O entrevistado de hoje é um veterano do mundo das
histórias
em quadrinhos nacionais e é autor de diversos livros do gênero
terror
e suspense – sua “praia” favorita -, e seu nome está para
sempre eternizado
como um dos maiores escribas desse país,
dos mais diversos gêneros de HQs e de
diversos livros, de todos
os tempos. Para mim, ele fez muito mais do que Stan
Lee ou
Jean-Michel Charlier – o grande mestre escriba francês, que foi
parceiro
de Jean-Giraud (Moebius). Ao meu ver, Lucchetti é um
dos maiores escribas de
HQs e livros de todo o mundo, uma
verdadeira “máquina” de produção. Esse dono
de uma mente
criativa, brilhante, também escreveu inúmeros livros, roteiros
para o cinema, para o rádio e para a
TV. Foi contemporâneo
de grandes desenhistas brasileiros numa época em que
podemos
denominar de “A Era de Ouro dos Quadrinhos Nacionais”.
Nessa referida
fase as revistas criadas e produzidas no país
proliferavam disputando palmo a
palmo o espaço nas bancas
com as HQs estrangeiras e conquistando leitores.
Bons
tempos aqueles...
O tempo passou, as HQs, livros e revistas, em geral, já
não
vendem como antigamente e os quadrinhos nacionais, aos
poucos, acabaram
desaparecendo dos nossos pontos de venda.
O mundo mudou, porém esse guerreiro
incansável continua
na briga, firme, produzindo, para o nosso deleite,
histórias
maravilhosas. A seguir saiba mais sobre a brilhante trajetória
profissional do lendário...
R.F.
LUCCHETTI, O GENIAL
Tony 1: Salve, grande guru dos escribas. Seja bem vindo
ao Bengalas Boys Club - termo que criei para designar gente
como a gente, de
idade avançada, mas que mantém o espírito
jovem. Saiba que é um prazer
imensurável poder entrevistar um
dos meus maiores ídolos dos quadrinhos
brasileiros.
Li muitas HQs escritas por você, livros e assisti As Sete
Vampiras.
Está apto a encarar uma saraivada de perguntas, que farei?
Seus fãs e
o pessoal da nova geração, que curte e faz HQs,
estão ansiosos por saber mais sobre
sua carreira espetacular...
LUCCHETTI:
Não sei se é uma carreira espetacular.
Mas vamos às perguntas.
Tony 2: Professor Rubens Francisco Lucchetti, em que dia,
ano, mês, cidade, estado, país, você veio ao mundo, para
nos brindar com seus
textos maravilhosos?
LUCCHETTI:
Dizem
que nasci em Santa Rita do Passa
Quatro (pequena cidade do Estado de São Paulo,
e cujo
filho mais ilustre é Zequinha de Abreu),
no dia 29 de janeiro de 1930.
Tony 3: O grande Zequinha de Abreu, o grande compositor?
Caramba, essa eu não sabia. Vivendo e aprendendo... Lucchetti...
esse seu
sobrenome só pode ser de origem italiana, correto?
Conte-me um pouco sobre sua
família... eles migraram para
o Brasil em que ano? Se estabeleceram em que
parte do país?
Seu pai fazia o quê? Havia algum artista na família?
Na verdade,
a italianada e os judeus contribuíram
muito para o desenvolvimento da imprensa
no país e pelo mundo afora.
muito para o desenvolvimento da imprensa
no país e pelo mundo afora.
LUCCHETTI:
Toda a minha
família é de
ascendência italiana. Meus avós maternos e meu
avô paterno vieram para cá nos
ascendência italiana. Meus avós maternos e meu
avô paterno vieram para cá nos
meados do século 19. Apenas minha avó
paterna era brasileira e de origem portuguesa.
Meu pai, Américo Lucchetti, era
paterna era brasileira e de origem portuguesa.
Meu pai, Américo Lucchetti, era
fotógrafo profissional. Por
volta de 1925, antes
de conhecer minha mãe, desejava ir para a Austrália.
de conhecer minha mãe, desejava ir para a Austrália.
Vendeu tudo o que tinha ganhado como herança e
foi para o Rio de Janeiro, a fim
de embarcar
no primeiro navio com destino a Sidney.
no primeiro navio com destino a Sidney.
Mas acabou gastando todo o
dinheiro e voltou para
Santa Rita com uma mão na frente e outra atrás.
Lamento
ele não ter ido para a Austrália.
Tony 4: Tais brincando, mestre? Ainda bem que seu pai
não
foi pra Austrália, conheceu sua mãe, se casou e desse
relacionamento surgiu
você. Se o homem zarpa íamos perder
um dos mais geniais escribas desse país.
Portanto, ainda bem que a ideia de ir pra outro país
não deu certo. Rssss...
vamos em frente:
O que você lia, quando era garoto?
Muitos gibis, aposto...
mas, quero saber quais
eram seus ídolos...
LUCCHETTI:
Eu
lia um tablóide trissemanal,
O Globo Juvenil, que era publicado pelo sr.
Roberto Marinho. Meus heróis
O Globo Juvenil, que era publicado pelo sr.
Roberto Marinho. Meus heróis
preferidos eram Li'l Abner (mais tarde, ele
ficaria conhecido entre nós como Ferdinando Buscapé),
Zé Mulambo, Patsy, Tim e Tom, Charlie Chan,
Brucutu, Dan Dun e, é claro, O Sombra.
ficaria conhecido entre nós como Ferdinando Buscapé),
Zé Mulambo, Patsy, Tim e Tom, Charlie Chan,
Brucutu, Dan Dun e, é claro, O Sombra.
Tony 5: Bons tempos... também curti Ferdinando, Tim e
Tom
(Tim Tyler's Luck, no original) Charlie Chan (em pocket book)
e O Somba, mas não no Globo Juvenil...
(Tim Tyler's Luck, no original) Charlie Chan (em pocket book)
e O Somba, mas não no Globo Juvenil...
O que o levou a começar a escrever
roteiros de
HQs? Você se inspirou em algum escriba de
HQs específico? Sabe como é, a gente
sempre se espelha
em alguém no início de carreira e com o tempo vai
desenvolvendo um estilo próprio...
LUCCHETTI:
Não
me espelhei em ninguém
para me tornar um roteirista de quadrinhos.
Porque não lia histórias em quadrinhos de Horror/Terror.
para me tornar um roteirista de quadrinhos.
Porque não lia histórias em quadrinhos de Horror/Terror.
Procurei buscar meus próprios
caminhos, inspirando-me
mais em autores como Edgar Allan Poe, H. P. Lovecraft,
Tony 6: Putz... alguns nunca ouvi falar...
Bebeu na fonte dos grandes mestres, está
explicado...
Como e quando surgiu a primeira oportunidade de publicar
seu
primeiro texto?
LUCCHETTI:
Escrevi
meu primeiro roteiro
de quadrinhos para a Editora Outubro.
Essa história em quadrinhos,
de quadrinhos para a Editora Outubro.
Essa história em quadrinhos,
"A Única Testemunha", foi desenhada pelo
também iniciante Paulo Hamasaki e publicada
por volta de 1964 no terceiro
também iniciante Paulo Hamasaki e publicada
por volta de 1964 no terceiro
número do gibizinho O
Corvo.
Tony 7: Paulo Hamasaki!? Meu velho e querido bengala
brother.
Trabalhamos juntos durante 5 anos na editora Noblet.
Que legal saber
que naquela época o Hama estava começando...
Durante a minha adolescência eu
lia muito os quadrinhos
Made in America. De repente, descobri que existia
gente,
como você, Getúlio Delphim, Ignácio Justo, Shimamoto,
Nico Rosso, Edmundo
Rodrigues, Flávio Colin, e outras feras,
produzindo HQs no Brasil. Fiquei
fascinado... afinal, também
tinha a pretensão de entrar para o ramo... Rsss...
vocês me inspiraram a seguir em frente.
LUCCHETTI:
Sinto-me
lisonjeado por você ter me
incluído entre aqueles que o inspiraram
a tornar-se
um quadrinhista.
Tony 8: A primeira HQ que li, na década de 60, escrita por
você, se não me engano... era de
terror. Meu pai não
gostava que eu comprasse gibis desse gênero, mas eu vivia
comprando-os, às escondidas.
Achava aquelas histórias tenebrosas fantásticas.
Foi assim que descobri os seus textos e os de
Gedeone Malagola - outro grande
mestre da escrita desse tipo
de HQs. Vocês dois me influenciaram tanto que a
primeira HQ
que fiz para a Minami – Cunha Editores, na década de 70,
era de
terror. Mas, o material devia estar péssimo, porque
eles o reprovaram. Por
sorte, eles me encaminharam para
a casa
do Ignácio Justo, pra estagiar com o fera, meu
querido Sargentão e mestre. Rsss...
Pelo visto, esse tipo de publicação – de
terror e suspense -
sempre vendeu bem no Brasil, ou estou enganado?
LUCCHETTI:
Foi
o Horror/Terror o responsável pelo
desenvolvimento dos quadrinhos brasileiros
nos anos
1960 e 1970. Nenhum outro gênero
contribuiu mais para isso.
Tony 9: Interessante... Foi graças a vocês que passei a
ler,
posteriormente, Drácula, de Bram Stoker, Frankstein
(o moderno Prometeu),
de Mary Shelley (que é considerado
a primeira obra de ficção científica), e vários clássicos de
Edgar Allan Poe... nos
últimos anos tenho acompanhado
o trabalho de Stephen King, outro grande mestre
das
histórias de terror e suspense... professor, você
aprecia Stephen King?
LUCCHETTI:
Penso
que, na atualidade,
Stephen King é o melhor autor de histórias de
Horror/Terror. Ele escreveu alguns clássicos
como A Hora do Vampiro
Stephen King é o melhor autor de histórias de
Horror/Terror. Ele escreveu alguns clássicos
como A Hora do Vampiro
e O
Iluminado.
Tony 10: Concordo plenamente... Segundo Stephen King,
Frankenstein é um dos três clássicos do gênero... os outros
dois são: Drácula e
O Estranho Caso do Dr. Jekil e
Mister Hyde. Você concorda com ele?
LUCCHETTI:
Não
aprecio muito Frankenstein.
Mas concordo com King quanto aos outros dois.
Tony 20: Segundo consta, Mary Shelley escreveu a obra
quando tinha 19 anos, entre 1816 e 1817.
Alguns historiadores afirmam que o
livro foi publicado,
sem crédito, pela primeira vez em 1818. Mas há quem afirme
que a terceira edição revisada lançada em 1831 é a oficial.
Esta também é a sua
opinião?
LUCCHETTI: Sim.
O que me impressiona é como
uma garota de apenas dezenove anos ter imaginado
uma história que narra a criação de um ser a partir
de restos humanos.
Tony 21: A garota tinha uma imaginação fértil e umas
ideias avançadinhas para a época... Na sua opinião,
qual são os melhores contos
de Edgard Allan Poe?
LUCCHETTI:
São "O
Coração Revelador",
"O Gato Preto", "A Queda da Casa de Usher",
"Morella", "O Barril de Amontillado", "Berenice",
"Ligéia", "O Retrato Oval", "Hop-Frog", entre outros.
"O Gato Preto", "A Queda da Casa de Usher",
"Morella", "O Barril de Amontillado", "Berenice",
"Ligéia", "O Retrato Oval", "Hop-Frog", entre outros.
Na verdade, sou fã da obra completa de Poe.
E penso que Poe é um caso único na literatura.
Criou as histórias de Detetive
& Mistério e concebeu
alguns dos maiores clássicos do Horror e do
Fantástico.
Tony 22: É, o homem detonava... foi inovador. Aliás, quem quer
escrever terror tem que ler Poe... Segundo
minha rede de
espionagem internacional, você já morou em São Paulo,
Ribeirão
Preto e Rio de Janeiro, correto?
Atualmente, aonde se esconde? Rssss...
LUCCHETTI:
Sua
rede de espionagem
informou-o corretamente.
Tony
23: Sério? Poxa, até que enfim esses meus espiões
deram uma dentro. Em geral,
só dão mancada... Rssss.
Desse jeito vão acabar me pedindo aumento de salário.
Mas, continue...
LUCCHETTI:
Morei duas vezes em São Paulo e em
Ribeirão Preto. Residi durante dez anos
(1972-1981)
na cidade do Rio de Janeiro. E atualmente "encalhei"
em
Jardinópolis, uma pequena cidade próxima de
Ribeirão Preto. Escondo-me num
casarão assombrado
Tony 23: Encalhou? Rssss... o termo é ótimo.
Num casarão
draculiniano? Então, o amigo está no clima perfeito...
Rsss. Que profissões
você exerceu antes de se tornar
um famoso escriba?
LUCCHETTI:
Fui
office boy, proprietário de uma loja
de autopeças, gerente de cinema e
chefe de escritório.
Aposentei-me como editor.
Tony 24: No nosso tempo, só existiam office boy, a
molecada
andava na sola, a pé, que nem doido. Atualmente há motoboys...
a coisa
evolui. Ficou chique. Também fui office boy...
Nos anos 60, talvez por causa do
pouco espaço para fazer
HQs para as editoras, você passou a colaborar para
diversos jornais importantes de São Paulo, dá para citar
alguns? E, que tipo de
matéria você escrevia para eles?
LUCCHETTI:
Colaborei no
Suplemento
Literário d'O Estado de S. Paulo, na Folha de
S. Paulo, Shopping News,
Literário d'O Estado de S. Paulo, na Folha de
S. Paulo, Shopping News,
Última Hora. Escrevia artigos sobre
Cinema,
Cinema de Animação, Quadrinhos
e Literatura Policial.
e Literatura Policial.
Tony 25: Gostei. Polivalente... Você escreveu muitas
laudas
de HQs, de diversos gêneros, mas, principalmente histórias
de terror.
Por que essa predileção por este tipo de histórias,
grande mestre e bengala
brother? Por que dava maior retorno
financeiro, ou por que simplesmente sempre
foi
o seu tema favorito?
LUCCHETTI:
Escrevia
principalmente roteiros de
histórias em quadrinhos de Terror porque eram
o que os editores pediam.
histórias em quadrinhos de Terror porque eram
o que os editores pediam.
Quanto a retorno financeiro...
Tony 26: Entendi. O retorno financeiro nunca foi lá essas
coisas, pra variar... para se ganhar dinheiro com HQs no Brasil
é preciso
produzir muito. Até o nosso grande Machado de Assis,
um dos maiores expoentes
da literatura brasileira, não vivia da escrita.
Era funcionário público. Além
de assinar diversas obras, você
também usou muitos pseudônimos... dá para citar
alguns?
LUCCHETTI: Theodore Field,
Helen Barton,
Urbain Laplace, Vincent Lugosi, Brian Stockler,
Sherman Himms, Frank Luke e uma
infinidade de outros.
Urbain Laplace, Vincent Lugosi, Brian Stockler,
Sherman Himms, Frank Luke e uma
infinidade de outros.
Tony 27: Brian Stockler, ficou sensacional... deve ser
parente
de Abraham (Bram) Stoker, poeta e contista irlandês que
criou Drácula...Rsss... Programas de rádio e TV... interessante,
criou Drácula...Rsss... Programas de rádio e TV... interessante,
certa vez o
professor, o saudoso Gedeone – outro grande
escriba e desenhista tupiniquim -, me disse que também tinha escrito
escriba e desenhista tupiniquim -, me disse que também tinha escrito
textos para a TV Excelsior, antigo canal 9,
de São Paulo.
Pelo visto, quando a coisa
apertava no setor editorial,
vocês corriam para outros veículos de comunicação,
como emissoras de rádio e TV e agências de publicidade...
Você, também escreveu
para diversas emissoras
de rádio e TV? Dá para citar algumas? E, que tipo de
textos,
especificamente, você elaborava para eles?
LUCCHETTI: Sim, escrevi tanto para o
Rádio como para a Televisão. Era um atividade
paralela, mas não por ter faltado trabalho nas
editoras. Meus primeiros passos no
Rádio como para a Televisão. Era um atividade
paralela, mas não por ter faltado trabalho nas
editoras. Meus primeiros passos no
Rádio foi como argumentista. Eu explico:
por volta de 1943, Octávio Gabus Mendes tinha
um programa na PRF-3, RádioTupi de São Paulo.
Era um programa que ia ao ar todos
por volta de 1943, Octávio Gabus Mendes tinha
um programa na PRF-3, RádioTupi de São Paulo.
Era um programa que ia ao ar todos
os finais de tarde, de segunda a
sexta-feira.
Era um radioteatro de trinta minutos, com
histórias, em sua maioria, enviadas pelas ouvintes
(o programa destinava-se ao público feminino).
histórias, em sua maioria, enviadas pelas ouvintes
(o programa destinava-se ao público feminino).
Na verdade, essas ouvintes recortavam as histórias
de revistas (na época, existiam várias
de revistas (na época, existiam várias
revistas como Fon-Fon!, Carioca, Vamos Ler!,
Contos Magazine, Eu Sei Tudo!, A Cigarra,
O Cruzeiro, que publicavam contos).
Contos Magazine, Eu Sei Tudo!, A Cigarra,
O Cruzeiro, que publicavam contos).
Aproveitei a oportunidade e comecei a enviar
textos de minha autoria para o programa.
Hoje, reconheço que esses textos
textos de minha autoria para o programa.
Hoje, reconheço que esses textos
eram argumentos
para histórias.
Por várias vezes, o sr. Octávio elogiou-os e até
me pediu no ar para ir falar com ele na Cidade
do Rádio, onde estavam instaladas as rádios Tupi
e Difusora, de propriedade do Assis Chateaubriand.
Quando fui visitá-lo na rádio, o sr. Octávio disse-me
que "eu tinha uma grande imaginação e que,
me pediu no ar para ir falar com ele na Cidade
do Rádio, onde estavam instaladas as rádios Tupi
e Difusora, de propriedade do Assis Chateaubriand.
Quando fui visitá-lo na rádio, o sr. Octávio disse-me
que "eu tinha uma grande imaginação e que,
certamente, poderia vir a ser no futuro um
redator de rádio ou de televisão, que, mais cedo
ou mais tarde, chegaria ao Brasil".
foi a minha primeira experiência no Rádio.
redator de rádio ou de televisão, que, mais cedo
ou mais tarde, chegaria ao Brasil".
foi a minha primeira experiência no Rádio.
Tony 28: Belo curriculum!
Fantástico, reconheceram
o seu talento... prossiga...
o seu talento... prossiga...
LUCCHETTI:
Alguns anos mais tarde, quando
eu já morava em Ribeirão Preto, iniciei minha
carreira de autor de scripts
eu já morava em Ribeirão Preto, iniciei minha
carreira de autor de scripts
radiofônicos. Em 1955, por volta da
inauguração
da nova fase da PRA-7 Rádio Clube de Ribeirão
Preto, Aloysio Silva Araújo (a exemplo do sr.
Octávio, ele é um dos homens
da nova fase da PRA-7 Rádio Clube de Ribeirão
Preto, Aloysio Silva Araújo (a exemplo do sr.
Octávio, ele é um dos homens
famosos da radiofonia do
nosso país.
Fazia o programa Cadeira de Barbeiro, junto
com o Manoel de Nóbrega) foi
Fazia o programa Cadeira de Barbeiro, junto
com o Manoel de Nóbrega) foi
contratado para ser o diretor de
broadcasting da PRA-7.
broadcasting da PRA-7.
Ele, então, convidou-me para escrever os
scripts de dois programas: Grande Teatro de
Aventuras e Grande Teatro A7. O primeiro,
destinado ao público juvenil, era
scripts de dois programas: Grande Teatro de
Aventuras e Grande Teatro A7. O primeiro,
destinado ao público juvenil, era
apresentado de
segunda a sexta-feira, às
dezessete horas, com histórias de Aventura
e/ou Mistério com uma grande dose de suspense.
Já o segundo, destinava-se ao público adulto e
apresentava histórias dramáticas.
dezessete horas, com histórias de Aventura
e/ou Mistério com uma grande dose de suspense.
Já o segundo, destinava-se ao público adulto e
apresentava histórias dramáticas.
Ia ao ar aos domingos, às vinte e
duas horas e
tinha duas horas de duração. Esse
meu trabalho
Tony
29: Que bacana... isso me fez lembrar
que minha saudosa mãe vivia ouvindo as novelas
radiofônicas da Rádio S. Paulo... foi através
dessas novelas radiofônicas que
que minha saudosa mãe vivia ouvindo as novelas
radiofônicas da Rádio S. Paulo... foi através
dessas novelas radiofônicas que
conheci Juvêncio, o justiceiro do sertão,
uma espécie de Lone Ranger tupiniquim e
uma versão paulistana de Jerônimo, criada por
Moyses Weltman e eternizada nas
uma espécie de Lone Ranger tupiniquim e
uma versão paulistana de Jerônimo, criada por
Moyses Weltman e eternizada nas
HQs feitas pelos irmãos Edmundo e Edno Rodrigues.
Não perdia
um episódio.. bons tempos aqueles.
A molecada ficava sentada em volta do rádio
para curtir as aventuras do herói no mais
profundo silêncio... Rssss...
LUCCHETTI:
Foi também em Ribeirão que
comecei na Televisão. Foi na TV Tupi, Canal 3 de
comecei na Televisão. Foi na TV Tupi, Canal 3 de
Ribeirão Preto, onde apresentava ao vivo
um programa semanal de enigmas
policiais:
Quem Foi?. Contávamos com uma só câmera
(refugo da TV Tupi de
São Paulo) e a participação
do telespectador ao telefone.
Em 1967-1968, já morando em São Paulo, escrevi
os
scripts de dois programas de Terror apresentados
pelo sr. José Mojica
Marins: Além, Muito Além
do Além, na TV Bandeirantes; e O Estranho
Mundo
de Zé do Caixão, na TV Tupi.
Tony 28: Que bela trajetória profissional, parabéns...
Seu livro, Noite Diabólica, que foi publicado em 1963, é
considerado a primeira
obra de terror escrita no país, OK?
Como surgiu a oportunidade de lançá-lo?
E,
ele saiu por qual editora?
LUCCHETTI:
Como
eu era um aficcionado
pelos desenhos do Nico Rosso (eu comprava
mensalmente a revista Seleções de Terror,
da Editora Outubro, só para ver os
pelos desenhos do Nico Rosso (eu comprava
mensalmente a revista Seleções de Terror,
da Editora Outubro, só para ver os
desenhos
que ele fazia para a série Drácula), ficava
sonhando em ter uma de
minhas histórias
Tony 29: De fato, o estilo
do prof. Nico era fascinante.
Eu também colecionava as publicações que ele
fazia...
Dava um show de claro e escuro, enfim, era genial... tive
o prazer de
conhecê-lo pessoalmente e visitar seu estúdio
(na casa dele) nos anos 70. Foi
lá que descobri que o Ignácio
Justo começou com o Nico, como auxiliar, fazendo
algumas
HQs a lápis... desculpe-me por interrompê-lo, professor...
continue...
LUCCHETTI:
Então, mandei alguns textos
meus para o Hélio Pôrto, o principal roteirista
da Outubro, a fim de que os roteirizasse e
entregasse os roteiros
meus para o Hélio Pôrto, o principal roteirista
da Outubro, a fim de que os roteirizasse e
entregasse os roteiros
para o Nico
desenhá-los.
Tony 30: Hélio Porto!? Ele
escrevia roteiros de HQs para a Outubro?
Essa eu não sabia... conheci o Hélião
na década de 80, na editora
Noblet... o Hamasaki era muito amigo dele e me apresentou
o fera.
O cara tinha um vozeiraõ e tanto. Na época dublava filmes para
a TV,
que até hoje são exibidos na telinha... fiquei sabendo, outro
dia, que ele faleceu. Foi um grande cara...
LUCCHETTI: O Hélio
gostou tanto desses
textos que resolveu publicá-los da forma como
eu os escrevera, inaugurando, com o livro Noite
Diabólica, a Coleção Super Bôlso - Série Terror.
Sinceramente, não gostei de terem aproveitado
meus textos (eram simples argumentos)
textos que resolveu publicá-los da forma como
eu os escrevera, inaugurando, com o livro Noite
Diabólica, a Coleção Super Bôlso - Série Terror.
Sinceramente, não gostei de terem aproveitado
meus textos (eram simples argumentos)
como se
fossem contos. Mas fui agraciado,
porque este livro teve a capa e as ilustrações
feitas por um mestre do Desenho:
porque este livro teve a capa e as ilustrações
feitas por um mestre do Desenho:
Jayme Cortez. E, a partir daí,
entabulei
amizade com o Cortez.
amizade com o Cortez.
Editora Outubro - Inauguração |
Lyrio Aragão, Mauricio, Shima e P. Hamasaki |
Tony 31: Grande Cortez, eu,
ele e o Reinaldo de Oliveira
éramos bons amigos. Vivíamos comparecendo em
eventos
no Museu da Imagem e do Som etc. Anos depois, a Rita
Carnet, viúva do Reinaldo de Oliveira, me apresentou a
esposa do Cortez (a dona Edna) e o Jayminho,
no Centro Cultural Banco do Brasil. Fiquei sabendo que
eles estão morando em Nova Iorque... desculpe-me por mais
esta
interrupção, mas é difícil ficar calado ante suas revelações...
pode continuar,
por favor...
LUCCHETTI:
Quanto ao Noite Diabólica ser
"o primeiro livro de Terror escrito no Brasil"...
Isso quem afirma é o pesquisador Rudolf Piper,
num artigo sobre mim
"o primeiro livro de Terror escrito no Brasil"...
Isso quem afirma é o pesquisador Rudolf Piper,
num artigo sobre mim
n'O Grande Livro do Terror!
Tony 29: Se o Piper afirmou isso, quem vai duvidar?
É
verdade que você também colaborou com
jornais e revistas de Portugal, e até dos Estados Unidos?
Como surgiram essas oportunidades, e como
arrumava tempo para atender a demanda?
jornais e revistas de Portugal, e até dos Estados Unidos?
Como surgiram essas oportunidades, e como
arrumava tempo para atender a demanda?
LUCCHETTI:
Em
Portugal, devido à minha amizade
com o crítico e editor Vasco Granja (já
falecido),
colaborei no Diário de Lisboa e diversos jornais
de província.
colaborei no Diário de Lisboa e diversos jornais
de província.
Fui correspondente no Brasil das revistas Celulóide
(de
Portugal) e CTVD - Cinema - TV - Digest
(dos Estados Unidos), que se
destinava aos
profissionais de Cinema.
Tony 30: Incrível! O genial Zé do Caixão (José Mojica
Marins)
é, até hoje, o único cineasta brasileiro que fez filmes de terror.
É
interessante que nossos cineastas não se habilitam a
fazer ficção e terror, por falta de recurso financeiro,
obviamente –
dois gêneros que a galera adora...
Ainda segundo meus espiões, você passou a
fazer parceria
com o Zé nos anos 60, perfeito? Sei que as HQs lançadas
desse
sinistro personagem - criado pelo Mojica – foram
publicadas pela editora
Luzeiro – ou será que a Luzeiro
se chamava Prelúdio, na época? Dizem que a Prelúdio
era poderosa e maior que a editora Abriu que começou
numas salinhas na rua João Adolfo, no centro
da cidade. Aquelas Hqs,
todas, foram
escritas por você, amado mestre? E os programas da
TV
Bandeirantes, em que Zé do Caixão protagonizava,
com muito sucesso, também
tinham textos seus?
LUCCHETTI:
As histórias das revistas
O Estranho Mundo de Zé do Caixão foram
inteiramente criadas e redigidas
O Estranho Mundo de Zé do Caixão foram
inteiramente criadas e redigidas
por mim. Os desenhos das histórias em quadrinhos
eram do Nico Rosso.
S aíram quatro números,
publicados pela Editora Prelúdio, dos irmãos
Arlindo Pinto de Souza e Armando Augusto Lopes.
Posteriormente, a Prelúdio lançaria Zé do Caixão
no Reino do Terror, produzida por
publicados pela Editora Prelúdio, dos irmãos
Arlindo Pinto de Souza e Armando Augusto Lopes.
Posteriormente, a Prelúdio lançaria Zé do Caixão
no Reino do Terror, produzida por
mim e pelo Nico. Foram lançados
apenas dois números.
Todos os scripts do programa Além, Muito Além do
Além,
da TV Bandeirantes, e do programa O Estranho Mundo de
Tony 31: Cacilda! Você é uma verdadeira máquina para
produzir...
Creio que temos um amigo em comum, Delcídio Luz, que também
trabalhou com o Zé do Caixão, nos áureos tempos...
você se lembra dele?
LUCCHETTI:
Sinceramente,
não.
Eu só conhecia uma meia dúzia de pessoas
que trabalhavam com o Mojica:
Eu só conhecia uma meia dúzia de pessoas
que trabalhavam com o Mojica:
Jean Silva (mais tarde, ele adotaria o nome
de Jean Garrett), Mário Lima, Walter C. Portella,
Roberto Leme, Giorgio Attili,
de Jean Garrett), Mário Lima, Walter C. Portella,
Roberto Leme, Giorgio Attili,
Salvador Amaral e Virgílio
Roveda
(ele é mais conhecido como Gaúcho).
Tony 32: Pensei que conheci o Delcídio
(vulgo Severino Del Bill)... é bastante criativo,
escreve roteiros, peças teatrais e compõem
(vulgo Severino Del Bill)... é bastante criativo,
escreve roteiros, peças teatrais e compõem
músicas incríveis e é um grande camarda...
prosseguindo: Dizem que foi o José Mojica Marins
(Zé do Caixão), que apresentou
prosseguindo: Dizem que foi o José Mojica Marins
(Zé do Caixão), que apresentou
para você o cineasta Ivan Cardoso... e que foi aí
que surgiu a oportunidade para você escrever
outros roteiros para o cinema,
que surgiu a oportunidade para você escrever
outros roteiros para o cinema,
como: O
Escorpião Escarlate, As Sete Vampiras etc...
isto tem procedência? Conta pra
gente,
como tudo aconteceu?
como tudo aconteceu?
LUCCHETTI: Foi realmente o sr. Mojica
que apresentou o Ivan para mim. Por volta
de 1977, o sr. Mojica levou o Ivan à minha casa,
na Rua Bariri, no bairro da Olaria, na
que apresentou o Ivan para mim. Por volta
de 1977, o sr. Mojica levou o Ivan à minha casa,
na Rua Bariri, no bairro da Olaria, na
Zona Norte do Rio de Janeiro.
Mas a minha parceria com o Ivan só teria
início dois anos mais tarde, quando ele me
Mas a minha parceria com o Ivan só teria
início dois anos mais tarde, quando ele me
procurou para escrever um roteiro
alinhavando uma serie
alinhavando uma serie
de sequências que havia
filmado em Super-8.
Tony
33: Legal... vira e mexe eu encontrava o
Zé do Caixão, um dos
cineastas mais criativos desse país,
perambulando pelo centro da cidade, nas
imediações da
avenida São João com aquelas putas unhonas... Mas, já
faz algum tempo que eu não o vejo mais.
Mas, o Delcídio
ainda tem contato com ele.
Por falar do Mojica
(Zé do Caixão),vamos falar sobre o cancelamento
da
revista O Estranho Mundo de Zé do Caixão, para
esclarecer alguns pontos
obscuros dessa história.
Há muitas lendas a respeito desse cancelamento,
entretanto, dá para contar para a gente, grande mestre
escriba, por que, de
fato, a revista foi cancelada?
Eu adorava aquela serie e cheguei a
colecioná-la.
Os roteiros e os desenhos do prof. Nico, em meio tom,
faziam uma
simbiose perfeita.
LUCCHETTI: As histórias publicadas em
O Estranho Mundo de Zé do Caixão e posteriormente
O Estranho Mundo de Zé do Caixão e posteriormente
em Zé do Caixão no Reino do Terror foram
todas polêmicas.
Retratavam fielmente o Brasil. Quem lê/vê, por exemplo,
"Noite Negra" ou "A Praga" percebe, de imediato,
isso.
Alguns pseudohistoriadores de Quadrinhos
afirmam que essas revistas foram
canceladas devido
à Censura Federal.
Tony 34 : Também ouvi dizer isso... afinal, estávamos em
pleno
regime de ditadura militar, da censura prévia...
os caras controlavam todos os
meios de comunicação.
LUCCHETTI: Tenho a dizer para esses cidadãos que
jogam toda a
culpa do que acontece de mal no Governo
que isso não é verdade. O Estranho
Mundo de Zé do
Caixão só deixou de circular porque passou a ser
publicada
por uma editora totalmente incipiente,
a Dorkas (isso aconteceu devido a uma
maracutaia
do seu editor, um sujeito arrogante, cujo nome não
merece, de forma
alguma, ser lembrado aqui), que em
quatro meses só conseguiu lançar dois
números e com
um padrão de qualidade péssimo (esse editor, sujeito
medíocre,
fez tudo para assassinar uma galinha dos
ovos de ouro). Quanto a Zé do Caixão
no Reino do
Terror não vingou porque, devido ao acontecido com
os dois
números lançados pela Dorkas, qualquer
revista com Zé do Caixão no título
estava "queimada".
Tony 33: Sério? Dorkas? Nunca ouvi falar dessa editora...
Comprei as edições da Prelúdio... Isto eu jamais imaginei.
Mas, valeu. Agora tudo ficou esclarecido.
O bom dessas
entrevistas é que nelas a verdade vem à tona.
Só me resta descobrir quem foi
esse editor... hmmm...
vou colocar meus espíões, quase secretos, pra desvendar
quem é ou quem foi esse sujeito.
Um detalhe: O Arlindo vendeu a Luzeiro (antiga Prelúdio),
com todo acervo de cordéis etc, para um amigo chamado
Gregório Nicoló. Há alguns anos atrás quando fui visitar
o Gregório descobri algo fantástico: ele tem todos os
originais do Zé do Caixão feitos pelo Nico, artes do
meu saudoso amigo Queiróz - tamanho a-3 - etc.
Babei ao poder tocar aquelas preciosidades...
Mas, vamos nessa, o papo está ótimo:
Quantos
roteiros para cinema você desenvolveu?
Dá pra contar?
LUCCHETTI:
Roteiros
filmados foram 25. Há um outro tanto
escritos e que permanecem inéditos até
hoje, alimentando
Tony 34: Rssss... esses seus bichinhos devem estar bem
gordinhos... haja originais para devorar... Rsss...
Histórias em quadrinhos?
LUCCHETTI:
Umas
trezentas.
Tony 35: Porra, meu! O professor não é fraco não... Rsss. Livros?
LUCCHETTI:
1.547,
assinados com pseudônimos e
heterônimos. E uns trinta, assinados com meu
próprio nome.
Tony 36: Caraca, vai ser criativo assim lá
longe...Rsss...
jamais entrevistei alguém que tem um curriculum tão extenso
quanto o seu, professor... parabéns. Acho que nem o velho Stan
Lee escreveu
tanto quanto você, é incrível. Os americanos afirmam
que Glaylord Dubis ou Dubois – sei lá - foi o maior escriba de
HQs e livros, de todos os tempos, mas depois de saber sobre
o seu incrível
curriculum, não sei não... acho que você
superou o gringo, prof...ou então,está
ali, coladinho no cidadão.
Rsss. Para mim, você e o Gedeone são dos dois
maiores
escribas desse país, porque produziram zilhões de roteiros
e adaptações
de clássicos do terror e outros gêneros...
você viveu o que podemos classificar
como
“A Era de Ouro das HQs Nacionais!”, ou seja, havia diversos
títulos criados e desenvolvidos
“A Era de Ouro das HQs Nacionais!”, ou seja, havia diversos
títulos criados e desenvolvidos
por artistas brasileiros nas bancas.
O mercado estava superaquecido.
O mercado estava superaquecido.
Como era o seu relacionamento com os editores e com os
desenhistas? Costumavam se reunir num frenético happy hour,
regado a cervejas geladas,
ou o papo era sério, sempre.
O Gedeone – um ex-delegado apaixonado por HQs -,
depois que
mudou para Jundiaí me disse que mandava os roteiros dele
pelo
correio e que de vez em quando vinha para São Paulo.
Mas, vira e mexe estava
nos meus estúdios ou editoras.
Fomos grandes amigos e ele sempre elogiou o seu
trabalho...
LUCCHETTI:
Sempre
tive um relacionamento bastante
amistoso com os editores, procurando cumprir os
prazos
para as entregas dos roteiros, que se destinavam a histórias
em
quadrinhos que deveriam ser publicadas em revistas
de periodicidade mensal. Os contatos com os desenhistas
de periodicidade mensal. Os contatos com os desenhistas
eram feitos, na maioria das vezes, pelos próprios
editores;
e eu nem sabia quem iria desenhar as histórias.
Mas houve algumas
exceções, é claro: Eugênio Colonnese,
Rodolfo Zalla e Nico Rosso. Com esses eu
trabalhava
diretamente.
Tony 37: Três feras do
traço!
LUCCHETTI: Colonnese e Zalla tinham o Estúdio
D-Arte,
e eles me encomendavam os roteiros. Quanto ao Nico,
tive um
relacionamento mais prolífico; e logo criamos
as nossas próprias publicações: A
Cripta, O Estranho
Mundo de Zé do Caixão, Fantastykon - Panorama
do Irreal,
entre outros. O Nico e eu nos entendíamos muito bem.
Foi o meu
maior parceiro nos Quadrinhos.
Tony 38: Que bela parceria... vocês foram incríveis.
Os
preços pagos na época, tanto pelos roteiros como para
os desenhos, eram bons?
Enfim, dava para ganhar dinheiro?
Viver decentemente? Ou, era preciso ser
polivalente pra
defender um dinheiro mais graudo...
LUCCHETTI:
Se
eu quisesse realmente ganhar dinheiro,
nunca iria escrever roteiros de histórias
em quadrinhos.
Teria continuado com minha loja de autopeças.
Tony 39: Rssss... sei como é. Fazemos a coisa por paixão
e não pelo vil metal... mas, você sabe, quem produz muito
sempre acaba
faturando melhor. Você é considerado o primeiro
autor Pulp do Brasil... em que
ano foi lançado o seu primeiro
livro Pulp, e por qual editora? É bom explicar o
que é uma
publicação Pulp, pois muita gente desconhece
esse termo inglês...
Rsss...
LUCCHETTI:
Publicação
pulp é aquela impressa num
papel de péssima qualidade, áspero e
amarelado.
Suas capas são bem chamativas e tem histórias em
que as cenas se
sobrepõem aos enredos. Minhas
primeiras
narrativas pulp foram
publicadas na revista Policial em Revista,
na segunda metade dos anos
1940. Já os primeiros livros
pulps de minha autoria apareceram na década
de 1970 na
coleção Trevo Negro, da Cedibra - Companhia Editora
Brasileira, do Rio de Janeiro.
Brasileira, do Rio de Janeiro.
Tony 40: Mil novecentos e quarenta!? Cacilda! Nessa época
eu nem estava no saco do meu pai... Rssss... O livro Emir Ribeiro
Ilustra
Fantasmagorias de R. F. Luchetti, foi finalista no ano
passado ao Prêmio Jabuti
- uma espécie de Oscar da literatura
brasileira -, na categoria ilustração...
como e quando surgiu a
ideia de fazer essa parceria com o meu querido e
polêmico
bengala brother, o genial Emir Ribeiro?
LUCCHETTI:
Foi
por volta de 2002. Era um antigo projeto
meu e do Jayme Cortez. Seria um livro
em que textos e
ilustrações se integrariam. O Cortez chegou a ilustrar
uma
história, que foi publicada no Grande Livro do Terror!
Em 2002, escrevi para vários desenhistas
(muitos deles já
haviam, inclusive, desenhado histórias em quadrinhos
roteirizadas por mim), propondo que cada um deles ilustrasse
um conto meu. Falei que esses
contos seriam publicados num
livro que meu filho, o Marco Aurélio, estava
organizando.
Apenas dois ou três responderam, entre eles o Emir Ribeiro,
Tony
41: O Emir e gente boa. Adoro esse cara e sou fã do trabalho
dele. Velta é
sensacional. Além do mais ele não é hipócrita e mete
a boca no trombone, desce
o sarrafo em quem merece.
Doa a quem doer.Não tem papas na língua.
O Emir é
guerreiro e encara qualquer desafio e se dá bem.
LUCCHETTI: Esse livro, Emir Ribeiro Ilustra
Fantasmagorias de R. F. Lucchetti, que penso ser um
dos meus melhores
trabalhos, foi concluído em 2003,
mas só foi ser impresso dez anos depois, ou
seja, 2013.
Tony 42: Confesso que não tive oportunidade de lê-lo,
infelizmente. Mas, vou procurá-lo... deve star duka esse trabalho
de vocês.
Você trabalhou com verdadeiros monstros sagrados
das HQs nacionais... com quais
deles você melhor se relacionou?
LUCCHETTI:
Sem
dúvida alguma, foi com o Nico Rosso.
Tony 41: Criar argumentos, roteiros de HQs... você tinha
total
liberdade de criação, ou criava sob encomenda dos editores,
se é que eles
tinham algum critério, na época... Rsss.
Mas tem editor pentelho, que vivem
dando palpites inúteis,
você sabe do que estou falando... Para mim a maioria
dos
editores só entendem de dinheiro, de arte não sabem
porra nenhuma..
LUCCHETTI:
Sempre
tive total liberdade de criação
nos meus roteiros de histórias em quadrinhos.
Tony 42: O lado bom de trabalhar com editores de menor
porte é justamente essa total liberdade de criação.
Os editores grandes
nacionais e internacionais são chatos
pra cacete... Professor e querido bengala
brother, antes
de eu elaborar essa entrevista, analisei seu curriculum e
confesso que nunca vi alguém ter realizado tantas obras
quanto você... confesso
que fiquei impressionado.
Há quem diga que não existe no mundo alguém que escreveu
tanto quanto você e que seu nome deveria estar no livro
dos recordes. Na América,
alguém com seu talento estaria,
supostamente, milhardário, recebendo royalties
do mundo todo...
e aqui no Brasil? Deu, pelo menos, para fazer o chamado
“pé de
meia”? Deu para se ajeitar financeiramente, vivendo
de escrever, ou teve que
enveredar por outros caminhos
profissionais além da escrita?
LUCCHETTI:
Se
eu tivesse nascido nos Estados Unidos,
estaria realmente milionário. Mas aqui,
neste brejo, a vida
de escritor não é nada fácil. Escrever foi algo que
sempre fiz paralelamente às atividades que garantiam
o meu sustento.
sempre fiz paralelamente às atividades que garantiam
o meu sustento.
Inicialmente, eu
escrevia e era dono de uma loja de
autopeças. Depois, escrevia e era gerente de
escritório.
Mais tarde, fui ser editor. E, quando me aposentei, em 1983,
para
poder sobreviver (se dependesse só do salário
de aposentado, morreria de fome),
tive de escrever
uma tonelada de livros sob encomenda.
Tony 43: É... viver de arte num país subdesenvolvido é
uma merda... mas, admiro gente como você que faz por que
adora aquilo que faz.
Não deu para “enricar”, mas deu para
viver decentemente. Isso é o que importa. Poucos conseguem viver
viver decentemente. Isso é o que importa. Poucos conseguem viver
daquilo que gostam de fazer. Portanto, acho que somos
privilegiados,
porque ainda fazemos aquilo que mais adoramos. Prêmios...
como
diz um amigo meu, eles dão status, mas não pagam
supermercados... Rsss... mas,
é óbvio que eles representam
o reconhecimento por um trabalho bem feito.
o reconhecimento por um trabalho bem feito.
E isso
massageia o ego de todos nós, autores.
Creio que apenas o Prêmio Nobel da Paz,
instituído após a
morte de Alfred Nobel que, por ironia é considerado
“O Pai da
Dinamite”, contempla seus ganhadores com uma
boa soma em dinheiro (cerca de 1,2
milhão a 1,9 milhão
de dólares), infelizmente. Mas, continuando...
Pelo que consta, você foi
de dólares), infelizmente. Mas, continuando...
Pelo que consta, você foi
agraciado com
diversos deles. Dá para citar alguns prêmios
que faturou ao longo de sua
brilhante e produtiva carreira?
LUCCHETTI:
Ganhei
o Kikito de Melhor Roteiro de
Longa-Metragem no X Festival de Gramado,
em 1982,
pelo roteiro de O Segredo da Múmia. Ganhei também o
Sol de
Prata de Melhor Roteiro de Longa-Metragem
no II Rio-Cine Festival, em
1986, pelo roteiro de
O Despertar da Besta (anteriormente, esse filme se
intitulava Ritual dos Sádicos).
Mas o meu maior prêmio
foi ter tido, em outubro de 2014, uma página
inteira
no The New York Times.
Tony 44: Maravilhoso! Não há dinheiro do mundo que
pague
por essas conquistas, não é mesmo? Mas, se
viesse uns dólares junto com esses
prêmios daria para
ser ainda mais feliz, correto? Um dia o Worney – da AQC -
me
ligou e disse: “Tio, você ganhou o Angelo Agostini,
Mestre dos Quadrinhos!” Daí
eu disse, brincando:
“Prefiro minha parte em dinheiro!”. Ele redarguiu:
“Tio,
dinheiro a gente não tem! Você vai vir recebê-lo?”.
Respondi: “É claro que vou,
será uma honra, sobrinho!”.
Admiro essa rapaziada da AQC e do Troféu HQMIX, que
durante anos realizam esses eventos e dão prêmios aos
autores de HQs, sem
ganhar nada com isso.
Essa gente é incrível. Eles é que merecem receber
troféus.
Mas, vamos nessa: Como era o clima, nos bastidores das
editoras, na
época em que as HQs nacionais iam de vento
em popa? Era de euforia? Autores e
editores acreditavam
piamente em consolidar a indústria das HQs no país,
como
nos Estados Unidos? Ou todos sabiam que aquela
fase era passageira? Outra
coisa: Qual dos editores era
mais afável com os artistas?
LUCCHETTI:
Ninguém
ficava preocupado em saber se
aquele boom do quadrinho brasileiro iria
durar ou não.
O pessoal apenas trabalhava, pensando em viver somente
o
presente. Agora, uma pergunta: no Brasil, dá para
planejarmos o futuro? Não
sabemos nem o que
vai acontecer amanhã.
Tony 45: Tens razão...
Rsss... mas uma coisa é previsível,
mestre: mais denúncias sobre políticos
corruptos virão e
acabarão, pra variar, em pizza! Esse é o país das CPIS que
não dão em merda nenhuma, infelizmente. Agora até os picaretas
internacionais estão surgindo na mídia. Vide a FIFA. E, pra
internacionais estão surgindo na mídia. Vide a FIFA. E, pra
variar tem brasileiro no meio
dessa palhaçada toda.
A casa, literalmente, caiu pra esses calhordas. Acho
ótimo.
LUCCHETTI:
Os editores com quem eu tinha mais
amizade eram: o sr. Arlindo Pinto de Souza,
da Prelúdio;
o Manoel César Cassoli, da Taika; e o sr. Savério
Fittipaldi, da
Saber. Sempre tive um bom
relacionamento com os editores.
Tony 46: O Arlindo era gente
fina, trabalhei com ele,
o Manelão Cassoli conheci no tempo da revista Psiu
–
quando foi sócio do Hélio Porto -, o
Bartolo Fittipaldi foi um
cara legal, mas esse tal de Savério, nunca fui com a
fachada dele,
apesar da editora Saber ter publicado a minha primeira
revista de HQ - Sargento Bronca...
Eu comecei a escrever e a desenhar HQs na
década de 70, em
plena crise do papel (dei azar...Rsss). Os editores estavam
desanimados, muitos acabaram fechando suas portas...
lembro-me que ao visitar a
Graúna, do saudoso amigo
Reinaldo de Oliveira – editor de Golden Guitar,
O
Homem Fera etc -, as máquinas impressoras estavam
paradas e a gráfica
totalmente inoperante, sem ninguém...
creio que foi nessa época que muita gente
boa como
Getúlio Delphim, Edmundo, Shima, Colin e outras feras
migraram para a
publicidade, por uma questão de sobrevivência.
Nessa fase crítica mundial, você
também recorreu às
agências ou a outros setores profissionais?
LUCCHETTI:
No
início da década de 1970
(para ser mais preciso, em 1972), mudei-me para o
Rio
de Janeiro. Fui ser editor na Cedibra.
Tony 46: Cedibra, foi uma grande editora. Na época, então,
você estava numa boa. Se não estou
equivocado, a Cedibra
foi a primeira a lançar o gato Garfield no Brasil... Fiz um
trabalho
pra eles na década de 80 – histórinhas do Mickey
Mouse estampadas em tecido, para
crianças.
Você tem ideia de que com quantas editoras já trabalhou?
Ah, ia me
esquecendo...
você também foi um dos editores da Cedibra, mas foi também
aqui em São
Paulo ou somente no Rio de Janeiro?
Lembro-me, certa feita, que eles vieram para a
cidade de
Campinas, interior paulista... Como e quando surgiu essa
oportunidade? E, que revistas vocês publicaram?
LUCCHETTI: Na
Cedibra, fui editor de publicações especiais.
Produzi álbuns de figurinhas;
editorei as coleções de livros
policiais, de Terror, Ficção Científica...
Quando a Cedibra se
mudou para o interior de São Paulo (isso foi por volta de
1984),
eu já não trabalhava mais lá. Devo ter trabalhado, ao
todo, para umas
quarenta editoras.
Tony 47: Você e o Gedeone têm que entrar pro Guiness
Book! Há quem diga que as HQs Made in Brazil não
deslancham porque faltam ação
e suspense e devido
aos aos péssimos roteiros. Você concorda com isso?
LUCCHETTI:
Não
concordo com isso. O que falta,
na verdade, são editores. Eles não investem no
talento
do autor brasileiro. Preferem continuar lançando
principalmente os
enlatados norte-americanos.
A mesma coisa acontece com o nosso cinema:
não
temos produtores e nem distribuidores.
Tony 48: A "briga" é feia... Por falar em editores que não
investem em
autores nacionais, faz uma data que não
vemos nada de novo. Made in Brazil, em
nossas bancas
de jornais – exceto Pátria Armada, do Klébs Jr.
Cadê o espírito
nacionalista? Só dá material americano
e japonês em nossos pontos de venda.
Ainda bem que existe
Mauricio de Sousa, o grande herói nacional das HQs com
sua
Turma da Mônica, brigando com os mangás...
Apesar de sua carreira espetacular, intrépido escriba, você
sente alguma
frustração profissional?
LUCCHETTI:
Penso
que não. Principalmente, nestes
últimos oito meses está acontecendo comigo uma
serie
de fatos que chega a me espantar. Pois estou recebendo
o carinho dos fãs
e leitores dos quatro cantos do Brasil.
Isso é algo que revigora o espírito.
Tony 49: Faz bem pra alma, com certeza! Acredito eu que,
nos últimos 40 anos não há uma só criatura desse país,
que lesse um gibi, que
não conhecesse a assinatura
R.F.Lucchetti e de Gedeone Malagola...
Um sonho, ou
projeto futuro?
LUCCHETTI:
Sonhos? Tenho vários. Projetos para o
futuro não
faltam. Agora, vamos ver quantos desses
projetos conseguirão ser realizados.
Tony 50: Fé me Deus e pé na tábua! Quem é, na verdade
Rubens Francisco Luchetti? Dá para se autodefinir?
LUCCHETTI:
Sou
um sonhador romântico.
Um outsider. Sou aquariano. E dizem que os aquarianos
estão cem anos à frente de sua época; comigo se dá o
Um outsider. Sou aquariano. E dizem que os aquarianos
estão cem anos à frente de sua época; comigo se dá o
contrário, já
que gostaria de ter nascido no século 19.
Tony 51: Rsss... um aquariano retro, essa foi ótima!
Vai saber se não viveu em "encadernações" passadas,
como afirmam os espíritas... Rssss... Deus, religiões e
pastores eletrônicos? Qual é seu conceito sobre isso?
LUCCHETTI:O Salmo 23
resume todo o meu pensamento
sobre religião e faço dele minha oração preferida:
"O Senhor é meu pastor, e nada me faltará."
Que é necessário
mais do que isso?
Tony 52: Nada! Disse tudo... Família?
Tony 53: A tendência das edições impressas é se
extinguirem gradativamente dando lugar as
publicações digitais?
LUCCHETTI: Parece que
fatalmente isso está acontecendo.
Por culpa das próprias editoras que não
investem em
novos talentos. Tem muita gente boa por aí e que não
encontra oportunidades de ser publicado. Mas, para mim, nada
encontra oportunidades de ser publicado. Mas, para mim, nada
substitui a palavra
impressa no papel.
Tony 54: Tô contigo e não abro! Acho que ler no computador, tablet,
celular, kindle ou outras parafernálias cibernéticas é um pé no saco!
Você sabe, há muitas lendas no mercado
sobre autores de HQs.
Mas a nova geração gosta...
Uma delas diz que você também desenha ou
já desenhou...
isto é verdade, mestre escriba?
LUCCHETTI:
Nunca
desenhei uma história em quadrinhos.
O que fiz foi uma infinidade de bicos de
pena e pintei
alguns quadros que adornam as paredes de minha casa.
Tony 55: Bacana... o DNA artístico está no sangue...
Você
tem um filho escritor, correto? Puxou para o pai,
que maravilha... qual é o
nome dele?
E, que obras ele já publicou?
LUCCHETTI:
O
nome dele é Marco Aurélio.
Ele é pesquisador de Cinema e Quadrinhos.
Publicou
uma meia dúzia de livros sobre Quadrinhos
(A Ficção Científica nos
Quadrinhos, As Sedutoras dos
Quadrinhos, Desnudando Valentina -
Realidade e
Fantasia no Universo de Guido Crepax, entre outros).
É editor
de uma publicação on line, Jornal do Cinema
(acesse: www.jornaldocinema.com.br) e
escreveu uns
quatrocentos livros de bolso dos gêneros Espionagem
e Western.
Tony 56: Que maravilha! Muito sucesso para o Marcão!
O
cara tem pra quem puxar! Taí a dica, galera, vamos, todos,
visitar esse link. O
nosso bate papo está muito bom, mas
infelizmente estamos chegando ao fim... se
você quiser
deixar aí um fone de contato, e-mail ou endereço de site
ou blog,
esteja a vontade, mestre... a casa é sua...
LUCCHETTI: Obrigado,
Tony, por esta oportunidade.
Meu site é: www.rflucchetti.com.br.
Os leitores também podem me contatar
Meu site é: www.rflucchetti.com.br.
Os leitores também podem me contatar
pelo meu facebook
ou pelo
meu e-mail: omestredohorror@gmail.com.
E, para terem conhecimento de alguns
textos meus, os
leitores podem acessar o Recanto das Letras
(http://www.recantodasletras.com.br/) e o
próprio Jornal do Cinema.
Tony 57: Uma
derradeira pergunta... é verdade que foi
relançado em 2014 uma coleção de 15
livros de sua autoria?
Quais são os títulos? Essas obras estão sendo lançadas
por qual casa editorial? E, como podemos adquirir
essas preciosidades?
LUCCHETTI:
Essa
coleção, intitulada Coleção R. F. Lucchetti,
será composta de quinze
livros. O primeiro, As Máscaras
do Pavor, foi lançado no final de 2014.
O segundo,
O Museu dos Horrores, será publicado em julho-agosto,
deste
ano. Esses livros são comercializados apenas por mim.
Tony 58: Maravilha, professor! É bom saber que continua
na
ativa, agitando. E vê se não para peloamordedeus...
Tem alguma dica para dar
para aqueles fãs que
pretendem seguir a sua bem sucedida trilha profissional
e
se tornar um grande mestre escriba? Existe alguma fórmula?
LUCCHETTI:Tenho
comigo uma máxima:
"É mais fácil caminhar do que abrir uma picada ou
trilha."
A dica que eu poderia dar é a seguinte:
a pessoa precisa
perseverar, a despeito de tudo e de todos.
Críticas não faltam. Elogios são
muito poucos; e muitas
vezes, hipócritas. Por isso, o caminho daquele que em nosso país
vezes, hipócritas. Por isso, o caminho daquele que em nosso país
se dedica ou queira se dedicar a escrever é espinhoso.
Tony 59: De fato, não é fácil. Como tudo o que é arte.
Haja perseverança... Meu
querido professor Lucchetti,
há alguns anos atrás falei com você por telefone,
graças
ao Gedeone... porém, jamais
imaginei que um dia poderia
ter a honra de estar entrevistando alguém que
também me
inspirou a escrever e a ingressar no mundo das HQs e da
comunicação.
Grato, por seu depoimento...
e que 2015, seja um ano pleno de realizações!
Essa
foi a entrevista mais longa que já fiz na vida, eu acho –
graças a sua paciência -, mas
valeu! Até a próxima, grande
mestre escriba!
poder me expressar. Gostei desse bate-papo.
Estarei sempre à disposição.
Tony 60: Se você gostou do bate papo deixe um
comentário abaixo, amigo web leitor. E, obrigado
por nos prestigiar e até a nossa próxima
entrevista com outro grande mestre das HQs.
See you later, cowboys!
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–
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pertencem a seus autores ou representantes legais.
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