
Local apropriado para a troca de informações entre os saudosistas e apreciadores das boas coisas dos anos 60 e 70, como: filmes, músicas (de todos os gêneros), gibis de bang-bang, antigos seriados de TV, dados sobre o velho Oeste, entrevista com os bambas das HQs nacionais e internacionais, matérias, reportagens! Fique por dentro das novidades do mundo editorial!
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
terça-feira, 28 de outubro de 2014
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
domingo, 26 de outubro de 2014
domingo, 19 de outubro de 2014
GUSTAVO MACHADO É O ENTREVISTADO DA VEZ!
Tem
início mais um bate papo virtual com outro grande
nome das histórias em
quadrinhos nacionais.
O entrevistado de hoje tem uma larga bagagem
profissional
e construiu uma carreira sólida no
setor editorial brasileiro. É dotado de
grande talento,
tanto para desenhar figuras cômicas,
infantis, quanto as humanas.
Colaborou ao longo dos anos com a Divisão Disney
que foi criada pela editora
Abril, fez HQs eróticas
colaborando para o meu estúdio e me surpreendeu
quando
tomei conhecimento (segundo meus
informantes, ex-agentes da KGB), que ele
também pertenceu ao
lendário “Barraco do Justo”,
assim como eu. Relaxe, webleitor, pois vamos
saber
o que é lenda e o que verdade.
Curta este nosso talkie show virtual, feito
especialmente
para você que curte saber o
que rola nos bastidores do mundo
das HQs. Saiba
mais sobre
a carreira brilhante do mestre...
GUSTAVO MACHADO!
Tony
1: É com orgulho que recebi seu aceite ao lhe
propor uma entrevista, Gustavão. Acompanho ao longo
dos anos sua carreira e sempre admirei seu traço, seu
trabalho, e seu jeito simples de ser. Posso “mandar bala”?
Afinal, aposto que você tem boas
histórias para contar (Rssss...)...
propor uma entrevista, Gustavão. Acompanho ao longo
dos anos sua carreira e sempre admirei seu traço, seu
trabalho, e seu jeito simples de ser. Posso “mandar bala”?
Afinal, aposto que você tem boas
histórias para contar (Rssss...)...
GUSTAVO:
O prazer é todo meu, caro Tony!
Lembro que a gente se conheceu há mais
de vinte anos, quando publiquei algumas HQs
através do seu estúdio, como você bem lembrou.
Lembro que a gente se conheceu há mais
de vinte anos, quando publiquei algumas HQs
através do seu estúdio, como você bem lembrou.
Acompanho
o seu blog, curtindo sempre suas
grandes entrevistas, em tamanho e qualidade!
São repletas de detalhes e histórias fantásticas.
Nelas, pude desvendar muitos mistérios do
mundo dos quadrinhos e dos seus criadores.
São registros fantásticos!
grandes entrevistas, em tamanho e qualidade!
São repletas de detalhes e histórias fantásticas.
Nelas, pude desvendar muitos mistérios do
mundo dos quadrinhos e dos seus criadores.
São registros fantásticos!
Tony
2: Grato, por acompanhar nossos talkies shows,
estimado bengala brother. Vou dar o
"tiro de largada"... Apesar de eu conhecer o seu trabalho
há algum tempo, foi só na década de 90 que o
conheci pessoalmente. Na ocasião eu e o Wanderley
Felipe (vulgo Tulipa) criamos o Estúdio Felipe – Fernandes.
Éramos os responsáveis por todo o material
editado pela editora Ninja, de Fernando Mendes,
vulgo Manelão (por ter nascido em Portugal).
Estávamos no 5º andar daquele velho prédio da
esquina da avenida São João com a avenida
Ipiranga, onde até hoje há academias de musculações,
sobre o tradicional e extinto bar do Jeca, ponto
de encontro obrigatório de músicos, artistas e
“intelectantãs” em geral. Na época desenvolvíamos
uma série de publicações para a referida e
extinta editora, e quando passamos a produzir
diversas edições de HQs eróticas para adultos
sentimos a necessidade de contactar diversos
colaboradores visando manter a periodicidade
daquele tipo de produto editorial que vendia muito.
Foi quando você surgiu com um amigo trazendo alguns
originais de HQs para adultos. Fiquei surpreso ao ver
seu belo traço e suas deliciosas figuras femininas,
principalmente, porque jamais imaginei que você
fizesse aquele tipo de arte. Sabia que você detonava
nas figuras cômicas e infantis, mas anatômicas?
O que o levou a nos procurar, naquela época?
estimado bengala brother. Vou dar o
"tiro de largada"... Apesar de eu conhecer o seu trabalho
há algum tempo, foi só na década de 90 que o
conheci pessoalmente. Na ocasião eu e o Wanderley
Felipe (vulgo Tulipa) criamos o Estúdio Felipe – Fernandes.
Éramos os responsáveis por todo o material
editado pela editora Ninja, de Fernando Mendes,
vulgo Manelão (por ter nascido em Portugal).
Estávamos no 5º andar daquele velho prédio da
esquina da avenida São João com a avenida
Ipiranga, onde até hoje há academias de musculações,
sobre o tradicional e extinto bar do Jeca, ponto
de encontro obrigatório de músicos, artistas e
“intelectantãs” em geral. Na época desenvolvíamos
uma série de publicações para a referida e
extinta editora, e quando passamos a produzir
diversas edições de HQs eróticas para adultos
sentimos a necessidade de contactar diversos
colaboradores visando manter a periodicidade
daquele tipo de produto editorial que vendia muito.
Foi quando você surgiu com um amigo trazendo alguns
originais de HQs para adultos. Fiquei surpreso ao ver
seu belo traço e suas deliciosas figuras femininas,
principalmente, porque jamais imaginei que você
fizesse aquele tipo de arte. Sabia que você detonava
nas figuras cômicas e infantis, mas anatômicas?
O que o levou a nos procurar, naquela época?
GUSTAVO:
Guardo bem essa ocasião em seu estúdio,
no mítico cruzamento bem no centrão de
São Paulo.
Agora,
quer saber mais? Tenho um caderno com anotações
dessa época, e lá está anotado
um encontro nosso, ele foi entre
os dias 22 e 24 de junho de 1989. Eu estava
hospedando um
amigo, o mineiro João Baldisseri Jr, quadrinista e idealizador
dos encontros de Quadrinhos da cidade de Araxá, Minas Gerais.
Ele estava organizando o 2º
Encontro, e entre
os
profissionais do ramo que ele agendou para visitar
está anotado, no meu
caderno:
Tony Fernandes e equipe. Acredito que esse tenha
Tony 3: Cacilda, você tem tudo anotado! isto é incrível! Juro que
não estava lembrado do Baldisseri (como sou relapso).
Foi isto mesmo, pois acabamos comprando e publicando o
material dele também... relembrar é viver! Baldisseri, há quanto
tempo não o vejo... Adorei! Baldi, valeu! E desculpe-me pelo
esquecimento, véio... conheci tanta gente que, de repente,
dá um branco nesse meu cérebro jurássico.
Coisas da idade, eu acho...Rssss...
não estava lembrado do Baldisseri (como sou relapso).
Foi isto mesmo, pois acabamos comprando e publicando o
material dele também... relembrar é viver! Baldisseri, há quanto
tempo não o vejo... Adorei! Baldi, valeu! E desculpe-me pelo
esquecimento, véio... conheci tanta gente que, de repente,
dá um branco nesse meu cérebro jurássico.
Coisas da idade, eu acho...Rssss...
GUSTAVO: Revendo
essas anotações resgatei lembranças
incríveis, como o fato de seu estúdio ter sido o QG das
negociações com aquele belga, o Piet De Lombaerde,
que representava a agência europeia distribuidora
de quadrinhos, a Commu. Ele estava no Brasil fazendo
contato com vários quadrinistas para a produção
e publicação de quadrinhos na Europa, lembra?
incríveis, como o fato de seu estúdio ter sido o QG das
negociações com aquele belga, o Piet De Lombaerde,
que representava a agência europeia distribuidora
de quadrinhos, a Commu. Ele estava no Brasil fazendo
contato com vários quadrinistas para a produção
e publicação de quadrinhos na Europa, lembra?
Tony 4: Sim, claro, claro... o Piet... quem me apresentou
ele foi o grande mestre escriba Ataide Braz...
ele foi o grande mestre escriba Ataide Braz...
GUSTAVO: Foi
no seu estúdio que peguei uma cópia
do contrato da agência, como também levei
material meu para apreciação do Piet e - nunca me
esqueço! - tomei um “porre” de cafezinho! É que o
belga chamou a gente para descer no boteco
debaixo do estúdio - que acredito ser o Bar do Jeca
citado - pra tomar um cafezinho, só que ele ia
pedindo um atrás do outro, e oferecendo pra
todos, como se fosse cerveja. O belga era fascinado
pelo nosso café, ou melhor, viciado! hahahaha...
do contrato da agência, como também levei
material meu para apreciação do Piet e - nunca me
esqueço! - tomei um “porre” de cafezinho! É que o
belga chamou a gente para descer no boteco
debaixo do estúdio - que acredito ser o Bar do Jeca
citado - pra tomar um cafezinho, só que ele ia
pedindo um atrás do outro, e oferecendo pra
todos, como se fosse cerveja. O belga era fascinado
pelo nosso café, ou melhor, viciado! hahahaha...
Tony 5: Bem lembrado... enchemos a carcaça de cafezinhos
no boteco de Jeca... o gringo era maluco...
maluquinho por café...Rssss...
no boteco de Jeca... o gringo era maluco...
maluquinho por café...Rssss...
GUSTAVO: Por
conta desse contato, você acabou
conhecendo o meu material erótico da Grafipar, se
interessou e propôs republicá-los. Minhas HQs
acabaram saindo em algumas revistas, como
“Fetiche” e “Fantasia”.
conhecendo o meu material erótico da Grafipar, se
interessou e propôs republicá-los. Minhas HQs
acabaram saindo em algumas revistas, como
“Fetiche” e “Fantasia”.
Tony 6: Exato. Fetiche e Fantasia, os dois títulos eram
da editora Ninja... O bacana é que você chegou
bem na hora em que necessitávamos de novos
colaboradores para manter aquelas séries que
vendiam bem. Colaboravam com a gente, Salatiel de
Holanda, Gilvan Lira e Décio Ramirez (desenhista e fotógrafo),
que naquele dia, munido de sua câmera, registrou em foto
nosso encontro. Não lembro exatamente quantas HQs
você nos apresentou naquele dia, só sei que fechamos
negócio contigo, pois o material era de qualidade.
Dá pra recordar quantas e quais HQs você nos apresentou?
da editora Ninja... O bacana é que você chegou
bem na hora em que necessitávamos de novos
colaboradores para manter aquelas séries que
vendiam bem. Colaboravam com a gente, Salatiel de
Holanda, Gilvan Lira e Décio Ramirez (desenhista e fotógrafo),
que naquele dia, munido de sua câmera, registrou em foto
nosso encontro. Não lembro exatamente quantas HQs
você nos apresentou naquele dia, só sei que fechamos
negócio contigo, pois o material era de qualidade.
Dá pra recordar quantas e quais HQs você nos apresentou?
GUSTAVO:
Poxa, você tem essas fotos?
Tony 7: Acho que tenho algumas... se encontrar uma
juro que posto nesta entrevista. Mas, quem sabe o Ramirez
tenha todas... vou perguntar pra ele. Tá sempre no face!
juro que posto nesta entrevista. Mas, quem sabe o Ramirez
tenha todas... vou perguntar pra ele. Tá sempre no face!
![]() |
Foto tirada por Décio Ramirez (anos 90) |
GUSTAVO: Gostaria muito de vê-las! Nessas minhas
anotações de caderno tenho inclusive a lista das minhas
histórias que deixei com você, que somavam um total
de 126 páginas. Os títulos eram os mais diversos, e
talvez o destaque tenha sido umas HQs curtas da
personagem Malícia, uma loura gostosa criada pelo
Claudio Seto para uma revista do mesmo nome, e
cujos originais eram coloridos com ecoline. Infelizmente,
por limitações técnicas, as histórias saíram desta
vez em p&b, mas eu acabei gostando do resultado,
pois evidenciou mais os traços.
anotações de caderno tenho inclusive a lista das minhas
histórias que deixei com você, que somavam um total
de 126 páginas. Os títulos eram os mais diversos, e
talvez o destaque tenha sido umas HQs curtas da
personagem Malícia, uma loura gostosa criada pelo
Claudio Seto para uma revista do mesmo nome, e
cujos originais eram coloridos com ecoline. Infelizmente,
por limitações técnicas, as histórias saíram desta
vez em p&b, mas eu acabei gostando do resultado,
pois evidenciou mais os traços.
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FOTOS 1 e 2: Reuniões sobre quadrinhos na Grafipar |
![]() |
Na época tinha muita gente fazendo quadrinhos no Brasil |
![]() |
Com Bonini e Watson na rodoviária de Curitiba |
Tony
8: Cento e vinte seis páginas!!! Cara, é incrível
como você é organizado... tem tudo anotado. Impressionante...
lembro-me bem da Malícia, quando saiu pela Grafipar... é,
ficou bom em meio tom... Eu era fã de seus trabalhos feitos
para a Disney e que eram publicados pela Abril.
Por falar em editora Abril... Quando passou a trabalhar
e colaborar para a Divisão Disney?
como você é organizado... tem tudo anotado. Impressionante...
lembro-me bem da Malícia, quando saiu pela Grafipar... é,
ficou bom em meio tom... Eu era fã de seus trabalhos feitos
para a Disney e que eram publicados pela Abril.
Por falar em editora Abril... Quando passou a trabalhar
e colaborar para a Divisão Disney?
GUSTAVO:
Minha história com a Editora Abril
começou em 29 de dezembro de 1987
(segundo minhas anotações, (hehe...)...
começou em 29 de dezembro de 1987
(segundo minhas anotações, (hehe...)...
![]() |
O jovem Gustavo, ralando na prancheta (1977) |
![]() |
O jovem desenhista (1979) |
Tony 9: Anotações... eu chamaria isto de um verdadeiro
diário. Você acabou escrevendo um verdadeiro
diário da sua carreira profissional. Isso dá um bom livro...
diário. Você acabou escrevendo um verdadeiro
diário da sua carreira profissional. Isso dá um bom livro...
GUSTAVO: Foi na ocasião que peguei uma HQ dos
Trapalhões para desenhar. Fiquei como freelancer
até maio de 88, quando fui contratado como
desenhista no setor de infanto-juvenis da Abril
Jovem, uma divisão da editora Abril. Nessa época,
um pouquinho antes da contratação, eu havia criado
os modelos da Xuxa para quadrinhos para a editora
Globo, através da Art&Comics, como também a criação
gráfica do Gugu Liberato, sendo que esse para
uma revista em quadrinhos a ser lançada pela própria Abril.
Trapalhões para desenhar. Fiquei como freelancer
até maio de 88, quando fui contratado como
desenhista no setor de infanto-juvenis da Abril
Jovem, uma divisão da editora Abril. Nessa época,
um pouquinho antes da contratação, eu havia criado
os modelos da Xuxa para quadrinhos para a editora
Globo, através da Art&Comics, como também a criação
gráfica do Gugu Liberato, sendo que esse para
uma revista em quadrinhos a ser lançada pela própria Abril.
Acabei
abrindo mão de continuar produzindo as
HQs da Xuxa para aceitar o convite da Abril.
O setor de quadrinhos nacionais era dirigido
ainda pelo saudoso e querido Igayara, passando
posteriormente para as mãos de outro grande amigo,
Primaggio Mantovi.
Tony 10: Primaggio (vulgo Primo) e o Yga, grandes,
HQs da Xuxa para aceitar o convite da Abril.
![]() |
Xuxa - Layout de capa - 1988 |
O setor de quadrinhos nacionais era dirigido
ainda pelo saudoso e querido Igayara, passando
posteriormente para as mãos de outro grande amigo,
Primaggio Mantovi.
Tony 10: Primaggio (vulgo Primo) e o Yga, grandes,
velhos e bons amigos.
O Yga, infelizmente "subiu o morro", foi pra uma melhor...
mas, prossiga...
mas, prossiga...
GUSTAVO: Desde
então, durante os seis anos
seguintes desenhei vários títulos nacionais,
como “Gugu em Quadrinhos”, “Sergio Mallandro”
e o xodó da redação, os gibis “Os Trapalhões”,
que tinha os personagens infantis desenvolvidos
por Cesar Sandoval.
seguintes desenhei vários títulos nacionais,
como “Gugu em Quadrinhos”, “Sergio Mallandro”
e o xodó da redação, os gibis “Os Trapalhões”,
que tinha os personagens infantis desenvolvidos
por Cesar Sandoval.
Tony 11: Esta eu não sabia... foi o Cesar que
desenvolveu a imagem dos caras da TV (comediantes), então...
conheci ele nos anos 70, na Abril, na avenida Faria Lima, e
confesso que na época não fui muito com a cara dele...
anos 70, faz um tempão... há uns quatro anos atrás
trombei com ele na editora As Américas, onde publiquei
Apache, um western diferente, e o Cesar republicou
as HQs da Turma do Arrepio...
desenvolveu a imagem dos caras da TV (comediantes), então...
conheci ele nos anos 70, na Abril, na avenida Faria Lima, e
confesso que na época não fui muito com a cara dele...
anos 70, faz um tempão... há uns quatro anos atrás
trombei com ele na editora As Américas, onde publiquei
Apache, um western diferente, e o Cesar republicou
as HQs da Turma do Arrepio...
GUSTAVO: Pois é... Nessa
época, tive uma das maiores
realizações da minha vida como desenhista de
quadrinhos, criando a concepção gráfica e desenhando
a graphic novel... quer dizer, “Grafic Trapa - Didi Volta p
realizações da minha vida como desenhista de
quadrinhos, criando a concepção gráfica e desenhando
a graphic novel... quer dizer, “Grafic Trapa - Didi Volta p
Para o Futuro”. Um trabalho que foi super
premiado e
é prestigiado até hoje, contando com uma grande
equipe de feras, como Watson Portela, Napoleão
Figueiredo, João Anselmo e Edde Aguiar, numa
fantástica adaptação da trilogia
“De Volta Para o Futuro”, escrita pelo
talentoso Marcello Cassaro.
é prestigiado até hoje, contando com uma grande
equipe de feras, como Watson Portela, Napoleão
Figueiredo, João Anselmo e Edde Aguiar, numa
fantástica adaptação da trilogia
“De Volta Para o Futuro”, escrita pelo
talentoso Marcello Cassaro.
![]() |
Original - Os Trapalhões Editora Abril |
Foi
só após o cancelamento de todos esses títulos
com celebridades nacionais da televisão – que
foi uma moda nos quadrinhos dos anos 80 –
que passei a desenhar quadrinhos da Disney.
com celebridades nacionais da televisão – que
foi uma moda nos quadrinhos dos anos 80 –
que passei a desenhar quadrinhos da Disney.
Tony
12: Agora deu pra entender tudo... eu pensava que
você tinha começado fazendo Disney... mas, a coisa
rolou ao contrário. Maravilha, você elucidou tudo...
Como surgiu a oportunidade de fazer Disney para
a maior editora da América do Sul?
você tinha começado fazendo Disney... mas, a coisa
rolou ao contrário. Maravilha, você elucidou tudo...
Como surgiu a oportunidade de fazer Disney para
a maior editora da América do Sul?
![]() |
Abril jovem - Com: Noriatsu, Primaggio, Napoleão e Fernando Arcon |
GUSTAVO:
Foi início de 1994, quando o Primaggio, então
chefe do setor de quadrinhos nacionais da Abril Jovem, me
avisou que infelizmente as revistas dos Trapalhões seria
cancelada. Logo em seguida, disse que gostaria que eu
desenhasse o Zé Carioca, até porque não restaram muitas
outras opções de trabalho, pedindo para que treinasse
o estilo enquanto me enviava o primeiro roteiro.
Cara, tremi nas bases! Veja bem, eu já tinha desenhado
de tudo um pouco... Mas Disney é Disney, né?!
Sempre ficava maravilhado com trabalhos dos
meus amigos desenhando os personagens dessa linha,
como o meu saudoso e querido amigo Fernando Bonini.
Achava que jamais me adaptaria aquele estilo tão
sofisticado e clássico. Aprendi a ler com o Tio Patinhas,
Pato Donald e Mickey, e Carl Barks, o homem
dos patos, foi a minha primeira grande inspiração,
entre os tantos desenhistas que conheceria
e me influenciariam durante minha vida.
chefe do setor de quadrinhos nacionais da Abril Jovem, me
avisou que infelizmente as revistas dos Trapalhões seria
cancelada. Logo em seguida, disse que gostaria que eu
desenhasse o Zé Carioca, até porque não restaram muitas
outras opções de trabalho, pedindo para que treinasse
o estilo enquanto me enviava o primeiro roteiro.
Cara, tremi nas bases! Veja bem, eu já tinha desenhado
de tudo um pouco... Mas Disney é Disney, né?!
Sempre ficava maravilhado com trabalhos dos
meus amigos desenhando os personagens dessa linha,
como o meu saudoso e querido amigo Fernando Bonini.
Achava que jamais me adaptaria aquele estilo tão
sofisticado e clássico. Aprendi a ler com o Tio Patinhas,
Pato Donald e Mickey, e Carl Barks, o homem
dos patos, foi a minha primeira grande inspiração,
entre os tantos desenhistas que conheceria
e me influenciariam durante minha vida.
Respirei
fundo e desenhei minha primeira HQ do
Zé Carioca, cujo roteiro era de outro saudoso colega,
Genival de Souza. Como já morava em Londrina
nessa época, enviei a HQ por sedex para avaliação
e, após alguns acertos e retoques a história foi aprovada.
Dali em diante eu continuaria desenhando
regularmente as HQs do papagaio malandro.
Zé Carioca, cujo roteiro era de outro saudoso colega,
Genival de Souza. Como já morava em Londrina
nessa época, enviei a HQ por sedex para avaliação
e, após alguns acertos e retoques a história foi aprovada.
Dali em diante eu continuaria desenhando
regularmente as HQs do papagaio malandro.
Tony
13: Desenhar Disney... não há quem não trema na base.
Mas, você, como bom profissional que é deu um show, como
sempre. Adoro o Zé Carioca feito por você, bengala brother...
prosseguindo: Durante quanto tempo você desenhou
os personagens Disney? E quais personagens você fez?
Mas, você, como bom profissional que é deu um show, como
sempre. Adoro o Zé Carioca feito por você, bengala brother...
prosseguindo: Durante quanto tempo você desenhou
os personagens Disney? E quais personagens você fez?
GUSTAVO:
Foram mais de 120 HQs, o que parece muito,
mas não é, se contabilizarmos a produção dos
profissionais que passaram décadas desenhando
esse e outros personagens da Disney, como é o caso
dos mestres Luiz Podavin e Edgard Herrero, que
continuam na ativa e me inspirando sempre.
mas não é, se contabilizarmos a produção dos
profissionais que passaram décadas desenhando
esse e outros personagens da Disney, como é o caso
dos mestres Luiz Podavin e Edgard Herrero, que
continuam na ativa e me inspirando sempre.
![]() |
Zé Carioca, por Gustavo Machado |
Desenhei
o Zé Carioca, de 1994 até 2000, quando
então a editora Abril parou com a produção.
Agora em 2013, treze anos depois, fui convidado
a desenhar novamente o papagaio, o que me
deu enorme satisfação.
então a editora Abril parou com a produção.
Agora em 2013, treze anos depois, fui convidado
a desenhar novamente o papagaio, o que me
deu enorme satisfação.
Além
do Zé, desenhei também alguns outros
personagens da Disney, todos ligados aos
lançamentos dos longas-metragens de animação
para o cinema, como o “Corcunda de Notre Dame”,
“Hércules”, “Mulan” e “Tarzan”. Essas histórias
fizeram parte de uma iniciativa arrojada do Primaggio,
que conseguiu que, pela primeira vez, um material
produzido no Brasil fosse aprovado diretamente pelo
estúdio da Disney em Burbank, Los Angeles, para ser
distribuído para todo o mundo, simultaneamente
com os lançamentos no cinema. Mais à frente,
outros desenhistas se juntaram a essa
produção internacional, como
Paulo Borges e Aluir Amâncio.
personagens da Disney, todos ligados aos
lançamentos dos longas-metragens de animação
para o cinema, como o “Corcunda de Notre Dame”,
“Hércules”, “Mulan” e “Tarzan”. Essas histórias
fizeram parte de uma iniciativa arrojada do Primaggio,
que conseguiu que, pela primeira vez, um material
produzido no Brasil fosse aprovado diretamente pelo
estúdio da Disney em Burbank, Los Angeles, para ser
distribuído para todo o mundo, simultaneamente
com os lançamentos no cinema. Mais à frente,
outros desenhistas se juntaram a essa
produção internacional, como
Paulo Borges e Aluir Amâncio.
![]() |
Simba # 4 - Série: Rei Leão |
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Tarzan - Versão de Walt Disney |
foi ousado mesmo... Uma produção Made in Brazil,
destinada ao mercado internacional! Caramba!
E ele conseguiu um time da pesada... fantástico!
Eu também cheguei a produzir Disney, por breve período,
na década de 70, quando esta divisão, que dava
emprego para muitos desenhistas nacionais, estava
na avenida Faria Lima. Mas, confesso que fazer aqueles
bonecos baseando-se nos Model Sheets vindos da
América era um pé no saco. Os caras pagavam bem,
mas exigiam demais. Conheci Jorge Kato, Izomar,
Igayara (o poderoso chefão), Primaggio, prof. Fioroni,
Kitty, Dudu, Cesar Sandoval (autor da Turma do Arrepio)
e outras feras como Júlio de Andrade Filho, Ivan
Saidenberg, excelentes escribas “Disneyanos”, Farias,
e o famoso P.P (Paulo Paiva). Você também os conheceu?
Conviveu com essa turma da genial?
na década de 70, quando esta divisão, que dava
emprego para muitos desenhistas nacionais, estava
na avenida Faria Lima. Mas, confesso que fazer aqueles
bonecos baseando-se nos Model Sheets vindos da
América era um pé no saco. Os caras pagavam bem,
mas exigiam demais. Conheci Jorge Kato, Izomar,
Igayara (o poderoso chefão), Primaggio, prof. Fioroni,
Kitty, Dudu, Cesar Sandoval (autor da Turma do Arrepio)
e outras feras como Júlio de Andrade Filho, Ivan
Saidenberg, excelentes escribas “Disneyanos”, Farias,
e o famoso P.P (Paulo Paiva). Você também os conheceu?
Conviveu com essa turma da genial?
GUSTAVO:
Ah, então você entende bem o que
passei para aprender a desenhar os personagens da
Disney! Realmente, é bem complicado assimilar
todo o conceito gráfico disneyano. Eu tenho até
uma teoria... Como os personagens da Disney
são mundialmente conhecidos, qualquer
escorregada, um errinho que seja na
concepção e criação fica logo visível, você não acha?
Por isso o pessoal marca em cima.
passei para aprender a desenhar os personagens da
Disney! Realmente, é bem complicado assimilar
todo o conceito gráfico disneyano. Eu tenho até
uma teoria... Como os personagens da Disney
são mundialmente conhecidos, qualquer
escorregada, um errinho que seja na
concepção e criação fica logo visível, você não acha?
Por isso o pessoal marca em cima.
Tony 15: Sim, você tá coberto de razão. Além do mais se cada
desenhista que fizer Disney for dar um toque pessoal
nos desenhos, em pouco tempo os personagens ficariam
irreconhecíveis. Por isso nos obrigam a seguir um padrão...
mas não é fácil. Avante... e, me desculpe, pelos apartes...
desenhista que fizer Disney for dar um toque pessoal
nos desenhos, em pouco tempo os personagens ficariam
irreconhecíveis. Por isso nos obrigam a seguir um padrão...
mas não é fácil. Avante... e, me desculpe, pelos apartes...
![]() |
O Corcunda de Notre Dame |
![]() |
Mulan - 1988 |
GUSTAVO: Quando
desenhei os personagens
das animações para cinema que citei acima, como
o Corcunda e Mulan, foi ainda mais difícil, pois
meus desenhos eram enviados para os EUA para
avaliação, e voltavam com correções que beiravam
a insanidade, como corrigirem a franja do Corcunda,
enfatizando que eu tinha feito duas pontas de cabelo
na testa, quando teriam que ser três, e por aí vai...
Mas tarde, com a continuidade da produção, os
americanos deram uma relaxada... Ainda bem!
Acho que era um teste de resistência, desses
praticados em calouros, trote de desenhista! hahaha...
das animações para cinema que citei acima, como
o Corcunda e Mulan, foi ainda mais difícil, pois
meus desenhos eram enviados para os EUA para
avaliação, e voltavam com correções que beiravam
a insanidade, como corrigirem a franja do Corcunda,
enfatizando que eu tinha feito duas pontas de cabelo
na testa, quando teriam que ser três, e por aí vai...
Mas tarde, com a continuidade da produção, os
americanos deram uma relaxada... Ainda bem!
Acho que era um teste de resistência, desses
praticados em calouros, trote de desenhista! hahaha...
Tony 16: É... acho que eles testam nosso poder de sofreguidão...
a coisa é pior do que tortura chinesa
(aquelas gotinhas pingando na testa), Rssss...
a coisa é pior do que tortura chinesa
(aquelas gotinhas pingando na testa), Rssss...
GUSTAVO: Prosseguindo,Tony... sobre
os nomes
que você citou, conheci e trabalhei por muito tempo
com alguns deles. Além do Primaggio e Igayara,
também convivi com o Izomar e o Cesar Sandoval.
Este último já havia saído da editora Abril e
atuava no ramo de animação, como diretor do
estúdio Sketch Filmes, onde eu havia feito muitos
desenhos animados durante a minha fase profissional
em animação, que foram cinco anos antes de entrar
para a editora Abril.
que você citou, conheci e trabalhei por muito tempo
com alguns deles. Além do Primaggio e Igayara,
também convivi com o Izomar e o Cesar Sandoval.
Este último já havia saído da editora Abril e
atuava no ramo de animação, como diretor do
estúdio Sketch Filmes, onde eu havia feito muitos
desenhos animados durante a minha fase profissional
em animação, que foram cinco anos antes de entrar
para a editora Abril.
Eu
e César fizemos muitas parcerias também
em quadrinhos. Desenhei a primeira HQ
da “Turma do Arrepio”, reservada especialmente
para mim num gesto carinhoso dele, e mais
algumas outras do início. César era muito
criativo e sempre estava desenvolvendo
novos projetos e me convidando para participar.
Foi uma boa amizade daquela época, com quem
aprendi muito. O Farias também é outro amigo
talentosíssimo, que continuou com a Xuxa,
quando saí da produção. Curiosidade...
Você sabia que era o Farias quem desenhava
muitas daquelas capas dos gibis da Ebal,
como Batman, no início dos anos 70? Isso porque
as capas tinham que ser redesenhadas,
para não pagarem pelo uso das capas originais,
foi o que ouvi dizer.
em quadrinhos. Desenhei a primeira HQ
da “Turma do Arrepio”, reservada especialmente
para mim num gesto carinhoso dele, e mais
algumas outras do início. César era muito
criativo e sempre estava desenvolvendo
novos projetos e me convidando para participar.
Foi uma boa amizade daquela época, com quem
aprendi muito. O Farias também é outro amigo
talentosíssimo, que continuou com a Xuxa,
quando saí da produção. Curiosidade...
Você sabia que era o Farias quem desenhava
muitas daquelas capas dos gibis da Ebal,
como Batman, no início dos anos 70? Isso porque
as capas tinham que ser redesenhadas,
para não pagarem pelo uso das capas originais,
foi o que ouvi dizer.
Tony 17: Conheço o Farias há séculos, já tomamos muitas
"brejas" juntos em animados happy hours junto com o
Fauto kataoka (Ele e os filhos foram grandes produtores
da editora Escala e da Minuano, atualmente),
mas nunca soube essas capas redesenhadas no
Brasil. Essa vou consultá-lo... pra não pagarem
royalties... essa é boa, Gus. Grato, pela informação...
Na real a gente conhece o pessoal do meio, superficialmente,
é óbvio... é por isso que adoro estas entrevistas.
Aqui, de fato, ficamos sabendo das coisas
e as lendas (informações erradas que saem por aí)
acabam se dissipando...
"brejas" juntos em animados happy hours junto com o
Fauto kataoka (Ele e os filhos foram grandes produtores
da editora Escala e da Minuano, atualmente),
mas nunca soube essas capas redesenhadas no
Brasil. Essa vou consultá-lo... pra não pagarem
royalties... essa é boa, Gus. Grato, pela informação...
Na real a gente conhece o pessoal do meio, superficialmente,
é óbvio... é por isso que adoro estas entrevistas.
Aqui, de fato, ficamos sabendo das coisas
e as lendas (informações erradas que saem por aí)
acabam se dissipando...
GUSTAVO: Paulo
Paiva , o Pepê, é um caso a parte,
pois é um amigão desde quando conheci ele
e sua esposa, a Suely, assim que me mudei de
Curitiba para São Paulo, em 83. Um casal muito
querido! Nessa época fizemos a primeira versão
do Gugu Liberato para quadrinhos, que
ele escreveu e produziu.
pois é um amigão desde quando conheci ele
e sua esposa, a Suely, assim que me mudei de
Curitiba para São Paulo, em 83. Um casal muito
querido! Nessa época fizemos a primeira versão
do Gugu Liberato para quadrinhos, que
ele escreveu e produziu.
Tony
18: Se não me engano essa primeira
edição vocês fizeram para a editora do Itagiba...
me lembro bem... Depois, a lendária divisão
Disney mudou para uma rua paralela a avenida da
Consolação, que não recordo o nome. Eu e o
Gedeone estivemos por diversas vezes lá, visitando
o Iga e o Primaggio. Naquela época jurássica a Abril
dominava o mercado de quadrinhos, com aquelas
revistas em formatinho. Lançavam de tudo,
super-heróis, uma gama de Disney, personagens
Hanna-Barbera, DC, etc. Como disse certa feita Primaggio:
“O sonho acabou!” Tem saudade ou boas
lembranças daquela época? Quantas pessoas
trabalhavam aproximadamente na
lendária Divisão Disney?
edição vocês fizeram para a editora do Itagiba...
me lembro bem... Depois, a lendária divisão
Disney mudou para uma rua paralela a avenida da
Consolação, que não recordo o nome. Eu e o
Gedeone estivemos por diversas vezes lá, visitando
o Iga e o Primaggio. Naquela época jurássica a Abril
dominava o mercado de quadrinhos, com aquelas
revistas em formatinho. Lançavam de tudo,
super-heróis, uma gama de Disney, personagens
Hanna-Barbera, DC, etc. Como disse certa feita Primaggio:
“O sonho acabou!” Tem saudade ou boas
lembranças daquela época? Quantas pessoas
trabalhavam aproximadamente na
lendária Divisão Disney?
GUSTAVO:
Você com certeza se refere ao
prédio da Abril Jovem, na rua Bela Cintra...
prédio da Abril Jovem, na rua Bela Cintra...
Tony 19: Bela Cintra... este é o nome da rua. Putz...
bem que eu te disse que meu cérebro jurássico anda
de mal a pior... Rssss... valeu! Vamos em frente...
bem que eu te disse que meu cérebro jurássico anda
de mal a pior... Rssss... valeu! Vamos em frente...
GUSTAVO: Foi
exatamente ali onde trabalhei durante
anos, quando fui contratado. No início, eu fazia
parte do setor de infanto-juvenis desenhando Trapalhões,
Gugu e Sergio Mallandro, como já comentei. Na época
em que comecei a desenhar o Zé Carioca, já havia
me mudado para Londrina, no Paraná, e nessa mesma
ocasião todos os setores e departamentos da
Editora Abril foram transferidos para num
imenso prédio de trinta andares, na Av. das
Nações Unidas, em Pinheiros. Fui poucas vezes
nesse novo endereço, pois enviava minhas histórias
pelos correios. De certa forma, o sonho começou
a acabar durante essa mudança, acredito...
Já havia tido um grande corte na Abril Jovem,
com muitas demissões no nosso setor, um tempo
antes, deixando-nos desfalcados de muitos amigos
e grandes talentos. Nos nossos bons tempos,
o setor todo devia contar com uns cinquenta
profissionais, acho. Pouco depois, em setembro
de 1997, o sonho definitivamente acabou, pois houve
uma demissão coletiva, praticamente fechando o
setor de quadrinhos, que continuou por mais três
anos com a produção nacional cada vez
menor, contando essencialmente com freelas,
até acabar totalmente em 2000, quando
continuou apenas com HQs republicadas
e material enlatado. O desmoronamento lento e
gradual daquele grande estúdio de criação,
a partir de 92, foi muito doloroso. Mesmo quem
continuava sentia que não era a mesma coisa
daqueles velhos e bons tempos, quando a sala
do setor era repleta de pranchetas e se respirava
quadrinhos o tempo todo. Penso que aquele
foi o último grande estúdio de produção de HQ no Brasil.
anos, quando fui contratado. No início, eu fazia
parte do setor de infanto-juvenis desenhando Trapalhões,
Gugu e Sergio Mallandro, como já comentei. Na época
em que comecei a desenhar o Zé Carioca, já havia
me mudado para Londrina, no Paraná, e nessa mesma
ocasião todos os setores e departamentos da
Editora Abril foram transferidos para num
imenso prédio de trinta andares, na Av. das
Nações Unidas, em Pinheiros. Fui poucas vezes
nesse novo endereço, pois enviava minhas histórias
pelos correios. De certa forma, o sonho começou
a acabar durante essa mudança, acredito...
Já havia tido um grande corte na Abril Jovem,
com muitas demissões no nosso setor, um tempo
antes, deixando-nos desfalcados de muitos amigos
e grandes talentos. Nos nossos bons tempos,
o setor todo devia contar com uns cinquenta
profissionais, acho. Pouco depois, em setembro
de 1997, o sonho definitivamente acabou, pois houve
uma demissão coletiva, praticamente fechando o
setor de quadrinhos, que continuou por mais três
anos com a produção nacional cada vez
menor, contando essencialmente com freelas,
até acabar totalmente em 2000, quando
continuou apenas com HQs republicadas
e material enlatado. O desmoronamento lento e
gradual daquele grande estúdio de criação,
a partir de 92, foi muito doloroso. Mesmo quem
continuava sentia que não era a mesma coisa
daqueles velhos e bons tempos, quando a sala
do setor era repleta de pranchetas e se respirava
quadrinhos o tempo todo. Penso que aquele
foi o último grande estúdio de produção de HQ no Brasil.
Tony
20: Sem dúvida, até hoje ninguém no país conseguiu mais
montar um estúdio imenso como aquele pra produzir
HQs. Foi uma pena aquilo ter acabado... muita gente
ficou ao "Deus dará", sem emprego e sem trabalho...
Neste período as HQs produzidas no país com os
personagens Disney eram feitas em “linha de montagem
ou produção”, para atender a demanda. Isto é: Um escrevia,
outro desenhava a lápis, outro arte finalizava, alguém
fazia os balões e outro, a colorização. Ah, eles tinham
gente só pra desenhar os títulos das HQs. Hmmm...
mas me esqueci o nome deste genial “titulizador”,
o cara que desenhava os títulos das HQs e
logos de capa de cada personagem... Conta pra
gente como é que a coisa funcionava na época?
Você recebia os roteiros ou desenvolvia roteiro e
desenhos? Era funcionário ou fazia freela?
montar um estúdio imenso como aquele pra produzir
HQs. Foi uma pena aquilo ter acabado... muita gente
ficou ao "Deus dará", sem emprego e sem trabalho...
Neste período as HQs produzidas no país com os
personagens Disney eram feitas em “linha de montagem
ou produção”, para atender a demanda. Isto é: Um escrevia,
outro desenhava a lápis, outro arte finalizava, alguém
fazia os balões e outro, a colorização. Ah, eles tinham
gente só pra desenhar os títulos das HQs. Hmmm...
mas me esqueci o nome deste genial “titulizador”,
o cara que desenhava os títulos das HQs e
logos de capa de cada personagem... Conta pra
gente como é que a coisa funcionava na época?
Você recebia os roteiros ou desenvolvia roteiro e
desenhos? Era funcionário ou fazia freela?
GUSTAVO:
Era exatamente como você descreveu,
cada profissional em sua especialidade. Eu já
estava acostumado com esse esquema, pois
comecei profissionalmente na RGE como desenhista
da equipe do “Sítio do Picapau Amarelo”, e lá
também funcionava essa linha de produção.
cada profissional em sua especialidade. Eu já
estava acostumado com esse esquema, pois
comecei profissionalmente na RGE como desenhista
da equipe do “Sítio do Picapau Amarelo”, e lá
também funcionava essa linha de produção.
Eu
até poderia escrever roteiros, o que fiz na RGE,
mas na Abril Jovem fui contratado como desenhista,
essencialmente para desenhar os quadrinhos na
fase do lápis. Recebia um roteiro aprovado e desenhava.
Depois que o desenho era aprovado, a HQ era
passada para o letrista, que cuidava de todos os
balões e onomatopeias. Em muitos casos nessa
etapa, tinha o trabalho do titulista, um profissional
que cuidava apenas dos títulos, que muitas vezes
eram bem criativos, muito além de meras letras.
Um bom exemplo é o meu mestre dos tempos da
RGE, Murilo Moutinho, que considero o mais talentoso
desenhista com quem trabalhei. Soube que no
seu início na RGE ele criava títulos, como aqueles
nas belíssimas capas do Gibi Semanal. Tinha também
o José Belmiro de Menezes, que depois da RGE chegou
a trabalhar na Abril Jovem. Tenho até HQs dos
Trapalhões com títulos criados por ele. Depois disso,
a HQ seguia para o arte finalista, que finalizada
tudo com pincel e nanquim, fazendo os pequenos
detalhes com aquelas canetas técnicas de nanquim,
muito usadas por arquitetos. Finalmente, a HQ
chegava para o trabalho do colorista, que através
de uma xerox reduzida das páginas, indicava as
cores pintando toda a história com lápis de cor,
caneta hidrocor ou guache, anotando cada cor c
om sua porcentagem, estabelecida pela tabela
de cores usada na gráfica.
mas na Abril Jovem fui contratado como desenhista,
essencialmente para desenhar os quadrinhos na
fase do lápis. Recebia um roteiro aprovado e desenhava.
Depois que o desenho era aprovado, a HQ era
passada para o letrista, que cuidava de todos os
balões e onomatopeias. Em muitos casos nessa
etapa, tinha o trabalho do titulista, um profissional
que cuidava apenas dos títulos, que muitas vezes
eram bem criativos, muito além de meras letras.
Um bom exemplo é o meu mestre dos tempos da
RGE, Murilo Moutinho, que considero o mais talentoso
desenhista com quem trabalhei. Soube que no
seu início na RGE ele criava títulos, como aqueles
nas belíssimas capas do Gibi Semanal. Tinha também
o José Belmiro de Menezes, que depois da RGE chegou
a trabalhar na Abril Jovem. Tenho até HQs dos
Trapalhões com títulos criados por ele. Depois disso,
a HQ seguia para o arte finalista, que finalizada
tudo com pincel e nanquim, fazendo os pequenos
detalhes com aquelas canetas técnicas de nanquim,
muito usadas por arquitetos. Finalmente, a HQ
chegava para o trabalho do colorista, que através
de uma xerox reduzida das páginas, indicava as
cores pintando toda a história com lápis de cor,
caneta hidrocor ou guache, anotando cada cor c
om sua porcentagem, estabelecida pela tabela
de cores usada na gráfica.
Para
começarmos nosso trabalho, tanto nós os
desenhistas contratados quanto os freelas,
recorríamos a uma grande pasta repleta de
roteiros - que na Abril se chamava “argumento”
– e que ficava na sala do chefe do setor.
Ali ficavam todos os argumentos de quadrinhos
aprovados e a disposição para desenhar.
Às vezes, acontecia a produção pedir para
pegarmos uma história específica, já programada
para alguma edição, mas geralmente tínhamos
bastante liberdade de escolha. Era muito legal ficar
sentado numa mesa folheando roteiro por
roteiro, conferindo as criações dos amigos e
ficando na dúvida, qual história escolher.
Quem trabalhava em casa geralmente
pegava um bom volume de histórias, mais
ou menos o que seria a produção do mês.
desenhistas contratados quanto os freelas,
recorríamos a uma grande pasta repleta de
roteiros - que na Abril se chamava “argumento”
– e que ficava na sala do chefe do setor.
Ali ficavam todos os argumentos de quadrinhos
aprovados e a disposição para desenhar.
Às vezes, acontecia a produção pedir para
pegarmos uma história específica, já programada
para alguma edição, mas geralmente tínhamos
bastante liberdade de escolha. Era muito legal ficar
sentado numa mesa folheando roteiro por
roteiro, conferindo as criações dos amigos e
ficando na dúvida, qual história escolher.
Quem trabalhava em casa geralmente
pegava um bom volume de histórias, mais
ou menos o que seria a produção do mês.
Em
tempo... O contrato da Abril com os
desenhistas exigia que cumpríssemos uma cota
de 22 páginas por mês de desenho a lápis, mas
se a gente produzisse além, o que sempre
acontecia, recebia adicionalmente por cada
página extra produzida. Minha média era entre
35 e 40 páginas a lápis, por mês.
desenhistas exigia que cumpríssemos uma cota
de 22 páginas por mês de desenho a lápis, mas
se a gente produzisse além, o que sempre
acontecia, recebia adicionalmente por cada
página extra produzida. Minha média era entre
35 e 40 páginas a lápis, por mês.
Tony
21: Você tinha uma ótima média de produção.
Acho que jamais vai existir no país uma editora que
pague tão bem pelos originais como a editora Abril.
Os caras exigiam, mas reconheciam o talento
dos seus contratados e profissionais. Tive boas
experiências com eles... Antes de trabalhar com
a Abril, quais foram suas experiências profissionais,
no ramo, mesmo?
Acho que jamais vai existir no país uma editora que
pague tão bem pelos originais como a editora Abril.
Os caras exigiam, mas reconheciam o talento
dos seus contratados e profissionais. Tive boas
experiências com eles... Antes de trabalhar com
a Abril, quais foram suas experiências profissionais,
no ramo, mesmo?
GUSTAVO:
Comecei profissionalmente aos
18 anos, desenhando o gibi do “Sítio do Picapau Amarelo”,
na RGE (Rio Gráfica e Editora, hoje editora Globo), em 1977.
Consegui o emprego respondendo um anúncio do Jornal
“O Globo”, que minha tia recortou e me mostrou.
Como deve ter acontecido também com você e
muitos colegas da profissão, a gente era
conhecido como os desenhistas da família, né?
Entre os parentes, sempre que aparecia algo referente
a desenho, me comunicavam. Aliás, até hoje recebo
recortes de revistas e jornais da família, quando
acham que a matéria possa me interessar. É um
antigo mimo familiar... Carinhoso, não?
18 anos, desenhando o gibi do “Sítio do Picapau Amarelo”,
na RGE (Rio Gráfica e Editora, hoje editora Globo), em 1977.
Consegui o emprego respondendo um anúncio do Jornal
“O Globo”, que minha tia recortou e me mostrou.
Como deve ter acontecido também com você e
muitos colegas da profissão, a gente era
conhecido como os desenhistas da família, né?
Entre os parentes, sempre que aparecia algo referente
a desenho, me comunicavam. Aliás, até hoje recebo
recortes de revistas e jornais da família, quando
acham que a matéria possa me interessar. É um
antigo mimo familiar... Carinhoso, não?
O
anúncio do jornal que citei dizia:
Desenhista de Histórias em Quadrinhos –
precisa-se com experiência. Horário integral,
bom salário. Sinceramente, respondi ao
anúncio sem grandes expectativas, visto que
o texto exigia: “com experiência”, o que eu não
tinha alguma... Mas não custava tentar, pensei.
Desenhista de Histórias em Quadrinhos –
precisa-se com experiência. Horário integral,
bom salário. Sinceramente, respondi ao
anúncio sem grandes expectativas, visto que
o texto exigia: “com experiência”, o que eu não
tinha alguma... Mas não custava tentar, pensei.
![]() |
1978 - Na porta da Rio-Gráfica Editora |
Hoje
tenho a convicção que o que me motivou, o que
me deu, coragem para responder aquele anúncio
foi um fato ocorrido seis meses antes...
me deu, coragem para responder aquele anúncio
foi um fato ocorrido seis meses antes...
Estava
em férias escolares no Rio de Janeiro com
minha família, pois nessa época morávamos em
Volta Redonda, no interior do estado. Eu era
maravilhado com as publicações da RGE, que
naquela época nos brindava com o Gibi Semanal,
que resgatava os grandes clássicos dos quadrinhos
como: “Spirit”, “Terry e os Piratas”, “Príncipe Valente”
e tantos outros. Resolvi tentar conhecer onde se
faziam todas aquelas revistas que eu admirava tanto,
e na cara de pau fui bater na porta da RGE, no famoso
endereço da Rua Itapirú, nº 1209, no bairro do
Rio Comprido. Quando cheguei era hora do almoço,
e o porteiro, o Pelé, depois de ouvir minha história
de fã de quadrinhos, compadecido, deixou eu entrar
e tentar ver se achava alguém que me recebesse,
mesmo naquele horário. Fui então encaminhado
para o refeitório da empresa, no último andar do prédio.
Quando cheguei ao local, só havia uma mesa ocupada,
com umas cinco pessoas. Quando viram aquele
rapazinho ali, com cara de perdido e explicando
o que pretendia, um deles se dirigiu a mim se
apresentando e disse: - Espere só um pouco,
rapaz, que eu já estou acabando o almoço e
te levo pra conhecer o estúdio. Era o Walmir Amaral!
Eu, num misto entre sem graça e extasiado, pouco
depois seguia com ele pelos corredores desertos
naquele horário, até uma grande sala repleta de
pranchetas. Nunca vou esquecer aquele cheiro
de estúdio, uma mistura de papel, nanquim...
Enfim, cheiro de quadrinho!
minha família, pois nessa época morávamos em
Volta Redonda, no interior do estado. Eu era
maravilhado com as publicações da RGE, que
naquela época nos brindava com o Gibi Semanal,
que resgatava os grandes clássicos dos quadrinhos
como: “Spirit”, “Terry e os Piratas”, “Príncipe Valente”
e tantos outros. Resolvi tentar conhecer onde se
faziam todas aquelas revistas que eu admirava tanto,
e na cara de pau fui bater na porta da RGE, no famoso
endereço da Rua Itapirú, nº 1209, no bairro do
Rio Comprido. Quando cheguei era hora do almoço,
e o porteiro, o Pelé, depois de ouvir minha história
de fã de quadrinhos, compadecido, deixou eu entrar
e tentar ver se achava alguém que me recebesse,
mesmo naquele horário. Fui então encaminhado
para o refeitório da empresa, no último andar do prédio.
Quando cheguei ao local, só havia uma mesa ocupada,
com umas cinco pessoas. Quando viram aquele
rapazinho ali, com cara de perdido e explicando
o que pretendia, um deles se dirigiu a mim se
apresentando e disse: - Espere só um pouco,
rapaz, que eu já estou acabando o almoço e
te levo pra conhecer o estúdio. Era o Walmir Amaral!
Eu, num misto entre sem graça e extasiado, pouco
depois seguia com ele pelos corredores desertos
naquele horário, até uma grande sala repleta de
pranchetas. Nunca vou esquecer aquele cheiro
de estúdio, uma mistura de papel, nanquim...
Enfim, cheiro de quadrinho!
![]() |
A arte espetacular de Toth |
Walmir
foi extremamente amável, pedindo desculpas
pelo lugar estar vazio, sem outros profissionais que
pudesse apresentar. Levou-me até sua prancheta e
começou a pegar vários desenhos guardados nas gavetas,
inclusive uma capa a guache que havia acabado de fazer.
Era a capa da nova revista de terror que estava
para ser lançada, “Kripta”! Eu vi em primeira mão
aquela bela ilustração do Drácula, segurando uma
bela e gostosa jovem desfalecida em seu colo, com
um castelo ao fundo!
pelo lugar estar vazio, sem outros profissionais que
pudesse apresentar. Levou-me até sua prancheta e
começou a pegar vários desenhos guardados nas gavetas,
inclusive uma capa a guache que havia acabado de fazer.
Era a capa da nova revista de terror que estava
para ser lançada, “Kripta”! Eu vi em primeira mão
aquela bela ilustração do Drácula, segurando uma
bela e gostosa jovem desfalecida em seu colo, com
um castelo ao fundo!
Para
minha surpresa, ele ainda me presenteou
com alguns originais seus! Conversamos um pouco
e nos despedimos. Não preciso contar o
estado de êxtase em que fiquei daquele momento em diante!
com alguns originais seus! Conversamos um pouco
e nos despedimos. Não preciso contar o
estado de êxtase em que fiquei daquele momento em diante!
Como
disse, hoje sei que esse acontecimento me
ajudou a não temer voltar naquele prédio para
fazer a entrevista respondendo ao anúncio,
embora não tivesse experiência alguma.
Aquele ambiente já me era familiar, e eu
sonhava trabalhar num lugar como aquele,
ajudou a não temer voltar naquele prédio para
fazer a entrevista respondendo ao anúncio,
embora não tivesse experiência alguma.
Aquele ambiente já me era familiar, e eu
sonhava trabalhar num lugar como aquele,
Conseguir
a vaga como desenhista na equipe
do “Sítio” foi outro deslumbre, que também demorou
bastante pra que caísse a ficha. Soube depois que
estava entre mais 16 aspirantes àquela única vaga.
do “Sítio” foi outro deslumbre, que também demorou
bastante pra que caísse a ficha. Soube depois que
estava entre mais 16 aspirantes àquela única vaga.
Comecei
minha vida profissional como desenhista
já fazendo o que mais gostava – quadrinhos –
trabalhando ao lado de muitas pranchetas
repletas de grandes profissionais, alguns dos
quais se tornariam grandes amigos, como: Fernando
Bonini, Antonino Homobono Balieiro, Itamar
Gonçalves, Murilo Moutinho, Evaldo, Norival,
Wanderley Mayhé, Adauto Silva, assim como
o próprio Walmir Amaral. Foi um início de carreira abençoado!
já fazendo o que mais gostava – quadrinhos –
trabalhando ao lado de muitas pranchetas
repletas de grandes profissionais, alguns dos
quais se tornariam grandes amigos, como: Fernando
Bonini, Antonino Homobono Balieiro, Itamar
Gonçalves, Murilo Moutinho, Evaldo, Norival,
Wanderley Mayhé, Adauto Silva, assim como
o próprio Walmir Amaral. Foi um início de carreira abençoado!
A
propósito, tenho aquele recorte do anúncio da RGE até hoje.
Está emoldurado e é minha “moedinha nº 1”!
Está emoldurado e é minha “moedinha nº 1”!
Tony
22: Bota abençoado nisso, grande guerreiro.
E esse tal anúncio, de fato, merece destaque, pois
mudou radicalmente sua vida. Que bacana... Putz... ia
me esquecendo: Em que dia, mês, ano, cidade e
estado, você nasceu, bengala brother?
E esse tal anúncio, de fato, merece destaque, pois
mudou radicalmente sua vida. Que bacana... Putz... ia
me esquecendo: Em que dia, mês, ano, cidade e
estado, você nasceu, bengala brother?
GUSTAVO:
Nasci no dia 25 de dezembro de 1958,
no Hospital dos Servidores do Estado, na Lapa.
Sou um genuíno carioca da gema do ovo.
Minha mãe tinha 21 anos, era professora primária
e papai acabava de ser formar arquiteto, aos 26 anos.
Dois anos e meio depois nasceria minha única irmã, Gisela.
no Hospital dos Servidores do Estado, na Lapa.
Sou um genuíno carioca da gema do ovo.
Minha mãe tinha 21 anos, era professora primária
e papai acabava de ser formar arquiteto, aos 26 anos.
Dois anos e meio depois nasceria minha única irmã, Gisela.
![]() |
Bairro da Lapa - Rio de Janeiro |
Tony 23: Agora sim... agora estamos inteirados sobre o seu
surgimento neste planeta... Curiosamente, você fez ao
contrário do Carl Barks, famoso colaborador da Disney
e criador de Uncle Scrooge (Tio Patinhas, no Brasil).
O genial Barks começou desenhando HQs eróticas e depois
foi fazer infanto-juvenil. Você primeiro fez figuras
cômicas e infantis e só depois enveredou para o erótico, certo?
GUSTAVO:
Só há pouco tempo tomei conhecimento
dessa produção erótica do grande Carl Barks. Que bom
que você o citou, pois este foi o primeiro desenhista
a me influenciar, ainda na infância, e que admiro desde então.
dessa produção erótica do grande Carl Barks. Que bom
que você o citou, pois este foi o primeiro desenhista
a me influenciar, ainda na infância, e que admiro desde então.
Meu
primeiro gibi foi um Tio Patinhas com histórias
dele, e foi amor a primeira vista. Tinha sete anos e
recém alfabetizado. Foi o primeiro gibi que eu li.
Nunca esqueço quando, poucos meses depois
de tê-la comprado, ouvi muito triste a notícia da
morte de Walt Disney pela TV. Também guardo
esse gibi até hoje.
dele, e foi amor a primeira vista. Tinha sete anos e
recém alfabetizado. Foi o primeiro gibi que eu li.
Nunca esqueço quando, poucos meses depois
de tê-la comprado, ouvi muito triste a notícia da
morte de Walt Disney pela TV. Também guardo
esse gibi até hoje.
Rapaz,
como eu falo, hein?! Hehe... Mas voltando a
sua pergunta... De fato, comecei profissionalmente
desenhando quadrinhos infantis no “Sítio”, e só
depois desenharia quadrinhos eróticos. Isso foi quando
ainda trabalhava na RGE...
sua pergunta... De fato, comecei profissionalmente
desenhando quadrinhos infantis no “Sítio”, e só
depois desenharia quadrinhos eróticos. Isso foi quando
ainda trabalhava na RGE...
Um
dia, dando uma passada pela prancheta do
Walmir - novamente ele marcando em minha vida! -
um ritual que todos no estúdio costumavam
fazer para conferir as maravilhas que ele
sempre estava criando, constatei que ele
estava desenhando uma belíssima HQ, chamada
“Estupro”. Era para a Grafipar, que eu nunca tinha
ouvido falar. Walmir contou-me sobre a nova
editora curitibana, que estava aceitando
colaborações e dando oportunidade há quem se
dispusesse entrar em contato. Assim como a Grafipar,
a editora Vecchi, ali mesmo no Rio, também vivia um
grande momento com a publicação da revista de
terror Spektro e outros títulos.
Walmir - novamente ele marcando em minha vida! -
um ritual que todos no estúdio costumavam
fazer para conferir as maravilhas que ele
sempre estava criando, constatei que ele
estava desenhando uma belíssima HQ, chamada
“Estupro”. Era para a Grafipar, que eu nunca tinha
ouvido falar. Walmir contou-me sobre a nova
editora curitibana, que estava aceitando
colaborações e dando oportunidade há quem se
dispusesse entrar em contato. Assim como a Grafipar,
a editora Vecchi, ali mesmo no Rio, também vivia um
grande momento com a publicação da revista de
terror Spektro e outros títulos.
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Adicionar legenda |
![]() |
A deliciosa Maria Erótica - Criada por Cláudio Seto - Arte: Gustavo |
Tony 24: Grande Walmir, apesar de jamais tê-lo conhecido
pessoalmente, ele era um dos meus grandes ídolos.
Fez inúmeras capas e até HQs do fantasma e Mandrake,
do genial Lee Falk... O que o levou a criar roteiros e belos
desenhos para o público adulto, bengala brother?
GUSTAVO:
Embora gostasse de desenhar infantis,
estilo que aprendi desenhando as histórias do “Sítio”,
cresci curtindo e desenhando essencialmente quadrinhos
com figuras humanas, quase sempre super-heróis
e HQs de ficção cientifica. Quando adolescente,
um pouco antes de entrar na RGE, havia desenhado
umas HQs eróticas só para mim, escancaradamente
inspiradas nos catecismos de Carlos Zéfiro & Cia
(estou contando isso em primeira mão!
Apenas três amigos de adolescência tiveram
acesso a esse material proibido, hehehe...).
Aqueles catecismos eram difíceis de conseguir,
e geralmente eram emprestados entre os colegas.
Resolvi desenhar os meus próprios, o que foi um
ótimo treinamento para aprender anatomia humana, hehehe...
estilo que aprendi desenhando as histórias do “Sítio”,
cresci curtindo e desenhando essencialmente quadrinhos
com figuras humanas, quase sempre super-heróis
e HQs de ficção cientifica. Quando adolescente,
um pouco antes de entrar na RGE, havia desenhado
umas HQs eróticas só para mim, escancaradamente
inspiradas nos catecismos de Carlos Zéfiro & Cia
(estou contando isso em primeira mão!
Apenas três amigos de adolescência tiveram
acesso a esse material proibido, hehehe...).
Aqueles catecismos eram difíceis de conseguir,
e geralmente eram emprestados entre os colegas.
Resolvi desenhar os meus próprios, o que foi um
ótimo treinamento para aprender anatomia humana, hehehe...
O
surgimento da Grafipar e Vecchi era a chance
que esperava para desenhar no estilo figurativo, e
tanto eu quanto os meus amigos desenhistas da
equipe do “Sítio” começamos a colaborar
que esperava para desenhar no estilo figurativo, e
tanto eu quanto os meus amigos desenhistas da
equipe do “Sítio” começamos a colaborar
Minha
primeira HQ para a Grafipar foi “Aula Particular”,
que não passava de uma nova versão de uma daquelas
HQs eróticas que havia
que não passava de uma nova versão de uma daquelas
HQs eróticas que havia
desenhado na adolescência.
Com
a Vecchi e Grafipar disponibilizando tanto
espaço para publicação, o entusiasmo foi tanto
que acabei pedindo as contas na RGE para poder
dispor de tempo livre para desenhar para as três
editoras, isso porque continuei fazendo os
quadrinhos da turma de Monteiro Lobato
(Sítio do Picapau Amarelo) para a RGE, mas
então como freelancer.
espaço para publicação, o entusiasmo foi tanto
que acabei pedindo as contas na RGE para poder
dispor de tempo livre para desenhar para as três
editoras, isso porque continuei fazendo os
quadrinhos da turma de Monteiro Lobato
(Sítio do Picapau Amarelo) para a RGE, mas
então como freelancer.
Tony
25: Além da poderosa Abril, para que outras
casas editoriais você colaborou ao longo dos anos?
casas editoriais você colaborou ao longo dos anos?
GUSTAVO:
Além da Abril, Vecchi, RGE e Grafipar,
também saíram publicadas HQs minhas na editora
Globo, nos gibis da Xuxa e Turma do Arrepio.
Eventualmente algum material erótico da Grafipar
foi publicado pela Press/Maciota, assim como
pela Ninja, como você mesmo destacou.
também saíram publicadas HQs minhas na editora
Globo, nos gibis da Xuxa e Turma do Arrepio.
![]() |
HQs feitas para a editora Vecchi - 1979 |
Eventualmente algum material erótico da Grafipar
foi publicado pela Press/Maciota, assim como
pela Ninja, como você mesmo destacou.
No
início dos anos 90 houve um derrame de
material erótico da Grafipar sendo publicado
de forma pirata por uma editora,
mas isso já é outra história...
material erótico da Grafipar sendo publicado
de forma pirata por uma editora,
mas isso já é outra história...
![]() |
Dando palestras |
Tony
26: Pois é... sofremos pirataria de quadrinhos... e o pior,
ninguém ferrou os caras. isto é Brasil, gente.
Aqui não se respeita Direitos Autorais... isso tem que mudar...
Sua primeira HQ, ela foi publicada em que
ano, por qual editora?
ninguém ferrou os caras. isto é Brasil, gente.
Aqui não se respeita Direitos Autorais... isso tem que mudar...
Sua primeira HQ, ela foi publicada em que
ano, por qual editora?
GUSTAVO:
O meu debut profissional aconteceu
em março de 1977, na 1ª edição do gibi
“Sítio do Picapau Amarelo”, pela Rio Gráfica e
Editora. Antes disso, tive um desenho meu
publicado numa seção para amadores na revista
MAD, da editora Vecchi, cujo editor era o Otacílio
D’Assunção Barros que, quem diria, seria meu
editor em HQs de terror poucos anos depois.
Foi a 1ª vez que saiu um desenho meu impresso
na grande mídia, isso foi em 1976. Nesse mesmo
ano também colaborei para um pequeno jornal
chamado “Opção”, de Volta Redonda, no interior
do estado do Rio, onde residia com minha família.
Não considero esse meu início profissional
porque nunca ganhei um centavo por qualquer
ilustração que tenha feito para aquele semanário.
Fazia por curtição e pra treinar, pois descobri
que desenhar por encomenda é muito mais
desafiador do que fazer apenas
as coisas que curtimos.
em março de 1977, na 1ª edição do gibi
“Sítio do Picapau Amarelo”, pela Rio Gráfica e
Editora. Antes disso, tive um desenho meu
publicado numa seção para amadores na revista
MAD, da editora Vecchi, cujo editor era o Otacílio
D’Assunção Barros que, quem diria, seria meu
editor em HQs de terror poucos anos depois.
Foi a 1ª vez que saiu um desenho meu impresso
na grande mídia, isso foi em 1976. Nesse mesmo
ano também colaborei para um pequeno jornal
chamado “Opção”, de Volta Redonda, no interior
do estado do Rio, onde residia com minha família.
Não considero esse meu início profissional
porque nunca ganhei um centavo por qualquer
ilustração que tenha feito para aquele semanário.
Fazia por curtição e pra treinar, pois descobri
que desenhar por encomenda é muito mais
desafiador do que fazer apenas
as coisas que curtimos.
Tony
27: O que você lia na infância e na adolescência?
GUSTAVO:
Meu caro amigo, se você se refere a
quadrinhos, li muita coisa! Comecei pelo Tio Patinhas,
graças a minha paixão pelos desenhos de Carl Barks
nos patos, e Paul Murry nas histórias de Mickey
e Pateta como detetives. Também gostava dos
desenhos de Floyd Gottfredson. Embora
achasse suas HQs estranhíssimas e até pesadas,
mais tarde acabei me apaixonando por completo
quadrinhos, li muita coisa! Comecei pelo Tio Patinhas,
graças a minha paixão pelos desenhos de Carl Barks
nos patos, e Paul Murry nas histórias de Mickey
e Pateta como detetives. Também gostava dos
desenhos de Floyd Gottfredson. Embora
achasse suas HQs estranhíssimas e até pesadas,
mais tarde acabei me apaixonando por completo
pelo seu estilo tão
original.
Meu
gibi de super-herói predileto na infância era
o Super-Homem, com os desenhos de Curt Swan.
Tive a sorte de viver o momento em que os
super-heróis da Marvel estavam sendo
lançados no Brasil, numa parceria da Ebal e
postos Shell. Era apaixonado por todos eles,
como o Homem Aranha, Capitão América,
Homem de Ferro, Thor, Hulk e Namor.
o Super-Homem, com os desenhos de Curt Swan.
Tive a sorte de viver o momento em que os
super-heróis da Marvel estavam sendo
lançados no Brasil, numa parceria da Ebal e
postos Shell. Era apaixonado por todos eles,
como o Homem Aranha, Capitão América,
Homem de Ferro, Thor, Hulk e Namor.
Ainda
na infância, conheci os quadrinhos
europeus através de umas edições portuguesas
da revista “Tintin”, que uma tia me presenteou.
Fiquei deslumbrado com aquele material
sofisticado e totalmente diferente dos comics
americanos. Além do próprio Tintin, foi ali que
conheci Asterix, Bruno Brazil, Michel Valiant
e muitas outras lindas bande dessinées franco-belgas.
europeus através de umas edições portuguesas
da revista “Tintin”, que uma tia me presenteou.
Fiquei deslumbrado com aquele material
sofisticado e totalmente diferente dos comics
americanos. Além do próprio Tintin, foi ali que
conheci Asterix, Bruno Brazil, Michel Valiant
e muitas outras lindas bande dessinées franco-belgas.
Adorava
também o estilo fantástico das HQs da Harvey,
como Riquinho e Gasparzinho. Na adolescência,
descobri o Surfista Prateado numa edição
da GEP, e fiquei completamente fascinado pelos
roteiros de Stan Lee e pelo belíssimo grafismo
de John Buscema, desde então um dos
meus grandes mestres.
como Riquinho e Gasparzinho. Na adolescência,
descobri o Surfista Prateado numa edição
da GEP, e fiquei completamente fascinado pelos
roteiros de Stan Lee e pelo belíssimo grafismo
de John Buscema, desde então um dos
meus grandes mestres.
Outros
que me influenciaram muito foram Joe Kubert,
com seu Sgt Rock e Tarzan, e Neal Adams,
com seu inovador, impactante
com seu Sgt Rock e Tarzan, e Neal Adams,
com seu inovador, impactante
Com
o lançamento do Gibi Semanal, em 1973,
tive a oportunidade de conhecer muitos clássicos
dos quadrinhos, alguns que apenas tinha ouvido
falar, como o Spirit, do mestre Will Eisner.
tive a oportunidade de conhecer muitos clássicos
dos quadrinhos, alguns que apenas tinha ouvido
falar, como o Spirit, do mestre Will Eisner.
Hal
Foster, com seu soberbo Príncipe Valente e
Alex Raymond, com os magníficos, Flash
Gordon e Nick Holmes, sempre ficarão num
pedestal acima, nas minhas preferências.
Alex Raymond, com os magníficos, Flash
Gordon e Nick Holmes, sempre ficarão num
pedestal acima, nas minhas preferências.
Lembro
que juntei dinheiro de mesada e
donde mais pudesse, até conseguir os quarenta
cruzeiros para comprar a edição gigante de luxo
de Flash Gordon, que a Ebal lançou nos anos setenta.
donde mais pudesse, até conseguir os quarenta
cruzeiros para comprar a edição gigante de luxo
de Flash Gordon, que a Ebal lançou nos anos setenta.
Tony
28: Curtimos as mesmas coisas, Gus.
Bons tempos eram aqueles... nossa geração deu
sorte, curtimos o melhor da música, do cinema, do
teatro, da TV e dos quadrinhos. Fomos
verdadeiros privilegiados do Universo...
Autores preferidos, nacionais e estrangeiros?
Bons tempos eram aqueles... nossa geração deu
sorte, curtimos o melhor da música, do cinema, do
teatro, da TV e dos quadrinhos. Fomos
verdadeiros privilegiados do Universo...
Autores preferidos, nacionais e estrangeiros?
GUSTAVO:
Além dos autores citados anteriormente,
existem muitos outros que admiro. No exterior,
os clássicos: Winsor McCay (Little Nemo), José
Luiz Salinas, E.T. Coelho, Roy Crane, Al Capp,
Milton Caniff, Jim Holdaway, Jesus Blasco, Stan Drake,
André LeBlanc... Entre os contemporâneos:
Jean Giraud/Moebius,
Meziéres, Hermann, Carlos Gimenez, Esteban
Maroto, Richard Corben, Hugo Pratt, Guido
Crepax, Manara, Serpieri, Magnus, Gianni de
Lucca, Paul Gillon, Sempé, Giorgio Cavazzano...
Ih, cara, devo estar deixando outros de fora...
existem muitos outros que admiro. No exterior,
os clássicos: Winsor McCay (Little Nemo), José
Luiz Salinas, E.T. Coelho, Roy Crane, Al Capp,
Milton Caniff, Jim Holdaway, Jesus Blasco, Stan Drake,
André LeBlanc... Entre os contemporâneos:
Jean Giraud/Moebius,
Meziéres, Hermann, Carlos Gimenez, Esteban
Maroto, Richard Corben, Hugo Pratt, Guido
Crepax, Manara, Serpieri, Magnus, Gianni de
Lucca, Paul Gillon, Sempé, Giorgio Cavazzano...
Ih, cara, devo estar deixando outros de fora...
Tony 29: Não é de duvidar (Rsss...)... vi o tamanho
da lista dos feras que citou... só gente ruim
de traço... só tranqueiras (Rsss...)... pois é, mas
deve ter muitos que você esqueceu. Impossível
lembrar de todos... prossiga, quantos aos nacionais...
da lista dos feras que citou... só gente ruim
de traço... só tranqueiras (Rsss...)... pois é, mas
deve ter muitos que você esqueceu. Impossível
lembrar de todos... prossiga, quantos aos nacionais...
GUSTAVO: Entre os brasileiros, sempre admirei
a arte de Ziraldo, Watson Portela, Nico Rosso,
Rodolfo Zalla, Ignacio Justo, Sergio Lima, Edmundo
Rodrigues, Claudio Seto, Fernando Ikoma,
Mozart Couto, Sebastião Seabra, Rodval Matias,
Walmir Amaral, Ivan Wash Rodrigues,
Carlos Alberto, FHAF, Julio Shimamotto,
Flavio Colin, Laerte, Jô Fevereiro, Luiz Gê,
Marcelo Quintanilha, Jayme Cortez, Lyrio
Aragão, Eugênio Colonnese, Luiz Saindenberg,
Fernando Bonini, Arthur Farias, Osnei,
Luiz Podavin, Murilo Moutinho, Antonino
Homobono, Itamar Gonçalves, e outros
que vou me arrepender mais tarde
por não lembrar de
citá-los.
Tony 30: Deixa disso, bengala brother. A galera não
vai ficar P... da vida, não. Também admiro essa gente
que você citou. Valeu! Você tem formação acadêmica?
Estudou arte?
vai ficar P... da vida, não. Também admiro essa gente
que você citou. Valeu! Você tem formação acadêmica?
Estudou arte?
GUSTAVO:
Não, nunca estudei desenho. Infelizmente,
sempre houve uma grande carência de bons cursos de
desenho aqui no Brasil. Quando leio as biografias
dos desenhistas estrangeiros fico com uma ponta
de inveja, pois em seus currículos há quase
sempre referências a curso
s e escolas de arte. Isso é muito importante, pois
acelera o processo de aprendizagem. Consegui
compensar um pouco essa lacuna trabalhando
nos estúdios de quadrinhos e animação.
A troca de experiências, o trabalho em equipe
e os desafios, foram fundamentais na minha formação.
Acredito que aprendia em um ano o que levaria
muito mais, caso trabalhasse sozinho. Aliás, essa
é uma das principais dicas que gosto de passar...
Sempre que houver a possibilidade, o artista deveria
optar por trabalhar em equipe, pois isso permite
evoluir com mais segurança, evitando muitas vezes
insistir num caminho equivocado, quando
não há ninguém acompanhando seu processo
de produção com um
olhar e experiência profissional.
sempre houve uma grande carência de bons cursos de
desenho aqui no Brasil. Quando leio as biografias
dos desenhistas estrangeiros fico com uma ponta
de inveja, pois em seus currículos há quase
sempre referências a curso
s e escolas de arte. Isso é muito importante, pois
acelera o processo de aprendizagem. Consegui
compensar um pouco essa lacuna trabalhando
nos estúdios de quadrinhos e animação.
A troca de experiências, o trabalho em equipe
e os desafios, foram fundamentais na minha formação.
Acredito que aprendia em um ano o que levaria
muito mais, caso trabalhasse sozinho. Aliás, essa
é uma das principais dicas que gosto de passar...
Sempre que houver a possibilidade, o artista deveria
optar por trabalhar em equipe, pois isso permite
evoluir com mais segurança, evitando muitas vezes
insistir num caminho equivocado, quando
não há ninguém acompanhando seu processo
de produção com um
olhar e experiência profissional.
Junto
com minha entrada na RGE, passei
no vestibular da Cesgranrio para Belas Artes,
mas o curso era em tempo integral, e não
trocaria nada por aquele novo emprego.
Comecei então a fazer um curso de
comunicação à noite, numa faculdade particular,
mas acabei desistindo. Não dava para conciliar
estudos com o trabalho na RGE, e o próprio curso
se mostrou frustrante.
no vestibular da Cesgranrio para Belas Artes,
mas o curso era em tempo integral, e não
trocaria nada por aquele novo emprego.
Comecei então a fazer um curso de
comunicação à noite, numa faculdade particular,
mas acabei desistindo. Não dava para conciliar
estudos com o trabalho na RGE, e o próprio curso
se mostrou frustrante.
Mas,
quem diria... Agora, depois de velho,
acabei voltando para a faculdade.
Minha filha mais velha, a Paula, é formada em
Artes Visuais e sempre comentava que seria
um curso legal para mim. Em 2012, quando a
minha outra filha, a Natália, foi prestar
vestibular para Filosofia, me inscreveu em
segredo no vestibular para o mesmo curso
de Artes que a Paula fez, e me presenteou
com a surpresa no dia dos pais. Não podia
amarelar diante do desafio, embora achasse
que não passaria. Era disputado, para a
Universidade Estadual de Londrina (UEL), mas passei!
acabei voltando para a faculdade.
Minha filha mais velha, a Paula, é formada em
Artes Visuais e sempre comentava que seria
um curso legal para mim. Em 2012, quando a
minha outra filha, a Natália, foi prestar
vestibular para Filosofia, me inscreveu em
segredo no vestibular para o mesmo curso
de Artes que a Paula fez, e me presenteou
com a surpresa no dia dos pais. Não podia
amarelar diante do desafio, embora achasse
que não passaria. Era disputado, para a
Universidade Estadual de Londrina (UEL), mas passei!
Estou
terminando o terceiro ano e gostando
bastante do curso, embora não tenha nada a
ver com as experiências profissionais que fui
acumulando pela vida. O foco é mais em arte
contemporânea, mas estudamos muito história
da arte, como também temos aulas práticas
de escultura, pintura, cerâmica, gravura e mesmo
desenho. Como é um curso de licenciatura, já
saio formado como professor, o que sempre foi um
dos meus sonhos.
bastante do curso, embora não tenha nada a
ver com as experiências profissionais que fui
acumulando pela vida. O foco é mais em arte
contemporânea, mas estudamos muito história
da arte, como também temos aulas práticas
de escultura, pintura, cerâmica, gravura e mesmo
desenho. Como é um curso de licenciatura, já
saio formado como professor, o que sempre foi um
dos meus sonhos.
Artes
Visuais é um curso que indico para todos,
pois não se exige uma aptidão formal e acadêmica
para o desenho, apenas o amor e
a vontade de aprender Artes.
pois não se exige uma aptidão formal e acadêmica
para o desenho, apenas o amor e
a vontade de aprender Artes.
Tony
31: O Brasil, de fato, é um país incrível...
verdadeiro celeiro de gente talentosa que
aprende na garra, na perseverança... isto porque estudar
neste país é coisa pra quem tem dinheiro. fico
imaginando se o povão pudesse ter acesso aos estudos,
se os livros fossem mais baratos e as faculdades
e universidades acessíveis... na certa, há milhares de
jovens talentosos no meio do povão que jamais terão
oportunidade na vida. O gozado é que governo nenhum
se preocupa com isso. Acho isso uma puta sacanagem.
Dão bolsa família... deveriam dar estudos e boas
condições de trabalho, isto sim. Bolsa família, acho que
estamos criando um país de vagabundos, infelizmente.
Na minha opinião, não se deve dar peixe, é preciso
ensinar a pescar. Isto é Brasil, gente! E nego ainda faz
propaganda lá fora de que a fome foi erradicada no país.
Aonde, eu queria saber. Mas, voltado ao nosso bate papo...
Mestre Benedicto Ignácio Justo (vulgo Sargentão)...
segundo minha rede de espionagem quase secreta
(o Barack Obama tá doido para comprar os passes
desses meus espiões, mas não os vendo nem a
pau... Rsssss....), como e quando foi que você
conheceu o Justo (Dito, pros amigos),
um verdadeiro personagem?
verdadeiro celeiro de gente talentosa que
aprende na garra, na perseverança... isto porque estudar
neste país é coisa pra quem tem dinheiro. fico
imaginando se o povão pudesse ter acesso aos estudos,
se os livros fossem mais baratos e as faculdades
e universidades acessíveis... na certa, há milhares de
jovens talentosos no meio do povão que jamais terão
oportunidade na vida. O gozado é que governo nenhum
se preocupa com isso. Acho isso uma puta sacanagem.
Dão bolsa família... deveriam dar estudos e boas
condições de trabalho, isto sim. Bolsa família, acho que
estamos criando um país de vagabundos, infelizmente.
Na minha opinião, não se deve dar peixe, é preciso
ensinar a pescar. Isto é Brasil, gente! E nego ainda faz
propaganda lá fora de que a fome foi erradicada no país.
Aonde, eu queria saber. Mas, voltado ao nosso bate papo...
Mestre Benedicto Ignácio Justo (vulgo Sargentão)...
segundo minha rede de espionagem quase secreta
(o Barack Obama tá doido para comprar os passes
desses meus espiões, mas não os vendo nem a
pau... Rsssss....), como e quando foi que você
conheceu o Justo (Dito, pros amigos),
um verdadeiro personagem?
GUSTAVO:
Tony, agora você me deixou em
apuros! Não sei como poderia contestar as informações
de seus super agentes, mas... simplesmente eu nunca
conheci o Ignacio Justo! Kkkkk... (tô lascado... agora
serei raptado e eliminado por um bando de
espiões vingativos! Hahaha...)... Mas falando sério...
Infelizmente nunca tive o prazer de conhecer o
grande mestre Justo, mas espero ter esse
apuros! Não sei como poderia contestar as informações
de seus super agentes, mas... simplesmente eu nunca
conheci o Ignacio Justo! Kkkkk... (tô lascado... agora
serei raptado e eliminado por um bando de
espiões vingativos! Hahaha...)... Mas falando sério...
Infelizmente nunca tive o prazer de conhecer o
grande mestre Justo, mas espero ter esse
prazer algum dia ainda.
Tony
31: Jamais conviveu com o Justo!? Putz...
Segundo meus espiões de merda, você também tinha
estudado desenho com o Sargentão, (Rsssss...).
Vou mandar essa corja de espiões fajutos pra rua, agora!
Obama! Se ainda tiver a fim dos passes deles, que tal
50 dólares por cada tranqueira? Rssss...
Esses caras só me fazem passar vexame.
Mas, ainda falando sobre o Sargentão, o homem
é gente boa e tem um espírito altruísta incrível.
Sempre está disposto a ajudar alguém. Quer dizer
que você não pertenceu à famosa “Turma do
Barraco do Justo”? Jamais frequentou a casa dele,
que era numa travessa da rua Conde de Sarzedas, no
bairro da Liberdade – famoso reduto da colônia japonesa
da cidade de São Paulo -, ou no Jardim da Aclimação,
atual toca do velho mestre e mancebo?
Mil perdões, eu estava mal informado...
– essa galera me paga! Grrrr...
Segundo meus espiões de merda, você também tinha
estudado desenho com o Sargentão, (Rsssss...).
Vou mandar essa corja de espiões fajutos pra rua, agora!
Obama! Se ainda tiver a fim dos passes deles, que tal
50 dólares por cada tranqueira? Rssss...
Esses caras só me fazem passar vexame.
Mas, ainda falando sobre o Sargentão, o homem
é gente boa e tem um espírito altruísta incrível.
Sempre está disposto a ajudar alguém. Quer dizer
que você não pertenceu à famosa “Turma do
Barraco do Justo”? Jamais frequentou a casa dele,
que era numa travessa da rua Conde de Sarzedas, no
bairro da Liberdade – famoso reduto da colônia japonesa
da cidade de São Paulo -, ou no Jardim da Aclimação,
atual toca do velho mestre e mancebo?
Mil perdões, eu estava mal informado...
– essa galera me paga! Grrrr...
GUSTAVO:
Sem problemas, haha... Isso é
realmente uma lástima, pois gostaria muito
que essa informação sigilosa procedesse!
Por favor, dê uma nova chance para os seus
agentes espreitadores... Quem sabe, um aumento
de salário? Você pagava bem pelos seus serviços
secretos? Vai ver isso foi alguma retaliação, vai saber...
Bem, vou sair fora dessa, pois não tenho nada a ver
com isso! Hahaha...
realmente uma lástima, pois gostaria muito
que essa informação sigilosa procedesse!
Por favor, dê uma nova chance para os seus
agentes espreitadores... Quem sabe, um aumento
de salário? Você pagava bem pelos seus serviços
secretos? Vai ver isso foi alguma retaliação, vai saber...
Bem, vou sair fora dessa, pois não tenho nada a ver
com isso! Hahaha...
De
qualquer forma, o Justo me auxiliou
enormemente, embora indiretamente através
de uma grande revista dos anos 70, chamada
“HQ Competição”, da editora M&C. Tanto na edição
com a participação dele quanto de outros grandes
profissionais, como Nico Rosso e Paulo
Hamazaki, pude aprender muitas dicas valiosas
de como produzir uma HQ. Você e o Wanderley
Felipe foram mais sortudos, pois foram agraciados
com a publicação de trabalhos seus naquela revista,
sob as bênçãos do mestre Justo.
Eu era adolescente como vocês, e nunca
esqueço o quanto este episódio me marcou!
Quando vi naquelas edições que dois jovens
como eu estavam tendo uma oportunidade
como aquela, pensei: Caramba, então fazer
quadrinhos é possível! Foi a primeira vez que
ouvi falar de você e o Wanderley, e fiquei
emocionado quando os conheci pessoalmente,
16 anos depois. Vocês me inspiraram a acreditar
que era possível viver de quadrinhos.
Aquelas revistas “HQ Competição” foram como
portas que se abriam para o meu sonho de quadrinista.
Estão entre os gibis mais valiosos que guardo até hoje.
enormemente, embora indiretamente através
de uma grande revista dos anos 70, chamada
“HQ Competição”, da editora M&C. Tanto na edição
com a participação dele quanto de outros grandes
profissionais, como Nico Rosso e Paulo
Hamazaki, pude aprender muitas dicas valiosas
de como produzir uma HQ. Você e o Wanderley
Felipe foram mais sortudos, pois foram agraciados
com a publicação de trabalhos seus naquela revista,
sob as bênçãos do mestre Justo.
Eu era adolescente como vocês, e nunca
esqueço o quanto este episódio me marcou!
Quando vi naquelas edições que dois jovens
como eu estavam tendo uma oportunidade
como aquela, pensei: Caramba, então fazer
quadrinhos é possível! Foi a primeira vez que
ouvi falar de você e o Wanderley, e fiquei
emocionado quando os conheci pessoalmente,
16 anos depois. Vocês me inspiraram a acreditar
que era possível viver de quadrinhos.
Aquelas revistas “HQ Competição” foram como
portas que se abriam para o meu sonho de quadrinista.
Estão entre os gibis mais valiosos que guardo até hoje.
Tony
32: Fiquei traumatizado... esses meus espiões fajutos
do Paraguai, não estão com nada (Rsss...). Falando sério...
foi bom saber que nós, eu e o Wanderley, servimos
como incentivo pra você entrar para o setor editorial.
Ao menos, acho que fizemos alguma coisa de bom na
vida, pois você é muito talentoso. Sempre fui seu
fã....Já que você não frequentou o lendário “Barraco
do Justo”, que outras feras o orientaram
profissionalmente e que você considera como seus mestres?
do Paraguai, não estão com nada (Rsss...). Falando sério...
foi bom saber que nós, eu e o Wanderley, servimos
como incentivo pra você entrar para o setor editorial.
Ao menos, acho que fizemos alguma coisa de bom na
vida, pois você é muito talentoso. Sempre fui seu
fã....Já que você não frequentou o lendário “Barraco
do Justo”, que outras feras o orientaram
profissionalmente e que você considera como seus mestres?
GUSTAVO:
Comecei profissionalmente
como assistente do Fernando Bonini, na equipe do
“Sítio”. A sintonia foi imediata, e nos tornamos grandes
amigos logo em seguida. Ele foi um irmão muito
querido, que me ensinou muito sobre desenho
urante toda a vida. Infelizmente foi-se cedo,
aos 50 anos, em 2005.
como assistente do Fernando Bonini, na equipe do
“Sítio”. A sintonia foi imediata, e nos tornamos grandes
amigos logo em seguida. Ele foi um irmão muito
querido, que me ensinou muito sobre desenho
urante toda a vida. Infelizmente foi-se cedo,
aos 50 anos, em 2005.
Todos
os outros grandes desenhistas da RGE
naquela época me influenciaram e ensinaram muito.
Eu era jovem, e absorvia tudo enquanto os observava
criando em suas pranchetas. Depois na Grafipar,
quando morei em Curitiba, outros grandes talentos
como Watson Portela e Claudio Seto também
me ofereceram suas experiências, em contatos
diários como vizinhos de muro, durante três anos.
naquela época me influenciaram e ensinaram muito.
Eu era jovem, e absorvia tudo enquanto os observava
criando em suas pranchetas. Depois na Grafipar,
quando morei em Curitiba, outros grandes talentos
como Watson Portela e Claudio Seto também
me ofereceram suas experiências, em contatos
diários como vizinhos de muro, durante três anos.
![]() |
Artistas vizinhos na cidade de Curitiba |
GUSTAVO:
Pois saiba que iria sofrer tanto ou
mais que você! Nunca tive paciência para aprender
anatomia, decorando músculos e ossos do corpo
humano. Meu desenho sempre foi mais intuitivo,
embora tenha estudando em livros de
anatomia para artistas. Meu grande mestre
nessa área é o americano Andrew Loomis, que
tive a sorte de adquirir alguns dos seus clássicos
livros quando ainda era iniciante. Sua maneira
didática e seu desenho elegante me ajudaram e
influenciam até hoje na hora de construir uma figura.
Loomis também tem grandes livros ensinando
ilustração e perspectiva. Um artista completo!
mais que você! Nunca tive paciência para aprender
anatomia, decorando músculos e ossos do corpo
humano. Meu desenho sempre foi mais intuitivo,
embora tenha estudando em livros de
anatomia para artistas. Meu grande mestre
nessa área é o americano Andrew Loomis, que
tive a sorte de adquirir alguns dos seus clássicos
livros quando ainda era iniciante. Sua maneira
didática e seu desenho elegante me ajudaram e
influenciam até hoje na hora de construir uma figura.
Loomis também tem grandes livros ensinando
ilustração e perspectiva. Um artista completo!
Tony 34: Bem lembrado... Andrew Loomis foi um grande
mestre, assim como Victor Perrard... taí as dicas garotada.
Citamos bons livros sobre arte... confiram eles peloamordedeus!
Ahá! Ia me esquecendo, o livro de anatomia do Hogarth
(famoso desenhista do Tarzan) também é um show de anatomia.
O encontrei em importadoras. Vale cada centavo...
HQs eróticas, desenhando figuras anatômicas, isto não
é para qualquer um... Você sabe, nem todo desenhista
de figuras cômicas se dá bem com anatomia.
Notei que pelo nível de seus trabalhos, você estudou
intensivamente anatomia tanto quanto a gente
(a Turma do Barraco). Seus mestres pegavam muito no seu pé?
Eu e o Justo vivíamos discutindo feito gato e rato...(RS...).
Mas, no fundo, sempre nos demos bem. Nossas
personalidades sempre foram muito fortes e isso
provocava discussões, digamos, efervecentes (Rssss...).
Estimo muito o velho mestre, tanto que de vez em
quando, aos sábados, nos reunimos na casa dele,
para relembrar os velhos tempos e para
"arranhar um piano...
mestre, assim como Victor Perrard... taí as dicas garotada.
Citamos bons livros sobre arte... confiram eles peloamordedeus!
Ahá! Ia me esquecendo, o livro de anatomia do Hogarth
(famoso desenhista do Tarzan) também é um show de anatomia.
O encontrei em importadoras. Vale cada centavo...
HQs eróticas, desenhando figuras anatômicas, isto não
é para qualquer um... Você sabe, nem todo desenhista
de figuras cômicas se dá bem com anatomia.
Notei que pelo nível de seus trabalhos, você estudou
intensivamente anatomia tanto quanto a gente
(a Turma do Barraco). Seus mestres pegavam muito no seu pé?
Eu e o Justo vivíamos discutindo feito gato e rato...(RS...).
Mas, no fundo, sempre nos demos bem. Nossas
personalidades sempre foram muito fortes e isso
provocava discussões, digamos, efervecentes (Rssss...).
Estimo muito o velho mestre, tanto que de vez em
quando, aos sábados, nos reunimos na casa dele,
para relembrar os velhos tempos e para
"arranhar um piano...
GUSTAVO:
Aprender a desenhar figura humana
foi um processo bem mais solitário, ao contrário
da linha cômica. Como sempre dei preferência
pelo estilo figurativo desde a fase amadora, tinha
que recorrer às poucas fontes que dispunha.
foi um processo bem mais solitário, ao contrário
da linha cômica. Como sempre dei preferência
pelo estilo figurativo desde a fase amadora, tinha
que recorrer às poucas fontes que dispunha.
Antes
de descobrir Andrew Loomis, aos 18 anos,
tive a oportunidade de adquirir alguns daqueles
fascículos do Renato Silva, ensinando a desenhar.
Aquele material ajudou bastante, esclarecendo regras
de proporções por cabeça, construção das anatomias,
cabeças e mãos. Fora isso, prestava atenção
nos quadrinhos dos grandes mestres da anatomia,
como Hal Foster, Alex Raymond, Neal Adams,
Joe Kubert e outros...
tive a oportunidade de adquirir alguns daqueles
fascículos do Renato Silva, ensinando a desenhar.
Aquele material ajudou bastante, esclarecendo regras
de proporções por cabeça, construção das anatomias,
cabeças e mãos. Fora isso, prestava atenção
nos quadrinhos dos grandes mestres da anatomia,
como Hal Foster, Alex Raymond, Neal Adams,
Joe Kubert e outros...
Essas
reuniões na casa do Justo devem ser
inesquecíveis!
inesquecíveis!
Tony 35: Você, uma hora dessas precisa participar.
Ainda vou te convidar com antecedência.
Estou planejando reunir a velha turma, fazer uma
surpresa pra ele. E o pior é que comecei a entrevistá-lo
há uns 3 meses atrás e até hoje não consegui terminar.
O sargentão fala pra caramba, ele não é fácil não...
Reuniões na casa do Justo são maravilhosas e divertidas...
Já disse e não me canso de repetir que o Justo orientava
gratuitamente todos que o procuravam – principalmente
os menos favorecidos economicamente -, mas detestava
gente arrogante e metida. O cara sempre foi muito
simples e amigável, apesar da forte personalidade autoritária.
Ultimamente, como disse, tenho estado com ele,
que acabou confessando que sente saudades
da turma, pois todos escafederam-se. O que acha
de convocarmos a galera toda, gostaria de participar?
Ainda vou te convidar com antecedência.
Estou planejando reunir a velha turma, fazer uma
surpresa pra ele. E o pior é que comecei a entrevistá-lo
há uns 3 meses atrás e até hoje não consegui terminar.
O sargentão fala pra caramba, ele não é fácil não...
Reuniões na casa do Justo são maravilhosas e divertidas...
Já disse e não me canso de repetir que o Justo orientava
gratuitamente todos que o procuravam – principalmente
os menos favorecidos economicamente -, mas detestava
gente arrogante e metida. O cara sempre foi muito
simples e amigável, apesar da forte personalidade autoritária.
Ultimamente, como disse, tenho estado com ele,
que acabou confessando que sente saudades
da turma, pois todos escafederam-se. O que acha
de convocarmos a galera toda, gostaria de participar?
GUSTAVO:
Seria uma honra! Espero um dia ter
a oportunidade de ser convidado para passar
um desses sábados ao som de piano! Ignácio Justo
é um dos monstros sagrados dos quadrinhos!
a oportunidade de ser convidado para passar
um desses sábados ao som de piano! Ignácio Justo
é um dos monstros sagrados dos quadrinhos!
Tony
36: Bota monstro sagrado e falante nisso...
fala pelos cotovelos (Rsss...)...Atualmente, você faz o
que, bengala brother? Já está aposentado?
Pendurou as chuteiras?
Desenhos, nunca mais, ou ainda está na ativa?
fala pelos cotovelos (Rsss...)...Atualmente, você faz o
que, bengala brother? Já está aposentado?
Pendurou as chuteiras?
Desenhos, nunca mais, ou ainda está na ativa?
GUSTAVO:
Como assim, pendurar as chuteiras?!
Você já viu quadrinista brasileiro se aposentar?
Eu não! Hahaha... Olha, se Deus permitir, quero
desenhar até o fim da vida; mais especificamente,
gostaria de morrer como o meu mestre maior, o
desenhista Alex Toth, que deu seu último
suspiro trabalhando, debruçado sobre a prancheta!
Lindo, não?
Você já viu quadrinista brasileiro se aposentar?
Eu não! Hahaha... Olha, se Deus permitir, quero
desenhar até o fim da vida; mais especificamente,
gostaria de morrer como o meu mestre maior, o
desenhista Alex Toth, que deu seu último
suspiro trabalhando, debruçado sobre a prancheta!
Lindo, não?
![]() |
O incrível mestre Toth |
Aliás,
na lista acima de grandes desenhistas
que aprecio propositalmente, não citei dois nomes,
pois são dois casos a parte. Se me perguntassem
quais desenhistas eu realmente mais admiro e, se
fosse possível, ter o mesmo talento, eles seriam:
André Franquin, no estilo cômico, e Alex Toth, no
figurativo, e ponto final! Cada um deles, em linhas
distintas, me deixa extasiado sempre que corro
os olhos em qualquer um de seus trabalhos.
A identificação é imediata.
que aprecio propositalmente, não citei dois nomes,
pois são dois casos a parte. Se me perguntassem
quais desenhistas eu realmente mais admiro e, se
fosse possível, ter o mesmo talento, eles seriam:
André Franquin, no estilo cômico, e Alex Toth, no
figurativo, e ponto final! Cada um deles, em linhas
distintas, me deixa extasiado sempre que corro
os olhos em qualquer um de seus trabalhos.
A identificação é imediata.
Tony
37: É bom trocar ideias contigo, pois você tem
profundo conhecimento sobre quadrinhos e seus
autores. Também curto muito Toth, Franquin, Uderzo
e Goscinny e Francisco Ibañez (Mortadelo e Salaminho),
entre outros. Grande Gustavo, durante sua carreira
prolífica houve algum fato engraçado ou pitoresco
que você possa contar pra gente?
profundo conhecimento sobre quadrinhos e seus
autores. Também curto muito Toth, Franquin, Uderzo
e Goscinny e Francisco Ibañez (Mortadelo e Salaminho),
entre outros. Grande Gustavo, durante sua carreira
prolífica houve algum fato engraçado ou pitoresco
que você possa contar pra gente?
GUSTAVO:
Tem uma história com o Will Eisner,
que me marcou muito...
que me marcou muito...
A
primeira pessoa que me falou sobre o Spirit foi meu pai.
Ele contava que quando era jovem adorava as histórias
do “Espírito”, como era chamado o personagem de Eisner
na revista Gibi original, nos anos 40. Papai me
explicava como o grafismo daquela HQ era diferente
e inovador, assim como as histórias. Finalmente um
dia, quando tinha meus 12 anos, fomos a uma exposição
de quadrinhos no MAM, o Museu de Arte Moderna,
no Rio de Janeiro. Eram grandes painéis com
reproduções de vários personagens e páginas
de HQs. Num certo momento, meu pai me chamou
de longe e, ao me aproximar, apontou para um grande
painel e me apresentou: ” Filho, esse é o “Espírito”,
do Will Eisner, que sempre te falei!”. Lembro que
era uma enorme ampliação de página, onde o
Spirit adentrava numa delegacia encharcado de
chuva, num jogo de luz e sombra fantástico,
com um clarão de raio iluminando o ambiente
escuro e mostrando o personagem. Fiquei
maravilhado, entendendo finalmente o que
papai queria dizer com o estilo inovador do autor.
E veja bem, aquele quadrinho já tinha uns
vinte anos naquela ocasião!
Ele contava que quando era jovem adorava as histórias
do “Espírito”, como era chamado o personagem de Eisner
na revista Gibi original, nos anos 40. Papai me
explicava como o grafismo daquela HQ era diferente
e inovador, assim como as histórias. Finalmente um
dia, quando tinha meus 12 anos, fomos a uma exposição
de quadrinhos no MAM, o Museu de Arte Moderna,
no Rio de Janeiro. Eram grandes painéis com
reproduções de vários personagens e páginas
de HQs. Num certo momento, meu pai me chamou
de longe e, ao me aproximar, apontou para um grande
painel e me apresentou: ” Filho, esse é o “Espírito”,
do Will Eisner, que sempre te falei!”. Lembro que
era uma enorme ampliação de página, onde o
Spirit adentrava numa delegacia encharcado de
chuva, num jogo de luz e sombra fantástico,
com um clarão de raio iluminando o ambiente
escuro e mostrando o personagem. Fiquei
maravilhado, entendendo finalmente o que
papai queria dizer com o estilo inovador do autor.
E veja bem, aquele quadrinho já tinha uns
vinte anos naquela ocasião!
Mas
o que quero contar não é isso...
Essa história foi apenas um prólogo para o que
aconteceria quase vinte anos depois... Era 1991, e
eu trabalhava na Abril Jovem desenhando Trapalhões e Cia.
Acontecia a 1ª Bienal de HQ no Rio, e fui
designado para ficar no estande da Abril desenhando
para o público. Era puxado, mas divertido. Num certo
momento, percebo um burburinho no ambiente...
Era o Will Eisner, chegando para conhecer o estande
acompanhado de vários diretores da editora (vale
lembrar que nessa época a Abril publicou o “Spirit”).
Fiquei ansioso e emocionado, mas fiquei num canto
olhando a fofoca de longe. O lugar era pequeno,
e rapidamente ficou entulhado de gente.
Todo mundo querendo ver e tirar uma lasquinha
com o grande mestre, sempre simpático e solícito.
De repente, Eisner pergunta se não tem algum
desenhista brasileiro no recinto. Só havia eu, e um
dos diretores chegou até mim e pediu se não
poderia fazer um desenho para presentear o convidado.
Apertado num cantinho e sufocado de gente
por todos os lados, desenhei um Didi travestido
de Spirit, num cenário com o Pão de Açúcar e o
sol escaldante do Rio. Entreguei o desenho para
Eisner e ele se divertiu muito com a paródia.
Perguntou humildemente se poderia ficar com o
desenho, e pediu para tirar uma foto comigo.
As pessoas em torno voltaram a roubar a sua atenção,
e eu fui saindo de fininho, com Will Eisner sorrindo
para mim enquanto balançava o desenho
enrolando em sua mão.
Essa história foi apenas um prólogo para o que
aconteceria quase vinte anos depois... Era 1991, e
eu trabalhava na Abril Jovem desenhando Trapalhões e Cia.
Acontecia a 1ª Bienal de HQ no Rio, e fui
designado para ficar no estande da Abril desenhando
para o público. Era puxado, mas divertido. Num certo
momento, percebo um burburinho no ambiente...
Era o Will Eisner, chegando para conhecer o estande
acompanhado de vários diretores da editora (vale
lembrar que nessa época a Abril publicou o “Spirit”).
Fiquei ansioso e emocionado, mas fiquei num canto
olhando a fofoca de longe. O lugar era pequeno,
e rapidamente ficou entulhado de gente.
Todo mundo querendo ver e tirar uma lasquinha
com o grande mestre, sempre simpático e solícito.
De repente, Eisner pergunta se não tem algum
desenhista brasileiro no recinto. Só havia eu, e um
dos diretores chegou até mim e pediu se não
poderia fazer um desenho para presentear o convidado.
Apertado num cantinho e sufocado de gente
por todos os lados, desenhei um Didi travestido
de Spirit, num cenário com o Pão de Açúcar e o
sol escaldante do Rio. Entreguei o desenho para
Eisner e ele se divertiu muito com a paródia.
Perguntou humildemente se poderia ficar com o
desenho, e pediu para tirar uma foto comigo.
As pessoas em torno voltaram a roubar a sua atenção,
e eu fui saindo de fininho, com Will Eisner sorrindo
para mim enquanto balançava o desenho
enrolando em sua mão.
A
história com meu pai no museu passava
pela minha cabeça e eu apenas agradecia por
aquele momento, não vendo a hora de
contar aquela fantástico acontecimento
para minha família.
pela minha cabeça e eu apenas agradecia por
aquele momento, não vendo a hora de
contar aquela fantástico acontecimento
para minha família.
![]() |
Virou notícia: "O DIA QUE DESENHEI WILL EISNER" |
Tony
38: Cacilda! Que história incrível!
Parece que vocês estavam predestinados a se
encontrarem um dia... sensacional! Isto só pode ser
coisa do além, e tem gente que não acredita...
seu pai deve ter ficado extasiado vendo tudo do outro lado.
Prosseguindo... Mauricio de Sousa Produções... você
chegou a trabalhar pra ele? O conheceu pessoalmente?
Parece que vocês estavam predestinados a se
encontrarem um dia... sensacional! Isto só pode ser
coisa do além, e tem gente que não acredita...
seu pai deve ter ficado extasiado vendo tudo do outro lado.
Prosseguindo... Mauricio de Sousa Produções... você
chegou a trabalhar pra ele? O conheceu pessoalmente?
GUSTAVO:
Conheci o Maurício pessoalmente no
início de 1983. Ainda morava em Curitiba, mas a
era da Grafipar estava agonizando. Na verdade
eu já trabalhava em publicidade, pois a produção
de quadrinhos havia caído drasticamente, e
praticamente todos os colaboradores já haviam
debandado para outras oportunidades de trabalho.
início de 1983. Ainda morava em Curitiba, mas a
era da Grafipar estava agonizando. Na verdade
eu já trabalhava em publicidade, pois a produção
de quadrinhos havia caído drasticamente, e
praticamente todos os colaboradores já haviam
debandado para outras oportunidades de trabalho.
Em
Curitiba, onde ainda morava, o campo de
trabalho era muito pequeno, basicamente em agências
de publicidade. Eu e meu amigo, Fernando
Bonini, estávamos procurando trabalho e fazendo
contatos visitando vários estúdios em São Paulo.
Um deles era o Maurício de Souza Produções,
que ainda funcionava no prédio da Folha da Tarde,
no bairro de Campos Elíseos.
trabalho era muito pequeno, basicamente em agências
de publicidade. Eu e meu amigo, Fernando
Bonini, estávamos procurando trabalho e fazendo
contatos visitando vários estúdios em São Paulo.
Um deles era o Maurício de Souza Produções,
que ainda funcionava no prédio da Folha da Tarde,
no bairro de Campos Elíseos.
Fomos
atendidos pessoalmente pelo próprio
Maurício, o que sinceramente nem esperávamos.
Muito simpático e bem informado, Maurício
sabia do movimento de quadrinhos da
Grafipar, perguntando interessado e falando
sobre vários assuntos de interesse recíproco.
Por fim, disse que nos encaminharia para o setor
de arte, sob a direção de sua mulher, a Alice.
Maurício, o que sinceramente nem esperávamos.
Muito simpático e bem informado, Maurício
sabia do movimento de quadrinhos da
Grafipar, perguntando interessado e falando
sobre vários assuntos de interesse recíproco.
Por fim, disse que nos encaminharia para o setor
de arte, sob a direção de sua mulher, a Alice.
Ela
nos recebeu sem nenhuma atenção especial,
informando sobre todo o protocolo que teríamos
que passar fazendo os testes de desenho para
quadrinhos, passando por uma avaliação
e uma possível futura contratação.
informando sobre todo o protocolo que teríamos
que passar fazendo os testes de desenho para
quadrinhos, passando por uma avaliação
e uma possível futura contratação.
Peguei
uns dois roteiros para desenhar,
explicando que ainda morava em Curitiba, o
que faria demorar um pouco para retornar
com os testes. Fernando logo desistiu, mas eu
persisti. Durante uns três meses, fiquei indo
e voltando a São Paulo, sempre com algumas
correções para fazer. Aquilo estava ficando
dispendioso e todo o processo era muito lento.
explicando que ainda morava em Curitiba, o
que faria demorar um pouco para retornar
com os testes. Fernando logo desistiu, mas eu
persisti. Durante uns três meses, fiquei indo
e voltando a São Paulo, sempre com algumas
correções para fazer. Aquilo estava ficando
dispendioso e todo o processo era muito lento.
Finalmente
um dia, Alice me disse: Tudo bem, os
personagens estão ok, agora vamos começar a
olhar os cenários. Putz, pensei, essa coisa vai
longe! Perguntei então para Alice se eu seria contratado,
caso meu teste fosse eventualmente aprovado,
e nesse caso, qual seria o salário inicial.
Alice respondeu que não pagariam um salário,
mas sim, uma ajuda de custo, que era algo em
torno de meio salário mínimo da época.
Agradeci sua atenção e paciência, e disse que
não teria condições de ir adiante, pois dependia
de um salário, ao menos razoável, para me mudar
e viver em São Paulo.
personagens estão ok, agora vamos começar a
olhar os cenários. Putz, pensei, essa coisa vai
longe! Perguntei então para Alice se eu seria contratado,
caso meu teste fosse eventualmente aprovado,
e nesse caso, qual seria o salário inicial.
Alice respondeu que não pagariam um salário,
mas sim, uma ajuda de custo, que era algo em
torno de meio salário mínimo da época.
Agradeci sua atenção e paciência, e disse que
não teria condições de ir adiante, pois dependia
de um salário, ao menos razoável, para me mudar
e viver em São Paulo.
Tony 39: Estagiários sofrem, já passei por isso...
Agências de publicidade... teve algumas experiências
com elas, fazendo ilustrações para storyboards,
conceptboards ou artes finais?
Agências de publicidade... teve algumas experiências
com elas, fazendo ilustrações para storyboards,
conceptboards ou artes finais?
GUSTAVO:
Sim, quando a Grafipar começou a
entrar em crise no início de 1982, acabei arrumando
um emprego numa grande agência de publicidade
de Curitiba, a Exclam. Fui parar lá por causa de
uma curiosidade... Passava um desenho animado das
Lojas Prosdócimo na TV, e como essa rede era curitibana,
achei que o estúdio que produzia aqueles comerciais
animados fosse na cidade. Fui até loja principal, que
ficava na praça Tiradentes, e lá me explicaram que
quem cuidava de toda a publicidade era essa agencia,
a Exclam. Peguei o endereço e fui atrás de um
velho sonho, fazer desenhos animados. Na agência
soube decepcionado que não eram eles que produziam
os desenhos, mas um estúdio de animação de São Paulo.
Ainda assim, me perguntaram o que eu fazia, e
quando disse que era quadrinista se interessaram
e disseram que estavam precisando de um desenhista.
Passaram um pequeno free-lance teste, e caso me saísse
bem poderia ser contratado. O trabalho era fazer
aqueles desenhos de anúncios de produtos em
oferta, o varejão, que saíam nos jornais nos fins
de semana. Eram aparelhos de som, eletrodomésticos,
roupas, tudo desenhado realisticamente e sombreados
na técnica de aguada.
entrar em crise no início de 1982, acabei arrumando
um emprego numa grande agência de publicidade
de Curitiba, a Exclam. Fui parar lá por causa de
uma curiosidade... Passava um desenho animado das
Lojas Prosdócimo na TV, e como essa rede era curitibana,
achei que o estúdio que produzia aqueles comerciais
animados fosse na cidade. Fui até loja principal, que
ficava na praça Tiradentes, e lá me explicaram que
quem cuidava de toda a publicidade era essa agencia,
a Exclam. Peguei o endereço e fui atrás de um
velho sonho, fazer desenhos animados. Na agência
soube decepcionado que não eram eles que produziam
os desenhos, mas um estúdio de animação de São Paulo.
Ainda assim, me perguntaram o que eu fazia, e
quando disse que era quadrinista se interessaram
e disseram que estavam precisando de um desenhista.
Passaram um pequeno free-lance teste, e caso me saísse
bem poderia ser contratado. O trabalho era fazer
aqueles desenhos de anúncios de produtos em
oferta, o varejão, que saíam nos jornais nos fins
de semana. Eram aparelhos de som, eletrodomésticos,
roupas, tudo desenhado realisticamente e sombreados
na técnica de aguada.
Em
casa, comecei a ficar nervoso, pois não conseguia
desenhar os pedidos com todos aqueles detalhes.
Por sorte meus pais estavam me visitando, e
enquanto minha mãe me tranquilizava na sala,
falando para eu dar um tempo e tentar mais tarde,
papai me chamou e, sentado em minha prancheta
me mostrou um dos desenhos já quase pronto.
Disse: Viu só, filho, não é difícil... Tente agora.
Com sua experiência como arquiteto e a prática
de anos usando canetas de nanquim e papel
vegetal, me deu as dicas como
fazer aquele serviço. Essa é uma das muitas das
belas histórias que dividi com minha família.
desenhar os pedidos com todos aqueles detalhes.
Por sorte meus pais estavam me visitando, e
enquanto minha mãe me tranquilizava na sala,
falando para eu dar um tempo e tentar mais tarde,
papai me chamou e, sentado em minha prancheta
me mostrou um dos desenhos já quase pronto.
Disse: Viu só, filho, não é difícil... Tente agora.
![]() |
Os progenitores de Gustavo (2013) |
Com sua experiência como arquiteto e a prática
de anos usando canetas de nanquim e papel
vegetal, me deu as dicas como
fazer aquele serviço. Essa é uma das muitas das
belas histórias que dividi com minha família.
Rapaz,
que volta que eu dei pra contar sobre
a minha fase em publicidade, sô!
a minha fase em publicidade, sô!
Enfim...
fui contratado e trabalhei naquela
agência por quase um ano, quando saí e
continuei fazendo frees para esta e outras agências
de Curitiba, como a MPM e Opus.
agência por quase um ano, quando saí e
continuei fazendo frees para esta e outras agências
de Curitiba, como a MPM e Opus.
Trabalhava
essencialmente como layoutman
(nome chique, né? Hehe...) mas fazia de tudo, pois
era o único que desenhava na agência.
Qualquer outro trabalho era passado para freelancers.
Ganhei muita experiência nesse ramo, pois os
desafios eram constantes e tinha que me
adaptar a vários estilos. Ali aprendi a fazer
um trabalho limpo, claro e bem apresentável.
(nome chique, né? Hehe...) mas fazia de tudo, pois
era o único que desenhava na agência.
![]() |
Storyboards para comerciais de TV |
Qualquer outro trabalho era passado para freelancers.
Ganhei muita experiência nesse ramo, pois os
desafios eram constantes e tinha que me
adaptar a vários estilos. Ali aprendi a fazer
um trabalho limpo, claro e bem apresentável.
Tony
40: Pois é... a publicidade também é uma
grande escola e pagam (ou pagavam) muito bem.
Parabéns, você tem uma bagagem profissional
enorme. Vamos nessa, Gustavão... Madre Teresa
de Calcutá, Jesus Cristo, Maomé, Sidharta Galthama...
qual é o seu conceito sobre esses grandes
ícones da humanidade?
grande escola e pagam (ou pagavam) muito bem.
Parabéns, você tem uma bagagem profissional
enorme. Vamos nessa, Gustavão... Madre Teresa
de Calcutá, Jesus Cristo, Maomé, Sidharta Galthama...
qual é o seu conceito sobre esses grandes
ícones da humanidade?
GUSTAVO:
Acredito que todos eles foram pessoas
iluminadas, que passaram pelo planeta para
mudar e elevar o pensamento e o espírito da humanidade.
São grandes mensageiros de luz. Sou espírita
kardecista, e busco aprender os belos ensinamentos
deixados por esses e outros tantos seres privilegiados,
para poder compartilhar com todos que passam por
minha vida. É uma busca e aprendizado que não
tem fim, mas sempre ascendente, eu creio.
iluminadas, que passaram pelo planeta para
mudar e elevar o pensamento e o espírito da humanidade.
São grandes mensageiros de luz. Sou espírita
kardecista, e busco aprender os belos ensinamentos
deixados por esses e outros tantos seres privilegiados,
para poder compartilhar com todos que passam por
minha vida. É uma busca e aprendizado que não
tem fim, mas sempre ascendente, eu creio.
Tony
41: Kardecista, então somos dois... Qual é o seu
processo de produção? Escreve o roteiro, primeiro, ou
“mastiga uma ideia na cabeça” e só depois a sai desenhando?
processo de produção? Escreve o roteiro, primeiro, ou
“mastiga uma ideia na cabeça” e só depois a sai desenhando?
GUSTAVO:
Fiz poucos roteiros profissionalmente,
ainda mais comparados com a produção de desenho.
Ainda assim, meu método costuma ser, escrever
um rascunho da história, já dividindo o texto por
páginas e quadros. É comum eu desenhar
um layout da história, reduzido, com duas páginas
em cada folha sulfite. Como esse rascunho das
páginas fica pequeno, só indico o texto
com uma numeração, correspondente a
marcação que faço naquele rascunho
ainda mais comparados com a produção de desenho.
Ainda assim, meu método costuma ser, escrever
um rascunho da história, já dividindo o texto por
páginas e quadros. É comum eu desenhar
um layout da história, reduzido, com duas páginas
em cada folha sulfite. Como esse rascunho das
páginas fica pequeno, só indico o texto
com uma numeração, correspondente a
marcação que faço naquele rascunho
anterior, onde só havia o texto.
![]() |
Ilustrações para livros didáticos (editora FTD) |
![]() |
Gustavo domina todos os estilos |
O
meu processo de desenho é mais complicado
e demorado. Faço um layout da página com
grafite azul, geralmente num A3, pois gosto
de desenhar com bastante espaço. Esse layout
passa por três fases. Na primeira, desenho os
posicionamentos de personagens e cenários,
ainda muito indefinidos. Faço isso para testar
o equilíbrio visual da página, pois sempre penso a
página inteira como uma grande ilustração.
e demorado. Faço um layout da página com
grafite azul, geralmente num A3, pois gosto
de desenhar com bastante espaço. Esse layout
passa por três fases. Na primeira, desenho os
posicionamentos de personagens e cenários,
ainda muito indefinidos. Faço isso para testar
o equilíbrio visual da página, pois sempre penso a
página inteira como uma grande ilustração.
Os quadros tem que ter ritmo e harmonia entre
si.
Busco um equilibro de planos gerais, médios e closes.
Na segunda fase defino todos os elementos,
trabalhando os detalhes, proporções e perspectivas.
Busco um equilibro de planos gerais, médios e closes.
Na segunda fase defino todos os elementos,
trabalhando os detalhes, proporções e perspectivas.
Na terceira fase é a definição final do
layout, marcando
com grafite preto todos os desenhos, detalhando
elementos e arrumando imperfeições. Por fim, ufa!
Passo tudo a limpo na mesa de luz, como uma
espécie de arte final a lápis. Costumo fazer essa
última etapa quando a arte-final real, feita a nanquim
ou vetorial, será realizada por outra pessoa.
Quando eu mesmo finalizo o meu trabalho,
faço a partir da terceira fase, também na mesa de luz.
com grafite preto todos os desenhos, detalhando
elementos e arrumando imperfeições. Por fim, ufa!
Passo tudo a limpo na mesa de luz, como uma
espécie de arte final a lápis. Costumo fazer essa
última etapa quando a arte-final real, feita a nanquim
ou vetorial, será realizada por outra pessoa.
Quando eu mesmo finalizo o meu trabalho,
faço a partir da terceira fase, também na mesa de luz.
Tony
42: É interessante como muita gente não sabe
que fazer quadrinhos dá um trabalhão danado... e tem
gente que não dá valor. Como dizia um ex-funcionário
meu, que também desenhava: "A gente se lasca, perde
um tempão pra fazer uma página. Depois, o leitor lê o
gibi em 2 minutos e limpa o rabo com ele!" A coisa é cruel,
mas é mais ou menos por aí...(Rsss...). De volta às questões...
Quando você colaborou com a Abril, que cargo você ocupou?
Ou fazia freela? Quantas páginas de Disney você fazia por dia?
Que formato eram os originais? Fazia lápis e tinta?
que fazer quadrinhos dá um trabalhão danado... e tem
gente que não dá valor. Como dizia um ex-funcionário
meu, que também desenhava: "A gente se lasca, perde
um tempão pra fazer uma página. Depois, o leitor lê o
gibi em 2 minutos e limpa o rabo com ele!" A coisa é cruel,
mas é mais ou menos por aí...(Rsss...). De volta às questões...
Quando você colaborou com a Abril, que cargo você ocupou?
Ou fazia freela? Quantas páginas de Disney você fazia por dia?
Que formato eram os originais? Fazia lápis e tinta?
GUSTAVO:
Comecei colaborando para a editora
Abril como freelancer, desenhando os Trapalhões,
como já disse. Seis meses depois fui admitido
como desenhista, mas sem a obrigatoriedade de
fazer arte-final, trabalho de profissionais específicos
contratados. Havia exceções, como o Luiz Podavin,
dono não somente de um maravilhoso desenho,
como também de uma soberba arte-final. Watson
Portela também finalizava algumas de suas HQs,
principalmente as mais autorais, como a série
Jovem Radical. Quando comecei a desenhar Disney
meu ritmo era mais lento do que com os títulos anteriores
(Trapalhões, Gugu e Sergio Mallandro), mas logo me
familiarizei com o estilo e passei a produzir entre
uma a duas páginas, por dia. Nas HQs especiais, como
Corcunda, Mulan, Hércules e Tarzan, a produção
caía drasticamente, não apenas pela complexidade
do material, como pela avaliação e aprovação mais
exigente, feita nos EUA. Na primeira HQ que produzi
nessa linha, uma HQ do Corcunda, levei um mês
para desenhar oito páginas.
Eram muitas referências para seguir!
Abril como freelancer, desenhando os Trapalhões,
como já disse. Seis meses depois fui admitido
como desenhista, mas sem a obrigatoriedade de
fazer arte-final, trabalho de profissionais específicos
contratados. Havia exceções, como o Luiz Podavin,
dono não somente de um maravilhoso desenho,
como também de uma soberba arte-final. Watson
Portela também finalizava algumas de suas HQs,
principalmente as mais autorais, como a série
Jovem Radical. Quando comecei a desenhar Disney
meu ritmo era mais lento do que com os títulos anteriores
(Trapalhões, Gugu e Sergio Mallandro), mas logo me
familiarizei com o estilo e passei a produzir entre
uma a duas páginas, por dia. Nas HQs especiais, como
Corcunda, Mulan, Hércules e Tarzan, a produção
caía drasticamente, não apenas pela complexidade
do material, como pela avaliação e aprovação mais
exigente, feita nos EUA. Na primeira HQ que produzi
nessa linha, uma HQ do Corcunda, levei um mês
para desenhar oito páginas.
Eram muitas referências para seguir!
Costumo
dizer que, em animação o estúdio
conta com dezenas, senão, centenas de profissionais,
cada um em sua especialidade, com os artistas
para fazer apenas cenários, outros especializados em
cada personagem, desenhando só os esboços ou
rough (lê-se: rafe), assim como seus assistentes
para passar a limpo (clean-up), e várias outras
especializações...
Já nos quadrinhos, temos que aprender a desenhar
tudo, ou seja, todos os personagens, objetos, cenários e etc.
conta com dezenas, senão, centenas de profissionais,
cada um em sua especialidade, com os artistas
para fazer apenas cenários, outros especializados em
cada personagem, desenhando só os esboços ou
rough (lê-se: rafe), assim como seus assistentes
para passar a limpo (clean-up), e várias outras
especializações...
Já nos quadrinhos, temos que aprender a desenhar
tudo, ou seja, todos os personagens, objetos, cenários e etc.
Na
Abril trabalhávamos com dois tamanhos de folhas
para desenhar as páginas de HQ, chamadas de diagramas.
A maior tinha a área útil de 21 x 32 cm, enquanto o
menor media 18 x 27 cm. Eram folhas padronizadas,
como aquelas usadas pela Marvel/DC, com as marcações
e divisões em azul, inclusive com as marcas
das linhas para letreiramento. Eu desenhava
a lápis, somente. Geralmente uso uma lapiseira
0,9mm, com grafite azul para o primeiro esboço
e grafite preto H 0,7mm, para o lápis final.
para desenhar as páginas de HQ, chamadas de diagramas.
A maior tinha a área útil de 21 x 32 cm, enquanto o
menor media 18 x 27 cm. Eram folhas padronizadas,
como aquelas usadas pela Marvel/DC, com as marcações
e divisões em azul, inclusive com as marcas
das linhas para letreiramento. Eu desenhava
a lápis, somente. Geralmente uso uma lapiseira
0,9mm, com grafite azul para o primeiro esboço
e grafite preto H 0,7mm, para o lápis final.
Tony
43: Durante sua longa e produtiva carreira, colaborou
com editores de menor porte? Em caso afirmativo,
cite alguns, exceto a editora Ninja...
com editores de menor porte? Em caso afirmativo,
cite alguns, exceto a editora Ninja...
GUSTAVO:
Não, realmente as editoras para as
quais colaborei foram essas que já citei. Houve,
sim, pirataria, com a publicação de muito
material da Grafipar sem autorização através de
uma certa editora, em 1990. É bom informar
que todo o material publicado pela Grafipar tinha
cessão de direito por parte dos autores para uso
da editora por 5 anos. No meu caso, guardo
todos os contratos de cessão das minhas HQs.
Como todos os quadrinhos foram produzidos até
1983, obviamente os autores teriam restituído
seus direitos para publicação onde bem entendessem
a partir de 1988. O que aconteceu é que alguém
deu uma limpa na Grafipar após sua falência e pegou
um grande número de fotolitos de nossas HQs e saiu
vendendo, como se fossem sem dono ou de
domínio público. Picaretagem, mesmo, pois
era uma editora que publicava quadrinhos!
Fui atrás e consegui ser ressarcido, inclusive
avisando para vários amigos como o Bonini,
Watson, Shimamotto, Colin, Rodval, Mozart
e outros sobre aquele derrame das nossas
HQs da Grafipar saindo nas bancas.
quais colaborei foram essas que já citei. Houve,
sim, pirataria, com a publicação de muito
material da Grafipar sem autorização através de
uma certa editora, em 1990. É bom informar
que todo o material publicado pela Grafipar tinha
cessão de direito por parte dos autores para uso
da editora por 5 anos. No meu caso, guardo
todos os contratos de cessão das minhas HQs.
Como todos os quadrinhos foram produzidos até
1983, obviamente os autores teriam restituído
seus direitos para publicação onde bem entendessem
a partir de 1988. O que aconteceu é que alguém
deu uma limpa na Grafipar após sua falência e pegou
um grande número de fotolitos de nossas HQs e saiu
vendendo, como se fossem sem dono ou de
domínio público. Picaretagem, mesmo, pois
era uma editora que publicava quadrinhos!
Fui atrás e consegui ser ressarcido, inclusive
avisando para vários amigos como o Bonini,
Watson, Shimamotto, Colin, Rodval, Mozart
e outros sobre aquele derrame das nossas
HQs da Grafipar saindo nas bancas.
Tony
44: Agiu corretamente. Lugar de picaretas é na cadeia...
não fazem o mesmo com o material dos syndicates porque
sabem que aí o bicho pega. Deixando os pícaros de lado...
Você também criou seus próprios personagens? Participou
do projeto tiras idealizado pela Abril, ou da revista Crás?
– publicação lançada nos anos 70 que
trazia apenas autores brasileiros...
não fazem o mesmo com o material dos syndicates porque
sabem que aí o bicho pega. Deixando os pícaros de lado...
Você também criou seus próprios personagens? Participou
do projeto tiras idealizado pela Abril, ou da revista Crás?
– publicação lançada nos anos 70 que
trazia apenas autores brasileiros...
GUSTAVO:
Tony, essa é uma questão que sempre
colocam para um quadrinista, sobre nossos
próprios personagens. Sinceramente, nunca fiz questão
de criar meus próprios personagens para quadrinhos,
a não ser quando ainda era amador. Fiz muitas
criações gráficas de personagens encomendadas,
mas nunca finalizei algum projeto próprio. Mesmo
porque nunca pensei em criar um projeto em
quadrinhos sozinho. Respeito e gosto de contar
sempre com um bom roteirista. Guardando as
devidas proporções, sempre lembro do grande Carl Barks.
Ele trabalhou a vida inteira sob encomenda
para Walt Disney, não apenas desenhando,
como também escrevendo maravilhosas
histórias e criando anonimamente muitos personagens
para o universo Disney, como o Tio Patinhas,
Huguinho, Zezinho e Luizinho, Vovó Donalda,
Maga Patalógica, Gastão e tantos outros.
Ele poderia ter criado seus personagens para projetos
próprios, mas não fez isso. Acho que é uma opção...
colocam para um quadrinista, sobre nossos
próprios personagens. Sinceramente, nunca fiz questão
de criar meus próprios personagens para quadrinhos,
a não ser quando ainda era amador. Fiz muitas
criações gráficas de personagens encomendadas,
mas nunca finalizei algum projeto próprio. Mesmo
porque nunca pensei em criar um projeto em
quadrinhos sozinho. Respeito e gosto de contar
sempre com um bom roteirista. Guardando as
devidas proporções, sempre lembro do grande Carl Barks.
Ele trabalhou a vida inteira sob encomenda
para Walt Disney, não apenas desenhando,
como também escrevendo maravilhosas
histórias e criando anonimamente muitos personagens
para o universo Disney, como o Tio Patinhas,
Huguinho, Zezinho e Luizinho, Vovó Donalda,
Maga Patalógica, Gastão e tantos outros.
Ele poderia ter criado seus personagens para projetos
próprios, mas não fez isso. Acho que é uma opção...
Não
fiz parte do projeto tiras da Abril, pois além
de ser anterior a minha fase na editora, ainda
era muito jovem. Curti muito a revista Crás,
mas como leitor adolescente.
de ser anterior a minha fase na editora, ainda
era muito jovem. Curti muito a revista Crás,
mas como leitor adolescente.
Tony
45: Sem problemas, não ter criado um personagem
não denigre em nada a sua brilhante carreira.
Você fez exatamente como seu grande ídolo (nosso),
Barks, trabalhou e criou sob encomenda. Parcerias,
vamos falar sobre elas... sempre trabalhou
sozinho, ou fez parcerias com outros artistas?
não denigre em nada a sua brilhante carreira.
Você fez exatamente como seu grande ídolo (nosso),
Barks, trabalhou e criou sob encomenda. Parcerias,
vamos falar sobre elas... sempre trabalhou
sozinho, ou fez parcerias com outros artistas?
GUSTAVO:
Dá para continuar o raciocínio
da pergunta anterior... Acredito que o quadrinista,
ou um artista de modo geral, tem a opção de seguir
uma linha autoral ou compartilhar a sua experiência
de trabalho com parceiros, estúdios ou equipes.
Eu, particularmente, sempre preferi trabalhar com
outros profissionais. Aprendi muito assim, e
devo muito a vários grandes artistas por
tantos ensinamentos compartilhados.
Prefiro trabalhar com um roteirista competente,
e eventualmente dando palpites no desenvolvimento
das histórias. Foi assim como o Zózimo Barbosa,
personagem criado pelo amigo Wander Antunes.
Um detetive carioca de quinta categoria, vivendo
aventuras na linha de Nelson Rodrigues, ambientadas
num Rio dos anos 50. Esse projeto havia começado
com algumas páginas desenhadas pelo grande e
querido Mozart Couto. Wander me convidou para
desenhar e acabamos mudando completamente
o estilo gráfico, indo para uma linha clara e mais
cartum. Mozart acabaria fazendo outras belas
parcerias com Wander. Depois de vários anos
desenhando histórias curtas conseguimos fechar
o álbum, “As aventuras de Zózimo Barbosa,
O Corno Que Sabia Demais”, lançado pela editora
Pixel, em 2007. Neste álbum ainda tem a participação
em duas histórias de um velho companheiro
da Abril Jovem, o Paulo Borges.
da pergunta anterior... Acredito que o quadrinista,
ou um artista de modo geral, tem a opção de seguir
uma linha autoral ou compartilhar a sua experiência
de trabalho com parceiros, estúdios ou equipes.
Eu, particularmente, sempre preferi trabalhar com
outros profissionais. Aprendi muito assim, e
devo muito a vários grandes artistas por
tantos ensinamentos compartilhados.
Prefiro trabalhar com um roteirista competente,
e eventualmente dando palpites no desenvolvimento
das histórias. Foi assim como o Zózimo Barbosa,
personagem criado pelo amigo Wander Antunes.
![]() |
Zózimo Barbosa - editora Pixel |
Um detetive carioca de quinta categoria, vivendo
aventuras na linha de Nelson Rodrigues, ambientadas
num Rio dos anos 50. Esse projeto havia começado
com algumas páginas desenhadas pelo grande e
querido Mozart Couto. Wander me convidou para
desenhar e acabamos mudando completamente
o estilo gráfico, indo para uma linha clara e mais
cartum. Mozart acabaria fazendo outras belas
parcerias com Wander. Depois de vários anos
desenhando histórias curtas conseguimos fechar
o álbum, “As aventuras de Zózimo Barbosa,
O Corno Que Sabia Demais”, lançado pela editora
Pixel, em 2007. Neste álbum ainda tem a participação
em duas histórias de um velho companheiro
da Abril Jovem, o Paulo Borges.
Tony
46: O Corno Que Sabia Demais, um título do
cacete! Adorei (Rsss...)... Animação, você teve
experiências nesta área? Conheceu Ely Barbosa,
criador do Zé Apostador do Sr. Abravanel
(vulgo Silvio Santos, o homem do baú),
e da Turma do Gordo?
cacete! Adorei (Rsss...)... Animação, você teve
experiências nesta área? Conheceu Ely Barbosa,
criador do Zé Apostador do Sr. Abravanel
(vulgo Silvio Santos, o homem do baú),
e da Turma do Gordo?
GUSTAVO:
Sim, trabalhei com animação ininterruptamente
durante cinco anos, de 1983 a 1988. Relembrando...
Ainda vivia em Curitiba, e a Grafipar estava acabando.
Como a produção de HQs e títulos caía drasticamente,
resolvi procurar novas alternativas, ainda que
continuando a fazer quadrinhos eróticos mais
espaçadamente. Comentei antes que havia
conseguido um emprego na agência de propaganda
Exclam, não? Pois bem, descobri que não era ela
que produzia os desenhos animados, mas tempos
depois, trabalhando como freelancer para uma
outra agência de Curitiba, a Opus, descobri
um catálogo com o endereço de todas as agências
de publicidade e estúdios de animação de São Paulo.
As agências não me interessavam, mas peguei
o endereço de vários estúdios de animação e
fui bater porta com meu portfólio. Foi nessa
ocasião que fui cair no Maurício de Souza,
conforme relatei. Visitei outros estúdios, como
a Start Filmes, que fazia aqueles belíssimos
comerciais da Sharp, do cotonete do homenzinho
azul, da barata do Rodox, e muitos outros. Também
não deu em nada... O último estúdio a ser visitado
era o do Daniel Messias Cinema de Animação,
mas não botava fé que fosse conseguir alguma coisa.
Comecei a pensar que ainda não estava pronto para
São Paulo, e que seria melhor adquirir mais experiência
em Curitiba e tentar mais tarde. Para minha surpresa,
o Daniel não só adorou o meu trabalho, como exigiu
que eu começasse a trabalhar imediatamente.
Entrei no ritmo alucinante de Sampa!
Mas a grande ironia foi quando descobri que
o estúdio que havia produzido os comerciais
da Prosdócimo tinha sido o do Daniel Messias! Acredita?!
Durante os cinco anos seguintes trabalhei também
para outros estúdios de animação, como a Scketch
Filmes, de César Sandoval e a própria Start Filmes,
aquela que não havia se interessado pelo meu
trabalho anos antes. Neste estúdio produzi o
que considero meu trabalho mais importante dessa
fase de animação, embora tenha animado muitos
comerciais legais, como o do Coelhinho Quik, o Bond
Boca da Cepacol e outros. Foi em 87, quando
o Walbercy Camargo, dono da Start Filmes pegou
um serviço grande, uma animação de média metragem
de 25 minutos, com a história bíblica de Artaban,
o quarto rei mago. Criei toda a pré produção, como o
storyboard das 294 cenas, todo o planejamento do filme,
mais a criação de todos os personagens e cenários, e
ainda animei umas poucas cenas. Foi desgastante,
já que tive que me virar sozinho durante quase
cinco meses, mas o resultado compensou.
Foi como dar vida a um filho. Aliás, essa é a
mágica da animação, “dar vida” aos desenhos.
Em meados de 88, acabei largando os desenhos
animados, quando fui contratado pela Abril Jovem.
durante cinco anos, de 1983 a 1988. Relembrando...
Ainda vivia em Curitiba, e a Grafipar estava acabando.
Como a produção de HQs e títulos caía drasticamente,
resolvi procurar novas alternativas, ainda que
continuando a fazer quadrinhos eróticos mais
espaçadamente. Comentei antes que havia
conseguido um emprego na agência de propaganda
Exclam, não? Pois bem, descobri que não era ela
que produzia os desenhos animados, mas tempos
depois, trabalhando como freelancer para uma
outra agência de Curitiba, a Opus, descobri
um catálogo com o endereço de todas as agências
de publicidade e estúdios de animação de São Paulo.
As agências não me interessavam, mas peguei
o endereço de vários estúdios de animação e
fui bater porta com meu portfólio. Foi nessa
ocasião que fui cair no Maurício de Souza,
conforme relatei. Visitei outros estúdios, como
a Start Filmes, que fazia aqueles belíssimos
comerciais da Sharp, do cotonete do homenzinho
azul, da barata do Rodox, e muitos outros. Também
não deu em nada... O último estúdio a ser visitado
era o do Daniel Messias Cinema de Animação,
mas não botava fé que fosse conseguir alguma coisa.
Comecei a pensar que ainda não estava pronto para
São Paulo, e que seria melhor adquirir mais experiência
em Curitiba e tentar mais tarde. Para minha surpresa,
o Daniel não só adorou o meu trabalho, como exigiu
que eu começasse a trabalhar imediatamente.
Entrei no ritmo alucinante de Sampa!
Mas a grande ironia foi quando descobri que
o estúdio que havia produzido os comerciais
da Prosdócimo tinha sido o do Daniel Messias! Acredita?!
![]() |
Animação. Trabalhando com Daniel Messias |
Durante os cinco anos seguintes trabalhei também
para outros estúdios de animação, como a Scketch
Filmes, de César Sandoval e a própria Start Filmes,
aquela que não havia se interessado pelo meu
trabalho anos antes. Neste estúdio produzi o
que considero meu trabalho mais importante dessa
fase de animação, embora tenha animado muitos
comerciais legais, como o do Coelhinho Quik, o Bond
Boca da Cepacol e outros. Foi em 87, quando
o Walbercy Camargo, dono da Start Filmes pegou
um serviço grande, uma animação de média metragem
de 25 minutos, com a história bíblica de Artaban,
o quarto rei mago. Criei toda a pré produção, como o
storyboard das 294 cenas, todo o planejamento do filme,
mais a criação de todos os personagens e cenários, e
ainda animei umas poucas cenas. Foi desgastante,
já que tive que me virar sozinho durante quase
cinco meses, mas o resultado compensou.
Foi como dar vida a um filho. Aliás, essa é a
mágica da animação, “dar vida” aos desenhos.
Em meados de 88, acabei largando os desenhos
animados, quando fui contratado pela Abril Jovem.
![]() |
Com Rogério Soud - Abril Jovem |
Sobre
o Ely Barbosa, infelizmente nunca tive
o prazer de conhecê-lo, nem trabalhar para ele,
mas tenho vários amigos artistas que começaram ou
passaram pelo seu estúdio.
Foi uma grande fábrica de talentos.
o prazer de conhecê-lo, nem trabalhar para ele,
mas tenho vários amigos artistas que começaram ou
passaram pelo seu estúdio.
Foi uma grande fábrica de talentos.
Tony
47: O estúdio do Ely foi uma grande fábrica
de talentos, com certeza, como você disse. Porém,
infelizmente, ele é pouco lembrado. Tive o prazer
de trabalhar com ele fazendo personagens Hanna-Barbera
para a Rio-Gráfica Editora (atual Globo).
Meu querido e incansável bengala brother, você
tem planos para o futuro?
de talentos, com certeza, como você disse. Porém,
infelizmente, ele é pouco lembrado. Tive o prazer
de trabalhar com ele fazendo personagens Hanna-Barbera
para a Rio-Gráfica Editora (atual Globo).
Meu querido e incansável bengala brother, você
tem planos para o futuro?
GUSTAVO:
Profissionalmente, gostaria muito de
poder viver apenas de quadrinhos, como já
vivi antes. Mas sei que aqueles tempos e realidade
não voltam mais, quando existiam revistas de banca,
com o conteúdo dos gibis repletos de trabalhos de
vários artistas, como acontecia na Vecchi e Grafipar.
A gente fazia quadrinhos e via sair nas bancas logo
depois... um mês , até. Era um exercício fantástico,
pois a gente via logo o resultado do trabalho
e testava novas soluções, novas parcerias...
Nada contra álbuns de quadrinhos para livraria,
mas hoje o mercado se resume nisso. São produtos
caros e sofisticados, que já escapuliram do
conceito inicial dos quadrinhos, como cultura
de massa, dos gibis descartáveis, das tiras
de jornais... Enfim, antigamente, quadrinhos se
consumia de baciada! Alguns aficionados como
nós até faziam coleção, mais gibi era um produto
para passar de mão em mão, ser trocado.
Era uma diversão para ser curtida como uma boa
poder viver apenas de quadrinhos, como já
vivi antes. Mas sei que aqueles tempos e realidade
não voltam mais, quando existiam revistas de banca,
com o conteúdo dos gibis repletos de trabalhos de
vários artistas, como acontecia na Vecchi e Grafipar.
A gente fazia quadrinhos e via sair nas bancas logo
depois... um mês , até. Era um exercício fantástico,
pois a gente via logo o resultado do trabalho
e testava novas soluções, novas parcerias...
Nada contra álbuns de quadrinhos para livraria,
mas hoje o mercado se resume nisso. São produtos
caros e sofisticados, que já escapuliram do
conceito inicial dos quadrinhos, como cultura
de massa, dos gibis descartáveis, das tiras
de jornais... Enfim, antigamente, quadrinhos se
consumia de baciada! Alguns aficionados como
nós até faziam coleção, mais gibi era um produto
para passar de mão em mão, ser trocado.
Era uma diversão para ser curtida como uma boa
sessão de cinema, acredito.
Então,
vou vivendo e desenhando de
tudo um pouco, mas esperando aquele convite
para fazer quadrinhos, sempre. Agora que estou
fazendo curso de artes visuais também planejo
lecionar, mas ainda não amadureci a ideia,
pois ainda estou aprendendo a ser professor.
tudo um pouco, mas esperando aquele convite
para fazer quadrinhos, sempre. Agora que estou
fazendo curso de artes visuais também planejo
lecionar, mas ainda não amadureci a ideia,
pois ainda estou aprendendo a ser professor.
Tony
48: Você tem muito a ensinar.
Já nasceu pra isso, pode acreditar...
Alguma frustração profissional?
Já nasceu pra isso, pode acreditar...
Alguma frustração profissional?
GUSTAVO:
sinceramente, nenhuma.
Seria muito mal agradecido se olhasse para
trás e sentisse que faltou algo. Sempre fui
atrás das coisas que me interessavam em
desenho, e acho que consegui mais do que
poderia supor, graças a muitas oportunidades
que me foram dadas e amigos que me
auxiliaram durante minha caminhada.
Seria muito mal agradecido se olhasse para
trás e sentisse que faltou algo. Sempre fui
atrás das coisas que me interessavam em
desenho, e acho que consegui mais do que
poderia supor, graças a muitas oportunidades
que me foram dadas e amigos que me
auxiliaram durante minha caminhada.
GUSTAVO:
desenhar para um grande gibi, ou
mais, como aquelas belas publicações como:
Metal Hurlant e Heavy Metal, Pilote, Cimoc,
Fierro, Zona 84, El Víbora, Creepy, Eerie, e tantas outras...
que saíssem todo mês nas bancas, repletas
de HQs de um monte de velhos e novos amigos,
e que vendesse muitos milhares de exemplares!
mais, como aquelas belas publicações como:
Metal Hurlant e Heavy Metal, Pilote, Cimoc,
Fierro, Zona 84, El Víbora, Creepy, Eerie, e tantas outras...
que saíssem todo mês nas bancas, repletas
de HQs de um monte de velhos e novos amigos,
e que vendesse muitos milhares de exemplares!
Tony
50: Este sonho seu, acho que é o de milhares
de autores de HQs. Deus te ouça...
Copa do Mundo 2014? Seleção brasileira...
e qual é o seu time de futebol do coração ?
de autores de HQs. Deus te ouça...
Copa do Mundo 2014? Seleção brasileira...
e qual é o seu time de futebol do coração ?
GUSTAVO:
Olha, nunca acompanhei futebol, nem
fui de jogar bola quando criança, mas sempre torci
muito pelas seleções brasileiras, não só de
futebol, como vôlei e basquete. Mas depois daquele
fiasco da Copa de 2006, deixei de curtir os jogos
com aquela emoção patriótica e ingênua, de até então.
Não sou fanático nem acompanho os campeonatos,
mas sempre que vejo o Botafogo em
campo me emociono. Amor de infância.
fui de jogar bola quando criança, mas sempre torci
muito pelas seleções brasileiras, não só de
futebol, como vôlei e basquete. Mas depois daquele
fiasco da Copa de 2006, deixei de curtir os jogos
com aquela emoção patriótica e ingênua, de até então.
Não sou fanático nem acompanho os campeonatos,
mas sempre que vejo o Botafogo em
campo me emociono. Amor de infância.
Tony
51: Botafogo... eu sabia, ninguém é perfeito (Rsss...).
Livros que você recomenda?
Livros que você recomenda?
GUSTAVO:
Em matéria de livros, tenho ótimos
gibis para recomendar! hahaha... Brincadeira,
mas leio menos do que gostaria. Gosto muito de
biografias e livros sobre música, cinema e
quadrinhos. Também gosto de Machado de
Assis, e de vários livros espíritas,
psicografados por Chico Xavier e outros autores.
gibis para recomendar! hahaha... Brincadeira,
mas leio menos do que gostaria. Gosto muito de
biografias e livros sobre música, cinema e
quadrinhos. Também gosto de Machado de
Assis, e de vários livros espíritas,
psicografados por Chico Xavier e outros autores.
Tony
52: Grande Chico Xavier, este foi o cara...
Filmes, atores e atrizes que você curte?
Filmes, atores e atrizes que você curte?
GUSTAVO:
Ah, cinema é outra grande paixão!
Meu filme predileto, desde a primeira vez
que assisti é “2001, uma Odisseia no Espaço”,
do grande diretor Stanley Kubrick. Adoro
outros clássicos de ficção científica, como a
série original do “Planeta dos Macacos”, “O dia
em que a Terra Parou”, “Alien”, “Laranja
Mecânica”, “Jornada nas Estrelas”, “Guerra nas
Estrelas”, “Contatos Imediatos do 3º Grau”, “Starman”,
e os mais novos, como “Contato” e “Efeito Borboleta”.
Não posso deixar de citar minha série predileta
nessa categoria, a clássica “Além da Imaginação”.
Meu filme predileto, desde a primeira vez
que assisti é “2001, uma Odisseia no Espaço”,
do grande diretor Stanley Kubrick. Adoro
outros clássicos de ficção científica, como a
série original do “Planeta dos Macacos”, “O dia
em que a Terra Parou”, “Alien”, “Laranja
Mecânica”, “Jornada nas Estrelas”, “Guerra nas
Estrelas”, “Contatos Imediatos do 3º Grau”, “Starman”,
e os mais novos, como “Contato” e “Efeito Borboleta”.
Não posso deixar de citar minha série predileta
nessa categoria, a clássica “Além da Imaginação”.
Sou aficcionado por filmes passados durante o
Império Romano, como “Ben-Hur”, “Barrabás”,
“O Manto Sagrado”, e os mais recentes, “Gladiador”
e a ótima série da HBO, “Roma”. Também gosto
de drama, comédia, aventura... Enfim, me considero
um cinéfilo, desses de curtir ficar conversando sobre
cinema por horas e horas.
Em tempo: Amo os filmes de Chaplin, Hitchcock,
François Truffaut,
François Truffaut,
Jerry Lewis e
Woody Allen.
Gosto
de muitos atores e atrizes, mas os
que me vem na cabeça agora são: Dustin Hoffman,
James Stewart, Charlton Heston, Elizabeth Taylor,
Robin Williams, Clint Eastwood, Meryl Streep,
Jack Lemmon, Henry Fonda, Tom Hanks,
Audrey Hepburn, Shirley Maclaine, e outros que
só vou lembrar depois...
que me vem na cabeça agora são: Dustin Hoffman,
James Stewart, Charlton Heston, Elizabeth Taylor,
Robin Williams, Clint Eastwood, Meryl Streep,
Jack Lemmon, Henry Fonda, Tom Hanks,
Audrey Hepburn, Shirley Maclaine, e outros que
só vou lembrar depois...
No
Brasil, sou mais ligado nos diretores,
como Domingos de Oliveira, Bruno Barreto
e Fernando Meirelles.
como Domingos de Oliveira, Bruno Barreto
e Fernando Meirelles.
Tony 53: Parabéns pelo bom gosto
cinematográfico e profundo conhecimento...
Walt Disney e Mauricio de Sousa?
Qual é o seu conceito sobre eles?
cinematográfico e profundo conhecimento...
Walt Disney e Mauricio de Sousa?
Qual é o seu conceito sobre eles?
GUSTAVO:
Dois grandes criadores e
produtores de fantasia, cada um no seu
tempo e dentro do contexto de suas épocas.
produtores de fantasia, cada um no seu
tempo e dentro do contexto de suas épocas.
Disney
se destacou desde cedo, ao criar
o Mickey para curtas-metragens, e alcançou
a fama com “Branca de Neve e os Sete Anões”, em 1937.
Dali em diante é história... Ele influenciou
e continua marcando gerações de artistas,
inclusive Maurício de Sousa. Quando Disney
faleceu, em dezembro de 1966, Maurício começava
a buscar o seu lugar, até ficar conhecido
nacionalmente através dos comerciais da Cica
e o lançamento do gibi da Mônica, em 1970.
Sempre fui fã dos dois, mas até hoje só
consegui desenhar para o primeiro.
o Mickey para curtas-metragens, e alcançou
a fama com “Branca de Neve e os Sete Anões”, em 1937.
Dali em diante é história... Ele influenciou
e continua marcando gerações de artistas,
inclusive Maurício de Sousa. Quando Disney
faleceu, em dezembro de 1966, Maurício começava
a buscar o seu lugar, até ficar conhecido
nacionalmente através dos comerciais da Cica
e o lançamento do gibi da Mônica, em 1970.
Sempre fui fã dos dois, mas até hoje só
consegui desenhar para o primeiro.
Taí,
talvez essa seja uma frustração...
Ter desenhado tantos quadrinhos infantis,
mas nunca ter trabalhado com o Maurício de Sousa...
Ter desenhado tantos quadrinhos infantis,
mas nunca ter trabalhado com o Maurício de Sousa...
Tony
54: Chiclete com Banana ou Geraldão?
Qual das duas publicações você compraria
para ler numa ilha deserta?
Qual das duas publicações você compraria
para ler numa ilha deserta?
GUSTAVO:
Angeli e Glauco sempre foram muito bons!
Vivi a época em que eles aconteceram, nos gibis
da Circo Editorial, editados pelo talentoso Toninho
Mendes, e que também publicava o grande Luiz
Gê e Laerte, de quem, confesso, sou mais fã.
Agora, já que tenho que escolher um dos dois
para levar para uma ilha deserta...
Não os autores, hehe... que fique claro!
Levaria os gibis do Glauco!
Vivi a época em que eles aconteceram, nos gibis
da Circo Editorial, editados pelo talentoso Toninho
Mendes, e que também publicava o grande Luiz
Gê e Laerte, de quem, confesso, sou mais fã.
Agora, já que tenho que escolher um dos dois
para levar para uma ilha deserta...
Não os autores, hehe... que fique claro!
Levaria os gibis do Glauco!
Tony
55: Gustavo Machado por Gustavo Machado...
quem é você? Tente se autodefinir...
quem é você? Tente se autodefinir...
GUSTAVO:
Ai... difícil, hein?... Parece aquela perguntinha
final das entrevistas da Marília Gabriela, haha...
final das entrevistas da Marília Gabriela, haha...
Posso
dizer que sempre fui obstinado em aprender
desenho e sobre desenho. Desenho sem parar desde
os três anos de idade, e tenho quase tudo que
rabisquei guardado até hoje, acredita? Minha mulher
diz que sou um acumulador! Hahaha... Mas o fato é que,
de tempos em tempos, pego minhas velhas pastas e
papelada antiga e fico revendo tudo. Passa um filme
por minha cabeça, começo a relembrar tudo o que
eu gostava em cada fase, o que me interessava aprender
em certa época, meus desafios, as descobertas e
soluções gráficas. Esse resgate sempre me trás
um novo fôlego, principalmente naqueles
momentos em que questionamos o que fazemos,
se foram as escolhas certas...
desenho e sobre desenho. Desenho sem parar desde
os três anos de idade, e tenho quase tudo que
rabisquei guardado até hoje, acredita? Minha mulher
diz que sou um acumulador! Hahaha... Mas o fato é que,
de tempos em tempos, pego minhas velhas pastas e
papelada antiga e fico revendo tudo. Passa um filme
por minha cabeça, começo a relembrar tudo o que
eu gostava em cada fase, o que me interessava aprender
em certa época, meus desafios, as descobertas e
soluções gráficas. Esse resgate sempre me trás
um novo fôlego, principalmente naqueles
momentos em que questionamos o que fazemos,
se foram as escolhas certas...
Essa
viagem afetiva pelo tempo, através de tudo
que desenhei sempre me trás de volta ao presente
com a certeza renovada de que eu não poderia ter
feito outra coisa na vida que não fosse o que
faço até hoje e, se Deus permitir, ainda por uns bons anos,
que desenhei sempre me trás de volta ao presente
com a certeza renovada de que eu não poderia ter
feito outra coisa na vida que não fosse o que
faço até hoje e, se Deus permitir, ainda por uns bons anos,
desenhar e aprender, sempre.
Além
da arte que me acompanha, tento sempre me
ver nas situações da vida e perceber se estou
melhorando como ser humano.
A gente aprende errando, não?
E fico parcialmente feliz quando me vejo errando
menos e sendo mais atencioso e agradecido.
Passamos por tantas provas e continuamos
aqui, e mais do que sobreviventes, penso que
tudo isso é uma grande escola, e que
estamos passando de ano, sempre, mesmo
com algumas eventuais reprovações e recuperações.
ver nas situações da vida e perceber se estou
melhorando como ser humano.
A gente aprende errando, não?
E fico parcialmente feliz quando me vejo errando
menos e sendo mais atencioso e agradecido.
Passamos por tantas provas e continuamos
aqui, e mais do que sobreviventes, penso que
tudo isso é uma grande escola, e que
estamos passando de ano, sempre, mesmo
com algumas eventuais reprovações e recuperações.
Tony
56: "Passando de ano, sempre, mesmo
com algumas eventuais reprovações e recuperações",
achei isso genial... (Rsss...)...Família? Deus e religiões?
com algumas eventuais reprovações e recuperações",
achei isso genial... (Rsss...)...Família? Deus e religiões?
GUSTAVO:
Minha família, meus pais, irmã e sobrinho,
assim como minha mulher e minhas duas filhas são
o meu Norte. Faço tudo pensando neles, e dedicando
a eles. Meus pais sempre me incentivaram e apoiaram
tudo o que eu quisesse fazer ou seguir, desde criança.
Nunca me faltou lápis, papel e torcida. Papai, mamãe
e a maninha são os meus mais antigos fãs.
Minha filha mais velha é ilustradora, formada
em Artes Visuais, e minha caçula estuda filosofia,
outra matéria que eu amo. As duas convivem
tranquilamente com o pai artista, já que a
cabecinha delas está sempre voando também,
e minha mulher me atura como ninguém.
Digo isso porque não deve ser fácil viver
com um cara que prefere conversar sobre
uma linda ilustração que acabou de ver
do que resolver sobre o chuveiro
que queimou, hahaha...
assim como minha mulher e minhas duas filhas são
o meu Norte. Faço tudo pensando neles, e dedicando
a eles. Meus pais sempre me incentivaram e apoiaram
tudo o que eu quisesse fazer ou seguir, desde criança.
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Com a irmãzinha e a mãe (1962) |
Nunca me faltou lápis, papel e torcida. Papai, mamãe
e a maninha são os meus mais antigos fãs.
Minha filha mais velha é ilustradora, formada
em Artes Visuais, e minha caçula estuda filosofia,
outra matéria que eu amo. As duas convivem
tranquilamente com o pai artista, já que a
cabecinha delas está sempre voando também,
e minha mulher me atura como ninguém.
Digo isso porque não deve ser fácil viver
com um cara que prefere conversar sobre
uma linda ilustração que acabou de ver
do que resolver sobre o chuveiro
que queimou, hahaha...
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Com a mãe e as filhas |
Tony
57: Família, você deu um show de dissertação...
mas quanto a Deus e Religiões, saltou de banda.
Enrolou ou se esqueceu de responder.
Mas, deixa pra lá... Artista da arte sequencial no
qual sempre se inspirou?
mas quanto a Deus e Religiões, saltou de banda.
Enrolou ou se esqueceu de responder.
Mas, deixa pra lá... Artista da arte sequencial no
qual sempre se inspirou?
GUSTAVO:
Passei uma lista enorme de artistas
que me marcaram durante toda a vida, mas se
tivesse que escolher apenas um, ou, se pudesse ser um deles,
seria Alex Toth!
que me marcaram durante toda a vida, mas se
tivesse que escolher apenas um, ou, se pudesse ser um deles,
seria Alex Toth!
![]() |
A, arte de Alex Toth |
Tony
58: Perdão, mestre... meu "HD" jurássico falhou,
pra variar... (Rsss...). Eu já tinha feito esta questão...
Tem ideia de quantas páginas de HQs, incluindo Disney, produziu
ao longo dos anos? Acho que isto eu ainda não perguntei (espero)...
pra variar... (Rsss...). Eu já tinha feito esta questão...
Tem ideia de quantas páginas de HQs, incluindo Disney, produziu
ao longo dos anos? Acho que isto eu ainda não perguntei (espero)...
GUSTAVO:
Meus primeiros quadrinhos profissionalmente
no “Sítio do Picapau Amarelo” não tenho como contar
agora, embora guarde a maior parte dos gibis com
meus desenhos. A produção da Grafipar está contabilizada
e registrada, algo em torno de 500 páginas.
Minha produção pela Abril Jovem, referente aos
“Trapalhões”, “Gugu” e “Sergio Mallandro”, passa
de duas mil páginas, e minha produção para Disney
vai além das mil páginas, segundo minhas anotações.
Mas também desenhei algumas poucas HQs para
a Vecchi, além da “Turma do Arrepio” e “Xuxa”.
Também produzi bastante páginas de quadrinhos
corporativos e institucionais, muitos em parceria
com meu casal de amigos, Tomaz e
Denise Ortega, através do seu estúdio Gibiosfera.
no “Sítio do Picapau Amarelo” não tenho como contar
agora, embora guarde a maior parte dos gibis com
meus desenhos. A produção da Grafipar está contabilizada
e registrada, algo em torno de 500 páginas.
Minha produção pela Abril Jovem, referente aos
“Trapalhões”, “Gugu” e “Sergio Mallandro”, passa
de duas mil páginas, e minha produção para Disney
vai além das mil páginas, segundo minhas anotações.
Mas também desenhei algumas poucas HQs para
a Vecchi, além da “Turma do Arrepio” e “Xuxa”.
Também produzi bastante páginas de quadrinhos
corporativos e institucionais, muitos em parceria
com meu casal de amigos, Tomaz e
Denise Ortega, através do seu estúdio Gibiosfera.
Tony
59: Cara, deixa quieto... você produziu muito.
É fantástico... meus parabéns. E disso que
precisamos nesse país, precisamos de gente
que faz, como você, acontecer... Gênero favorito
de filmes ou HQs: Guerra, aventura, western, sci-fi,
comédia, terror ou drama?
É fantástico... meus parabéns. E disso que
precisamos nesse país, precisamos de gente
que faz, como você, acontecer... Gênero favorito
de filmes ou HQs: Guerra, aventura, western, sci-fi,
comédia, terror ou drama?
GUSTAVO: Acima de tudo, sci-fi, mas gosto
de qualquer gênero, até filmes iranianos.
Também curto muito filmes B, inclusive alguns
bem trash! hahaha...
de qualquer gênero, até filmes iranianos.
Também curto muito filmes B, inclusive alguns
bem trash! hahaha...
Tony
60: Qual é o seu gênero de música preferido?
Samba, bossa nova, jazz, blues ou rock and roll?
Samba, bossa nova, jazz, blues ou rock and roll?
GUSTAVO:
Sou acima de tudo um beatlemaníaco confesso!
Adoro o rock e pop dos anos 60, 70 e 80. Amo rock
progressivo, bossa nova, jovem guarda, jazz,
MPB, música clássica... Ah, sou bem eclético
com música, mas não gosto de axé, funk e sertanejo.
Adoro o rock e pop dos anos 60, 70 e 80. Amo rock
progressivo, bossa nova, jovem guarda, jazz,
MPB, música clássica... Ah, sou bem eclético
com música, mas não gosto de axé, funk e sertanejo.
Tony
61: As HQs impressas, a seu ver, têm futuro?
Ou a tendência mundial são as HQs virtuais, através
de assinaturas on line?
Ou a tendência mundial são as HQs virtuais, através
de assinaturas on line?
GUSTAVO:
As gerações mais novas gostam desse
formato virtual, pois cresceram com essa mídia,
mas eu não tenho o menor saco pra ficar lendo
quadrinhos em monitor! Somos da geração do gibi
de papel, com volume e cheiro! Nunca esqueço uma
vez, quando meu amigo Franco de Rosa contou que
certa vez fizeram uma enquete: qual editora
tinha os gibis mais cheirosos? Ganhou a
Ebal, com justiça! Pessoalmente, sempre fui
viciado naquele cheiro de tinta dos gibis da
Ebal, e quando tive a oportunidade de
conhecer seu parque gráfico, quase passei mal
por overdose! Hahaha...
formato virtual, pois cresceram com essa mídia,
mas eu não tenho o menor saco pra ficar lendo
quadrinhos em monitor! Somos da geração do gibi
de papel, com volume e cheiro! Nunca esqueço uma
vez, quando meu amigo Franco de Rosa contou que
certa vez fizeram uma enquete: qual editora
tinha os gibis mais cheirosos? Ganhou a
Ebal, com justiça! Pessoalmente, sempre fui
viciado naquele cheiro de tinta dos gibis da
Ebal, e quando tive a oportunidade de
conhecer seu parque gráfico, quase passei mal
por overdose! Hahaha...
Tony 62: Essa foi ótima! Overdose... Rssss.... Ufa!
Depois dessa saraivada de questões, Gustavão, só me resta
agradecer por sua atenção e colaboração. Se quiser deixar
um e-mail, fone, ou site, fique a vontade.
E, até breve, bengala brother. E que Deus o mantenha
sempre assim, criativo e acessível. Muita paz e felicidade
para você e seus entes queridos.
Depois dessa saraivada de questões, Gustavão, só me resta
agradecer por sua atenção e colaboração. Se quiser deixar
um e-mail, fone, ou site, fique a vontade.
E, até breve, bengala brother. E que Deus o mantenha
sempre assim, criativo e acessível. Muita paz e felicidade
para você e seus entes queridos.
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Cartaz GIBICON 2012 |
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Aos 11 anos de idade, a primeira tentativa der fazer uma HQ |
![]() |
Hq que Gustavo fez aos 13 anos |
![]() |
HQ de Terror - Texto: Franco de Rosa - Arte: Gustavo |
GUSTAVO:
Tony, agradeço imensamente por essa
oportunidade e todo o carinho como conduziu
essa entrevista. Foi um gostoso bate papo, que
me fez um bem imenso por resgatar tão boas
lembranças e poder compartilhá-las com você
e os amigos que se interessaram em me
conhecer. Foi através de entrevistas como
essa que aprendi muito sobre a nossa profissão,
e sempre que tenho a oportunidade de falar
um pouco da minha vida profissional tenho
a preocupação maior de poder falar um pouco
mais sobre esse nosso ramo que, embora maravilhoso
e mágico ainda e pouco valorizado.
oportunidade e todo o carinho como conduziu
essa entrevista. Foi um gostoso bate papo, que
me fez um bem imenso por resgatar tão boas
lembranças e poder compartilhá-las com você
e os amigos que se interessaram em me
conhecer. Foi através de entrevistas como
essa que aprendi muito sobre a nossa profissão,
e sempre que tenho a oportunidade de falar
um pouco da minha vida profissional tenho
a preocupação maior de poder falar um pouco
mais sobre esse nosso ramo que, embora maravilhoso
e mágico ainda e pouco valorizado.
Quem
quiser pode me encontrar no Facebook, é só digitar
“Gustavo Machado” e procurar por uma foto com um careca!
“Gustavo Machado” e procurar por uma foto com um careca!
Tony
63: Um careca... (Rssss...) você é um brincalhão nato.
Esta entrevista, com certeza, está sendo uma das
melhores que já fiz, inclusive por sua lucidez e
detalhes informativos preciosos sobre os bastidores do
mundo das HQs. Ah... ia me esquecendo... deixe aí um
recado para a galera que curte seu trabalho e para os
novos autores que estão atualmente b
atalhando pelas HQs nacionais. Alguma dica
importante para se dar bem nessa difícil,
mas adorável, profissão?
Esta entrevista, com certeza, está sendo uma das
melhores que já fiz, inclusive por sua lucidez e
detalhes informativos preciosos sobre os bastidores do
mundo das HQs. Ah... ia me esquecendo... deixe aí um
recado para a galera que curte seu trabalho e para os
novos autores que estão atualmente b
atalhando pelas HQs nacionais. Alguma dica
importante para se dar bem nessa difícil,
mas adorável, profissão?
GUSTAVO:
Lendo entrevistas como essa e outras
fantásticas que você disponibiliza nesse blog, o
aspirante e amante de quadrinhos tem a chance
de conhecer melhor como funciona esse nosso universo.
É um trabalho como outro qualquer, que só vai pra
frente se houver muita paixão e dedicação, sempre.
Infelizmente não temos boas escolas de desenho no
Brasil, então a solução é ir atrás dos lugares e pessoas
que produzem quadrinhos, e pedir que avaliem o
material, aceitando os conselhos com humildade.
Outra coisa importantíssima que sempre friso
para quem quer entrar no mercado - Cumpram os
prazos estabelecidos! Conheci muitos artistas
talentosíssimos, mas completamente desorganizados,
dando furo nos compromissos assumidos com a
desculpa que queriam caprichar mais ou que não
estavam inspirados. Nosso trabalho é como
outro qualquer, com pessoas e processos de
produção que dependem de nós para continuar
fluindo, até que o material saia publicado. Se o cara
não consegue ou se interessa em ter disciplina, deve
então levar seu talento como um hobby, você não acha?
fantásticas que você disponibiliza nesse blog, o
aspirante e amante de quadrinhos tem a chance
de conhecer melhor como funciona esse nosso universo.
É um trabalho como outro qualquer, que só vai pra
frente se houver muita paixão e dedicação, sempre.
Infelizmente não temos boas escolas de desenho no
Brasil, então a solução é ir atrás dos lugares e pessoas
que produzem quadrinhos, e pedir que avaliem o
material, aceitando os conselhos com humildade.
Outra coisa importantíssima que sempre friso
para quem quer entrar no mercado - Cumpram os
prazos estabelecidos! Conheci muitos artistas
talentosíssimos, mas completamente desorganizados,
dando furo nos compromissos assumidos com a
desculpa que queriam caprichar mais ou que não
estavam inspirados. Nosso trabalho é como
outro qualquer, com pessoas e processos de
produção que dependem de nós para continuar
fluindo, até que o material saia publicado. Se o cara
não consegue ou se interessa em ter disciplina, deve
então levar seu talento como um hobby, você não acha?
Tony 64 : Você disse tudo, bengala brother! É isso aí,
crazy people! Fiquem plugados e até nossa próxima
entrevista! Valeu!
See you later, cowboys! Be well!
crazy people! Fiquem plugados e até nossa próxima
entrevista! Valeu!
See you later, cowboys! Be well!
Copyright
2014\Tony Fernandes
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Pégasus – Uma Divisão de Arte e Criação da
Pégasus
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os Direitos Reservados
Proibida a Reprodução Total ou Parcial
As imagens aqui postadas, a título ilustrativo, foram cedidas
pelo entrevistado, e seus direitos são exclusivos dele,
de seus familiares ou representantes legais.
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de seus familiares ou representantes legais.
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