sexta-feira, 12 de outubro de 2012

SAIBA COMO SURGIU O SURFISTA PRATEADO! Matéria Especial!


SURGE O... SURFISTA PRATEADO


LOCAL:
CENÁRIO: Uma pequena lanchonete próximo
 da Marvel Comics, uma das majors do mercado 
americano da chamada arte seqüencial 
(as histórias em quadrinhos).

Ali, Stan Lee e Jack Kirby costumavam se reunir para fazer um lanchinho e trocar ideias sobre a próxima edição de uma revista que estava dando certo: Fantastic Four (o Quarteto Fantástico, no Brasil). Esse grupo de heróis há havia combatido o Dr. Destino, Namor, o Toupeira e diversos outros supervilões. Stan e Jack estavam matutando, tentando criar um desafio maior àqueles heróis que já haviam enfrentado uma gama de superinimigos e que também havia cativado leitores fiéis. Mas, a questão era: na próxima edição, o que o Quarteto Fantástico iria enfrentar desta vez? Eles sabiam que esse novo inimigo deveria ser superpoderoso. Este novo vilão deveria ser algo diferente de tudo aquilo, até então, que haviam criado. Mas, o que poderia ser essa nova ameaça?
Sim. Ambos tinham em mente que o próximo oponente do famoso quarteto de heróis deveria ser algo diferente, algo inesperado pelos leitores da série. Sabiam que esse vilão deveria ser  mais do que um simples mortal... alguém capaz de alterar e reformular mundos, etc.
Mas, ele seria exatamente o quê?
Pensaram, pensaram e nada.
  


De repente, surgiu um lampejo. Stan Lee teve a idéia brilhante de conceber um superinimigo onipotente, uma entidade tão superior ao homo sapiens, que fez Jack Kirby delirar.  Esta criatura suprema deveria se chamar Galactus, um nome imponente e provisório, explanou o escritor.
“ Que tal, gostou da idéia?”
 Jack Kirby assentiu, com um largo sorriso nos lábios.
A idéia aos poucos foi amadurecendo e quando surgiu a concepção final de Galactus ambos começaram a trabalhar nela, intensamente. A primeira história desse novo vilão acabou sendo criada e desenvolvida para ser publicada em três edições consecutivas, que mais tarde ficaria conhecida pelos fiéis leitores da Marvel, como: “A Trilogia Galactus”.




Segundo Stan Lee, após eles terem definido a chamada “Trilogia Galactus”, Jack ficou durante semanas seguidas desenhando as primeiras vinte páginas. Quando ele entregou as pranchas da nova HQ do Quarteto Fantástico, que apresentava a primeira aparição de Galactus, para o escriba, Stan Lee, para que este pudesse  criar os textos sobre a arte pronta o escritor se surpreendeu ao ver um estranho personagem voando numa prancha por diversos fundos dos quadrinhos. Este inusitado personagem era careca, de pele prateada e percorria o céu numa prancha voadora.
- Quem é esse cara? – perguntou Stan Lee.
- Um cavalheiro de poder supremo, como Galactus – respondeu o criativo desenhista. - Certamente, um colosso divino, como Galactus,  que percorria sistemas solares precisaria dos serviços de um auxiliar, de um arauto. Alguém que lhe servisse tal qual um batedor – explicou Jack Kirby.


Jack Kirby

Stan adorou a idéia. Achou aquilo genial. Pouco tempo depois, ambos batizaram aquele novo e estranho personagem de “Surfista Prateado”, obviamente, devido ao seu visual.
Na medida em que Stan Lee redigia os diálogos e recordatórias daquela HQ o escriba percebeu que o tal surfista cósmico ostentava um grande potencial e que ele poderia ser bem mais do que um simples coadjuvante. Após analisar as ilustrações do mestre Kirby, observou que as imagens feitas pelo artista demonstravam uma certa nobreza de conduta e uma qualidade 
quase espiritual em suas poses.
Até então, Stan não tinha definido ainda o padrão de discurso deste novo personagem das HQs. Assim que decidiu estabelecer qual seria o padrão do seu discurso, que o tornasse diferente dos demais heróis do grupo Marvel, o talentoso e eclético escritor começou a imaginar de que forma um verdadeiro apóstolo das estrelas poderia se expressar. Parecia haver uma áurea biblicamente pura no tal Surfista Prateado. Algo altamente altruísta e inocente.
Assim, surgiu a idéia de imbuí-lo de um espírito puro, quase religioso e que suas palavras deveriam ser quase que proféticas. Mas, esta seria a fórmula correta para um novo personagem de HQs? Como os leitores iriam aceitar isso? 
E os donos da Marvel? Aprovariam esta nova concepção de herói? As dúvidas eram muitas.
Após pensar muito e trocar idéias com o desenhista, Stan decidiu optar por um linguajar mais nobre e clássico. Depois de concluírem a trilogia e esta ser aprovada pelos chefões da grana Marvel, por fim, meses depois, a primeira revista foi para os pontos de vendas. Seus criadores estavam ansiosos para saber qual 
seria a reação dos leitores.



Foi uma grata surpresa quando uma verdadeira chuva de cartas começaram a chegar na redação solicitando que fosse criada uma revista especial só para aquele novo personagem.
Stan e Kirby ficaram empolgados com a receptividade. Mas, ambos estavam assoberbados de trabalhos. Stan escrevia, simultaneamente, diversos títulos da casa e Jack estava sempre muito ocupado desenhando o Quarteto Fantástico, Os Vingadores, X-Men, Sargento Fury, etc.
Na verdade, eles eram conscientes de que nenhum deles tinha tempo suficiente para se dedicar a criação de uma nova revista. Os demais artistas e roteiristas do primeiro escalão também estavam lotados de trabalhos e preocupados com os curtos prazos impostos pelos donos daquela famosa casa editorial,
 naquela agitada década de 60.
Como conseqüência disso eles acabaram deixando o personagem por um bom tempo mofando na gaveta, literalmente. Porém, o Surfista Prateado continuava aparecendo como “personagem convidado” numa ou outra edição de super-herói.
Em agosto de 1968 a editora estava em franca expansão. Seus produtos atingiam vendas significativas e um clima de euforia tomou conta da redação. O trabalho começou a aliviar para o escrito-Mor daquela casa editorial, Stan Lee, quando a empresa decidiu contratar mais desenhistas e roteiristas 
para criar novos títulos.
Foi assim que surgiu o genial e jovem Roy Thomas, que por sua extrema competência em criar e desenvolver roteiros  acabou se tornando assistente editorial de Stan Lee.
Roy, corajosamente, assumiu aquele fardo imenso de títulos e começou a escrever brilhantemente vários roteiros simultaneamente para as diversas publicações daquela editora,
 com muita competência.
Só assim é que Stan Lee conseguiu arrumar tempo para se dedicar a escrever uma nova série para um possível novo gibi do Surfista Prateado. Mas, será que os donos da Marvel não tinham desistido da idéia? E o leitores, que tanto haviam pedido uma revista só com este personagem, ainda estariam dispostos a comprá-la? Será que ainda estavam na expectativa? 
Será que a nova revista iria emplacar?
Dúvidas cruéis pairavam pela mente do escritor. Mesmo assim, decidiu tocar o projeto para a frente, sem consultar ninguém.
Se por uma lado, Stan estava aliviado de trabalhos, por outro Jack Kirby continuava desenhando em ritmo acelerado. Onde o escriba iria encontrar alguém tão competente e prolífico como Jack para fazer a tal edição?


Stan Lee, o escriba

UM ENVIADO DOS DEUSES

Uma coisa era certa. Fazer a revista do Surfista Prateado estava virando uma novela, apesar de Stan já ter prontas boa parte das idéias dos textos. Certo dia,  ele recebeu um telefonema. Era John Buscema. Era o “Big John”, como os amigos o chamavam. Um dos mais jovens e capacitados artistas que já havia trabalhado para a Marvel Comics na década de 40, mas que um dia decidiu enveredar pelos caminhos da publicidade e abandonar os quadrinhos, que davam menos retorno financeiro.
Buscema, o  Da Vinci dos quadrinhos também ficou famoso por desenhar Conan
Stan Lee ficou surpreso ao ouvir do velho
 conhecido que ele estava com “febre de quadrinhos”. Rapidamente, o escritor disse ao Big John que 
as portas estavam abertas e que havia um 
lápis novinho em folha esperando por ele.
Era difícil acreditar que aquilo estava acontecendo, pensou Stan, que estava, literalmente, nas nuvens. O Big John estava querendo voltar a fazer HQs. Aquilo era um verdadeiro milagre. O criativo escriba sabia, também, que aquele era o homem certo para fazer a saga do Surfista Prateado. John Buscemna sempre tivera um belo traço e suas figuras eram espetaculares. Aquele seria um gibi maravilhoso, pensou Stan Lee.


John Buscema

Pouco tempo depois, John Buscema estava de volta à Marvel e começou a mostrar seu estilo marcante em diversas publicações da casa, como: Homem Aranha, Quarteto Fantástico, etc.  De fato, o homem parecia estar com “sede das HQs”, que há muito tempo havia abandonado.
“Estou farto da publicidade, Stan. Estou cheio de desenhar carros e desenhar garrafas de refrigerantes para anúncios “ – confessou, Big John. – “Descobri que o meu negócio é desenhar aventuras.
 Este é o meu mundo.”
Certo dia, o escritor se aproximou do amigo e perguntou:
“Gostaria de ilustrar uma nova revista chamada Surfista Prateado?”
John bocejou e respondeu: “Acho que sim.”
Aquela afirmação displicente empolgou Stan Lee que, de imediato, tratou de convencer os donos da Marvel a editarem esse novo gibi no formato magazine, mais encorpado, ao preço de 25 centavos de dólares, visto que as demais publicações da casa tinham apenas 32 páginas e custavam, na época, 12 cents.



Os donos da grana Marvel aceitaram feliz aquela nova idéia.
Meses depois,  Silver Surfer saiu com 64 páginas e se tornou um marco de uma nova era dos comics, um grande campeão de venda e até hoje esse carismático personagem, oriundo do planeta Zenn-La,  continua singrando com sua prancha pelo cosmo das HQs e vem conquistando novos fãs a cada dia.
Dr. Destino, Hulk, Quarteto Fantástico, Thor e o próprio Galactus, também participaram de suas edições. Se você nunca leu o Surfista Prateado saiba que está perdendo um dos melhores enredos já criados no radiante universo Marvel, amigo leitor.
No segundo filme cinematográfico do Quarteto Fantástico o Surfista Prateado fez sua primeira aparição na telona, para a alegria dos seus antigos fãs, graças aos avanços da computação gráfica.

A primeira editora brasileira a lançar as duas primeiras edições do Surfista Prateado, na década de 70, foi a GEP (Gráfica e Editora Penteado) de São Paulo, no formato 21 x 28 cms, em P&B, em forma de almanaque. Coube também a esta extinta e saudosa casa editorial a primazia de ter lançado no Brasil, em primeira mão, os X-Men, que contou, inclusive, com a colaboração de Gedeone Malagola e alguns desenhistas nacionais, que criaram algumas histórias para completar o gibizão que era encorpado.
Nas épicas HQs do Surfista Prateado desenhadas pelo “Da Vinci dos quadrinhos”, John Buscema, ele também contou com a colaboração de seu competente irmão, Sal Buscema, que fez algumas maravilhosas artes finais.
O Surfista Prateado é, sem dúvida, uma das grandes e geniais criações do mundo das HQs.
Grande mestre do traço, Kirby, mestre John, mestre 
Sal  Buscema e mestre\escriba Stan Lee, valeu!

 EXCELSIOR!  
    
Por Tony Fernandes

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