossas fileiras
graças ao
Salles,
que o conheceu pessoalmente em algum momento, que não me lembro, mas de fato
foi
mais um material que merecia
muito ser divulgado!
Tony
23: Sem dúvida... na década de 70 fui o
primeiro a negociar
a brigada amazônica criada
pelo Elias. A primeira edição saiu pela editora
Evictor, com capa de Pedro Mauro...
apesar de não ter sido um grande sucesso,
vendeu relativamente bem e chamou a atenção dos europeus. Recebemos cartas até
da França,
se não me engano... lá fora o pessoal curte muito esse negócio de
aventuras na floresta Amazônica.
Acham a coisa exótica. E muitos gringos, por
ignorância,
acreditam que ao descer no aeroporto do
Rio
de Janeiro, por exemplo, serão recebidos por índios... Rsss. Não sabem que a
floresta fica há milhares de quilômetros dos grandes centros urbanos.
Os caras
são mal-informados...
Em
que dia, mês e ano a editora Júpiter II foi inaugura?
E, quantos títulos vocês
lançaram inicialmente?
Dá para relembrar alguns?
ED
OLIVER: Puxa vida, vamos lá...
a editora foi fundada em Abril de 2005, que
foi exatamente a publicação de nossa primeira revista
o lendário polêmico
Máscara Noturna edição # 1.
Publicamos
mais de 60 títulos diferentes.
Entre eles os que venderam mais foram:
Máscara
Noturna, Tormenta, Gaúcho, Raio Negro.
Além desses também foram bem o
Chico
Spencer, O Bom e Velho Faroeste e o
Capitão Mac Namara. Nós nos tornamos e
editora que mais publicou super-heróis nacionais
no Brasil. Dentre estes
estavam
Meteoro, Velta, Crânio, Lagarto Negro,
Vulto
Negro, Corcel Negro, e tantos outros!
Tony
24: Foi maravilhoso... criaram uma geração
de novos leitores
de superseres criados por brasileiros.
Isso há muito tempo não acontecia no
país.
Como
funcionava a parceria que vocês faziam com os autores? Vocês pagavam pelos
originais?
Dividiam o lucro auferido nas vendas?
Enfim, como rolava o acordo
entre vocês?
Ou todos participavam por amor a Nona Arte?
ED
OLIVER: Cada Caso era um caso.
Essa parte quem cuidava era o Salles, portanto
não saberia informar mais detalhes.
Tony
25: Ok... vamos nessa...
Pelo
que pude acompanhar, vocês lançaram títulos de diversos gêneros, como westerns,
aventuras, super-heróis, HQs românticas e até religiosas... quais desses temas
editados venderam mais?
ED
OLIVER: Com certeza os de super-heróis!
Tony
26: Em média, qual era a tiragem?
ED
OLIVER: Títulos como Raio Negro,
Máscara Noturna, sempre
venderam bem,
até mais do que
esperávamos se você for
considerar que não tínhamos estrutura
de uma editora
grande.
Tony
27: Você enrolou e não disse a tiragem, mas tudo bem...A forma de
comercialização... vamos falar
sobre isso, que é um fator importante...
vocês
só vendiam pela Internet, ou também
distribuíam em bancas de jornais?
ED
OLIVER: Em todos os lugares possíveis em que
conseguíamos
expor nossos produtos.
Tony
28: Deu para ganhar dinheiro publicando HQs independentes? Ou só deu para empatar?
ED
OLIVER: Dava para continuar investindo em mais impressões e pagar os artistas,
por que você deve imaginar o quanto se gastava em gráfica e correios.
Tony
29: Uma puta grana, com certeza...
mas sempre achei que o problema de vocês
estava no baixo preço de capa, que
é algo legal, para os consumidores, mas que não
funciona em pequenas tiragens.
Preços de capas baixos exigem grandes tiragens
ou não cobrem os custos
operacionais.
O
Salles devia ser riquíssimo ou então era pinel,
no bom sentido. Foi a Madre
Teresa de Calcutá
das HQs brasileiras, investia muito para ganhar
quase nada. Bem,
mas ao menos, fez história.
De
quem foi a decisão de encerrar as atividades
dessa casa editorial que marcou
época e
uma geração? E, o que os levou a isso?
ED
OLIVER: Salles resolveu parar com as
atividades por que também se viu
descontente
com os atuais rumos do mercado editorial
no Brasil. Eu já havia me
afastado antes
por que em certo momento eu também não
estava mais dando 100% de
mim em nossos
trabalhos e queria me concentrar em
outras atividades que estava
desenvolvendo.
Nesta mesma época eu era colaborador da revista Mundo dos Super
Heróis, e chefiava uma equipe de ilustradores para livros didáticos na agência
de
Eliphas Andreato. Salles ainda continua
vendendo as edições que há em
estoque
e acredito que em breve
ele volte com
novas produções.
Tony
30: Que Deus lhe ouça. Precisamos de
mais gente intrépida como ele e você. Mas, que
desta
vez hajam com mais cautela quanto ao material a ser publicado, Ed. Mas, a experiência
foi válida.
Veja, publicando com critério a coisa já
é
complicada, pois muita gente torce o nariz
quando se trata de material nacional.
Além do mais, comparam o material
produzido
no Brasil, às duras penas, com o requintado material produzido na América,
com a qualidade gráfica etc.
Se não seguirmos o mesmo padrão de qualidade
nunca
chegaremos a lugar nenhum.
Admiro
muito gente corajosa como vocês que,
como outros, investem num setor que sempre
foi instável. Digo isso, porque sei que não é fácil
ser editor num país
subdesenvolvido, mesmo
trabalhando com grandes tiragens e distribuição
nacional
– por experiência própria e por estar ciente
de que HQs nunca foram um tipo de
publicação
sustentável, com raras exceções, é óbvio.
Tentar viver editando
exclusivamente HQs é ainda pior... para mim, você e o Salles foram verdadeiros
heróis de carne e osso.
Imagino
o quanto esses pequenos editores
independentes, que
existem por aí, devem ralar para
por em prática esses ousados projetos,
simplesmente por amor a arte.
Repito...
você e o Salles foram verdadeiros heróis,
de carne e osso, e não de papel...
parabéns.
Sou fã de vocês.
ED
OLIVER: Obrigado pelas palavras amigo,
mas acho que no fundo Salles e eu fizemos
aquilo que muitos não têm coragem, colocar
a mão na massa.
Uma
das coisas que aprendemos com isso é
que não há preconceito para as HQs
nacionais.
Os
caras que compravam um título como Tormenta,
por exemplo, não queriam saber se
era um herói nacional ou americano, queriam ler a HQ por que era boa. Ainda
hoje recebo emails e palavras nas redes sociais de pessoas que dizem que
passaram a
desenhar quadrinhos porque
foram incentivadas
pelo nosso trabalho, pelos nossos personagens.
Acho que no
fim das contas esse foi nosso maior pagamento, uma geração cresceu
inspirada em
nossa luta!
Tony
31: Perfeito. Movimentos nacionalistas
como vocês fizeram
são bacanas porque incentivaram
uma nova geração a produzir, a querer também
realizar um bom trabalho. Quanto ao leitor não ter preconceito, tenho minhas
dúvidas... porque aqueles
que compram e curtem HQs nacionais são uma minoria.
o resto, a grande maioria, vira as costas quando
vê um título feito por
brasileiros.
Fui proprietário da ETF Comunicação e da
Phenix Editorial e senti
na pele isso...
O máximo que conseguimos vender do
Fantasticman e do Fantasma Ngero foi
40 % de 30 mil exemplares.
Mas,
vamos nessa...
Quanto
ao acervo (encalhes), que suponho que
vocês ainda tenham, ele continuará a ser
comercializado de alguma forma?
Na certa, passarão a ser disputados por
colecionadores, como objetos raros.
Quem desejar adquirir alguns exemplares,
como deve proceder?
ED
OLIVER: Sim, como eu disse o Salles
ainda vende o excedente de estoque em
seu
email:
é só escrever e pedir
a lista de títulos,
ele ainda mantém o blog da editora que
pode ser acessado:
Tony
32: Sem a Júpiter II, muitos autores ficarão a ver navios e as HQs Made in
Brazil perdem o pouco
espaço que tinham, infelizmente...
você também
acha que a grande maioria dos leitores de gibis –
fãs de
super-heróis importados -, de fato, não
curtem HQs nacionais?
ED
OLIVER: Como eu disse na questão anterior
isso é mentira. Digo aos caras que
estão
começando: “ Não vão atrás de fóruns e grupos
que falam mal de títulos
nacionais!”.
Primeiro, porque o cara nunca produziu nada
e
portanto não tem conhecimento, nem sabe
como funciona o mercado e a cabeça
da
maioria dos leitores.
Faça
o seu melhor. Você vê trabalhos como
Necronauta, Penitente, Meteoro, Cometa,
Resistente, Crânio, Invictos, veja aí os Guerreiros
da Tempestade, do amigo
Anísio Serrazul,
um dia todos esses personagens poderão virar uma animação de
grande vulto! Trabalhos seminais e que provam a qualidade do autor brasileiro!
Tony
33: Perdoe-me, Ed. Fui redundante e voltei
a fazer a mesma pergunta... Rssss.
Coisas de um ser jurássico como eu, que o “HD” já não funciona tão bem... mas,
veja, não estou aqui afirmando que não temos
autores competentes.
Aliás,
nosso país é um grande celeiro de gente
talentosa, apesar dos perrengues que se
tem
para ainda obter cultura e
Informação.
Temos gente que faz um trabalho de qualidade,
o que não temos é gente
(editores) investindo
no talento dos nossos autores. Quando digo gente,
quero
dizer gente de peso, que tem dinheiro e que
podem promover esses personagens
bacanas
na mídia. Sem boas tiragens, preços acessíveis
e uma boa divulgação,
jamais teremos um
mercado de HQs sustentável.
Ficaremos patinando na lama uma
eternidade.
Eu, no meu tempo, assim como vocês o
Paulo Paiva (da Press Editorial e Maciota) e outros
malucos investimos nas HQs
nacionais.
Mas, éramos e ainda somos pequenos.
Nunca vi um grande editor – bem estruturado,
capitalizado – investir pesado nos
quadrinhos tupiniquins.
A
Abril ao lançar a Mônica fez uma boa tiragem,
investiu pesado. Quando o
Mauricio saiu da Abril
e foi para a Globo a Abril decidiu voltar a investir
no
talento nacional, na esperança de descobrir
um novo fenômeno de venda, um novo
Mauricio de Sousa.
A poderosa Abril Lançou
diversos autores
nacionais que fizeram
HQs de seus personagens e que acabaram
sucumbindo por falta de uma boa tiragem e
de propaganda nas mídias.
As HQs
americanas possuem toda uma estratégia de merchandising, um grande planejamento
e estão
em tudo quanto é tipo de mídia.
Ao meu ver, falta isso para as HQs
nacionais vingarem. Além do mais,
não dá para dizer que o público
leitor
nacional não tem preconceito, quando se fala
em pequenas tiragens que sobram
encalhes.
Isto significa que um pequeno nicho de leitores
consumiram esses
super-heróis
nacionais
e em hipótese alguma significa que
o preconceito acabou.
Na década de 80 criei Fantasticman, que
se tornou Cult, assim como Raio Negro.
Mas, esses dois personagens
não foram um fenômeno de venda.
Tiveram uma venda
razoável. Se, na verdade,
tivessem sido campeões de vendas
estariam
sendo publicados até hoje. É simples.
Nos
anos 90, eu e o Wanderley Felipe, criamos
O Pequeno Ninja.
Aquele herói mirim foi um campeão de venda.
Lançamos 250 mil exemplares e vendemos 125 mil.
Mas, gradativamente as vendas e a tiragem
foram caindo até
que o nosso querido Ninjinha
acabou sumindo das bancas.
Foi um sucesso efêmero,
que só ocorreu porque
naquela década havia uma onda de revistas e HQs
de
ninjas e porque para o lançamento planejamos um comercial de televisão, que foi
veiculado pela Rede Manchete e que tinha inserções num filme japonês
que era
campeão de audiência: Ninja Jiraya.
Portanto, planejamos a coisa e demos sorte,
porque colocamos o personagem na mídia perfeita,
na hora certa. Conclusão:
Vendeu bem.
Aliás, nunca mais criei um personagem que
vendeu tão bem... Rssss.
Isto
é uma questão de lógica, meu amigo.
Mas,
voltando ao nosso bate papo...
Valeu
a pena editar HQs independentes
no
país, grande Ed? A experiência foi válida?
Você,
se pudesse, faria tudo outra vez?
ED
OLIVER: Com certeza, sobretudo os amigos e as experiências que troquei foram
tesouros que levarei comigo o resto da vida, a amizade de Salles e seu companheirismo
para comigo também
me marcaram muito!
Tony
34: Isso não tem preço...
Alguma
frustração profissional?
ED
OLIVER: Acho que não ter conhecido
pessoalmente alguns mestres como
Will Eisner
e Jack Kirby!
Tony
35: Um sonho?
ED
OLIVER: Ver um personagem meu
transformado em desenho animado!
Tony
36: Ed Oliver por Ed Oliver?
Como você se autodefine? Um maluco
(no bom sentido, é óbvio), um sonhador,
ou um
apaixonado por HQs e artes gráficas?
Tcham-tcham-tcham-tcham!
O povo quer
saber... Rsss....
ED
OLIVER: Um idealista, um criador compulsivo.
Tony
37: O relacionamento com o ex-parceiro,
José Salles, continua
o mesmo? Pretendem
realizar outras empreitadas desse tipo, juntos?
ED
OLIVER: Mantemos contato regularmente,
Salles é um irmão distante, quem sabe de
uma
hora para outra não retornamos juntos com
uma nova loucura?
Tony
38: Vamos torcer pra isso, pode ter certeza...
mas, com menos loucura...
Atualmente,
você está empenhado em algum projeto pessoal? Planos para o futuro?
ED
OLIVER: Além de meu site Blog do Ilustrador (http://www.blogdoilustrador.com.br/)
estou desenvolvendo algumas coisas com
meu novo personagem o Veredicto: http://veredictoquadrinhos.blogspot.com.br/
meu trabalho Alameda da Saudade esta á venda na Comix Trip:
e breve estará sendo lançado na
França para o mercado Europeu.
Tony
39: Oui, monsieur! Rssss... Maravilhoso, é
bom termos gente nossa publicando na Europa!
Você não para e isso é o que importa, pois um
ideal nunca morre
e as HQs nacionais jamais
podem morrer, precisam sobreviver, não
importa que
seja pela mídia eletrônica etc...
Estou
na casa dos 59 anos e desde garoto atuo
no setor de publicações
desse país e fico
impressionado ao constatar que ao longo dos
anos as HQs
produzidas no país, assim como
as editoras que se dedicaram a este tipo de
produto,
não
cresceram e acabaram sempre fechando,
devido má administração, ,á distribuição,
falta de
receita gerada pelos produtos, baixo fluxo de caixa etc.
Na
Índia,que também é um país subdesenvolvido, há editoras como a Raj Comics que
lançam publicações produzidas por artistas locais, como super-heróis
e outros
gêneros, que cresceram e se deram bem.
Aliás,
até a indústria cinematográfica indiana faz
sucesso.
Bollywood, na Índia, produz
mais do que Hollywood.
Esses
filmes indianos só não estão espalhados
pelo mundo devido ao poder do
capitalismo ianque.
No
Brasil isso não acontece... nem com o cinema e
nem com as histórias em
quadrinhos, por quê?
Na sua opinião, o que falta para as HQs brasileiras
e o
cinema obter sucesso? Bons roteiros?
Maior qualidade? Maior investimento?
Ou
maior divulgação na mídia?
ED
OLIVER: Roteiro e qualidade nós temos,
o que falta é só um incentivo maior por
parte
do governo a ações culturais!
Tony
40: Quanto a falta de bons roteiros eu concordo plenamente contigo. Falta bons
escribas, bons
enredos e o pior... a maioria dos desenhistas não
sabem
escrever, infelizmente.
Porém, sou
obrigado a discordar do seu outro
ponto de vista, quando afirma que
“Falta
investimento por parte do governo...”.
Abaixo o governo paternalista. Isso nunca
funcionou. Governo que é governo tem que dar condições
do cidadão estudar e
trabalhar, isso sim.
Veja
no que deu o paternalista petista que além de não acabar com a miséria do país
ainda ajudou a criar uma nação de vagabundos.
O cara toma café da manhã e
almoça, baratinho,
no Bom Prato, recebe 70 reais por mês,
1.200 ou 1.300 reais por cada
filho gerado...
portanto, trepar virou um bom negócio... Rsss...
daí me pergunto: o cidadão que recebe esses
benefícios do
governo – graças a nós, os trouxas,
que pagamos impostos -, vai pensar em trabalhar
por quê... e o pior é que eles tão certos.
O governo paternalista dá quase tudo e com
isso acaba angariando votos, pois essa gente
teme perder a pseuda "mordomia".
Esperar
que o governo faça algo pelas HQs
me parece comodismo ou um sonho milagroso
que
jamais acontecerá. Há tantos problemas para
resolver em nosso país, mais
importantes, como:
educação, saúde pública etc,
que
não vejo lógica alguma o governo gastar
dinheiro púbico com a chamada Nona
Arte.
Sou a favor da iniciativa privada.
Aliás,
para mim, HQs são simplesmente arte
comercial e não arte na acepção da palavra.
Na real, precisamos nos organizar para mudar
as coisas. Precisamos
de gente com o espírito empreendedor, como vocês fizeram.
Se o Mauricio de
Sousa fosse esperar pelo apoio governamental iria morrer sem publicar porra
nenhuma.
O cara foi genial e criou por si próprio recurso
e chegou lá. Caceta...
eu sempre me empolgo,
desculpe-me, Ed...
Quadrinhos
on line podem ser uma
boa opção, para as HQs tupiniquins?
ED
OLIVER: Com certeza...
no Japão a realidade dos quadrinhos digitais
já está presente
e há um grande mercado!
Tony
41: Os japas estão adiantados mil
anos-luz da gente. Mauricio de Sousa e a
Turma da Mônica, eles fazem sucesso atualmente
no Brasil
e no mundo.
Por sorte, as criações dele ainda se mantém firmes nas bancas do
nosso país heroicamente enfrentando os inúmeros títulos de mangás, cuja maioria
dos títulos e lixo, mas a molecada adora... ao seu ver, qual foi a fórmula
mágica do sucesso que esse consagrado autor nacional encontrou, que nenhum
outro artista brasileiro soube encontrar?
ED
OLIVER: Eu acho que ao tomar conhecimento do sistema de trabalho e produção de
autores como
Disney e Torayama, Mauricio viu como deveria
administrar
melhor seu negócio e expandí-lo.
Sem
dúvida ele é um exemplo a ser seguido
e alguém que admiro muito!
Tony
42: Ele é o nosso herói. O pai de todos nós...
Apesar
de estar bem estruturado financeiramente
e de ter aberto na década de 90 a
editora Bidú,
o criador da Turma da Mônica é sábio e jamais ousou enfrentar as
grandes editoras brasileiras.
Ao contrário, sempre se aliou
a
elas e já há alguns anos está firme com a Panini,
uma
multinacional italiana, após ter passado
pelas
editoras Abril e Globo, ambas poderosas.
A
fórmula usada pelo nosso Disney, não seria a mais apropriada para os nossos
autores?
Ou seja, ao invés de se aventurarem abrindo
pequenas casas editoriais
ou editar suas próprias
HQs, que vendem por demanda, não seria mais prático
procurarem grandes editores para lançar
suas criações, seus personagens?
Sei
que a coisa não é fácil, mas também não
é impossível. E, por isso, vamos morrer
tentando... Rssss...
ED
OLIVER: Veja, eu particularmente acho
muito difícil um fenômeno como Mauricio
de
Sousa se repetir porque hoje o mercado de
quadrinhos é muito diversificado e
tentar
manter um título de quadrinhos por uma
grande editora é temerário, ainda
creio que a melhor saída é os autores
gerirem com inteligência, podendo até
montar grupos como é o pessoal
da Petisco, são experiências que
se mostraram
viáveis.
Tony
43: Ed Oliver, meu querido amigo e
bengala brother, foi um prazer inenarrável
poder trocar idéias com você, saber mais
sobre sua carreira e sobre o incrível
trabalho
que você e o Salles realizaram.
Em nome de todos os autores de HQs
desse país
e em nome de muitos leitores que curtem gibis,
só
me resta, agradecer a você e ao Salles,
por terem criado corajosamente a
Júpiter II,
uma editora que, sem dúvida, fez
história,
porque contribuiu de forma marcante
para a sobrevivência das HQs nacionais,
que
se fosse depender dos chamados
“Editores profissionais” teriam sucumbido há
anos.
Vocês são meus ídolos, meus heróis.
Deixaram
um legado incrível.
Esse país precisa de gente de garra, de fibra,
como
vocês. Parabéns, pelo grande feito, intrépidos guerreiros e grandes gurus.
E
que Deus continue iluminando seus passos.
Deixe aí uma mensagem para aqueles
que curtiram
as publicações de vocês... se quiser deixar algum
endereço do seu blog,
site ou e-mail, para
contato,“manda bala”, Ed.
E
mande, também, um grande mano amplexo
para
o José Salles. Valeu!
Alguma
consideração final?
ED
OLIVER: Agradeço imensamente o espaço
e a oportunidade de contar um pouco de
nossa história! E
vamos continuar
queimando os grafites!
Tony 44: Disponha, bengala Ed. Sempre que quiser
divulgar um trabalho seu ou novo lançamento
pode contar com a gente. basta escrever para
o meu e-mail, mandar o release e a capa, que
divulgaremos com o maior prazer!
E por hoje é só, pessoal!
See you later, cowboys!
Be well!
Por
Tony Fernandes\Redação Pegasus Studio –
S.
Paulo – SP – Brazil – Uma Divisão de Arte e
Criação
da Pégasus Publicações Ltda -
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