sábado, 3 de setembro de 2011

Respostas do Mercado das Histórias em Quadrinhos à Situação Econômica Mundial



Respostas do Mercado das Histórias 
em Quadrinhos à Situação 
Econômica Mundial





Por: Daniel do Canto Oliveira Saks
(Fanático torcedor do Operário - PR)

Resumo: A cultura é um privilégio das classes mais abastadas? 
A resposta para esta pergunta obviamente é negativa, o consumo
 cultural está intimamente ligado à classe social, se não puder ser
 posto esses termos em qualidade, afinal nada pode definir a 
qualidade da cultura consumida por cada indivíduo, 
porém a quantidade e a “adequabilidade” cultural consumida
 depende das condições econômicas do indivíduo e da
 sociedade à qual este está inserido. 
O mercado da cultura de massa, ou especificamente neste
 artigo das histórias em quadrinhos, acompanhou os 
fenômenos histório-econômicos do século XX 
(as histórias em quadrinhos são originadas no final
 do século XIX) geralmente de uma forma indireta à saúde 
financeira da população, ou a economia mundial.

Introdução


Krazy Kat


          As histórias em quadrinhos surgiram no final do século XIX, 
na mesma época que o cinema, e embora hoje em dia 
já tenham sido elevadas à categoria de “Nona Arte”, 
sempre sofreram preconceitos e foram excessivamente 
acusadas da atividade marginal dos jovens; foi apenas 
em 1929 que em um artigo do escritor Gilbert Seldes,
 uma tira cômica de jornal recebeu um elogio,
 no caso Krazy Kat de George Herriman (MOYA).


Max und Moritz


            Ainda no século XIX três países foram pioneiros, 
a Alemanha, onde Wilhem Busch narrou as peripécias 
dos irmãos Max und Moritz (no Brasil, Juca e Chico); 
no Brasil imperial, o ítalo-brasileiro Ângelo Agostini 
fez História ilustrando o cotidiano das cidades
 brasileiras e fundou a revista O Tico-Tico, Agostini
 cede seu nome para um dos mais importantes
 prêmios brasileiros para a mídia; e nos 
Estados Unidos a primeira história em quadrinhos 
continuada (e dominical), The Yellow Kid (O Menino
 Amarelo), precursora no uso de balões, estreia em 
1895 no jornal nova-iorquino World de Joseph Pulitzer 
e um ano após é editado no Sunday New York Journal 
de William Randolph Hearst.




            O fenômeno Menino Amarelo, cujas estórias estavam 
ambientadas em uma favela, junto ao fato de ser 
publicado em dois diários de massas, foi justamente
 o desencadeamento dos preconceitos da sociedade
 americana aos quadrinhos, se somado que a esta
 tira surgiram em seguida Os Sobrinhos do Capitão e
Buster Brown (Chiquinho, de Richard Outcault,
 o mesmo autor de O Menino Amarelo), 
mais duas séries incrivelmente populares 
(essa sobrevive até os dias atuais), que narravam
 as peraltices de crianças.

A tira semanal O Menino Amarelo (os suplementos 
ilustrados coloridos eram editados aos Domingos) 
recebeu este nome porque se testou pela primeira vez
 o emprego de cor na impressão da série (LUYTEN), 
colorindo o rosto do personagem, e associado ao jornal
 onde era publicado, deram origem à denominação 
“Imprensa Amarela” (no Brasil, Imprensa Marrom)
 pela sociedade americana.

            Os quadrinhos então se tornaram uma constante nos 
diários americanos devido ao seu sucesso de público,
 porém não de crítica, e houve uma expansão para o resto 
do Mundo, hoje é praticamente impossível ter em mãos um 
diário de grande circulação sem ao menos uma charge 
ilustrada. Houve a exploração da mídia, estimulando o surgimento 
de várias tiras cômicas e a formação de sindicatos de 
franqueamento e distribuição das tiras. 
A reedição das tiras em forma de coletâneas foi o protótipo 
das revistas em quadrinhos que temos hoje em dia.





            A evolução do meio é natural, já em 1905 a tira 
dominical Little Nemo in Slumberland de Winsor McCay foi 
criada, apresentando uma incrível
 sofisticação gráfica até para os tempos modernos, sendo uns dos 
expoentes da história dos quadrinhos. Novas técnicas foram
 desenvolvidas nos processos gráficos para melhor impressão 
das ilustrações, haja visto o exemplo da colorização citado acima,
 até a forma de avançados álbuns, vários trabalhos em aquarela
 e as ilustrações e colorizações por computador que
 observamos hoje em dia.



Will Eisner






Will Eisner (criador de The Spirit), um dos maiores ícones, 
se não o maior, do quadrinho americano e mundial, que cede
 o nome ao mais importante prêmio aos profissionais da
 categoria (tal qual o Oscar para o cinema), reinventou o
 gênero na América, quando ao escrever e desenhar em 1978
 sua obra Um Contrato com Deus inaugurou a denominação
 Graphic Novel (Romance Gráfico).

Na Europa, embora o mercado de massa sempre fora forte 
(assim como a imprensa correspondente), autores de 
vanguarda foram responsáveis pela produção de luxuosos
 e fantasiosos álbuns, países como França e Bélgica tratam 
os quadrinhos como uma respeitável forma de Arte, aliás, 
a postura dos autores e do público no velho continente
 sempre foi de profunda reverência aos quadrinhos, inclusive 
às publicações de massa das editoras americanas, muitas 
obras de autores europeus constituem-se homenagens a 
velhos personagens.





            A partir da década de 1960, principalmente na Europa, 
os Quadrinhos começaram a ser estudados, expostos em 
Museus, congressos e exposições. A tira Li’l Abner foi 
indicada para o Prêmio Nobel de Literatura 
(prof. ALVARO MOYA), houve homenagem e 
aproveitamento por outras mídias de
 personagens (música, cinema,...), foram utilizados
 para difundir a Revolução Cultural de Mao Tsé Tung 
na China (LUYTEN), a série britânica Andy Capp (Zé do Boné) 
rompeu fronteiras políticas e foi publicada no Izvestia da
 União Soviética, Maus de Art Spiegelman vencedora do
 Pulitzer, a discussão de temas polêmicos como sexo e 
drogas, e com outras conquistas históricas dos Quadrinhos 
foi natural que esta mídia fortemente enraizada na cultura 
de vários povos ganhasse destaque e a atenção de
 formadores de opinião, governos e investidores.


 Andy Capp (Zé do Boné,no Brasil)
Os quadrinhos foram muito explorados também 
nas campanhas 
publicitárias, aproveitando o carisma dos personagens com 
o público. Em esforços de guerra ospersonagens eram 
ambientados no conflito e convocavam jovens para se 
alistarem, houve preocupação de dirigentes de nações com 
a popularidade de personagens e estórias produzidos em 
nações inimigas, as transformações da sociedade, os esforços
 de propaganda política e as crises econômicas mundiais
 ou regionais acarretaram de alguma forma na criação 
dos quadrinhos em suas épocas.

            Sobre alguns aspectos dos assuntos introduzidos, 
este Artigo tratará de forma que ilustre a reação da 
indústria e mercado dos quadrinhos aos principais fatos
 econômicos e políticos ocorridos na História Mundial recente.

Gênese e as Consequências 
da Crise de 1929

            Conforme descrito na introdução, os quadrinhos 
começaram como modo de produção no final do século XIX,
 o mundo ainda experimentava um período de paz, a força
 do capitalismo se tornava cada vez mais evidente. 
Nas cidades (sobretudo na América, onde os quadrinhos
 foram maciçamente produzidos) observava-se o fenômeno
 da migração e êxodo de trabalhadores do campo para as 
cidades, dos imigrantes recém-chegados, The Yellow Kid
 ambientava-se em uma favela multi-étnica.

            O cenário das histórias em quadrinhos estava dominado 
por tiras cômicas de crianças travessas, animais 
antropomórficos e confusões das famílias burguesas.
 Os magnatas da imprensa assistiram aos quadrinhos 
tornarem-se a principal atração de suas publicações e 
houve procura por novos e melhores artistas. 
Já citado no texto introdutório, houve negociação entre
 Hearst e Outcault para a troca de emprego do artista,
 que mais tarde se tornaria free-lancer.

Aliás, a migração para a Hearst foi uma prática normal 
entre os artistas, a empresa existe até hoje e se tornou
 a maior licenciadora e distribuidora de quadrinhos 
dos EUA, sob o nome de King Features Syndicate
Muitas tiras eram encomendadas a estúdios, tais
 estúdios se valiam muitas vezes de artistas 
fantasmas que produziam estórias assinadas por 
autores famosos. Em sua obra semi-autobiográfica,
The Dreamer, Will Eisner relata, com nomes fictícios,
 o cotidiano dos cartunistas em estúdios e os 
problemas dos artistas e estúdios com os sindicatos 
de artistas e a máfia.


Gasoline Alley


Na segunda década do século XX, uma criação interessante 
apresentou uma tentativa dos quadrinhos de se
 adaptarem aos novos tempos, no momento de 
prosperidade do Pós-Guerra a classe média americana
 passava a adquirir automóveis, surge então a inovadora
 série Gasoline Alley, que não só aproveitava a transformação 
da sociedade, como inovou narrando a vida burguesa
 dos personagens em tempo real, onde os personagens
 envelheciam com a passagem do tempo.


Little Orfhan Annie


MOYA relata que já na década de 20, com um dos
 personagens mais emblemáticos dos Quadrinhos,
Little Orphan Annie (Aninha), o criador inseria nas tiras suas 
idéias direitistas e conservadoras, o que lhe rendeu 
algumas críticas, porém não desmereceu ou diminuiu o
 sucesso da tira, que se transformou em musical 
na Broadway e Hollywood.

            A partir de 1929, talvez em decorrência da maior crise 
econômica já vivida pela sociedade, a produção de
 personagens e histórias atingiu um auge, se não de 
quantidade analisando o histórico até os dias de hoje,
 na qualidade dos personagens houve a certeza deste 
ápice, a maioria dos personagens longevos que são lidos 
atualmente, vêm desta época que ficou conhecida 
como a Era de Ouro dos Quadrinhos.





            No ano de 1929, o mundo assistiu à criação de personagens
 marcantes em séries de aventura que teriam continuidade 
como nas novelas, neste ano o mundo assistiu a quadrinização
 dos personagens Disney, de Tarzan e as aventuras de 
ficção científica de Buck Rogers, além do surgimento do 
protótipo de super-herói (herói com capacidades sobre-humanas) 
na tira Thimble Theatre, o marinheiro Popeye
Estes eventos dão início à “Era de Ouro”.





            A partir de então a quantidade de personagens e 
estórias lançadas foi enorme, seguindo o sucesso da
 mídia, os personagens de aventura encantavam o grande
 público que vivia a Grande Depressão, porém este enorme
 sucesso não ficou restrito aos personagens aventureiros,
 as tiras familiares continuaram com igual sucesso, tiras
 que nasceram nesta época e são produzidas até hoje,
 como Bringing Up Father e Blondie, estas ambientadas
 num cenário do cotidiano de classe média dos EUA.

            O mesmo palco da Depressão e os problemas sociais 
presentes, como o crime, inspiraram autores na criação
 de tiras policiais, e personagens muito conhecidos tiveram
 sua gênese, como Dick Tracy, de Chester Gould e X-9 de
 Dashiell Hammet, mesmo autor de o Falcão Maltês,
 os moralismos de Hammet o levaram a responder anos 
depois no comitê de investigação de atividades anti-americanas.






Tintim: das HQs para os cinemas



            Na Bélgica Hergé lança Tintin, um jovem repórter aventureiro, 
dando início à Escola de Bruxelas de quadrinhos que mais 
tarde daria origem a personagens como Lucky Luke e 
ainda influenciaria na criação de Asterix na França.






            Em 1937 Hal Foster, ilustrador de Tarzan, cria a série
 Prince Valiant, (Príncipe Valente nos Tempos do Rei Arthur),
 novamente é apresentado ao Mundo uma história
 em quadrinhos no nível de arte, desenhos belos 
ao extremo, ausência de balões, com a narrativa
 e diálogos no rodapé dos quadros, 
a pesquisa histórica, o detalhamento da Idade Média, 
perfeitas descrições de anatomia, grande galeria de 
personagens e a vida dos personagens se desenvolve 
com o tempo. A tira (dominical desde sua gênese) existe 
até hoje, com o mesmo refinamento artístico, narrando 
as aventuras não somente de Valente, como
 também de seus filhos que nasceram 
na tira ao decorrer dos anos.





            O universo dos aventureiros se expandiu, já estavam lotados 
na polícia, na selva, nos palcos, na alta sociedade, na guerra,
 nos esportes, no tempo e no espaço, durante este tempo a 
qualidade dos textos era intermitente, porém os desenhos
 ficavam cada vez mais refinados (MOYA).

Em 1938 uma revolução ocorre nos quadrinhos americanos.
 Uma tira em quadrinhos criada em 1934 por dois estudantes
 judeus pobres, originada do conceito de uma mente que 
podia dominar toda a humanidade, foi recusada pelos jornais
 diários por ser fantástica e infantil demais; quatro anos 
depois seria reescrita e compilada na forma de um comic book
isto é, uma revista em quadrinhos (que segundo MOYA 
já existiam desde 1934), e lançada neste formato no 
primeiro número da revista Action Comics, apresentava
 ao mundo o personagem (com o conceito mudado)
Superman, que em si sintetizava o estereótipo do
 cidadão americano: inocente, porém capaz de tudo.





Estava inaugurado o gênero super-herói, os personagens
 de poderes mitológicos, fantasiados, mascarados, que
 escondiam suas identidades do grande público e
 praticavam justiça, donos e multiplicadores dos mais 
nobres ideais. Este gênero gradativamente foi se 
tornando a fatia majoritária do mercado de quadrinhos.

            O sucesso Superman é uma das maiores franquias 
do mercado mundial, a popularidade do personagem o
 lançou para outras mídias como rádio, cinema, televisão, 
animação, livros, brinquedos, jogos, etc...
 Foi criado um clube nacional de jovens alinhados com os 
ideais do personagem expostos nas historietas,
 prontamente os jornais reavaliaram suas decisões e
 encomendaram as tiras do Superman para o McClure 
Newspaper Syndicate.





            O fenômeno Superman rende milhões de dólares anuais 
para a DC Comics, antiga National Periodical, há mais de
 setenta anos em todo Mundo; por um tempo os criadores 
permaneceram à frente das estórias, mesmo tendo
 vendido os direitos do personagem na época por cento
 e trinta dólares (uma miséria mesmo para a época), 
o sucesso lhes permitiu um bom pagamento e tinham
 outros personagens sendo produzidos pela dupla,
 mas uma série de infelicidades, brigas judiciais e
 extravagâncias nas vidas pessoais dos criadores 
culminaram em aposentadorias paupérrimas.


Jerry Siegel e Joe Shuster, autores de Superman


            Nas décadas de 1960 e 1970 fãs, sindicato de artistas e
 colegas se organizaram em protestos pelos direitos por
 uma aposentadoria mais digna para os dois criadores, e
 conseguiram, além de que qualquer estória contendo
 o personagem deveria trazer em sua página título
 o crédito de criação ao roteirista Jerry Siegel e ao
 desenhista Joe Shuster. Recentemente a família de
 Jerry Siegel, conseguiu na justiça vários direitos sobre 
estórias e o personagem. Há ainda uma pendência judicial
 com o nome Superboy, um dos produtos derivados 
da série (UNIVERSO HQ).





            No rastro dos lucros de Superman, a National Periodical
 encomendou ao desenhista Bob Kane, saído do estúdio de
 Will Eisner, que com o escritor Bill Finger, criou o vigilante
 mascarado Batman, com estreia no número 27 da revista
 Detective Comics, a revista em quadrinhos mais antiga 
editada até hoje e que deu nome à editora.

Junto a Superman, Batman, se torna um dos carros-chefe
 da DC Comics, foi pioneiro no uso de sidekicks, os
 parceiros-juvenis, no caso Robin The Boy Wonder 
(Robin o Menino-Prodígio), com quem os leitores melhor
 se identificavam. O sucesso das séries rendeu aos
 dois personagens revistas-título próprias, edições
 extras e até uma série regular conjunta, a
World’s Finest Comics.

Neste período a tiragem normal de uma revista
 mensal em quadrinhos girava em torno de um milhão e
 meio de revistas, que custavam em média dez 
centavos de dólar, a abrangência das tiras de jornal era
 de vinte milhões de pessoas, MOYA cita que Blondie 
atingiu sessenta e cinco milhões de leitores; 
naturalmente uma gama de profissionais se enveredou 
pelos quadrinhos e surgia a cada momento uma 
galeria de novos personagens, os estúdios e
 editoras produziam personagens e revistas em 
larga escala. Oportunamente os heróis de uma 
mesma editora compartilhavam aventuras em grupos,
 novas revistas eram publicadas
 com vendas insuperáveis.

Na já citada Era de Ouro dos Quadrinhos, como ficou 
conhecido este período de grandes vendas, criatividade,
 edição e fantasia; as duas maiores editoras de quadrinhos,
 National e Timely (esta viria a se tornar depois a líder de
 mercado Marvel Comics), inspiraram várias outras
 editoras menores, infelizmente a maior parte dos heróis
 destas editoras caiu no esquecimento (CLARK).

Num dos casos de sucesso, surge pela Fawcett Comics
Capitain Marvel (Capitão Marvel) de C. C. Beck e Bill Parker,
 ao exclamar a palavra mágica Shazam, um jovem se 
transforma no mortal mais poderoso da Terra, a mágica
 foi tão eficiente que o personagem (e a família de 
personagens derivados) estourou em vendas, 
muitas vezes superando Superman; a mídia explorada
 pelo personagem foi tão ampla quanto de Superman 
e Batman, e incomodou a National Periodical
 (detentora dos direitos de Superman), que entrou
 com uma ação anti-plágio, a batalha nos tribunais
 foi árdua e cansou a Fawcett.






Anos mais tarde, por ironia do destino, a DC Comics 
adquire os direitos dos personagens da Fawcett e os
 relança em estórias reeditadas e novas criadas por
 artistas de primeira linha, sem muito sucesso de vendas 
para o público da década de 1970. Os personagens Fawcett,
 já integrados ao universo de estórias da DC Comics, 
desde 1986, são editados até hoje em aventuras próprias
 e conjuntas com os demais personagens DC.

Cabe dizer que a ação anti-plágio acabou por interromper
 a publicação do Capitão Marvel, a interrupção forçou fãs 
britânicos do personagem a criar o que se tornaria um dos 
maiores personagens ingleses de todos os tempos,
 The Marvelman (nos EUA Miracleman por problemas com
 a Marvel Comics, no Brasil Jack Marvel e Miracleman),
 uma cópia confessa do Capitão Marvel. 
As últimas edições (década de 1980 e começo de 1990)
 de Marvelman são muito cultuadas pelos fãs internacionais
 e foram narradas por escritores e desenhistas que fizeram
 muito sucesso em editoras americanas, porém disputas 
por direitos autorais e de propriedade entre artistas 
envolvendo o personagem impedem a 
publicação de novas estórias atualmente.


Segunda Guerra Mundial

            Conforme escrito, no período entre a Grande Depressão 
e o início da Segunda Guerra o mercado dos quadrinhos estava
 muito aquecido, a criação de personagens atingiu seu auge,
 e a maior crise política já vivida pela humanidade foi a 
oportunidade temática para os criadores e 
editores lucrarem mais.

            O próprio presidente Roosevelt conclamou os criadores 
a engajarem os personagens na luta contra as forças do Eixo,
 heróis patrióticos surgiram e desta empreitada foi criado
 entre muitos outros Capitain America (Capitão América) 
de Joe Simon e Jack “The King” Kirby, que convocava os
 jovens americanos para o alistamento.





            O Capitão América, não foi o primeiro e nem o único
 personagem patriótico surgido durante a Era de Ouro dos 
Quadrinhos, porém foi o que mais perdurou do período 
da Segunda Guerra. O próprio mito americano 
Uncle Sam  foi transformado em personagem de 
quadrinhos pela Quality Comics, e novas releituras de
 heróis patrióticos (do Capitão América também)
 foram e são criadas até os dias de hoje.

            Com a entrada dos EUA na Segunda Guerra era comum 
ler os super-heróis enfrentando espiões em território
 americano, os vilões das estórias sempre foram 
estereotipados como germânicos ou nipônicos;
 situações como Jim das Selvas enfrentando forças
 do Eixo na selva, e mesmo em estorietas fora de época
 como Príncipe Valente, Flash Gordon, Brick Bradford 
apresentaram alguns adversários com características
 que lembravam os nazistas e orientais.

            Na Europa não foi diferente, os países do Eixo
           enfrentavam a popularidade interna dos comics 
          americanos, na Itália o regime fascista proibiu a
          importação de quadrinhos americanos, em virtude 
            desta decisão abriu-se espaço para a produção
 de muitos quadrinhos italianos. 
A Alemanha já convivia com a intolerância de Hitler
 aos quadrinhos desde 1933 (CLARK), a popularidade do
 Superman em terras alemãs, forçou o ministro de
 propaganda do Reich, Goebbels, responsável junto com 
Rudolph Hess pelos discursos carismáticos e sem 
conteúdo de Hitler, a exclamar enciumado (afinal Superman 
era o conceito do ariano, e em sua gênese foi conceituado
 através do Super-Homem de Niestche, por dois
 estudantes judeus) que o símbolo no peito de Superman 
era uma estrela de Davi estilizada e que o herói
 americano era judeu.











            Desta época destacam-se personagens de tiras de 
jornal cujo contexto e aventuras eram situados em 
territórios do conflito como Buz Sawyer, Steel Sterling e
Terry and the Pirates.

            Artistas também foram convocados para o alistamento, 
uma das participações mais famosas é a de Will Eisner, MOYA 
relata que na frente de batalha o artista usou sua criatividade
 para desenvolver manuais instrutivos para os soldados 
americanos sobre como operar seus armamentos e 
enfrentar as situações de sobrevivência. Com o fim do 
conflito Eisner, de volta à América, iniciou uma carreira 
semelhante na publicidade deixando os quadrinhos, 
e enriqueceu; felizmente voltaria aos quadrinhos com
 suas obras realistas e em grande parte autobiográficas,
 o que fez até a sua morte em Janeiro de 2005.

 Pós-Guerra e a Guerra Fria

            Após a Segunda Guerra, os quadrinhos entraram em 
decadência, é irônico observar que as historietas tiveram 
seus momentos mais felizes durante as piores crises 
sofridas pela sociedade mundial.

Possivelmente não se fazia mais evidente a necessidade
 de fuga de uma realidade, onde o pobre cidadão comum
 se inspirava no mitológico, ou talvez os ideais dos
 dirigentes reais que acabaram com a Guerra focassem 
mais a atenção das massas do que a fantasia, mas
 o resultado do fim da Guerra e o período de
 prosperidade econômica a partir de então ocorrido 
foi o desaparecimento de vários personagens, 
principalmente os super-heróis.

Esta crise durou até o final dos anos 1950. Da DC Comics 
somente Superman e Batman estavam vendendo 
razoavelmente e tiveram sua linha editorial ampliada.
 Mesmo a personagem feminina de maior sucesso e 
com história fortemente ligada à Guerra, Wonder Woman 
(Mulher Maravilha), criada por Willian Moulton Marston
 sob o pseudônimo de Charles Moulton, psiquiatra 
criador do polígrafo detector de mentiras, foi
 descontinuada.
Masterson apresentando os originais
         de Mulher Maravilha a Gaines
 


Dr. William  Moulton Masterson
(Charles Moulton ) Autor de Mulher Maravilha
















Da Timely as vendas de Capitain America
 despencaram, e junto com Human Torch e Namor,
 the Sub-Mariner foi descontinuado.














Novas linhas editoriais precisaram ser exploradas ou
 criadas para a sobrevivência da mídia. A legendária dupla 
Joe Simon e Jack Kirby enveredaram pelos quadrinhos
 românticos com o título Young Romance, aliás Kirby,
 muito cultuado por leitores e praticamente todos os
 profissionais do ramo de quadrinhos por sua criatividade
 e produtividade, sempre esteve muito atento aos 
movimentos da sociedade, à cultura popular e principalmente 
da juventude.

As grandes editoras apostaram também nas antologias
 de estórias curtas de monstros, crimes, ficção científica,
 terror,... de forma que tentavam compensar as baixas 
vendas com os super-heróis.


William Gaines





William Gaines herdou de seu pai Max Gaines (um dos 
criadores da mídia dos quadrinhos) a editora Educational
 Comics, que publicava principalmente historietas infantis
 e adaptações da Bíblia Sagrada, e a converteu na Entertaining
 Comics (EC), o resultado foi uma mudança de linha editorial
 para quadrinhos de crime e romance.










Em 1950, Gaines apostou em um novo gênero e lançou 
revistas de terror, escritas e desenhadas por artistas
 da mais alta qualidade, as histórias eram recheadas de 
humor negro e um senso de justiça bizarra, as principais
 estórias eram apresentadas e narradas por personagens
 fixos, houve um sucesso imediato que culminou na
 Entertaining Comics se tornando posteriormente a
 principal vítima no período mais negro vivido
 pelas histórias em quadrinhos.

Mas para o bem dos comics, os EUA entraram em mais 
um conflito armado, a intervenção na Guerra da Coréia,
 agora os inimigos eram os soviéticos.
 O Mundo estava se recuperando da destruição causada 
pela Segunda Guerra Mundial, e as duas potências
 militares (EUA e URSS) lutavam pela influência política em
 outros países, a Guerra da Coréia fez os EUA estenderem
 o Plano Marshall para o Japão, novamente os quadrinhos 
foram utilizados para a propaganda de guerra.

Novos personagens com o contexto de guerra foram
 criados, outros personagens de mesmo caráter da
 época da Segunda Guerra reapareceram, revistas em
 quadrinhos foram enviadas à frente de batalha para
 inspirar os soldados americanos (técnica depois
 também utilizada na Guerra do Vietnã), e o Mundo
 ainda vivia duas novas realidades, a corrida
 armamentista que já estava proliferando armas
 nucleares pelo planeta, e a corrida espacial.

Além de uma aposta da DC Comics em renovar os seus
 antigos personagens dando a eles uma roupagem 
de ficção científica, também novos personagens dentro
 deste gênero foram lançados, estava começando 
a “Era de Prata dos Quadrinhos”. Estudiosos apontam 
como o marco inicial da Era de Prata o lançamento 
do quarto número da revista Showcase da DC Comics 
com a releitura do personagem The Flash, porém 
as tiragens das revistas não voltariam ao nível de vendas
 anteriores aos do fim da Segunda Guerra.




No início dos Anos 1960, temendo os efeitos de uma
 guerra nuclear, o público assistiu uma aposta da Timely, 
que a partir de então se chamava Marvel Comics Group, 
com o lançamento de uma nova e marcante safra
 de super-heróis.








Observando o sucesso dos heróis da DC Comics, a
 Marvel capitaneada por Stan Lee, lançava ao espaço
 uma família que retornaria com super-poderes devido à 
contaminação com radiação cósmica, The Fantastic Four 
(O Quarteto Fantástico).


Seguidamente na década de 1960, Stan Lee junto com 
outros artistas (os principais foram Jack Kirby e Steve Ditko)
 lançou um vasto universo de super-heróis, como Hulk 
e Spiderman (Homem-Aranha); todos sucessos de
 vendas e que rapidamente fizeram a Marvel tomar a
 liderança de mercado da DC.

Autodenominada “A Casa das Ideias”, a Marvel produzia
 quadrinhos a partir da arte. Muito ocupado com outras
 atividades editoriais, administrativas e comerciais além
 da elaboração de roteiros, Stan Lee traçava um argumento
 base e delegava aos artistas a criação do enredo,
 depois completava as estórias com os textos em balões
 e recordatórios.

Tratando-se de uma concorrência monopolística,
 o diferencial editorial da Marvel é que a editora trazia
 super-heróis mais humanizados, com problemas 
característicos do cotidiano dos leitores, todos
 esses super-heróis possuíam um Calcanhar de Aquiles
 e tinham origens acidentais, muitas vezes com 
fenômenos radioativos, o temor principal da época; 
os vilões normalmente traziam características orientais
 e soviéticas, foi fácil e automática a afeição do leitor
 com o carisma dos personagens.


Inicialmente não vendia nada


A Marvel ainda tentou sem sucesso discutir o tema 
do racismo, na revista Uncanny X-Men, os personagens, 
todos mutantes genéticos, sofriam com o preconceito
 da humanidade que juraram proteger, a série foi o
 Patinho-Feio da Marvel, sofreu cancelamento e retornou 
na década de 1970 para rapidamente se tornar o
 carro-chefe da editora juntamente com o Homem-Aranha.

A Marvel aproveitou para “ressuscitar” velhos personagens 
da Timely, Namor e Capitão América foram os primeiros,
 neste novo enfoque o herói patriótico acordava após um 
congelamento de vinte anos, com seu sidekick morto e
 constrangido com os problemas sociais da América 
das décadas de 1960 e 70.

Caça às Bruxas, Censura e 
o Código de Ética






Em 1954, o psiquiatra famoso Dr. Fredric Wertham, 
lançou o livro Seduction of the Innocent, nele o autor
 acusava os quadrinhos de causarem danos morais e
 como influenciavam a delinquência dos jovens da América. 
De forma demagógica o livro convocava uma verdadeira 
onda de puritanismo contra os quadrinhos; trecho
 deste livro sugere em detalhes a pederastia entre
 Batman e Robin.

            É necessário lembrar que esta era a época da 
Guerra Fria, os EUA estavam vivendo a cruzada anti-soviética 
promovida pelo senador Joseph McCarthy, Wertham 
conseguiu influência necessária para instalar uma
 sibarítica investigação
 sobre o conteúdo das histórias em quadrinhos. 
Vários artistas tiveram que prestar depoimento ao
 Comitê de Investigação de Atividades Anti-Americanas.


Al Capp


Surpreendentemente Al Capp, da tira Li’l Abner,
 provavelmente o maior sátiro da indústria norte americana
 de quadrinhos, que criticava e ridicularizava a condição 
humana e o modo de vida americano, e que criou em
 seus quadrinhos um personagem que representava a
 maior ameaça ao mundo capitalista, não foi chamado 
a depor, “-Não foi por falta de esforço da minha parte!”, 
disse o autor citado por MOYA.

            MOYA ainda cita Jules Feiffer, que em seu livro
 dedicado à esposa e filhos, ironizava que devido
 à leitura de quadrinhos na infância nunca pensou nas
 sujeiras explicitadas por Wertham, e acusava muitos
 que não defendiam os quadrinhos na época da perseguição,
 agora relembravam dos quadrinhos como 
exemplo da inocência juvenil.


Frederic Wertham: SHOCK

O clima com os quadrinhos andava tenso na América, 
revistas eram queimadas e jovens eram inquiridos por
 seus pais. E conforme explicado anteriormente, as vendas 
de revistas nesta época não eram muito animadoras. 
Wertham reuniu relatos de crimes de inspiração admitida
 nos quadrinhos, e os meios de comunicação não cansavam 
em encontrar esses casos (CHRISTENSEN e SEIFERT).

            Os quadrinhos da Entertaining Comics foram os
 mais perseguidos na realidade, os enredos e desenhos
 das estórias por si só já justificavam um sucesso de 
vendas, fora isto um novo estilo estava sendo criado,
 havia uma carga intelectual maior que nas revistas
 que estavam no mercado. PHEGLEY em seu artigo 
declara que a EC iniciou uma fase brilhante como
 a mais importante e bem-sucedida 
editora de quadrinhos.

            A liberdade dos criadores era total, com isto Gaines
 garantia o cenário mais criativo, os criadores não 
eram anônimos, algo raro na época, uma miríade de 
temas e situações bizarras foi explorada, e mesmo 
temas repetidos ganhavam enfoques incrivelmente
 originais em novas estórias. 
Tais revistas de terror alcançaram a cifra em torno 
de meio milhão de edições mensais, pouco menos que 
as revistas no período da Guerra.

            Todas as estórias eram imbuídas de moralismo,
 mas nunca deixavam de apelar para o bizarro, e as 
tiragens de seus quadrinhos chamaram a atenção de 
representantes populares influenciados pelas
 acusações de Wertham.





            Nas audiências públicas Gaines provou-se incapaz 
de se defender, e até concordou com sua culpa no
 processo movido contra a Entertaining Comics, sérias
 sanções e a criação do Código de Ética dos Quadrinhos,
 impediram a circulação e várias liberdades editoriais
 das revistas de Gaines, arruinando vários profissionais.










Publicamente a Comissão venceu defendendo os 
interesses dos pais e jovens da América, a EC 
quase quebrou, podendo manter somente uma 
revista em quadrinhos, que logo Gaines com o
 seu editor-chefe Harvey Kurtzman trataram de
 transformar em uma revista formato magazine,
 para não submetê-la ao Código de Ética, a revista de
 humor Mad se tornou o maior sucesso editorial
 dos quadrinhos americanos satirizando o modo 
de vida americano, e permaneceu como líder de
 mercado até a metade da década de 1990. 
Hoje a revista está franqueada pela DC Comics.

SHUTT relata que o Código de Ética dos Quadrinhos 
foi um mecanismo de defesa auto-imposto pela 
associação de editoras de quadrinhos da América 
para que estas pudessem se defender da perseguição 
de orgãos de censura, influenciados pela onda
 antiquadrinhos da década de 1950, e de repente 
ser implantado um código oficial mais rígido. 
No Código algumas regras devem ser observadas
 pelas editoras ao publicar as suas
 revistas em quadrinhos.

De certa forma, que não a criativa, o Código salvou 
a indústria de quadrinhos, afinal todos os distribuidores
 estavam devolvendo as revistas. 
Sob o ponto de vista de artistas o Código foi uma
 clara e covarde conspiração de editoras concorrentes
 e políticos em busca de publicidade, para retirar a
 Entertaining Comics do mercado, pois as regras
 impostas atingiam diretamente características 
específicas dos quadrinhos da EC, como os títulos.

            No final de sua carreira, Wertham surpreendeu a mídia, 
declarando em seu último livro, The World of Fanzines
que os fanzines alternativos, produzidos de forma 
artesanal por jovens, eram uma grande forma 
de comunicação, válidos e construtivos 
(CHRISTENSEN e SEIFERT).

Justiça seja feita no caso da Entertaining Comics, as 
estórias de terror, crime e ficção científica da editora
 são reeditadas continuamente, e essas séries foram 
transportadas para a televisão no ótimo seriado
 Tales From the Crypt, com atores e diretores de
 renome do cinema como Steven Spielberg. 
Para o público infantil, uma versão em desenho
 animado também foi produzida.





            Hoje em dia, muitos editores romperam com o Código,
 resultado direto da presença de um público leitor mais 
amadurecido. As grandes editoras primeiramente 
forçaram uma revisão do Código, conforme será 
visto adiante, e mais tarde se viram forçadas a romper. 
A DC já na década de 1980 com os quadrinhos autorais
 e os quadrinhos de luxo apresentava edições sem o
 selo do Código, e na década de 1990 a editora lançou
 uma linha de quadrinhos sugeridos para leitores
 maduros (Vertigo) que explorava temas polêmicos 
como crime, feitiçaria, homossexualismo, drogas
 alucinógenas, entre outros; era natural que o 
selo do Código não viesse estampado nas capas, 
e as revistas se tornaram sucessos de vendas.

A Marvel, acomodada pela liderança de mercado e
 que a partir dos anos de 1970 sempre priorizou o
 desenho em detrimento dos enredos, demorou mais 
uma década (em relação à DC) para apostar
 numa linha de quadrinhos maduros, e deixar de
 submetê-los ao Código, proeza do editor-chefe 
Joe Quesada. Por conta do descaso das duas maiores 
editoras, o Código de Ética dos Quadrinhos hoje 
é uma instituição caduca.

Anos 1960, Drogas, 
Pornografia e Erotismo

            MOYA cita os Dirty Comics da década de 1930, tais 
produções humildes e canhestras serviram de inspiração
 para revistas como a Mad e os quadrinhos “underground” 
dos anos 1960. CLARK cita que Joe Simon em seu 
livro revela que Martin Goodman, editor da Timely,
 criticava que Young Romance de Simon e Kirby,
 já na década de 1950 beirava a pornografia.



Carlos Zéfiro autor de "catecismos"


          No Brasil Carlos Zéfiro é provavelmente o maior
 nome dos quadrinhos pornográficos, seus trabalhos
 (catecismos, edições semi-artesanais) eram vendidos
 por baixo de balcões desde 1950 e desapareceram 
durante os anos de 1970. O autor que permaneceu
 anônimo para o grande público só foi revelado
 em 1992, pouco antes de sua morte, na oportunidade
 da Bienal Internacional de Quadrinhos que percorreu 
algumas capitais brasileiras. Zéfiro comentou no
 programa 100 Censura da TV Cultura na época da Bienal,
 à apresentadora Márcia Peltier, que queria apenas 
ensinar os jovens. Ilustrações de Zéfiro (na realidade
 Alcides Caminha) foram utilizadas no álbum 
Barulhinho Bom da cantora Marisa Monte.

Ainda hoje no Brasil, os quadrinhos pornográficos 
de boa edição, mas preços baixos constituem a
 maior possibilidade de publicação de material nacional
 e sua venda nas bancas de jornal, ainda partilhava
 deste mercado as antigas revistas juvenis de terror.
 Hoje felizmente há muitos brasileiros trabalhando
 para as grandes editoras americanas e ganhando bons 
salários e prestígio.

            O Mundo, durante a década de 1960 principalmente, assistiu os movimentos e reivindicações de jovens e estudantes. 
O surgimento dos entorpecentes sintéticos e dos preservativos anticoncepcionais liberou o comportamento dos jovens 
de maneira a discutir e praticar sexo intensamente.

            Movimentos como os hippies, pregando a total anarquia de comportamento cidadão e a filosofia de Paz e Amor,
 surgiram neste cenário, novas tendências de narração
 e novos assuntos deveriam surgir à mente dos 
leitores de quadrinhos. Durante essa mesma época
 outro fenômeno passou a ser observado no mercado 
de quadrinhos, os jovens que adentravam as
 universidades não só mantinham suas coleções 
como também o hábito da leitura.

            Não era novidade nos anos 1960 que os quadrinhos 
trouxessem à baila situações eróticas e incentivos ao
 onanismo, mesmo celebridades eram satirizadas em
 pequenos catecismos, porém estes eram os 
quadrinhos marginais.


Havey Kutzman autor de Little Annie
Fanny (Revista Playboy)











Na América surgia Vampirella

Revista de alto nível que surgiu na
Europa como Metal Hurlant



            Os europeus souberam explorar com muito glamour
 o erotismo nos quadrinhos, injusto com muitos, mas
 destaque seja dado aos italianos Milo Manara e Guido
 Crepax, na criação de personagens e estórias 
eróticas de altíssimo nível publicadas em luxuosos álbuns.

            Um movimento surgido na época trazia aos quadrinhos 
novos conceitos e experimentações, os quadrinhos
 independentes, ou underground como ficaram 
conhecidos na América. Desta safra de quadrinhos
 revelaram-se novos artistas, nem um pouco preocupados 
com o Código de Ética dos Quadrinhos e muito interligados
 com o conceito punk de Do it yourself (Faça você mesmo).


Mister Natural







Marcatti: Frauzio
       
       A exploração do tema das drogas e do sexo foram 
intensas e grandes artistas representaram este
 movimento sendo o mais expressivo Robert Crumb. 
No Brasil o maior nome do gênero é Marcatti, que
 publicou e circulou muitas revistas de forma 
artesanal, envereda pelo estilo escatológico, conta
 com um público cativo, e já expandiu seus 
quadrinhos para outros produtos como jogos de
 computador e camisetas.





As grandes editoras de quadrinhos não ficaram fora 
da discussão, em 1971 uma edição de Amazing Spiderman 
da Marvel apresenta um rapaz entorpecido em risco de
 morte e na mesma estória um coadjuvante, colega de 
faculdade do alter-ego do herói, se vicia em drogas.

No mesmo ano na DC Comics, na histórica edição 86
 da Green Lantern/Green Arrow, um sidekick dos 
heróis se revela um viciado em heroína bem na capa da
 revista e discute no interior da revista o problema do 
tráfico e do vício dos jovens. 
A edição faz parte de uma brilhante série em que
 os dois personagens (Lanterna Verde e Arqueiro Verde)
 percorrem a América para conhecer de perto os 
problemas sociais do país e do Mundo, série de
 autoria de uma das mais fortes duplas criativas que
 a indústria dos quadrinhos já conheceu, o escritor
 Dennis O’Neil e o desenhista Neal Adams.

Desnecessário dizer que as duas edições citadas
 saíram sem o selo de aprovação do Código de Ética,
 e provocaram a já citada revisão deste.

O Mercado Direto

A aprovação por parte dos leitores de roteiros
 mais maduros, alternativos e mundanos, que
 explorassem a realidade, propiciou que as editoras 
buscassem novas opções de edição. Nos anos 1970 
algumas tentativas dos próprios artistas, e de pequenas 
editoras traziam uma liberdade artística em obras que,
 embora aprovadas pelos leitores, não seriam aprovadas 
pelo Código de Ética, editadas pelas grandes editoras, 
aceitas pelos distribuidores e em pontos de vendas.

Muitas dessas edições estavam condenadas a 
nem mesmo ter uma distribuição que abrangesse os
 leitores interessados. Vale lembrar que até então
 as revistas em quadrinhos nos EUA eram distribuídas 
para bancas de jornal e prateleiras de supermercados
 em esquema de consignação.


Roberto Guedes



GUEDES cita que em 1972, por iniciativa de um fã e 
entusiasta dos quadrinhos, uma nova forma de
 distribuição foi experimentada e posta em prática.

O fã em questão era o professor Phil Seuling, que 
elaborou um sistema de distribuição que garantiria
 às editoras o escoamento de quase toda sua tiragem 
e maior exposição das revistas aos consumidores. 
Seuling garantiu a compra de um lote de revistas
 e distribuiu-as para conhecidos venderem e 
redistribuí-las, fazendo com que revistas que
 encontrassem dificuldade de distribuição ganhassem 
acesso a leitores conectados a este esquema
 de distribuição e vendas especializadas.

A distribuição evoluiu de forma que houve a criação
 das comic-shops, lojas especializadas em quadrinhos,
 revistas e produtos relacionados aos quadrinhos 
(como brinquedos, filmes, jogos, roupas,...).
 Como o sistema garantiria o não-retorno dos exemplares
 encalhados para as editoras, para estas o sistema 
constituiu-se num grande negócio.

A distribuição de quadrinhos passou a priorizar as 
lojas e livrarias, tanto em prazos quanto em volumes. 
Em troca as editoras forneceriam às comic-shops 
descontos maiores e a garantia de fornecimento
 das edições e séries.

Desta forma os leitores poderiam solicitar diretamente
 aos vendedores a edição pretendida, ou o próprio
 vendedor faria sua previsão de vendas, o pedido
 seria transmitido à distribuidora e consequentemente 
chegaria à editora, e esta não sofreria os riscos
 de encalhe e retorno da tiragem.


Paul Levitz, DC 


Paul Levitz, publisher da DC Comics, em um editorial 
de homenagem póstuma em Fevereiro de 1990 nas 
revistas DC explica que Sol Harrison (na época editor 
chefe da DC) foi pioneiro, como executivo de uma 
grande editora, ao dar crédito a Seuling e a esta
 forma de mercado que estava surgindo.

As grandes editoras se valeram também desta nova
 forma de distribuição e, conforme GUEDES narra em
 seu livro, o primeiro número da revista Dazzler (Cristal)
 da Marvel foi a primeira revista da editora a ser
 vendida exclusivamente pelo Mercado Direto 
em 1981, atingindo a tiragem de 400.000 exemplares.

Observando os resultados e vantagens do Mercado 
Direto para as editoras, inclusive as grandes, as
 mesmas puderam arriscar mais em suas propostas 
editoriais, e oferecer ao público leitor, na maior
 parte amadurecido, formatos gráficos e roteiros
 mais sofisticados e ousados.


RPGs: Devir




A Livraria Paulistana Devir (hoje também editora), nos 
anos de 1980 e 1990, descreveu muitas vezes através 
de seu boletim semanal (Recado) o funcionamento
 desta forma de distribuição, e se valeu das vantagens
 do Mercado Direto para distribuir quadrinhos e RPG’s 
(Role Playing Games) por lojas e livrarias do Brasil.
 Algumas outras iniciativas foram tentadas no Brasil 
além da Devir, como a editora Ópera Graphica na
 primeira década de 2000.





Se o Mercado Direto teve impacto positivo imediato 
sobre o mercado de quadrinhos não há dúvidas, segundo
 GUEDES houve até editoras que fecharam as portas
 por não aderirem à modalidade, porém observando
 o cenário dos quadrinhos após quatro décadas da
 criação do sistema de distribuição o mercado está 
muito segmentado, as tiragens somente estão
 maiores que as vendas, ambas em níveis medíocres
 trabalhando com o mínimo que as gráficas 
se dispõem a produzir.


 Os preços estão altos para o consumidor, que
 assistiu a mudança de edições especiais de luxo
 com preço elevado, para todas as publicações 
com preços excessivos. 
Infelizmente o nível de preço atual e a menor exposição
 em pontos mais populares restringem a compra 
dos quadrinhos pelo público não colecionador, 
onerando cada vez mais as publicações.

O Renascimento dos Quadrinhos

            Na década de 1980, os quadrinhos novamente 
entraram em uma crise comercial, editorial e em
 parte criativa. Muitos especialistas afirmavam que a 
mídia acabaria, nas grandes editoras havia os fenômenos 
de vendas, que apesar de um sucesso comercial 
(para a época) e de crítica, não chegavam nem ao 
mais baixo nível de tiragens alcançado pelas revistas
 em quadrinhos de algumas décadas atrás.

            As editoras pequenas e independentes apostaram
 em linhas editoriais alternativas, desde reedições de
 clássicos, passando pelo underground e arriscando
 até o concorrido mercado dos super-heróis.

            As grandes editoras passaram a criar histórias 
interligadas entre seus títulos para forçar a venda de
 mais revistas, o resultado é que grandes sagas surgiram
 para tentar alavancar as vendas despertando maior 
interesse no leitor e forçando-o a acompanhar
 um maior número de títulos. Porém os leitores
 amadureceram e demandavam um maior primor 
gráfico, acabamentos luxuosos e enredos 
mais inteligentes.


Frank MIller
Neste cenário foi lançada uma mini-série do Batman 
de autoria de Frank Miller intitulada The Dark Knight Returns (Batman O Cavaleiro das Trevas), na estória é mostrado o Batman aposentado e deprimido em uma sociedade decadente a beira de uma guerra nuclear, ainda é explorado o tema da simbiose entre o bem e o mal nas histórias em quadrinhos, no final da mini-série,os dois ícones da DC, Batman e Superman se digladiavam.




O inglês Alan Moore






            Outra obra contemporânea é Watchmen do escritor 
inglês Alan Moore, uma abordagem adulta sobre 
como os super-heróis se comportariam na vida real,
 sendo eles seres humanos comuns, com necessidades 
e preconceitos comuns. Watchmen é considerada
 por muitos como a melhor estória de super-heróis 
de todos os tempos. O mesmo autor, na série mensal
Swamp Thing (Monstro do Pântano), da DC Comics 
deu início a uma narração alternativa que mais tarde
 resultaria na linha editorial para quadrinhos adultos
 (Vertigo) nesta grande editora.






            As duas obras citadas, foram sucesso de venda e 
crítica, ainda forneceram ao mercado a percepção de 
que os leitores queriam algo mais sofisticado, houve
 aprimoramento das edições que passaram a ser 
editadas em formato de livros, com colorização especial,
 papel de boa qualidade e enredos ousados. 
O uso de aquarela nos quadrinhos também 
apareceu neste período. Em suma The Dark 
Knight Returns e Watchmen principalmente, definiram
 o modo como a indústria dos quadrinhos
 trabalharia em diante.

            Houve uma migração de artistas ingleses para a 
América, o que permitiu um aprimoramento literário 
maior aos comics. A produção em massa dos quadrinhos
 de luxo se intensificou e perdura até os dias de hoje,
 porém as estórias, mesmo publicadas nesses 
formatos luxuosos, não são consagradas como
 as primeiras do período, possivelmente pela
 massificação comercial do formato, ao consumidor 
ficou o benefício de encontrar maior variedade e
 ter o poder de escolher mais material nas lojas.

Período de Especulação

            A produção de gibis de melhor qualidade gráfica 
trouxe aos quadrinhos um público não tão fiel,
 porém impressionado com as novas técnicas de 
desenhos e colorização. Nem mesmo com os 
mais durões personagens surgidos nas tiras de
 jornal o chauvinismo gráfico foi tão evidente. 
As novas técnicas de desenho e principalmente 
colorização por computador revelou um 
impressionismo fantástico e desenhistas passaram 
a ser idolatrados pelos leitores.





            No final dos anos 1980 e durante os anos 1990, os
 personagens carros-chefe da Marvel, Spiderman 
e principalmente os mutantes X-Men, seguiam uma 
linha editorial de valorização máxima dos recursos 
gráficos nas revistas, os roteiros viriam em segundo
 plano, os personagens estavam cada vez mais 
detalhados e exagerados nos aspectos anatômicos.

            Os quadrinhos desta linha sofreram um salto de
 vendas, revistas e estórias interligadas (os “cross-overs”), 
novas séries com mesmos personagens (os mais populares) 
eram lançadas e estes explorados ao extremo, essa
 superexposição causava descaracterizações dos
 personagens e exaustão das economias do público
 leitor, afinal as edições especiais, a obrigação de 
acompanhar um maior número de edições e títulos, e
 os formatos luxuosos, que chamavam mais a 
atenção do consumidor, naturalmente
 custavam mais caro.

            O mercado de colecionadores estava num patamar 
elevado, outras técnicas de vender mais eram utilizadas,
 como lançar a mesma revista com capas alternativas
 forçando o leitor a comprar a mesma estória com
 outra capa, ou lançá-las dentro de embalagens
 herméticas que se abertas perderiam o valor
 de mercado, reedições de sucessos de vendas com 
páginas extras de estória. 
A encadernação de estórias continuadas e interligadas
 em acabamento diferenciado também foi um 
incremento nas vendas.




            Em 1992 houve um êxodo dos principais
 desenhistas da Marvel para a formação de uma 
nova editora com novos personagens, que em
 questão de poucos meses se tornara a terceira maior
 editora americana, seus personagens recém-criados
 eram muito parecidos com os que trabalhavam na 
Marvel, praticamente plágio, os roteiros eram insossos,
 mas as vendas eram extraordinárias, a editora
 convenientemente foi batizada de Image Comics.





A Image caiu como uma bomba no mercado e 
elevou muito o preço do profissional de quadrinhos,
 agora os principais artistas das editoras recebiam 
dos fãs o mesmo tratamento cedido às estrelas
 de Rock’n Roll.



Moriaty # 1


Na mesma época a DC Comics respondeu às duas 
concorrentes com a linha editorial Vertigo voltada a
 leitores maduros, os desenhos desta linha já eram
 menos detalhistas e impressionistas, mas tinham
 estilo próprio. Outra aposta da editora para alavancar
 as vendas de seus personagens foram as já 
consagradas sagas interligadas e os eventos de
 marketing grandiosos, como a Morte do Superman.

O sucesso de personagens da Marvel gerava várias 
outras séries, mini-séries e edições especiais na
 mesma linha editorial, houve o transporte para 
outras mídias como a animação, as franquias
 estavam se valorizando, as vendas superavam 
os milhões de exemplares mensais e reedições, 
principalmente das edições comemorativas,
 mas decaiam de vendas em pouco tempo, para
 patamares de um quarto de milhão.

Uma pesquisa no início dos anos 1990 revelava que 
o maior sucesso de público da época, X-Men,
 que vendera em seu primeiro número de uma 
nova série seis milhões de cópias, tinham 
vendas médias de 250.000 edições e os fãs
 se restringiam a um grupo de 100.000 leitores.
 Em comparação no Brasil, a tiragem da época de
 revistas em quadrinhos da Turma da Mônica 
era cativa em 500.000 exemplares, 
provavelmente para leitores.

Evidentemente havia um movimento especulativo 
no mercado de colecionadores de quadrinhos
 como nunca visto antes.
 Leitores e especuladores de mercado viam nos leilões 
de quadrinhos uma grande oportunidade de investimento, 
e chegavam a comprar várias cópias da mesma edição, 
para revendê-las no curto prazo, o valor
 era muito superior ao das reedições.

Mas as edições não eram raras, estavam em lojas
 há poucos meses e com preços altos, Stan Lee
 em um documentário no History Channel explicou
 que a diferença entre o valor de uma edição histórica
 com cinquenta anos de idade e o valor especulativo 
de edições abundantes recentes era total, e o
 valor real estava baseado na raridade das 
edições antigas. Historicamente qualquer edição
 recém lançada perde seu valor no curto e, na maior 
parte dos casos, no médio prazo.

A alta especulação se restringia aos principais 
selos editoriais, o assédio excessivo aos 
personagens principais canibalizou o mercado 
dos personagens de segundo (e até primeiro)
 escalão das próprias editoras, isto forçou os editores
 de grupo a adotarem as mesmas estratégias 
editoriais dos personagens principais ou 
reformulação total dos personagens, eventos 
como morte de personagens e sua posterior 
ressurreição se multiplicaram, sem o mesmo 
efeito de outrora. Editoras faliram e muitos
 títulos foram cancelados.

A Marvel ainda tentou recontratar alguns proprietários
 da Image para recuperar alguns importantes
 personagens em edições que causaram descrédito
 nos leitores, as vendas despencaram e até 
mesmo a líder de mercado abriu um processo
 de falência, foi salva pelo licenciamento para 
outras mídias como jogos, animações e filmes. 
A estratégia de licenciamentos não se restringiu
 somente às maiores editoras, e constitui atualmente
 a maior fonte de receitas para as editoras e criadores.

O mercado entrou em crise novamente, os efeitos 
desta crise foram mais brandos, de forma que 
além de recente, o cenário atual não é muito 
diferente de antes da crise, mas gradativamente os
 quadrinhos perdem público e hoje uma editora
 é forçada a se contentar com uma tiragem 
de 30.000 exemplares, o preço destas edições
 em consequência se eleva devido às baixas tiragens.

            O Mundo passou pelas Crises Mexicana, Russa e
 dos Tigres Asiáticos, nada se provou num 
cenário de recessão, mais dispensável que revistas
 em quadrinhos. Ainda havia novas formas de
 concorrência como jogos eletrônicos, quadrinhos 
orientais (mais dinâmicos e de rápida leitura), sistema 
de televisão por assinatura e o aparecimento da
 Internet, que somados à falta de investimento em 
linhas editoriais infantis para a formação de novos 
leitores afastaram muitos leitores do hábito
 de leitura dos quadrinhos.

Conclusões




            Os quadrinhos realmente foram influenciados,
 seja nos argumentos e caracterização dos
 personagens, seja no volume de vendas, pela economia
 mundial. O centro financeiro mundial, os EUA, também 
se constituía no principal mercado de quadrinhos.
 Foi observado que as crises anteriores do século XX
 contribuíram muito para o desenvolvimento da arte,
 o que não ocorreu no final do século.
 Tal diferença se dá pelos seguintes motivos:

  • Concorrência, os meios de comunicação se 
  • sofisticaram, assim como os quadrinhos, porém 
  • o apelo comercial, praticidade e a tecnologia das
  •  novas formas de entretenimento e diversão foram
  •  mais atrativas e atingiu uma nova geração que
  •  não teve um contato promissor com os quadrinhos;

  • Preço, os quadrinhos do começo do século 
  • constituíam-se em uma forma de entretenimento 
  • de baixo custo, mais recentemente os custos variáveis
  •  de papel, impressão, acabamento, e os custos
  •  fixos de mão-de-obra e marketing tiveram que ser 
  • repassados para o cada vez menor público
  •  consumidor, em algum momento o mercado 
  • ignorou o potencial de consumo, atual e futuro,
  •  da formação de um público leitor, observaram
  •  apenas a reciclagem de leitores que amadureceram;
Alvo, o mercado se concentrou basicamente nos 
colecionadores que fica restrito a consumidores
 de bom poder aquisitivo para comprar muitas
 revistas, também ficou difícil ao leitor novo iniciar e
 acompanhar uma série, pois a compreensão das 
estórias dependia do conhecimento prévio e interligado
 da cronologia das séries;

  • Continuidade, unindo os itens anteriores desagrada 
  • ao próprio colecionador ser impedido de manter a 
  • coleção completa. Sendo forçado a comprar um
  •  grande número de edições a preços elevados, 
  • o colecionador fatalmente se defrontará com a
  •  impossibilidade de comprar todas as edições;

  • Licenciamentos, as maiores receitas das franquias
  •  vinham de formas mais abrangentes de exposição,
  •  como os jogos eletrônicos, brinquedos, cinema e a 
  • animação, mas o retorno que essas novas mídias
  •  traziam aos quadrinhos era na maior parte
  •  das vezes descartável, principalmente pelos motivos 
  • destacados nos itens anteriores.

O mecanismo de crise e prosperidade das
 Histórias em Quadrinhos é cíclico, este mercado é 
uma atividade que ideologicamente não necessita
 ser competitivo internamente, sendo que a cada
 editora só é permitido a publicação de personagens, 
títulos e enredos a ela licenciados, a
 Concorrência Monopolística, característica
 do mercado editorial.




O grande desafio dos quadrinhos atualmente, 
para continuidade como mídia, seja em termos 
criativos, técnicos, e comerciais, está na formação
 e expansão de um público leitor (e colecionador)
 que não seja facilmente perdido para outras
 mídias como é observado frequentemente.

Referências

CHRISTENSEN, W., SEIFERT, M. (1997) Anos Terríveis. 
Revista Wizard #7 pg. 38, São Paulo, Editora Globo.

CIRNE, M. (2000) Quadrinhos, Sedução e Paixão. 
Petrópolis, Editora Vozes.

CLARK, A., CLARK, L. (1991) Comics Uma História Ilustrada
 da B. D. Portugal, Distri Cultural.

GUEDES, R. (2008) A Era de Bronze dos Super-Heróis.
 São Paulo, HQM Editora.

LUYTEN, S. M. B. O Que É História em Quadrinhos. 
São Paulo, Editora Brasiliense, Coleção Primeiros Passos.

MOYA, A. (1986) História da História em Quadrinhos. 
São Paulo, LPM Editores S/A.

MOYA, A. (1978) Shazam! São Paulo, Editora Perspectiva, 
3ªed. Coleção Debates.

PHEGLEY, K. (2007) Ascensão e Queda da EC Comics, 
Revista Wizmania #44, São Paulo, Panini Comics.

SHUTT, C. (1997) Código de Guerra, Revista Wizard #8 pg. 48,

São Paulo, Editora Globo, 1997.





MINI BIOGRAFIA DO AUTOR






Daniel Saks - Paulistano, 36 anos(21/05/1975). Engenheiro 
Químico e Mestre em Tecnologia da Madeira pela Universidade 
Federal do Paraná.
 Ora seguindo a família, e depois de uma idade seguindo 
os próprios passos morou em sete cidades (desde que
 tivessem uma banquinha de gibis), atualmente mora 
em Curitiba.  Colecionador de quadrinhos desde 1985, 
dedica-se à coleção, aos livros 
de História, ao Operário Ferroviário, à esposa Ana Paula e 
aos três filhos Gabriela (9), Carolina (6) e Samuel (1/2).
 Começou a colecionar gibis por indicação de amigos e 
viciou outros ao longo do tempo, hoje se ressente da 
distorção de mercado que levou autores nacionais a
 venderem quase exclusivamente 
fora das bancas de jornal.  







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Colaboração: Daniel Sacks
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