Nas décadas de 60 e 70, o Brasil viveu uma de suas
épocas mais prolíficas de publicações de histórias
em quadrinhos, tanto nacionais, quanto estrangeiras.
Nesse período, a EBAL (Editora Brasil-América), de
Aldolfo Aizen, e a Rio Gráfica-Editora (atual Globo)
dominavam este gênero de publicações, lançando
gibis interessantes de séries de TVs e sucesso
cinematográficos, que faziam a cabeça da garotada.
A EBAL publicava Os 3 Patetas, The Monkees, Jerry Lewis,
Gunsmoke, Reis do Faroeste, Roy Rogers,
, Cheyenne, The Lone Ranger (Zorro, no Brasil), fora uma
gama de títulos de seres poderosos como
Liga da Justiça, Turma Titã, Batman, Superman,
Flash, Mulher – Maravilha, Capitão América,
Homem de Ferro, Hulk, Thor, Namor,
Tarzan, Korak, GaviãoNegro, Flash, Superboy, O Agente
da U.N.C.L.E, Epopéia Tri, Flash Gordon e Príncipe Valente
(em álbuns luxuosos), etc.
Edições EBAL |
Por outro lado, a Rio-Gráfica Editora - principal concorrente –
publicava: Flecha Ligeira, O Fantasma, Mandrake,
Popeye, Rocky Lane, Don Chicote, Cavaleiro Negro,
Nick Holmes, Brucutu, Flash Gordon, Príncipe Valente,
Águia Negra, Robin Wood, Riquinho, Brotoeja, Bolota,
Fix e Fox, Recruta Zero, Ferdinando, etc.
Enquanto isto, a editora O Cruzeiro, publicava:
Gasparzinho – o Fantasminha Camarada -, Brazinha, Luíza –
a bruxinha -,
Os Flintstones, Pepe Legal, Don Pixote,
Zé Colméia, Combate, etc. Paralelamente, editora Abril,
de Victor Civita, editava
revistas quinzenais do Pato Donald, Zé Carioca, e
mensais como o Almanaque Tio Patinhas
(Uncle Scrooge) e Mickey Mouse.
A saudosa editora Vecchi – de Lotário Vecchi - lançava
Tex, Ken Park e, posteriormente Chet, do grande escriba
brasileiro Wilde Portella.
A Vecchi também publicou a revista Spektro – um
almanaque de histórias de terror -, comandado
pelo genial Otta – eterno editor da revista Mad,no Brasil.
Spektro teve muito sucesso devido aos seus
incríveis colaboradores.
Empolgados,
com a publicação de tantos títulos
estrangeiros bem sucedidos, alguns editores de
menor porte, nacionais, timidamente surgiram
com alguns títulos de terror e de guerra – inicialmente
o material era importado -, depois para suprir a demanda
e a escassez do material americano – em virtude do
severo código de ética imposto pelos próprios
editores daquele país -, começaram a convocar
roteirista e desenhistas brasileiros para dar
continuidade àquelas séries que faziam sucesso.
Personagens, como Fantasma,
Mandrake, Recruta Zero, etc,
passaram a ser produzidos no país.
Os Flintstones, e os
personagens Disney também passaram a ser produzidos no país, devido
ao estrondoso sucesso.
estrangeiros bem sucedidos, alguns editores de
menor porte, nacionais, timidamente surgiram
com alguns títulos de terror e de guerra – inicialmente
o material era importado -, depois para suprir a demanda
e a escassez do material americano – em virtude do
severo código de ética imposto pelos próprios
editores daquele país -, começaram a convocar
roteirista e desenhistas brasileiros para dar
continuidade àquelas séries que faziam sucesso.
Personagens, como Fantasma,
Mandrake, Recruta Zero, etc,
passaram a ser produzidos no país.
Editora O Cruzeiro |
O
mercado estava superaquecido. Foi nesta época propícia que um
argentino decidiu vir para o Brasil, para fazer história no setor
editorial nacional. Seu nome era...
RODOLFO
ZALLA, O GRANDE MESTRE
DAS
HQs NO BRASIL!
Ele
nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina,
em 1931. Zalla, desde a
tenra infância tinha inclinação
para arte.Sua carreira teve início oficialmente quando este
para arte.Sua carreira teve início oficialmente quando este
passou a colaborar
para as revistas Poncho
Negro e Patoruzito – publicações muito populares
no país de los hermanos. Em 1963, aquele que
se destacaria como um dos mais produtivos
autores de HQs, decidiu vir para o Brasil.
O grande mestre Rodolfo Zalla fez parte
de um time de profissionais privilegiados
que viveram numa época em que novos
títulos de quadrinhos eram lançados quase
que mensalmente e, portanto,
as melhores casas do ramo viviam à
procura de bons roteiristas e desenhistas.
Zalla foi contemporâneo de gente que fez
muito pelas HQs nacionais.
Muitos desses profissionais acabaram se destacando,
como: Júlio Shimamoto, Jayme Cortez, Miguel Penteado,
Getúlio Delphin, Rubens Cordeiro, Flávio Colin,
Luís Saidemberg, Primaggio Mantovi, Flávio
Colin, Paulo Hamasaki, Walmir, Osvaldo Talo,
Eugênio Colonnese, Paulo Fukue, Edmundo
Rodrigues, Gedeone Malagola,
Rubens Cordeiro, Luchetti, Ignácio Justo,
Nico Rosso, Edmundo Rodigues, Wilson Fernandes,
José Lanzelotti, Minami Keizi,
Saidenberg, Igayara,
Jorge Kato, Fernando Ikoma, Carlos da Cunha,
Reynaldo de Oliveira, Queiroz, e outras feras
do traço e da escrita.
Negro e Patoruzito – publicações muito populares
no país de los hermanos. Em 1963, aquele que
se destacaria como um dos mais produtivos
autores de HQs, decidiu vir para o Brasil.
O grande mestre Rodolfo Zalla fez parte
de um time de profissionais privilegiados
que viveram numa época em que novos
títulos de quadrinhos eram lançados quase
que mensalmente e, portanto,
as melhores casas do ramo viviam à
procura de bons roteiristas e desenhistas.
Zalla foi contemporâneo de gente que fez
muito pelas HQs nacionais.
Muitos desses profissionais acabaram se destacando,
como: Júlio Shimamoto, Jayme Cortez, Miguel Penteado,
Getúlio Delphin, Rubens Cordeiro, Flávio Colin,
Luís Saidemberg, Primaggio Mantovi, Flávio
Colin, Paulo Hamasaki, Walmir, Osvaldo Talo,
Eugênio Colonnese, Paulo Fukue, Edmundo
Rodrigues, Gedeone Malagola,
Rubens Cordeiro, Luchetti, Ignácio Justo,
Nico Rosso, Edmundo Rodigues, Wilson Fernandes,
José Lanzelotti, Minami Keizi,
Saidenberg, Igayara,
Jorge Kato, Fernando Ikoma, Carlos da Cunha,
Reynaldo de Oliveira, Queiroz, e outras feras
do traço e da escrita.
Toda
esta gente de peso viveu numa época
excitante e gloriosa das HQs brasileiras,
onde não faltava trabalho.
excitante e gloriosa das HQs brasileiras,
onde não faltava trabalho.
EDITORAS
NACIONALISTAS
Se atualmente é raro vermos um título genuinamente
criado no Brasil em nossas bancas – com exceção
da Turma da Mônica, um
Se atualmente é raro vermos um título genuinamente
criado no Brasil em nossas bancas – com exceção
da Turma da Mônica, um
grande
sucesso editorial -, entre os anos 60
e 70 a situação era
e 70 a situação era
bem
diferente, onde os quadrinhos Made in Brazil
disputavam leitores
disputavam leitores
pau
a pau com os títulos estrangeiros.
Casas
editoriais como a Taika
(ex-editoras Continental e Outubro),
GEP (Gráfica e Editora Penteado), Edrel e Jotaesse,
tinham gestores visionários como José Siedekerskis
(Zelão), Manoel Cassoli (Manelão), Minami Keizi,
Heli Lacerda e Miguel Penteado.
Esses editores ousados tinham
espíritos nacionalistas e decidiram investir nos autores nacionais, lançando uma gama de títulos dos mais diversos gêneros, como:
(ex-editoras Continental e Outubro),
GEP (Gráfica e Editora Penteado), Edrel e Jotaesse,
tinham gestores visionários como José Siedekerskis
(Zelão), Manoel Cassoli (Manelão), Minami Keizi,
Heli Lacerda e Miguel Penteado.
Minami Keizi |
Esses editores ousados tinham
espíritos nacionalistas e decidiram investir nos autores nacionais, lançando uma gama de títulos dos mais diversos gêneros, como:
terror, aventura, faroeste, super-heróis,
histórias
de guerra, cômicas, piadas, etc.
Naqueles anos dourados dos quadrinhos eu era apenas um jovem colecionador de revistas editadas no país e na América. Eu gastava uma grana preta comprando revistas em quadrinhos de diversos gêneros, tinha um acervo incrível, principalmente, de títulos estrangeiros. Aos poucos, fui adquirindo gibis italianos, dinamarqueses, franceses, belgas, ingleses e até indianos. Muitas vezes adquiria revistas repetidas para trocar com outros colecionadores, principalmente as importadas da Charlton Comics, King Features, Harvey, Archie, Gold Key, DC e Marvel, que valiam mais. Eu trocava uma importada por 3 editadas no Brasil. Com isso, o acervo ia aumentando cada vez mais. Meu pai achava um absurdo eu colecionar “tanto papel”, como ele se referia as minhas adoradas revistas.
AUTORES
NACIONAIS
Inicialmente,
comecei a notar que alguns desenhistas e roteiristas tupiniquins
passaram a assinar capas de séries como: Cavaleiro Negro, Fantasma,
Mandrake, Águia Negra e Recruta Zero. Achei incrível aquilo, pois
não sabia que se produzia quadrinhos no Brasil. Depois passei a
descobrir títulos genuinamente feito por brasileiros, como: Capitão
7, Jet Jackson, Jerônimo, Targo, Pabeyma, Super Heros, Juvêncio,
Capitão Atlas, Tupãzinho, Fikom, A Múmia,
O Lobisomem, Mylar,
Mirza, Drácula, etc.
Meu
pai ficou p... da vida quando descobriu que eu comprava gibis de
terror e me proibiu de comprá-los. Às escondidas continuei a
comprar aquelas revistinhas bacanas, assim como os catecismos
(revistinhas pornôs desenhadas por Carlos Zéfiro), e até a revista
Playboy. Este material censurado por meu progenitor, obviamente, eu
escondia cuidadosamente no meu quarto, em baixo da cama, em cima do
guarda roupa, etc. Quando meu velho as descobria, rasgava tudo.
Aquilo me deixava revoltado. Mas, não desistia e voltava a
comprá-las.
Nesta
época jurássica, eu vivia enchendo os meus cadernos escolares com
rabiscos de super-heróis, como Nacional Kid e Capitão 7, e por isso
sempre era repreendido por meus país e professores.
EVOLUINDO...
Em
folhas de papel sulfite eu comecei a fazer minhas primeiras
revistinhas rústicas e artesanais. O primeiro super-herói que criei
foi um tal de Super Atômico. Desenhava suas HQs, de ambos os lados
do sulfite – não imaginava que um original só tinha desenho de um
lado do papel e que estes eram produzidos grandes.
Essas minhas
“revistas de HQs” eram feitas
com caneta esferográfica e pintava
aqueles
traços toscos com guache, só para mostrar para os outros
colegas
que também adoravam quadrinhos.
Nesta
época, comecei a fazer cursos de desenho e publicidade e começava a
sonhar em fazer um trabalho mais profissional a nankim, um dia. Ousei
entrar num concurso sobre a História do Brasil, em quadrinhos,
promovido pela EBAL e me dei mal, não tinha a menor chance de ser um
dos classificados. Porém, fiquei feliz da vida ao ver meu nome
publicado nas revistas daquela casa editorial na relação daqueles
que tinham participado. Era preciso estudar mais,
perseverar, caso eu
quisesse um dia
ver meu material publicado.
Assim, passei a desenhar
horas a fio na
esperança de evoluir meus traços.
Continuei
estudando arte por correspondência, enquanto passava por diversos
empregos, como: Office boy, caixa de banco, etc. Funções banais
para quem tinha começada a ganhar os primeiros trocados fazendo
carretos nas feiras livres e vendendo gibis e sorvetes em caixas de
isopor pelas ruas ensolaradas. Muitas vezes, não agüentando o
calorzão, sentava embaixo de uma árvore e acaba chupando todos os
sorvetes que eram para ser vendidos. Lá vinha bronca, toda vez que
meu pai tinha que pagar pelos picolés que eu devorava. Sempre
procurei minha independência financeira, mas aquelas atividades não
me satisfaziam. Desejava trabalhar na área de comunicação e os
quadrinhos, na época, era um grande veículo de comunicação de
massa. Estava decidido: desejava me tornar um profissional do mundo
editorial ou publicitário. Minha mãe, uma ex-professora primária
me incentivava, mas meu pai torcia o nariz para minha opção
profissional.
Naiara por: Nico Rosso |
A
editora paulistana chamada Saber, dos irmãos Fittipaldi, lançava os
clássicos da King Features no formato pocket book, com grande
sucesso. Assim, HQs antigas e clássicas de Brick Bradford, Príncipe
Valente, Flash Gordon, Fantasma, Mandrake, etc, foram republicadas.
Além desses clássicos americanos, esta casa editorial também
lançou O Praça Atrapalhado, um sátira sobre o exército, a La
Recruta Zero – de Mort Walker, criada pelo autor brasileiro chamado
Edú. “Mais um brasileiro na parada?”, pensei. “Então, é
possível viver fazendo quadrinhos”, deduzi, e estava disposto a
bater de porta em porta das editoras locais.
Comecei
a fazer uma HQ de terror em parceria com Wanderley Felipe, um garoto
maluco tanto quanto eu, que também adorava rabiscar HQs e que morava
no mesmo bairro (Freguesia do Ó). Ao bater na porta da Minami e
Cunha Editores fomos encaminhados para a casa de Ignácio Justo, um
aviador da força aérea reformado que se notabilizara fazendo HQs de
guerra. Na época, Justo estava desenhando uma série chamada “A
Múmia”, escrita pelo professor Gedeone Malagola. No lendário
“Barraco do Justo”, o mestre ensinava um bando de garotos que
tinham a pretensão de um dia se tornar profissional. O mestre
ensinava a todos, num verdadeiro regime militar, sem cobrar nada de
ninguém. Muita gente boa passou por lá. Aprendia técnicas e
anatomia com o mestre, enquanto minha coleção de gibis crescia cada
vez mais.
A
primeira vez que comprei uma revista com desenhos do mestre Rodolfo
Zalla foi Targo, se não me engano. Depois, O Escorpião – serie
que inicialmente era desenhada pelo bengala brother Wilson
Fernandes, que anos depois conheci pessoalmente. Depois descobri
muitas HQs de terror, de guerra e faroeste, feitas pelo mestre Zalla.
Ele
tinha um traço diferente que me agradou muito e as pedras dos
cenários que o mestre desenhava ele usava a técnica de um pano
embebido em nanquim para marcar as rochas. Isto o diferenciava dos
demais artistas, assim como seu traço estiloso.
Os
primeiros dos meus ídolos que conheci pessoalmente
foi Minami Keizi, Carlos da Cunha, Ignácio Justo, Edmundo Rodrigues, Nico Rosso, Kazuíco, Paulo Hamasaki, Kimil e Paulo Fukue, anos 70,
através da Minami e Cunha Editores.
foi Minami Keizi, Carlos da Cunha, Ignácio Justo, Edmundo Rodrigues, Nico Rosso, Kazuíco, Paulo Hamasaki, Kimil e Paulo Fukue, anos 70,
através da Minami e Cunha Editores.
Tempos
depois, quando eu era funcionário da Noblet (anos 70), tive o prazer
de conhecer pessoalmente outros feras, como: Shimamoto,
Jorge Kato, Fred Jorge, Jayme Cortez, Reynaldo de Oliveira,
Alvaro Moya, Gilberto Freyre, Ataíde Braz e o cartunista Pace.
Jorge Kato, Fred Jorge, Jayme Cortez, Reynaldo de Oliveira,
Alvaro Moya, Gilberto Freyre, Ataíde Braz e o cartunista Pace.
Nos
anos 80, conheci Paulo Paiva, Otta, Roberto Kussomoto e Neide,
Watson Portela, Spacca, Franco de Rosa, Vorney, Bilau, Beto, Jotacê
(Jotah), Wilson Borges (Carioca), Primaggio, Igayara,
Wilson
Fernandes, Mauricio de Sousa, Rofolfo Zalla, Manuel
Cassoli,
Colonnese e Moacir Torres.
Conhecia
e admirava o traço desse verdadeiro time
de titãs das HQs, mas a
arte de Zalla me impressionou,
principalmente,
as que ele fazia para
as histórias de terror.
ESTÚDIO
D-ARTE
De repente, uma série de revistas criadas
e desenvolvidas no Brasil passaram a trazer
a assinatura de um tal “Estúdio D-Arte”, criado
por Zalla, em parceria com outros argentinos
geniais: Colonnese,Oswaldo Talo, passaram
a produzir aos quilos para diversas casas
editoriais paulistanas. Suas histórias eram
objetivas, seus traços eram limpos, e
sabiam usar como ninguém a técnica de claro\escuro.
Em pouco tempo esse trio parada dura de
argentinos mostraram aos brasileiros como
se produzia quadrinhos em larga escala, com
certa qualidade. Vale a pena frisar que o
grande problema dos autores nacionais –
até hoje -, principalmente aqueles que fazem
tudo sozinho -, é a ínfima produção.
Os argentinos passaram a trabalhar em equipe, como
os americanos, e com isso produziam aos quilos.
Segundo
Zalla declarou na entrevista contida no DVD
“Ao Mestre Com Carinho”, idealizado, produzido
e lançado pelo cartunista mais rock and roll do país,
Marcio Baraldi, e que acabou abocanhando,
merecidamente, o troféu HQMix deste ano, os
originais feitos pelo Estúdio D-Arte eram pequenos,
pois só assim podiam atender a crescente demanda.
Esses três paladinos argentinos produziram
diversos gêneros de HQs.
“Ao Mestre Com Carinho”, idealizado, produzido
e lançado pelo cartunista mais rock and roll do país,
Marcio Baraldi, e que acabou abocanhando,
merecidamente, o troféu HQMix deste ano, os
originais feitos pelo Estúdio D-Arte eram pequenos,
pois só assim podiam atender a crescente demanda.
Esses três paladinos argentinos produziram
diversos gêneros de HQs.
Numa
época em que não havia computadores
pessoais ou programas de computação gráfica,
esses hermanos fizeram milagres, produzindo
na raça. Logicamente, nem tudo era perfeito,
porém se analisarmos o conjunto da
obra, eles foram geniais.
pessoais ou programas de computação gráfica,
esses hermanos fizeram milagres, produzindo
na raça. Logicamente, nem tudo era perfeito,
porém se analisarmos o conjunto da
obra, eles foram geniais.
Baraldi e Zalla |
PRÓS
E CONTRAS
Basta
rever algumas dessas antigas edições produzidas
por este estúdio
que ficou famoso, para perceber que
a coisa era feita na pauleira,
mesmo e que mantinham
certo padrão de qualidade.
Em
alguns quadros ainda é possível ver um balão
saindo de um olho ou
de um nariz em close-up.
Este tipo de apelação era muito criticada
por alguns profissionais brasileiros da área
que diziam: “Assim, até a gente produz aos quilos.”
por alguns profissionais brasileiros da área
que diziam: “Assim, até a gente produz aos quilos.”
Os
quadrinhos nacionais sempre foram mal
remunerados, especialmente, se for comparado
aos preços pagos pelas editoras de livros e
agências de publicidade – que compram ilustrações.
O único jeito de se ganhar um dinheiro razoável
para se levar uma vida decente é produzindo
em massa, visto que a confecção de uma
boa HQ dá um trabalhão danado.
remunerados, especialmente, se for comparado
aos preços pagos pelas editoras de livros e
agências de publicidade – que compram ilustrações.
O único jeito de se ganhar um dinheiro razoável
para se levar uma vida decente é produzindo
em massa, visto que a confecção de uma
boa HQ dá um trabalhão danado.
E esses los hermanos fizeram a coisa
certa, com algumas
certa, com algumas
apelações, obviamente, mas com muita criatividade.
CAUSOU
POLÊMICA
muito naquela época, o
editor pediu ao desenhista
Wilson Fernandes que criasse uma série chamada
O Escorpião, similar ao The Phantom.
Wilson Fernandes que criasse uma série chamada
O Escorpião, similar ao The Phantom.
O desenhista seguiu à
risca as determinações
do editor e assim o personagem também foi
ambientado na selva, tal qual o personagem
americano, e tinha uma mascara e uniforme
que pouco diferenciava do herói gringo.
De imediato, representantes da King Features
Syndicate, no Brasil, pressionaram o editor,
ameaçando processar a empresa
e os autores por plágio.
ambientado na selva, tal qual o personagem
americano, e tinha uma mascara e uniforme
que pouco diferenciava do herói gringo.
De imediato, representantes da King Features
Syndicate, no Brasil, pressionaram o editor,
ameaçando processar a empresa
e os autores por plágio.
Foi
a partir da quarta edição que Rodolfo Zalla assumiu
o comando da série e com extrema destreza criou
um novo visual para O Escorpião, abrandando
assim a fúria daqueles que detinham os direitos
do personagem criado na América, no país.
o comando da série e com extrema destreza criou
um novo visual para O Escorpião, abrandando
assim a fúria daqueles que detinham os direitos
do personagem criado na América, no país.
TEMPO
DE DITADURA MILITAR
Na
década de 70, o chamado “Milagre brasileiro”
estava em processo.
O lema era: “Brasil, ame-o, ou deixe-o!”
Os militares mandavam e
desmandavam no Brasil.
Pessoas que eram contra o regime ditatorial
eram
perseguidas, torturadas, deportadas e até mortas.
Essa pressão
militar
exacerbada também acabou atingindo todos
os setores
artísticos do país e, como não podia
deixar de ser, a repressão
também chegou às
editoras, através da censura prévia implantada
em Brasília.
Esses sensores eram que decidiam o que o povo
podia
ler, assistir ou ouvir.
Um absurdo. Os órgãos de imprensa que
ousavam publicar algo contra o regime –
mesmo que fosse nas entrelinhas – eram
rechaçados. O grande desenhista e bengala
brother Paulo Fukue (desenhista das séries
Pabeyma e Super Heros) –
no tempo da Edrel – sofreu na pele a perseguição
mplantada pelo regime militar.
Tanto, que após um certo sumiço do mercado,
decidiu arrumar um bom emprego na editora Abril,
e omitir suas convicções políticas\sociais.
Na Abril ele permaneceu por anos a fio no comando de
revistas didáticas dirigidas ao público infantil.
mesmo que fosse nas entrelinhas – eram
rechaçados. O grande desenhista e bengala
brother Paulo Fukue (desenhista das séries
Pabeyma e Super Heros) –
no tempo da Edrel – sofreu na pele a perseguição
mplantada pelo regime militar.
Pabeyma por: Paulo Fukue |
decidiu arrumar um bom emprego na editora Abril,
e omitir suas convicções políticas\sociais.
Na Abril ele permaneceu por anos a fio no comando de
revistas didáticas dirigidas ao público infantil.
Publicações
de terror, de guerra, e que
traziam mulheres sensuais também foram fechadas.
traziam mulheres sensuais também foram fechadas.
LIVROS
DIDÁTICOS
Rodolfo
Zalla e seus parceiros, de repente,
ficaram sem trabalho. Zalla, sem possibilidade
de fazer quadrinhos de terror – sua grande paixão -,
foi obrigado a migrar para o mercado de livros didáticos.
Nele, passou a quadrinizar histórias da humanidade e até mesmo a história do descobrimento do Brasil.
ficaram sem trabalho. Zalla, sem possibilidade
de fazer quadrinhos de terror – sua grande paixão -,
foi obrigado a migrar para o mercado de livros didáticos.
Nele, passou a quadrinizar histórias da humanidade e até mesmo a história do descobrimento do Brasil.
Lembro-me
bem que, no meu tempo de estudante,
meus livros de colégio – didáticos da editora Ática -
eram ricamente ilustrados por Zalla e Colonnese.
Fiquei surpreso ao ver aqueles autores de
HQs fazendo aquilo tipo de trabalho, que
deixavam nossos livros mais atrativos.
meus livros de colégio – didáticos da editora Ática -
eram ricamente ilustrados por Zalla e Colonnese.
Fiquei surpreso ao ver aqueles autores de
HQs fazendo aquilo tipo de trabalho, que
deixavam nossos livros mais atrativos.
ESPÍRITO
EMPREENDEDOR
Década
de 80 – Nesta época deixei a editora Noblet para abrir meu
primeiro estúdio de arte e criação no bairro da Praça da Árvore.
E, também foi neste período que transformei meu estúdio em minha
primeira editora, após colaborar com as editoras:
Evictor, Tálamus,
Nova Sampa, Noblet, Acti-Vita, Imprima,
e agências de publicidade.
Nesta
mesma década, Zalla se mostrou um grande
empreendedor. Com o apoio
de Paulo, editora...
o grande mestre argentino fundou a editora
D-Arte.
Por ela, lançou as revistas de HQs Johnny Pecos (western),
Calafrio e Mestres do Terror. Johnny
Pecos teve vida curta, mas as
duas séries de
terror foram publicadas por mais de 10 anos.
O
material era distribuído pela DINAP
É incrível como o brasileiro sempre apreciou este tipo de
histórias.
Basta
fazermos uma análise dos diversos títulos do gênero lançados no
país – nos últimos anos, quer sejam eles nacionais ou importados
- e poderemos constatar que as publicações que mais duraram na
praça foram as que abordavam esses temas sinistros, para adultos,
com exceção de Vampirella – lançada pela Noblet, nos anos 80.
Se na América o genial Alex Toth, que fez escola, se notabilizou por desenhar as HQs de Zorro, criada pelo jornalista... e adquirida pelos estúdios de Walt Disney, no Brasil as aventuras do justiceiro mascarado de capa e espada foram desenhadas magistralmente por Rodolfo Zalla, na década de 80. Mesmo ilustrando livros didáticos o intrépido portenho, paralelamente, fez um trabalho de suma importância, tanto quanto o de Toth. Nele, Zalla demonstrou toda a sua paixão pelos quadrinhos, caprichando ainda mais.
Arte Alex Toth |
Capa da edição americana, pela Gold Key |
Atualmente,
o grande mestre latino dos
quadrinhos brasileiros está na casa dos
80
anos de idade, mas continua super ativo.
Continua desenhando
diariamente HQs e
nem pensa em se aposentar. Sua arte está cada vez
mais elaborada, mais evoluída, como cabe a um
verdadeiro e
incansável mestre. Rodolfo Zalla
continua lúcido, perspicaz e bem
humorado
e tem lançado edições alternativas e
primorosas de HQs de
terror sofisticadas
que podem ser adquiridas na Comix e pela
Internet.
sido contemplados com o
Troféu HQMIX, o Oscar
das HQs nacionais, pela realização do DVD
“Ao Mestre com Carinho”, idealizado e realizado
por Marcio Baraldi, não resisti e decidi ir até o
SESC Pompéia para rever velhos amigos
e, principalmente, Zalla e Baraldi.
das HQs nacionais, pela realização do DVD
“Ao Mestre com Carinho”, idealizado e realizado
por Marcio Baraldi, não resisti e decidi ir até o
SESC Pompéia para rever velhos amigos
e, principalmente, Zalla e Baraldi.
Foi
uma grande efeméride que reuniu a nata dos
quadrinhos brasileiros, como: Mauricio de
Sousa, Franco de Rosa, Bira Dantas, Fernando
Gonsales, Angeli, e outras feras. A apresentação,
como sempre, foi do apresentador da Rede Globo
de Televisão Serginho Groisman (Altas Horas),
com a participação do apresentador da
TV Bandeirantes, Danilo Gentili, que confessou
que um dia sonhou em ser um cartunista.
quadrinhos brasileiros, como: Mauricio de
Sousa, Franco de Rosa, Bira Dantas, Fernando
Gonsales, Angeli, e outras feras. A apresentação,
como sempre, foi do apresentador da Rede Globo
de Televisão Serginho Groisman (Altas Horas),
com a participação do apresentador da
TV Bandeirantes, Danilo Gentili, que confessou
que um dia sonhou em ser um cartunista.
Reencontrar
Zalla e Baraldi, entre a multidão, é
sempre muito prazeroso. E,
para a minha surpresa,
Baraldi que estava colhendo diversos
depoimentos
sobre o mestre Zalla, com sua equipe de reportagem,
me
deu a honra de entrevistar este
grande e querido bengala
grande e querido bengala
mestre
argentino, que já se tornou brasileiro.
Dias
depois, recebi um DVD pelo correio, enviado
por Baraldi e confesso
que não esperava encontrar
aquela entrevista que fiz com Zalla no
link depoimentos.
Este foi um presente e tanto, emocionante.
Baraldão,
seu pentelho, muito obrigado, por me dar este privilégio.
Se
você ainda não assistiu ao DVD “Ao Mestre
com Carinho”, não
sabe o que está perdendo.
Ele pode ser adquirido na loja virtual
www.comix.com.br
Vale a pena conferir.
Quantos
aos depoimentos - segundo Baraldi -,
está presente apenas num DVD
que ele fez
especialmente para os amigos.
Grande
mestre e querido bengala brother Rodolfo Zalla,
você é um exemplo
vivo de garra, competência
e perseverança. Que sua história e
conquistas
sirvam de inspiração para esta nova geração que
está
aí, ávida, por fazer quadrinhos e que fazem...
e que sonham um dia
se destacar neste incerto
e instável mercado que tanto adoramos.
Como se diz por aí: Só sofre críticas quem tem
a ousadia de por a
cara a tapa, quem tem a
coragem de fazer, de realizar. Afinal, é
i
mpossível agradar gregos e troianos.
Só posso chegar à seguinte
conclusão:
O mundo é dos loucos, como nós, como eu,
como você,
grande
Viva
todos os malucos belezas da vida, como
dizia Raul Seixas! E, que Deus
o mantenha ainda
por muitos anos com este espírito jovem, como
cabe
a um verdadeiro bengala brother, mestre!
Por
Tony Fernandes
Realização
Estúdios Pégasus –
Uma Divisão de Arte e Criação
Da
Pégasus Publicações Ltda – São Paulo – Brasil
Copyright
2013\Tony Fernandes
Todos
os Direitos Reservados
OBS:
As imagens contidas nesta matéria são de cunho
meramente
ilustrativos e pertencem a seus
autores ou representantes legais.
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