quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Autumn Leaves

WDR Big Band "This Is All I Have", Eddie Daniels (clarinet), Karolina St...

Chucho Valdés y Paquito D' Rivera at Marciac.

Wynton Marsalis - Jazz in Marciac 2009

Duke Ellington - The Big Bandfeeling

Miles Davis - the cool jazz sound (1959).avi

Norah Jones - Live in New Orleans

Alicia Keys - Fallin' (Piano & I: AOL Sessions +1)

Top Tracks for Katy Perry (lista de reprodução)

Green Day - 21 Guns [Official Music Video]

Linkin Park - Somewhere I Belong (Video)

Evanescence - My Immortal Official Video HD HQ

ANNIE LENNOX - A Whiter Shade of Pale (Senza Luce).wmv

Joe Cocker - A Whiter Shade Of Pale (LIVE in Berlin) HD

Joe Cocker - You are so beautiful (nearly unplugged)

Waldir Azevedo - Brasileirinho (chorinho - 1949)

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Bob Marley: Live in Santa Barbara [COMPLETO]

DVD Completo - Charlie Brown Jr. - Acústico MTV (Show Completo)

O Melhor do Acústico MTV Vol.2

Titãs - Titãs Acústico MTV

John Coltrane - Blue Train (Full Album).wmv

SHOW COMPLETO ROBERTO CARLOS ACÚSTICO MTV

Cat Stevens - In Concert (live at the BBC 1971) [720p]

Roger Hodgson - Breakfast In America (From "Take The Long Way Home" DVD)

Give a Little Bit Roger Hodgson singer songwriter w Orchestra

Supertramp-Goodbye stranger

Roupa Nova Acústico Completo

NINA SIMONE lili20009 Playlists (lista de reprodução)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

BOND - live from the Royal Albert Hall.avi

The Corrs - Unplugged [Full acoustic concert]

Manhattan Jazz Orchestra - RAINDROPS KEEP FALLIN" ON MY HEAD

Tom Jones - She's a lady HQ

Johnny Mathis.wmv - Killing Me Softly With His Song (Tradução BR)

John Lennon - Woman Is The Nigger Of The World - Lyrics

Elton John & Mary J. Blige - I Guess That's Why They Call It The Blues (...

ELTON JOHN - DANIEL - LIVE IN MADISON SQUARE GARDEN (HQ-856X480)

Dione Warwick & Steve wonder & Burt Bacharach & Gladys Knight & Elton Jo...

Lionel Richie - You Are The Sun, You Are The Rain

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

HOMENAGEM AO GRANDE MESTRE EDMUNDO RODRIGUES!


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HOMENAGEM PÓSTUMA A TODOS OS MESTRES
DOS QUADRINHOS QUE SUCUMBIRAM EM 2012
E EM ESPECIAL PARA DOIS GRANDES BRASILEIROS!

O ano de 2012 está quase chegando ao fim. Enquanto a Europa e boa parte do mundo, sentia na pele os efeitos da crise financeira mundial e o Brasil se destacava como uma das economias menos abalada pela tal crise, o mundo dos quadrinhos perdia pessoas geniais, de muito talento.
A matéria a seguir é uma homenagem póstuma a esses fantásticos criadores que tanto contribuíram para o desenvolvimento do setor editorial e, especialmente do segmento de revistas de histórias em quadrinhos, nas mais diversas partes do mundo e, em especial, para dois brasileiros notáveis que também ouviram o som das trombetas e acabaram embarcando nesse “trem” que viaja entre nuvens e entre os anjos rumo ao prometido Paraíso celestial. O primeiro grande mestre brasileiro que quero reverenciar é...


Edmundo Rodrigues (1935 \ 2012)
Confesso que fiquei chocado, quando soube que no último dia 10 de
setembro, morreu, aos 77 anos, Manuel Edmundo Botelho
Rodrigues, mais conhecido como Edmundo Rodrigues.
Na década de 60, conheci pela primeira vez o belo traço
 desse artista e passei a admirá-lo. Eu era apenas
um adolescente metido a desenhista que sonhava
em publicar um dia, como ele, Nico Rosso,
 Rodolfo Zalla, Colonese, Ignácio Justo, Jayme Cortez,
Gedeone, Luchetti, Marcos e Dolores Maldonado,
Minami Keizi, José Lanzelotti, e tantos outros
que eu tanto admirava e ainda respeito.
Creio que os deuses das artes foram generosos comigo,
 pois ao longo de minha carreira tive o prazer de
conhecer e até conviver com alguns desses
 verdadeiros monstros sagrados da arte seqüencial brasileira.
Edmundo Rodrigues foi um dos meus desenhistas
 preferidos, comprei muitas revistas desenhadas
por ele e cheguei até a copiar seus desenhos.


 O PRIMEIRO ENCONTRO
Década de 70. Eu trabalhava numa imobiliária da avenida
Angélica, quando vi um anúncio numa revista da Miname e
Cunha Editores, que procurava por novos talentos.
Não tive dúvida e decidi correr atrás do meu sonho
: me tornar um autor de HQs. Fui bater na porta da
editora que ficava no bairro do Cambuci em São
Paulo, apresentando dez páginas de
uma HQ de terror feita por mim.
Nesse glorioso dia, trombei, por acaso com um
dos meus ídolos, o próprio Edmundo Rodrigues,
 em carne e osso, que estava confabulando com
Minami Keizi e Carlos da Cunha. Mal pude acreditar
que aquilo estava acontecendo. Tive o prazer de
apertar a mão dele e só não tive coragem de
 pedir um autógrafo por mera timidez.
Mostrei os rabiscos toscos para que os editores
avaliassem o trabalho e para o meu espanto o
 próprio Edmundo começou a analisar meus traços
e em seguida começou a apontar as falhas.
Confesso que fiquei puto, com o meu ex-ídolo, visto que
ele simplesmente detonou minhas páginas
 na frente dos editores, que acabaram concordando
 com ele, quanto as tais falhas técnicas anatômicas, etc.
Devo ter ficado vermelho que nem
 um pimentão, puto nas calças.



Por fim, meu ex-ídolo recomendou que eu comprasse
 um livro que ele tinha feito e que fora editado pela Ediouro,
sobre desenho e anatomia. Com um sorriso amarelo,
concordei, mas no fundo eu estava era xingando
 aquele cara, por sua atitude. Por que ele
 não tinha me chamado num canto, pra me esculachar?,pensei.
Aquele dia, decepcionante, eu tinha ido visitar os
editores com um amigo – Vanderley Felipe, que
 também tinha pretensões de fazer HQs. Assim que
deixamos a editora eu disse pro meu amigo de
 peregrinação editorial: “Cara, vou comprar o livro
 desse cara! Se eu achar um erro ele vai ver só...
 sou capaz de trazer o livro aqui na editora e dar
 um espôrro nele, na frente dos editores.
Como ele fez comigo... puta sacanagem.”
Com o passar do tempo aprendi a controlar meus
impulsos e hoje sei que quando se é jovem a gente
sempre acha que sabe de tudo. Ledo engano (rsss...).
Eu estava ciente de que meu trabalho não estava lá
essas coisas – apesar de eu na época já ter
feito vários cursos artísticos -, que precisava
 melhorar muito... mas aquele cara, precisava
fazer aquilo na frente dos editores?
Fiquei inconformado.
 Era certo que eu não era ainda um desenhista
 de quadrinhos, na acepção da palavra, mas, apesar
 de não saber fazer a coisa certa, estava acostumado
a ler e ver HQs americanas e, portanto, sabia
 distinguir um bom de um mau desenho.


Comprei o livro feito pelo Edmundo e, pasmem, encontrei uma
porrada de erros. Alguns esboços simplesmente nada tinham
a ver com o mesmo trabalho artefinalizado. Anotei esses
 erros com uma caneta vermelha e toda a vez que eu ia
lá naquela editora leva o livro numa pasta,a te o dia em
que encontrei novamente meu ex-ídolo na editora.
Ao deu outra, abri o livro e mostrei para ele e para os
 editores os erros que eu havia encontrado.
 E disse, audaciosamente:
- Como você, um profissional, me manda comprar
um livro que ensina arte, cheio de erros?
O cara ficou sem graça,principalmente quando os
editores apanharam o livro e após observarem minhas
 anotações concordaram comigo, dizendo:
- Edmundo, o garoto tem razão...
Como todo idiota, lancei um olhar e um sorriso
 vingativo para ele, que argumentou que aqueles
 erros apontados estavam no livro, mas que não
 tinham sido feitos por ele. Alegou que alguém,
na gráfica, devia ter alterado seus traços.
O Felipe deve se lembrar bem dessa passagem cheia
de infantilidade vingativa da minha parte,
pois ele estava junto, nesse dia.
Por fim, para apaziguar a situação idiota criada por
mim, os editores – talvez até para se livra de mim e do
 meu parceiro -, nos encaminhou para a casa de outra
 fera do traço, o desenhista Ignácio
Justo – consagrado autor de histórias de guerra,
 que na época promovia debates na TV visando a
nacionalização dos quadrinhos e também desenhava
 para a Minami e Cunha Editores uma série
escrita por Gedeone Malagola: A Múmia.


Nunca mais vi Edmundo Rodrigues e confesso que
me arrependi de ter agido daquela forma.
Apesar de tudo, aquelas observações feitas por ele
 sobre o meu trabalho me foram úteis, pois gradativamente
 procurei melhorar o meu traço e minhas figuras, agora
sob a orientação do mestre Justo, que ministrava
aulas gratuitamente para vários jovens que
ficaram conhecidos como: A Turma do Barraco do Justo.
Alguém já disse: O mundo dá voltas.



O SEGUNDO ENCONTRO
Só fui rever Edmundo Rodigues, dez anos depois, quando eu e o Paulo Hamasaki fomos ao Rio de Janeiro, para fazermos a série Os Trapalhões, em quadrinhos, e o diretor de arte da Bloch era o meu desafeto: Edmundo Rodrigues.
Então eu disse pro Hama: “Que ironia, esse cara me esculhambou na década passada na frente de uns editores, só faltou dizer que meu desenho era uma merda, e agora me chama para trabalhar...
Aposto que nem se lembra mais de mim...
Na realidade, ele não me chamou. Ele convidou o Hamasaki, por este ter
desenhado Mônica e Cebolinha – personagens do Mauríco, que faziam
e ainda fazem sucesso. Por sua vez, o Hama me convidou para
 participar da empreitada.
O Hamasaki, que era mais velho e experiente, me disse:
- Para com isso, Tony... vai ver que seu trabalho estava ruim mesmo...
Decidi ficar na minha.
Passamos o final de semana na casa do Shima. Na segunda-feira o
]Shima me levou de carro até a sede da Bloch onde eu teria que
fazer um teste de desenhos – fazer as caricaturas dos peroangens
da série Os Trapalhões -, e ter uma reunião com o Edmundo
e o pessoal daquela grande editora, enquanto o Hama
 voltava para São Paulo, nas primeiras horas do dia.
Meu teste foi aprovado. Os Trapalhões agora iam ser
feitos por mim (o lápis) e pelo Hamsaki (a arte final).
Fiquei excitado, não resisti, olhei para o Edmundo e perguntei:
- Você se lembra de mim?
O Shima nada entendeu.


O diretor da divisão de quadrinhos da Bloch
olhou para mim e disse sorrindo:
- Claro... O reconheci assim que o vi. São Paulo. Minami e
Cunha Editores. Faz um tempão, né? Falei aquilo
para o seu bem. Percebi que você tinha
talento, faltava lapidar, meu jovem...
Concordei e demos boas gargalhadas.
A partir daquele dia passei a admirar ainda mais
aquele homem, aquele grande artista e
 percebi o quanto eu tinha sido imaturo.
Voltou a ser um dos meus grandes ídolos das HQs nacionais.




ESSE FOI O CARA!
Edmundo Rodrigues foi um dos mais talentosos
roteiristas, desenhistas e editores de histórias em quadrinhos
do Brasil. Ele nasceu no Estado do Pará, no dia 10 de Janeiro de  
1935. Permaneceu em seu estado de origem até os cinco
anos de idade, quando sua família decidiu mudar para
o Rio de Janeiro, que na época era a capital do Brasil.
A cidade de Brasília, a Capital Federal, ainda não existia.
Edmundo Rodrigues fez vários cursos de artes, inclusive
 o conceituado curso de Comics por correspondência da famosa
 Inter Continental School.
Na cidade do Rio de Janeiro.
Iniciou sua carreira, aos 14 anos, na revista O Tico-Tico,
 com a série humorística chamada João Charuto.
Desenhou, também para a revista O Sesinho,
a série Lendas Brasileirase colaborou
com a revista Vida Juvenil, Antar - uma versão de Tarzan-,
para a Editormex, e foi um dos desenhistas da série de faroeste chamada: O Vingador, que era lançada pela editora Outubro.
Em 1954, Edmundo foi contratado para trabalhar na  
Rio Gráfica Editora, onde desenhou diversas revistas,
mas acabou ganhando notoriedade ao desenhar Jerônimo,
 o herói do sertão, que durou
62 edições mensais e mais algumas edições
especiais em forma de almanaques.
Em 1967, mudou-se para São Paulo, a maior cidade
da América Latina, onde se concentrava a maioria das
editoras do país. Morou no bairro sofisticado do
Jardim da Aclimação e assim passou a trabalhar para
diversas editoras da capital paulista, como Gep,
Minami e Cunha, Luzeiro, GEP (Gráfica e Editora 
Penteado), Taika, O Livreiro, etc.
Em 1974, o genial artista voltou a morar na cidade
de São Sebastião do Rio de Janeiro, no aprazível e
elegante bairro do Leme – onde viveu até desencarnar -
e aceitou o convite de Moisés Weltman para codirigir
o recém-criado departamento de histórias em quadrinhos
 da Bloch. Sua missão principal era: relançar os falidos
quadrinhos da Marvel no Brasil, cujas vendas haviam
 despencado na EBAL e suas tiragens não
 atingiam mais 30 mil exemplares.
Em menos de dois anos, as revistas da Marvel, 
lançadas pela Bloch, também sucumbiram e logo
 todos os títulos Made in America foram adquiridos
por dois outras poderosas editoras:
a Rio Gráfica e a Abril.


Mesmo após perder os direitos de lançar os quadrinhos
 americanos de super-heróis Edmundo Rodrigues
 decidiu manter o departamento de HQs da Bloch ativo.
Assim, passou a produzir e editar histórias e títulos
nacionais, algumas desenhadas por grandes nomes
dos quadrinhos brasileiros. Ofeliano,
Eugênio Colonnese, Homobono 


 A trajetória de um grande artista
A partir de 1959, Edmundo Rodrigues ficou famoso por todo o país por desenhar Jerônimo, o Herói do Sertão, personagem criado pelo escritor Moyses Weltman para uma novela radiofônica de uma emissora carioca, que se tornou muito popular. Tanto que, uma emissora paulista copiou a fórmula e lançou outro western\rural chamado: Juvêncio, o herói do sertão, que também devido ao sucesso viros quadrinhos lançado pela editora Prelúdio (Atual Luzeiro). Devido ao tremendo sucesso alcançado no rádio, as aventuras de Jerônimo foram lançadas pela Rio Gráfico e Editora (atual Globo). Esse cowboy\sertanejo, que fazia justiça pelo sertão sempre ao lado do irriquieto Moleque Saci, também fez um tremendo sucesso durante anos, coisa rara em se tratando de uma HQ nacional.
Tempos depois, a série foi adaptada para novela na TV.




O eclético Edmundo Rodrigues, que era dono de um traço marcante, cheio de ação, também desenhou outras séries, como: o Falcão Negro – para a editora Garimar, de Péricles Leal-, um herói de capa\espada que se originou num programa de televisão. O talentoso artista também colaborou para a revista Calafrio, para a editora do mestre desenhista e também editor Rodolfo Zalla, escrevendo e desenhando histórias de terror, ilustrou para o formato de quadrinhos clássicos da literatura universal, como: 20 mil Léguas Submarinas,



O Guarani, Moby Dick, etc, e criou diversos personagens
para histórias avulsas, escreveu e ilustrou livros que
 ensinavam a arte e técnica do desenho e ilustrou
 uma série de livros para crianças. Também criou  
O Máscara de Prata, um caubói mascarado e
 diversas HQs avulsas de terror guerra e de terror.
Sua criação feminina mais marcante foi Irina, a Bruxa, que se tornou um clássico dos quadrinhos de terror do país. Irina foi publicada originalmente em 1967 pela editora Taíka. Nos anos 80, a editora Bloch republicou Irina em cores. Foi também nessa década que Edmundo Rodrigues se tornou editor de quadrinhos da saudosa Bloch Editores.



Por essa editora carioca, ele ressuscitou os até então falidos super-heróis Marvel, que após terem sido publicados inicialmente pela Editora Brasil-América, do editor Adolfo Aizen, saíram de circulação por um bom tempo.







Edmundo também abriu espaço para os atores nacionais. Júlio Shimamoto, nessa época, fazia a Múmia, Flávio Colin, o Lobisomem, Paulo Hamasaki e eu, Tony Fernandes, fazíamos os gibis dos Trapalhões e Trapasuat – séries baseadas no sucesso alcançado por Didi (Renato Aragão), Dedé, Muçum e Zacarias, os geniais comediantes da TV. Outros bambas do traço também colaboraram com a Bloch, como: Baldisseri, Ofeliano, Colonnese, Homobono, Toninho Lima, Bira Dantas, Mingo e Queiroz – estes três últimos, através do Estúdio Ely Barbosa continuaram a fazer Os Trapalhões.







O mestre Eduardo Vetillo desenhava Spectreman –
série em quadrinhos de longa duração baseada
 num seriado de muito sucesso da TV japonesa,
que foi exibida no Brasil. Diversos títulos e
 gêneros foram lançados pela Bloch, quando
 Edmundo Rodrigues estava no
comando, como o clássico Drácula – da Marvel -
desenhado magistralmente pelo mestre Gene
Colan e Mestre Kim. Há quem afirme que
as cores dos quadrinhos desse período eram
berrantes e que os super-heróis americanos da
Marvel usavam muitas gírias locais da época,
mas a verdade é que aqueles gibis coloridos
em formatinhos da Bloch deixaram saudades.
Naquele tempo remoto não faltava
 trabalho, ao menos para nós.


Naquela época, eu e o velho bengala friend Paulo Hamasaki trabalhávamos na editora Noblet. Creio que, por indicação do Shima, Paulo Hamasaki – velho amigo do Shima, e que também já era famoso por ter começado a trabalhar com o Maurício de Sousa -, foi convidado pelo Edmundo para dar continuidade na série os Trapalhões, que era feita pelo Baldisseri, se não me engano. Devido a absoluta falta de tempo - por comandar o dia todo o departamento de arte na Noblet-, o Hamasaki me convidou para fazermos em parceria a série Os Trapalhões. Aquela era uma proposta irrecusável para um jovem que sonhava em fazer quadrinhos, sair da Noblet e montar meu próprio estúdio. Topei.Assim, eu fazia os desenhos a lápis e o Hama artefinalizava os originais, que eram desenhados no formato A-3. Os roteiros e os pagamentos chegavam em minhas mãos, vindos do Rio, pelo malote da famosa Casa da Manchete, que ficava na rua Groenlândia, na zona sul de São Paulo. 



Voltando ao fio da meada...
Surgiu o convite. Empolgado, topei. Assim, viajamos para o Rio de Janeiro, numa sexta-feira, após o expediente da Noblet. Chegando lá, fomos para a casa do mestre Shimamoto – que eu já tinha conhecido um dia na Noblet. O mestre morava em Jacarepaguá. Júlio Shimamoto, naquela época, estava a milhão, colaborando com a Bloch - fazendo a Múmia-, e com a Grafipar - fazendo HQs eróticas. Acampamos na casa do Shima, pois na segunda feira tínhamos agendado uma reunião na editora carioca, onde fiz um teste – orientado pelo Shima - para fazermos os trapalhões, que foi aprovado – enquanto o Hama voltava para São Paulo.
DETALHE: Foi nessa viagem que tivemos o prazer de conhecer o Otta – lendário editor da Vecchi, da revista Mad – e Watson Portela, nosso querido magrão, que também estava colaborando com a Vechi e com a Grafipar, de Curitiba. Bons tempos aqueles em que todos tinham muito o que fazer.
Como eu já disse trabalhávamos o dia todo para cuidar das revistas da Noblet (Akim, Carabina Slim, Gidapp Joe, Vampirella, Prézinho, Godofredo, Mister No, Hot Girls, Contos Excitantes e mais duas coleções de pocket books de histórias eróticas. Para segurar essa barra, contávamos com a escritora e grande mana amiga Eugênia Cecília Brasiliense, Militelo, Toninho Duarte e o querido bengala brother Fausto kataoka.


O BICHO PEGOU!
Quando os primeiros roteiros chegaram começou a loucura.Eu deixava a Noblet às pressas – por hábito, só tomávamos umas brejas geladas, e umas quentes, nas sextas depois do expediente. Sexta-feira era fatal os nossos happy hours, afinal ninguém era de ferro. Duro era fazer nossas esposas entenderem essas farras (Rsss...). Eu chegava em casa – depois de cruzar a cidade-, tomava um banho, jantava e ia para a prancheta até as 4 da manhã, diariamente, pois o Hamasaki estava ansioso para fazer as artes finais. Muitas vezes fomos obrigados a tocar as páginas nos finais de semana e até no estúdio da própria Noblet, quando tínhamos chance. Ou seja, quando o nosso editor – Joseph Abourbih -, saia para almoçar. Obviamente não íamos agüentar aquela louca empreitada por muito tempo. Na verdade, só fizemos uma edição dos Trapalhões e outra da série Trapasuat – com os mesmo personagens da TV. Por sorte, as cores eram feitas no Rio de Janeiro, pela competente equipe interna da Bloch. Dois meses depois, estávamos só o pó da rabiola, sonados, feito baratas tontas e, como conseqüência, começamos a furar os prazos de entrega.



Vira e mexe tocava os telefones da Noblet. Era o pessoal da Bloch cobrando o material. Além de ter que dar desculpas esfarrapadas corríamos o risco de perdermos nossos empregos. Por fim, desistimos. Ou melhor, o pessoal da Bloch desistiu da gente e acabou contratando o Estúdio Ely Barbosa para continuar as séries que havíamos dado início, essa é que é a verdade.
Pra ser sincero, perdemos o trabalho por pura incompetência e por falta de infraestrutura de produção. Na verdade estávamos malucos, queríamos abraçar o mundo. Pois, além de fazer a semana toda as revistas da Noblet, colaborávamos para a Grafipar e decidimos segurar a Bloch.
Mesmo sendo ágeis para executar os trabalhos não há organismos que possam resistir a um ritmo aloprado desses de produção. Sem contar que éramos casados, tínhamos filhos e diversas atribulações familiares.
Confesso que fiquei feliz quando vi Os Trapalhões nas bancas com os desenhos da competente turma do Estúdio Ely Barbosa- com o qual colaborei anos depois fazendo personagens Hanna-Barbera, como: A Formiga Atômica e Trapaleão . Apesar de perdermos o faturamento tiramos um peso imenso das costas e voltamos a dormir em paz. Como diz um velho ditado popular: “Quem tudo quer nada tem.” Aprendi a lição.
Nos anos 90, eu e o velho amigo Wanderley Felipe fundamos o estúdio Felipe e Fernandes, que era apenas uma pequena sala no quinto andar, em cima do saudoso e extinto Bar do Jeca – ponto de artistas em geral -, bem na esquina das famosas avenida São João e Avenida Ipiranga, de frente ao tradicional Bar Bhrama, que ainda existe. Na época, atendíamos diversas editoras, como: Ninja, Acti-Vita, e o Laboratório Catarinense. Certo dia o telefone do vizinho tocou – não tínhamos nem telefone, é mole? A secretária do vizinho que editava revistas de artes marciais veio me chamar.
Ao atender fiquei surpreso. Era Edmundo Rodrigues me convidando para colaborar com a revista Angélica – título baseado na famosa apresentadora atual da TV Globo, que na época fazia programas infantis. O Ed me disse que gostava do meu texto e do meu traço e me pediu para fazer algumas páginas pra revista Angélica com personagens infantis. Disse para ele que não tínhamos nenhum personagem infantil. Ele me disse: Conheço Capitão (Buana) Savana, Jerônimo Dias, o bandeirante, Águia Azarada, o Inspetor Pereira... são criações suas, não são? Você é criativo! Se vira!
Pensei... Mas essas séries que criei no passado – todas foram publicadas nas revistas da Noblet - não eram infantis. Eram cômicas. Esse cara é maluco. Não me acho tão criativo assim.
Comentei com o meu sócio e de imediato comecei a pensar em algum roteiro infantil bem humorado. A primeira série que criei foi Os Tortugas, uma família de tartarugas que satirizava a sociedade contemporânea, onde o pai, um publicitário, que vivia criando campanhas para um super-herói de seriado de TV chamado Capitão Maionese, que ele odiava, tinha que suportar o filho que admirava o personagem fictício e que vivia decepcionado com seu progenitor que – ao contrário do herói da TV- era todo atrapalhado. A família era composta pelo pai (Zuza), pela mãe, pela filha (Tania) e pelo irriquieto garoto chamado (Tim). Algumas vezes entravam em cena o avô e os vizinhos, que vira e mexe eram atormentados pelo capetinha da família – o Tim. O Felipe criou as figuras, eu escrevia os roteiros. Assim que os originais ficaram prontos enviamos eles para o Rio. O Edmundo adorou e na sequencia encomendou outra série. Sugeriu que criássemos uma bruxinha. Empolgado, mandei ver e passei a escrever essa nova personagem, que confesso que nem me lembro mais o nome dela. Mandamos o novo material e o Ed aprovou também.
Assim, passamos a fazer duas séries mensais infantis para a revista Angélica durante alguns meses.
Só paramos de produzí-las quando decidimos abrir nossa editora a Phenix Editorial Ltda, em 1991.
Mesmo assim, de vez em quando, eu me comunicava com o Ed, por telefone. Fiquei sabendo que fazia free lances e ilustrava livros infantis, por que um dia me perguntou, quanto se pagava por página uma ilustração infantil as editoras paulistas.
Os anos se passaram e só voltei a contactar com o mestre Edmundo o ano passado no Orkut, uma única vez. Há pouco tempo atrás, eu sonhava - e até tentei - entrevistá-lo para um dos meus blogs, pois sabia que ele tinha boas histórias para contar. Porém, há alguns dias atrás descobri no Facebook que ele já não estava mais entre nós, lamentavelmente.


2012 - UM ANO DE
GRANDES PERDAS
O grande mestre Edmundo Rodrigues, faleceu no dia 10 de Setembro de 2012, e a causa de sua morte não foi divulgada. Esse não tem sido um bom ano para os fãs de quadrinhos.
Perdemos: Jean "Moebius" Giraud, Joe Kubert, Sergio Toppi, Josep María Berenguer, Mauro Martinez dos Prazeres, Sheldon Moldoff, John Severin, Tony de Zuñiga, Al Rio e Ernie Chan. No cenário nacional perdemos mais dois importantes guerreiros: o desenhista e editor Edmundo Rodrigues e o escritor e editor...
NAUMIM AIZEN

Ele morreu no dia 20 de julho, aos 72 anos (completaria 73 em 16 de outubro desse ano fatídico), e só recentemente a notícia foi divulgada. Segundo consta, ele estava numa situação econômica difícil. Viveu seus últimos dias num asilo mantido pela comunidade judaica carioca. Teve um final lamentável para quem fez muito em prol do mercado editorial brasileiro ao lado de seu pai o saudoso Adolfo Aizen (Editora Brasil-América), seu irmão Paulo Adolfo e Fernando Albagli. Naumim foi um dos dirigentes da Editora Brasil-América, a saudosa Ebal, que, por vários anos, publicou no Brasil os melhores quadrinhos europeus, norte-americanos e nacionais, como O Judoka e a Coleção Maravilhosa.
As publicações da Ebal dominaram as bancas por muito tempo – de 1960 até 1991. Esta saudosa editora continua sendo, para muitos leitores e colecionadores, a mais querida de todas, graças ao carinho que a família Aizen sempre dedicou aos fãs das histórias em quadrinhos.
Com a morte de Adolfo Aizen, em 10 de maio de 1991, a editora passou apenas a trabalhar com seu parque gráfico imprimindo para terceiros. Naumim Aizen assumiu uma empresa que estava cheia de problemas financeiros, que estava com seus dias contados. Com o fechamento da Ebal, Naumim teve que assumir as dívidas. Além de perder todos os seus bens, viu seu casamento e sua saúde desmoronar.
Sempre enalteceu o trabalho de seu pai. Escreveu livros infantis, como o premiado Era uma vez duas avós, e publicou matérias sobre quadrinhos em diversos livros, como em Shazam, de Álvaro de Moya, onde escreveu sobre onomatopéias – os sons das HQs.
Os mestres, depois de uma árdua batalha, se vão para o merecido retiro dos deuses, mas seus legados ficam para todo o sempre.

Ainda falando sobre Edmundo Rodrigues...
Com a falência da Bloch, em 1993, Edmundo passou a viver de free lance. Trabalhou para diversas editoras fazendo capas de livros infantis e juvenis e até storyboards e conceptboards para agências de publicidade. Jamais voltou aos quadrinhos.
Ele manteve um blog, no qual contava suas memórias e era ativo no Facebook, onde respondia gentilmente as perguntas que faziam seus fãs.
No ano 2.00, ele ainda desenhou para a Rio Gráfica: Cidade Aberta, uma versão em quadrinhos de um dos primeiros seriados produzidos pela TV Globo no Rio de Janeiro. Este foi um de seus últimos trabalhos.




O grande mestre Edmundo Rodrigues, durante sua longa carreira, foi prolífico. Poduziu milhares de páginas dos mais diversos gêneros. O setor editorial brasileiro perdeu um de seus grandes baluartes, dono de um impactante e inesquecível traço, que marcou eternamente aqueles que adoram as boas histórias quadrinhos.
Mestre Edmundo, Mestre Naumim, valeu!
Obrigado por tudo aquilo que fizeram em prol do setor editorial brasileiro!
Descansem em paz! Que assim seja!
Excelsior, como escreveria Stan Lee!

Copyright 2012 - Tony Fernandes - Estúdios Pégasus
Uma divisão de arte e criação da Pégasus Publicações Ltda -
São Paulo - Brasil -
Todos os Direitos Reservados





sexta-feira, 12 de outubro de 2012

FRANK FRAZETTA, O GRANDE MESTRE DOS MESTRES! MATÉRIA ESPECIAL!


A matéria de hoje é sobre um dos artistas mais geniais da América. Ele foi, sem dúvida, o grande mestre da arte fantasiosa americana de ficção cientifica (Sci-fi), das histórias em quadrinhos, das ilustrações para capas de livros e cadernos, das pinturas fantásticas, dos de cinema cartazes incríveis, das capas de discos, calendários, etc. A arte deste verdadeiro grande mestre multimídia, que também acabou influenciando muita gente – como Boris Vallejo-, apareceu também na TV e em campanhas publicitárias.
Desde a primeira vez que vi o seu traço virei seu fã. Quando descobri seus álbuns com ilustrações incríveis, pirei, literalmente. É com muita honra que hoje escrevo sobre esse genial mestre dos quadrinhos e da arte plástica, que perpetuou seu nome para sempre no mundo dos comics, dando maior dignidade as histórias em quadrinhos, que sempre foram subjugadas pelos pseudos intelectuais americanos, que as classificavam como “Arte menor”. Coube aos franceses, para variar, reconhecer a arte seqüencial dos comics books como arte, na acepção da palavra, assim como estes descobriram e aplaudiram a genialidade do jazz – música negra que era menosprezada na América -, e o talento notável do ator e comediante Jerry Lewis, que os americanos classificavam como um retardado, foi o povo francês que deu o devido valor para as HQs, um dos maiores veículos de comunicação do século XX.
As pinturas desse artista sui generis são impactantes e inesquecíveis. As cenas criadas por este gênio da pintura sempre aguçam nossa imaginação, pois ele sempre primou por realizar uma boa composição, luz e sombra, perfeita anatomia e cenas fantasiosas inconcebíveis, por meros mortais. Um artista que explorou os mais diversificados temas de quadrinhos e que explorou como ninguém a arte e técnica da arte plástica e que estimulou nossa imaginação pelo mundo da ficção científica é inigualável. John Woo, diretor cinematográfico,  é fã incondicional dos desenhos e ilustrações desse grande mestre, assim como eu. Muitos o consideram como “O verdadeiro pai da ilustração fantástica moderna”. Conheça um pouco mais sobre o genial artista da arte fantástica de ação...

FRANK FRAZETTA (1928 \ 2010),
O MESTRE DOS MESTRES!


Frank Frazetta entrou para a história da indústria dos comics books da América, virou lenda, ao receber os mais cobiçados e importantes prêmios almejados por aqueles que trabalham com o setor editorial daquele país, The Will Eisner Comic Book Hall of Fame, em 1995, e The Jack Kirby Hall of Fame, em 1999. Nenhum outro artista conseguiu este feito.

NASCE UM ARTISTA
Frank Frazzetta – Se você acha que erramos ao escrever o sobrenome desse brilahnte artista, se enganou. Curiosamente, em seu registro de nascimento consta o sobrenome com dois “z”. Ele  nasceu no bairro do Brooklyn, em Nova Iorque.
Resolveu tirar um "z" do seu sobrenome original italiano logo no início da carreira para deixar seu nome mais pronunciável pelos americanos. Esse descendente de imigrantes italianos, pobres, foi o único garoto daquela família que teve quatro crianças. O menino sempre foi muito apegado a mãe e, segundo afirmou certa feita, foi graças a ela que ele se tornou um artista. Foi ela que começou a encorajá-lo a fazer desenhos quando ele tinha apenas dois anos de idade.


Ponte do Brooklin, foi construída em 1783




Ainda segundo o artista, quando ele fazia seus primeiros desenhos toscos era ela que o incentivava a continuar dizendo que estava maravilhoso e lhe dava uma moeda cada vez que fazia um novo desenho. Muitas vezes ela não tinha dinheiro para comprar folhas de papel sulfite ou um caderno de desenho, então o jovem Frank rabiscava até em papel higiênico. Com a prática constante, com o passar do tempo, o garotinho começou a evoluir os seus traços. Na escola primaria, vivia enchendo as folhas dos cadernos com desenhos, para o desespero dos seus pais e professores. Não gostava de estudar as matérias. Vivia no mundo dos sonhos, dos desenhos. Sua mãe não hesitou e logo colocou o garoto numa escola de arte.



Aos 8 anos Frazetta começou a estudar na Brooklyn Academy of Fine Arts, uma pequena escola de de desenho dirigida pelo instrutor Michael Falanga. "Na verdade ele não me ensinou muita coisa – disse Frazetta em 1994. - "Ele simplesmente observava meus desenhos e dizia “Bonito, muito bonito. Muito bom... Talvez se você fizesse assim ou assado ficaria melhor”. Nós nunca tivemos um bom bate papo. Ele falava um péssimo inglês. Aprendi muito mais com os meus amigos do curso.”


1944 - Aos 15 anos, Frazetta, que tinha paixão por comic books conheceu e começou a trabalhar para o Bernard Baily's studio fazendo desenhos a lápis. Seu primeiro trabalho de quadrinhos tinha 8 páginas e foi artefinalizado  por John Giunta.
A primeira HQ se chamava"Snowman" e foi publicada na revista Tally-Ho Comics, em dezembro de 1944, publicada pela Swappers Quarterly e Almanac/Baily Publishing Company. Durante um bom tempo o jovem artista não assinava seus trabalhos, por isso muitos pesquisadores e colecionadores têm dificulades de catalogar todas as obras de Frazetta. Em 1946, ele passou a assinar suas artes. Desenhou e artefinalizou duas HQs. Uma para a Prize Comics, que foi publicada na revista Treasure Comics #7, uma HQ de quarto páginas que foram publicadas pela William Penn Founder of Philadelphia e uma história de uma página cujo título era "Ahoy! Enemy Ship!", que apresentava seu primeiro personagem: Capitão Kidd Jr. Em 1948 publicou uma história chamada Judy of the Jungle, pela editora Exiting Comics. Em 1952 publicou Thunda, 
King of the Congo.



O mestre, ao conceder uma entrevista para The Comic Journal, em 1991, declarou que o editor Graham Ingels foi o primeiro a reconhecer seu talent, o primeiro a lhe dar oportunidade, trabalho na Standard Comics,  em 1947. Também afirmou, na ocasião, que graças a Louie Lazybones, uma series criada para tiras de jornais para concorrer com Li'l Abner (Ferdinando, no Brasil), que fazia muito sucesso, foi que sua carreira deslanchou. Frazetta também trabalhou como “desenhista fantasma” – para o autor sem assinar - durante um bom tempo nessa série, que ganhou fama.




Foi através da Dell Comics, que publicava a revista Famous Funnies, que Frazetta fez HQs interessantes de guerra para o título Heroic Comics, histórias que enalteciam as virtudes humanas, as orações e que delatavam os problemas causados pelo uso das drogas.
Frank Frazetta desenhou ao longo dos anos diversos gêneros de histórias em quadrinhos, como: bang-bangs, fantasias, mistério e até dramáticas. Inicialmente seus primeiros trabalhos eram cômicos, há quem afirme que nesse período ele assinava como "Fritz", porém, há controvérsias.



Para a os títulos Personal Love e Movie Love, ele desenhou HQs românticas cheias de verdadeiras celebridades da indústria cinematográfica americana. Desenhou, inclusive, a biografia de Burt Lancaster, famoso ator de Hollywood, que provocava suspiros na mulherada.



Seu traço dinâmico agradava cada vez mais os editores e o publico leitor. Assim, no início dos anos 50s, ele fez trabalhos para as editoras EC Comics e para a National Comics. Sua primeira HQ de super herói foi para a série "Shining Knight", para a Avon Comics. Devido ao sucesso de suas HQs outras editoras de quadrinhos o procuraram. Fez muitas HQs em parceria com o desenhista e amigo Al Williamson – que substituiu Alex Raymond na série Flash Gordon, brilhantemente.



Alguns pesquisadores afirmam que Frank Frazetta desenhou também Buck Rogers – aventureiro espacial que antecedeu Flash Gordon –, capas para a revista Famous Funnies e que ele começou desenhando, inicialmente, as tiras e páginas dominicais de uma série criada por Al Capp: Li'l Abner (Ferdinando, no Brasil), em 1954. Porém, nem todo mundo concorda com algumas dessas afirmações.
 A verdade é que Frazetta também produziu sua própria tira, com o personagem Johnny Comet. Como assistente do desenhista Dan Barry, Frazetta fez as tiras diárias de Flash Gordon, criação do genial Alex Raymond, que teve início nas tiras de jornais, passou para as revistas em quadrinhos e que, devido ao enorme sucesso, acabou virando seriado de cinema, estrelado por Buster Grable.



Frank Frazetta se casou com Eleanor Kelly, de Massachusetts, em Nova Iorque, em novembro de 1956. Tiveram 4 filhos, segundo biógrafos. Depois de ter trabalhado durante 9 anos com o mestre Al Capp, fazendo tiras cômicas de Li’l Abner, em 1961, Frazetta decidiu retornar aos quadrinhos de figuras humanas.
Trabalhou com Harvey Kurtzman e Will Elder em três histórias da sensual série chamada Little Annie Fanny, que fez muito sucesso nas páginas da revista Playboy. Devido a sensualidade das personagens femininas que ele desenhava foi convidado para fazer ilustrações para diversos títulos de revistas masculinas.



FRAZETTA STUDIO

Em 1964, Frazetta abriu seu próprio estúdio. Nesta nova etapa recebeu uma encomenda: desenhar para a capa da revista Mad o baterista Ringo Starr, dos Beatles. A bela pintura caricata do músico inglês foi aprovada e publicada. A bela arte foi vista pelo pessoal dos estúdios United Artists, que adorou ela. Assim, decidiram chamá-lo para fazer o cartaz do filme What's New Pussycat?. Há quem diga que o artista recebeu, por esta bela arte, o equivalente a um ano de trabalho. Pouco tempo depois, Frazetta fazia cartazes de cinema para outros filmes e diversas produtoras.







Através do seu Studio ele também produziu pinturas maravilhosas para capas de muitos livros de aventuras. Sua interpretação visual que ele fez para as capas dos livros de Conan, personagem criado por Robert E. Howard, foi espetacular e acabou influenciando toda uma geração de artistas, inclusive o “Da Vinci dos Comics”, John Buscema, um dos mais assíduos e ovacionados colaboradores da Marvel e da adaptação feita de Conan, em quadrinhos, escrita pelo também genial Roy Thomas.



As edições com as capas feitas pelo mestre vendiam cada vez mais. Consequentemente as encomendas aumentavam. 
O estúdio Frazetta trabalhava a todo vapor. Suas belas ilustrações surgiram nas capas de edições clássicas, como: Tarzan e Barsoom (John Carter of Mars), nos livros do escritor Edgar Rice Burroughs. Muitos desses livros também traziam ilustrações feitas a bico de pena pelo excelente ilustrador e desenhista. Essas capas eram feitas baseando-se apenas nas storylines, nas sinópses dos livros que os autores e editores lhe enviavam. Frazetta jamais chegou a ler esses livros na íntegra para se inspirar. Desenhava as capas a seu modo, com total liberdade de criação.
Todos os trabalhos realizados pelo Frazetta's Studio eram feitas por ele e o difícil era dar conta da demanda. Muitas vezes tinha que virar a noite para dar conta de uma série de trabalhos comerciais – para ontem -, de ilustrações e pinturas para cartazes de filmes, capas de livros, calendários, etc. Inicialmente, ele fazia todos trabalhos com tinta a óleo – que demora para secar-, depois, para agilizar a produção,  passou a executá-los em aquarela. Seus trabalhos a traço, para as editoras de quadrinhos, eram feitos com bico de pena e pincel. Frazetta fez algumas HQs em preto e branco para a  
Warren Publishing, que editava revistas de terror e guerra, como: Creepy, Eerie, Blazing Combat e Vampirella.





Certa vez,  Frazetta foi requisitado para trabalhar com filmes de animação, entretanto nesses trabalhos seu nome só apareceu nos créditos como diretor de criação.Um desses seus trabalhos foi desenhado e animado por Richard Williams, em 1978.
 No início dos anos 80, o genial artista trabalhou com o produtor Ralph Bakshi no filme Fire and Ice, realizado em 1983. Aquele trabalho apresentava uma animação realista com a arte de Frazetta. Bakshi e Frazetta tinham projetos em produzir aberturas para filmes de  live-action rodados pelo sistema rotoscoped de animação, porém o projeto
 não foi avante.
Frazetta decidiu voltar as suas raízes. Ou seja, recomeçou a fazer pinturas fantasiosas e as ilustrações de bico de pena. Produziu inúmeras pinturas para capas e álbuns ilustrados que bateram recordes de vendas e seu estilo passou a ser imitado por diversos ilustradores pelo mundo afora. 
Molly Hatchet foi um dos primeiros dos três álbuns que presentaram "The Death Dealer", "Dark Kingdom" e "Berserker". “Dust” foi o título do segundo album. Em “ Hard Attack”, apresentou "Snow Giants". A banda de rock chamada Nazareth usou a ilustração "The Brain" para a capa do seu disco em 1977, Expect No Mercy. Frazetta criou também uma nova arte de capa para Buddy Bought the Farm, o segundo CD da banda de surfe terror chamada The Dead Elvi. Curiosamente, o U.S. Army III Corps adotou 
 "The Death Dealer"
 como mascot desses militares.



Frazetta retomou as pinturas de Conan algum tempo depois, a pedidos, visto que estas tinham consagrado ele definitivamente, perante a crítica especializada e os apreciadores de arte. Muitas dessas pinturas clássicas estão expostas no Frazetta Museum em East Stroudsburg, na Pennsylvania. 
No ano de 2009, uma das maravilhosas pinturas de
 Conan the Conqueror, feita pelo mestre, foi leiloada
 e foi vendida pela impressionante cifra
 de US$1 milhão de dólares.

A arte que rendeu 1 milhão de dólares
UM GRANDE REALIZADOR

No começo dos anos 80, o incansável Frazetta criou a galeria chamada Frazetta's Fantasy Corner, no andar superior dos primeiros edifícios masônicos construídos no South Courtland e em Washington na East Stroudsburg, na Pennsylvania
Nesses edifícios há espaços que além de expor a arte do grande mestre da arte fantasiosa, também tem uma setor que expõe a arte de outros grandes artistas da América.
 Durante sua vida muito produtiva Frazetta teve muitos problemas de saúde e principalmente com a tiróide, mas jamais deixou-se abater. No ano 2000, uma série de problemas físicos, oriundos de doenças,  tentaram impedir que o mestre desenhasse e pintasse como antigamente, quando passou a ter problemas com sua mão direita. Num esforço supremo ele continuou a executar suas obras utilizando a mão esquerda, segundo declaração daqueles que conviveram com ele. Em 2003, ele apareceu num documentário chamado: 



Autoretrato


Em 2009, Frank Frazetta estava rico, famoso e muito doente. Decidiu se aposentar. Foi viver nas montanhas , na Pensilvania, num pequeno museu que ele abriu. 
Assim , ele passou a se dedicar apenas a republicar o seu material como ilustrações para revistas, gibis e livros que ele havia criados há alguns anos atrás. 
Sua esposa é quem estava cuidando da publicação destes materiais e da negociação dos seus direitos autorais. 
Um dos últimos livros publicados foi o livro 
lançado pela Icon:
 A retrospective by the Grand Master of Fantastic Art. 
Uma obra fantásctica e imperdível. Um excelente livro que contém muitas informações a respeito da vida e obra 
deste grande artista.
Frazetta chegou a vender alguns de seus originais em leilões. “Conan o conquistador” foi adquirida por US$ 1 milhão em 2009 por um colecionador particular. Suas ilustrações também viraram capas de álbuns de grupos de hard rock, como foi o caso de “Expect no Mercy”, álbum musical da banda Nazareth e o disco de estreia homônimo do Wolfmother.




No dia 17 de julho de 2009, sua esposa e sócia do Frazetta Studio, Eleanor "Ellie" Frazetta, morreu depois de uma longa batalha com o câncer. Assim, Rob Pistella e Steve Ferzoco passaram a assumir o controle dos negócios do artista.

OBRAS ROUBADAS

Em 2009, Alfonso Frank Frazetta , um dos filhos do artista, aos 52 anos, que também é conhecido como, Frank Jr, se apossou indevidamente de aproximadamente 90 pinturas que estavam expostas no Frazetta Museum. Frank Jr não agiu sozinho. Para roubar as artes contou com o auxílio de Frank Bush, 49 anos e Kevin Clement, de 54 anos. O furto foi denunciado às autoridades locais pela família. Pouco tempo depois, todos os envolvidos foram capturados pela polícia. A esposa de Frank Jr, Lori, disse na delegacia que seu marido e a falecida mãe dele, Ellie, cuidavam dos negócios da família e que após a morte da sogra a tarefa de cuidar de tudo era do seu marido.
Investigações efetuadas pelos policiais revelaram que, na verdade, o filho de Frazetta havia tentado vender as pinturas valiosas do pai – sem consultar os irmãos-, por acreditar que tinha autonomia absoluta de fazer o que bem quisesse com o fantástico acervo. Ao tomarem conhecimento da verdade, Billy, Holly Frazetta Taylor e Heidi Grabin decidiram incriminar Frank Jr. em março de 2010, por apropriação indébita das obras do pai, visto que os três haviam sido nomeados pelo pai – por procuração – para controlar os negócios da família, 
em abril de 2010.
 Por fim, todo o escândalo que foi envolvida a família Frazetta foi resolvido. Todos os filhos de Frank Frazetta, juntos, passaram a cuidar dos negócios e dos fantásticos trabalhos do pai. Promovem eventos e expõem as obras do mestre em diversas partes do mundo, onde forem requisitadas.   
O pequeno condado de Monroe ficou famoso depois do estranho caso de roubo que se envolveu Frazetta Jr.,  que virou manchete dos jornais e noticiários de rádios e TVs, que culminou com a prisão dele e de seus comparsas. Por sorte, essas verdadeiras obras de arte foram resgatadas e constituem um dos mais preciosos legados deixados pelo mestre dos mestres, que desencarnou no dia 10 de  maio de  2010, num hospital próximo da sua casa, na Flórida.




Sem dúvida, os incríveis trabalhos desse talentoso artista, influenciou muita gente no passado e do presente e é certo que sua obra imortal continuará influenciando muitos artistas que um dia virão a este mundo e que beberão dessa fonte, eternamente.



 OBS: Se você desconhece  a imensa obra de Frazetta adquira nas livrarias especializadas, físicas ou virtuais, a arte maravilhosa desse grande artista que foram publicadas em álbuns.


Por Tony Fernandes\Estúdios Pégasus\Divulgação –
Uma Divisão de Arte e Criação da Pégasus Publicações Ltda –
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OBS: As ilustrações usadas nessa matéria têm o cunho meramente ilustrativo e
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