No
passado, no cinema e na TV, heróis do Oeste viviam fantásticas,
movimentadas e inesquecíveis aventuras que deixavam extasiados
jovens de todo o mundo. Nos cinemas as filas eram imensas para
assistir essas películas em preto e branco que faziam a cabeça de
adolescentes e adultos.
Não demorou muito para que Roy Rogers, o
cowboy cantor, Hopalong Cassidy, Tim Holt, Cisco Kid, Buck Jones e outros ícones
da telona se transformassem em campeões de vendas das revistas em
quadrinhos. Até as gloriosas Marvel e a DC Comics lançaram muitos
títulos de HQs desse gênero. A partir dos anos 60, esses valentes
personagens começaram a desaparecer de cena ante o surgimento de uma
verdadeira legião de super-heróis que acabaram dominando o mercado
cinematográfico e editorial.
Nos últimos anos, poucos editores
ousaram lançar títulos desse gênero relegando ao esquecimento seus
saudosos e antigos leitores. Publicações como Jonah Hex, Apache e o
clássico Tex, da Bonelli Comics, são os últimos produtos editorias
que ousaram representar esta época dourada das HQs de faroeste nas
bancas do país.
Mas,
quem pensa que o século XXI pertence somente aos fãs de super-seres
e mangás está equivocado. Ainda existem muitos nostálgicos por aí,
que curtem Tex. A seguir, conheça um clube tipicamente retro e que
agrega pessoas que adoram as coisas do velho Oeste. Saiba mai sobre
os...
COWBOYS
DO ASFALTO!
O
CLUBE DOS AMIGOS
Desde
1977, um grupo de pessoas aficcionadas por histórias em quadrinhos,
filmes e pelas coisas do velho Oeste selvagem se reúnem na cidade de
São Paulo, para rever antigos filmes, seriados e, obviamente,
compartilhar com aqueles que tem a mesma afinidade gibis antigos e
trocar idéias e souvenirs daquela época remota. O curioso é que a
maioria dos participantes desta verdadeira confraria comparecem aos
eventos caracterizados de cowboys e cowgirls, com: botas, chapelões,
lenços no pescoço, rifles, etc. Também aparecem nessas reuniões
pessoas usando os tradicionais sombreros mexicanos, com roupas
típicas.
Essas
efemérides animadíssimas são comandadas pelo conhecido professor
Diamantino da Silva, que tem 87 anos. Ele é um apaixonado pelo tema:
Oeste. Ele é um estudioso de HQs, colecionador, e autor de livros
sobre Quadrinhos e seus autores. Diamantino ostenta no peito a
estrela de xerife, é super respeitado por todos, pois foi graças a
ele que surgiu o já famoso Clube Amigos do Western.
Diamantino, o xerife do Clube |
Filmes clássicos são exibidos |
Apesar
do clima festivo, nessas reuniões não ocorrem as tradicionais
arruaças que costumávamos ver nos velhos filmes de bang-bang nas
cenas de saloons, como: disparos de tiros a riveria, bêbados
encrenqueiros, dançarinas de cabaré ou aquelas típicas trocas de
sopapos num quebra-quebra generalizado, que quase destruiam o
ambiente, pois aqueles que se reúnem nesse curioso clube são, em
geral, senhores e senhoras respeitáveis, de idade avançada – em
sua grande maioria -, e não faltam as tradicionais e charmosas
cowgirls, também trajando roupas no elegante estilo country.
SESSÕES
DE CINEMA RETRO
Todos
os sábados, sessões de cinema acontecem na sede do clube, que fica
na rua Santa Cruz, 1584, na vila Gumercindo, zona sul de São Paulo,
fone: (11) 5063-3145. O curioso é que os sócios e convidados, em
geral, comparecem trajando roupas parecidas com os mocinhos dos
filmes que são exibidos.
Assim,
esta sessão de cinema retro apresenta os cowboys armados na tela e
na animada platéia, porém os tiros só acontecem nas películas.
O
INCRÍVEL DÉDY EDSON
Ele
tem 67 anos e é incansável, super ativo. Participa dos eventos há
muito tempo. Ele é um conhecido colecionador de gibis, vidrado em
filmes e revistas em quadrinhos sobre o velho o Oeste e um expert
quando o assunto é The Phantom (o Fantasma), antigo personagem do
universo das HQs criado pelo genial escriba americano Lee Falk.
Os
bailes countries são organizados pelo eclético e incansável Dédy,
que também é professor de dança. Ele selecionado os interessados
em participar – homens e mulheres -, que comparecem ao ensaio –
um dia antes da festa. Com paciência oriental Dédy Edson ensino os
passos corretos para os dançarinos, que também se apresentaram
caracterizados com trajes tipicamente da época do velho Oeste
selvagem.
Nos
bailes típicos do Oeste Dédy , geralmente, dança com sua
animada irmã Elizabeth Gomes, que se pudesse seria a atriz Jane
Powell - que tanto admira - , estrela da comédia musical Sete Noivas
Para Sete Irmãos.
O
som do banjo vem de um CD e toma conta do ambiente. Já algum tempo,
ele procura por músicos que possam colaborar para animar essas
reuniões. Os interessados devem entrar em contato através do fone:
(11) 5063-3145, ou se dirigir pessoalmente ao clube, de preferência
aos sábados, visto que durante a semana esses maravilhosos cowboys
tupiniquins estão muito ocupados em nas diversas atividades que cada
um deles exerce.
As
reuniões do Clube Amigos do Western é um verdadeiro baile a
fantasia, com muito charme, descontração e alegria. É nele que
antigos amigos se encontram, colocam as conversas em dia, discutem
produções cinematográficas, relembram os grandes astros e estrelas
dos filmes antigos, levam exemplares raros de gibis do gênero e, de
repente, esquecem as agruras do dia a dia, num clima típico de
Nashville – templo da música country americana - em plena selva de
concreto - que é a capital paulista.
COMO
TUDO COMEÇOU...
A
exatamente 16 anos atrás, Diamantino Silva, que sempre teve alguns
amigos que também eram vidradas nas coisas do velho oeste, teve a
idéia de fundar a entidade. Inicialmente as reuniões eram
realizadas numa sala no Cine Clube Bandeirantes, no bairro da
Aclimação. Na medida em que os associados iam surgindo o espaço
físico ficou pequeno. Era preciso ampliar o clube, organizar a
coisa.
Algum
tempo depois, uma pequena casa de fundos teve suas paredes derrubadas
para dar lugar a nova sede. Cadeiras antigas, compradas de um cinema
que havia fechado foram adquiridas e foram levadas para equipar a
sala de exibição de filmes. Quem conhece o local afirma que adoram
bater papo numa pequena área onde fazem pipocas e cafés antes de
iniciar as tão esperadas sessões cinematográficas.
Fora
do conjunto há uma ótima área livre onde se realizam os famosos
bailes e exibições de danças countries. Vira
e mexe é possível encontrar nessa verdadeira confraria do faroeste
escribas e desenhistas de HQs, convidados ou que acabaram descobrindo
o clube através de um amigo que foi, aprovou e recomendou.
ROY
ROGERS, TEX, E UMA LEGIÃO DE
Há
quem curta apenas as películas antigas do gênero. Outros, se
deliciam com os filmes antigos e com o fantástico acervo de gibis
dos colecionadores Dédy Nelson e Diamantino. Essas edições
antigas de quadrinhos tem como protagonistas lendários cowboys,
como: Roy Rogers, Cisco Kid, Cavaleiro Negro, Búfalo Bill, Tim Holt,
Rocky Lane e o ranger mais querido do Brasil: Tex (da Bonelli
Comics), e que já há alguns anos tem diversos títulos lançados
pela Mythos editora.
Como
atualmente é raro vermos nas bancas de jornais revistas em
quadrinhos de faroeste – parece que os editores se esqueceram de
seus antigos leitores -, e apenas Tex continua firme, resistindo
heróicamente e gloriosamente - há mais de 50 anos - num espaço que
foi dominado quase que completo, desde a década de 60, por
super-heróis e mangás, rever estas raridades impressas do passado
desses eternos heróis do western, que marcaram época e nossas
infâncias, é um verdadeiro paraíso.
O
querido cowboy e bengala brother Dédy Edson, me convidou – ao nos
encontrarmos por acaso no centro da cidade – para participar da
última festa realizada na sede do clube, que estava comemorando 36
anos. Tentei me programar, mas devido a problemas de ordem familiar
acabei perdendo a oportunidade de conhecer e participar dessa
efeméride.
Mas,
brevemente farei uma visita à essa interessante entidade, já
prometi ao Dédy, que gentilmente me passou o e-mail do professor
Diamantino – que vi uma única vez, quando este visitou a sede da
extinta editora Noblet – onde eu trabalhava-, quando fazia um
levantamento sobre autores de HQs para realizar um de seus livros
sobre a nona arte.
Na
década de 90, o amigo e grande autor de HQs Paulo Hamaski, me falou
sobre um clube que ele freqüentava onde se reunião apenas pessoas
interessadas em falar, comentar, ler e assistir filmes sobre o velho
Oeste.
Nunca
mais ouvi falar sobre o tal clube e confesso que fiquei surpreso,
quando ao encontrar Dédy – que eu não via há anos -, ele disse
que participava ativamente e que o Clube dos Amigos do Western ainda
existia.
Sugiro
que o bengala brother, colecionador, fotógrafo, escritor, e Tex
maníaco,
Gegê Carsan - que costuma comparecer a eventos promovidos
pela Mythos caracterizado de Tex - faça uma visita a este clube sui
generis. Segundo os que freqüentam essas reuniões, vale a pena.
No
que se refere a parte musical, Bira Dantas, o mago dos caricaturistas
do país, que também é um exímio gaitista, poderia programar um
dia para visitar o clube e promover um showzaço de músicas
countries. Bira, cadê você!? Anotou o fone do clube, brotherzão?
Gege, você também não pode faltar na festa!
Gegê
e Bira, quando aparecerem por lá me avisem com antecendência, quero
registrar o fato em fotos.
NEY
FOGUETE
É
de se estranhar que em meio ao belo acervo de gibis de faroeste o
visitante acabe encontrando algumas edições de Ney Foguete, um
herói espacial que foi criado por Diamantino, ex-professor de
desenho e artes gráficas da Fundação Alvares Penteado (FAAP).
Segundo os amigos, Diamantino sempre foi ativo e eclético. Criou
personagens, fez e publicou HQs e livros sobre a arte seqüencial e
seus autores.
Aos
sábados, Diamantino Silva apresenta o programa Mocinhos e Bandidos
pela TV Geração Z (www.tvgeracaoz.com.br).
Ele diz que faz com prazer o programa da TV on line, mas encontrar os
cowboys no clube semanalmente é sua grande paixão.
NOVIDADES
Além
dos filmes exibidos com freqüência na sala de exibição do clube,
de vez em quando, a grande novidade para os associados são os
esporádicos shows musicais que já há algum tempo vem acontecendo.
Esses shows são realizados por músicos desconhecidos que se exibem
no centro da cidade. Muitos são bolivianos ou nordestinos, que se
apresentam vestidos com roupas típicas.
“O
clube está bombando! Só está faltando os cavalos! Ri-ri-ri...”-
afirmou Diamantino, bem humorado.
O
FANTASMA, DE LEE FALK
Também
destoando dos gibis expostos aos associados do clube é possível
encontrar no acervo de Dédy Edson o Fantasma, criação Mor do
escritor Lee Falk. “Sou o maior colecionador e pesquisador do
Fantasma no país.”, assegurou Dédy, que criou um fanzine com a
história da dinastia dos 21 Fantasmas.
“Apesar
do Clube reunir semanalmente gente fissurada em faroeste, muitos
desses freqüentadores também são fãs do Fantasma.”, afirma
Dédy. “Os gibis do meu acervo, sobre o personagem de Lee Falk, que
também criou o mágico Mandrake, são muito procurados.
Quando
Dédy mencionou esse velho herói mascarado das HQs, me lembrei do
meu tempo de infância... a Rio Gráfica e Editora (atual Globo) foi
a primeira – que eu me lembre – a lançar gibis em cores. E
advinha qual foi o primeiro personagem a ser editado em cores no
Brasil? A resposta você já deve ter deduzido: O Fantasma.
Recordo
que eu gastava boa parte da minha mesada com revistas de quadrinhos e
que um dos meus heróis favoritos era este herói misterioso que
morava numa caverna estranha na selva de Bengala. O incrível é que
as primeiras edições do Fantasma, em cores, simplesmente evaporavam
das bancas, caso você não a comprasse até o meio-dia.
O
Fantasma, na época, era mais popular que qualquer outro super-herói
Marvel. Acho que mais conhecido que o Fantasma de Lee Falk, só o
Superman gozava de tamanha popularidade.
Eu
tinha uma coleção incrível deste carismático personagem,
inclusive, os pocket books lançados no Brasil dos clássicos,
lançados pela editora Saber, desenhados por Ray Moore.
DÉDY
E SUA HEMEROTECA
Nem
só de filmes sobre o velho Oeste vive o homem. Dédy afirmou que tem
mais de 5 mil DVDs de filmes antigos, com temas bem diversificados.
Se você quiser saber mais, consulte:
hemerotecadotatuape.blogspot.com.br. Ali você vai ficar por dentro
do imenso acervo de Dédy e vai poder, também, adquirir filmes e
gibis raros.
MISTER
JACK
Dédy
Edson, exímio dançarino, afirma que aprendeu a arte da dança
graças a seu pai, Mister Jack, que imitava All Jolson, que fez o
primeiro filme de Hollywood falado, em 1927, chamado O Cantor de
Jazz.
Ele é um entusiasta da arte de dançar, participou de shows, de filmes e
se tornou professor de dança de salão.
JOHN
WAYNE, O REI DOS COWBOYS
(1907\1979)
É
impossível comentar sobre os velhos filmes cujos temas eram o velho
Oeste, sem citar o incrível trabalho de John Wayne - ator, autor, e
produtor do clássico Nos Tempos das Diligências, de 1939. No clube,
enquanto não começa a exibição dos filmes, os convidados e
freqüentadores se deliciam falando e relembrando as películas
estreladas por este ator marcante que se tornou sinônimo dos bons
filmes de western.
Muitos
grandes atores personificaram na tela heróis do faroeste, mas Wayne,
sem dúvida, foi o maior e o melhor de todos. Não é a toa que este
grande ator foi escolhido para ser o patrono do Clube dos Amigos do
Western do Brasil.
O
xerife Diamantino e Dédy Edson estão sempre de plantão, prontos
para receber novos membros para incrementar ainda mais esta
verdadeira confraria dos amantes do bang-bag. Se você é fã de Tex
e outros cowboys do passado, participe. Filie-se ainda hoje. O que
você está esperando?
Por
Tony Fernandes
Estúdios Pégasus – Uma Divisão da Pégasus Publicações Ltda –
São
Paulo – Brasil – Divulgação – Todos os Direitos Reservados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário