Nos anos
60 e 70 a EBAL - editora carioca comandada pelo grande guru Adolfo Aizen –
pioneiro que trouxe as HQs para o Brasil-, era a empresa que mais lançava
quadrinhos no Brasil. Sua maior concorrente era a RGE (Rio Gráfica Editora,
atual Globo). Enquanto a Globo, neste período, publicava capas e até quadrinhos
de alguns autores nacionais sua maior concorrente inundava as bancas apenas com
material importado. Eu era apenas um garoto literalmente tarado por gibis.
Comprava de tudo que via pela frente, nacional e importado - para o desespero
do meu pai.
Dentre os
inúmeros títulos de super-heróis Marvel e DC lançados pela EBAL - que eu
colecionava - estava a revista O Judoka, que originalmente era publicado nos
Estados Unidos pela Charlton Comics com o título de Judô Master. De repente,
para a minha surpresa, a revista mudou o título para O Judoka e passou a
apresentar as aventuras de um personagem cujo pano de fundo era a cidade do Rio
de Janeiro, escrita e desenhada por autores nacionais. Confesso que vibrei ao
ver a minha editora favorita investindo num personagem tupiniquim. Mas, chega
de blá-blá-blá!
O
entrevistado de hoje, além de ser um dos membros fundadores da confraria mais
pentelha do país – Bengalas Boys Club -, é um grande colecionador. Possui um acervo
incrível de quadrinhos, resgata fantásticas obras do passado - que
generosamente compartilha com os bengalas friends no Facebook. Este cara
incrível, que também é um grande incentivador e consumidor do quadrinho
nacional, e que tive o prazer de conhecer em São Paulo, assim como eu, é fã de
carteirinha do Judoka, um grande herói do passado. Neste exato momento ele está
“queimando a pestana” escrevendo um livro sobre este personagem que encantou uma
geração.
Na sequência, vamos saber um pouco mais sobre...
DOM ALVAREZ DE LA MANCHA,
UM JUDOKAMANÍACO E
GRANDE COLECIONADOR!
GRANDE COLECIONADOR!
Tony 1: Bienvenido, Dom Alvarez de La Mancha! Há muito tempo eu desejava entrevistá-lo. Certo dia, perguntei se você poderia conceder-me uma entrevista. Você me disse na maior humildade: “Eu, Tony!? Sou um simples colecionador!” Convém lembrar que a entrevista com o José Carlos (vulgo Zeca Willer) do blog português do Tex – que também é colecionador -, foi uma das mais populares. Agora, que você está prestes a lançar um livro sobre o nosso personagem favorito das HQs nacionais, pensei: “Agora ele não vai poder recusar...”. Vai me dar a honra de colher seu depoimento ou tá difícil? Posso dar o tiro de largada?
ALVAREZ: Pode sim! Tony,
realmente me considero só um pequeno/médio colecionador. Mas que priorizo o
material nacional. Fiquei anos sem colecionar quadrinhos, comprava alguma coisa
e lia, mas sem colecionar. Até que já depois dos quarenta resolvi refazer minha
antiga coleção de O Judoka, meu grande ídolo de infância (eu tinha 12 anos
quando saiu a revista). Queria refazer a coleção e escanea-la para distribuir
na Net e divulgar o personagem de que tanto gostava na infância. Ai me deu
vontade de fazer o mesmo com a Coleção Lança de Prata do Tarzan, onde eram
quadrinizados os romances originais de Edgar Rice Burroughs, o genial criador
de Tarzan, John Carter de Marte, Carson de Vênus, entre tantos outros
personagens. Depois veio a vontade de fazer o mesmo com as revistas da Edição
Maravilhosa que traziam a quadrinização de romances brasileiros/portugueses e
que foram desenhados por artistas nacionais... E por aí foi. Comecei a fuçar no
Mercado Livre atrás de quadrinhos nacionais antigos e comprando o que podia.
Daí passei também a revender as duplicatas, ou as que eu consegui por um preço
bom, que dava para revender com um bom lucro e reinvestir em novo material de
interesse para meu projeto inicial. Assim acabei virando um colecionador e
negociador do Mercado Livre, onde compro o que me interessa ou o que está com
bom preço e que posso revender depois e reaplicar a grana em novos quadrinhos
antigos. E aí o objetivo do projeto passou a ser TODOS os gibis nacionais
antigos, quanto mais antigos melhor, para escanear e disponibilizar na Web.
Tony 2:
Isto é digno de louvor, porque muitos colecionadores egoísticamente nem pensam
em compartilhar nada com os amigos. Acho isto muita mesquinhês. Gostei muito da
parte “...Posso revender depois e reaplicar a grana em novos quadrinhos
antigos.” Taí um bom jeito de fazer uma bela e grande coleção. Qual é o seu
nome completo? Em que dia, mês e ano você nasceu? Cidade, estado ou país?
ALVAREZ: José Manoel Alvarez Vilas Porto. Meu pai não tinha nada
para me deixar, então deixou um nome grande. Rsssss! Nasci em 14/01/1957, na Maternidade
Pró-Matre, aqui na Praça Mauá (point da malandragem e das boates e dos
inferninhos, naquela época, por ser ao lado do cais do porto carioca). Portanto
sou cidadão Carioca com o Maior orgulho, nascido no saudoso estado da
Guanabara.
Tony 3: Um
“carioca da gema”? Com essa pinta de gringo? Quem diria, hein? Legal... Quando
e por que sua família, decidiu vir para o Brasil?
ALVAREZ: Na década de 50 a
Espanha vivia uma situação ruim economicamente, vinha de uma guerra civil,
estava sob a ditadura Franquista. Todos os jovens com idade de trabalho eram
obrigados a servir o exercito ou fugir para outros países para trabalhar e
mandar o sustento para suas famílias. Em meados da década de 50, a situação
estava muito ruim no campo, na Galícia, de onde a família de meus pais era
originária. Meu pai, ainda noivo de minha mãe resolveu vir para o Brasil, pois
sua irmã mais velha já tinha vindo pra cá com seu marido. Então ele veio para
tentar a sorte e depois trazer minha mãe. Algum tempo depois ele escreveu (que
falta fazia o Facebook, e-mail e Skype naquela época!!!) para minha mãe
solicitando que ela viesse, pois ele já estava trabalhando e casariam aqui.
Porém, meu avô negou e disse que ela só sairia de lá casada. Solteira nem
pensar.
Tony 4: É,
naquela época os pais não davam mole, mesmo...
ALVAREZ: Então
meu pai teve que ir à embaixada da Espanha e solicitar uma certidão, sei lá o
nome que tinha, para casar com ela. Ele assinou, as testemunhas assinaram e o
documento foi enviado pela embaixada para a Espanha e minha mãe teve que ira até
o Ministério das
Relações Exteriores,
ou algo semelhante, para junto com meus avós, assinar a certidão de casamento.
Só assim meu avô concordou em que ela viesse pra o Brasil reunir-se ao meu
pai. Eu nasci dois anos depois.
Tony 5:
Cacilda, se o seu pai não aceitasse a proposta do seu avô jamais teria se
casado com sua mãe e você jamais viria ao mundo, parceiro (Rsss...). Íamos
perder um dos melhores bengalas brothers da confraria (Rsss...)...
ALVAREZ: Quando tinha quatro anos minha avó materna sofreu um
acidente e quebrou uma perna. Então pediu a presença da sua filha lá ao lado
dela. Meus pais juntaram o dinheiro pra passagem de navio e eu fui pra lá com
minha mãe, deixando minhas duas irmãs com meu pai aqui. O plano era que ele nos mandaria dinheiro pra
compramos as passagens de volta dentro de seis meses. Bem, isso é uma outra
história, mas o dinheiro nunca chegou.
Tony 6:
Nunca chegou!?? Cacilda... prossiga...
ALVAREZ: Minha mãe teve que ir trabalhar pra juntar o dinheiro
necessário pra comprar as passagens de navio e eu só fui rever minhas irmãs
quatro anos depois, já praticamente com nove anos.
Tony 7:
Isto é que é mulher! Ela foi uma mãezona, na acepção da palavra! Já não se
fazem mais mulheres como antes. Mas, seu velho “pisou na bola”...
Mãe e filhos, na Espanha |
Tony 8: Prosseguindo... Qual é sua formação? Algum curso superior?
O jovem em sua prancheta |
ALVAREZ: Assim que concluí o Curso Científico eu fiz vestibular
para Artes Visuais, na Escola Nacional de Belas Artes, da UFRJ. Passei e
estudei durante um semestre. Nesta época só havia este curso no horário da
manhã, das 08 às 12:00h. Deste modo, como eu já estava trabalhando, meu gerente
negociou comigo para que eu entrasse as 13:00h e saísse às 20:30h. E as horas
que ficassem faltando para completar as 44 horas semanais eu compensaria aos sábados.
Foi um semestre dureza. Mas era compensador. Aulas de modelo vivo, escultura,
desenho livre, anatomia...
Tony 9:
Aulas de modelo vivo... minha nossa, como isto era bom. Durante este tipo de
aulas era comum os garotos ficarem com “o pincel em riste” (Rsss...). E o
mestre queria que a gente desenhasse a fulana... como, se dava até tremedeira e
nego começava a babar (Rsss...). Tempo bom...
ALVAREZ: A única chatice era a aula de matemática descritiva, pois
os dois primeiros anos do curso eram comuns também para o pessoal que fazia
desenho industrial e arquitetura. Mas dava pra levar numa boa.
Então,
ao final do semestre entrou um novo gerente e implicou com meu horário. Por
mais que eu argumentasse ele foi radical. Eu tinha que trabalhar no mesmo horário
dos outros funcionários do departamento ou ele colocaria outra pessoa. Assim
tranquei a matricula na UFRJ e fiquei esperando o cara se “enforcar” e entrar
outro menos Caxias no lugar dele. Só que ele demorou a sair. E quando saiu eu fui
à UFRJ, mas a minha vaga já tinha caducado, pois eu teria que ter destrancado
ela e cursado pelo menos um mês antes de tranca-la de novo.
Tony 10:
Gerentão pentelho, né?
ALVAREZ: Como esta era uma fase muito difícil de minha vida, onde
eu trabalhava para ajudar no sustento de minha mãe e duas irmãs mais novas, não
tive como deixar este emprego. Quando eu tinha nove anos, logo após eu voltar
da Espanha, onde tinha ficado quatro anos com meus avós, meu pai abandonou
minha mãe e sumiu. Deixou-nos sem nada. Com uma mão na frente e outra atrás,
como se diz. Ficamos morando de favor na casa de um tio. Nós quatro dividíamos
um pequeno quartos nos fundos da casa. Assim fiz vestibular novamente, mas
desta vez para algo que eu achava que daria mais dinheiro e garantisse um
emprego melhor. Fui cursar administração. Sou formado em Administração de
Empresas. Nesta fase fui incentivado pela Neuza, minha namorada, que fez
vestibular junto comigo, pra mesma faculdade, mas para Ciências Contábeis. Era
minha namorada naquela época e é minha esposa até hoje, estamos casados a 29
anos.
Tony 11:
Seu pai era complicado, mesmo... mas, vocês batalharam, foram fortes e
superaram tudo. Isto é importante. Sua história é uma grande lição de vida,
para muitos que se queixam a toa. E, por fim, você achou a Neusa, que o
incentivou e acabou se tornando a mãe de seus filhos e sua grande companheira.
Maravilha, uma história incrível que teve um happy end. Mas, prosseguindo: Qual
é a sua profissão?
ALVAREZ: Bem, até maio deste ano eu era vendedor de uma multinacional
americana. Trabalhava lá há 38 anos. Meu
único emprego na vida.
Tony 12:
Era!? Não é mais?
ALVAREZ: Em maio, ao
retornar de férias fui demitido. Assim como outros colegas também antigos de
casa. Eu era o mais antigo de todos. Deram aquela desculpa de sempre, que
precisavam colocar gente nova.
Tony 13:
Esses empresários, no geral, sempre sacaneiam, nós, os mais velhos...
obviamente preferem contratar gente nova, inexperiente, que podem explorar,
pagando mesmo. Definitivamente, este país não tem nada a ver com a cultura
japonesa, que respeitam os mais velhos, mais experientes. Fazer o quê? Isto é
Brasillll...
ALVAREZ: Então resolvi tirar um semestre sabático pra descansar
sem pensar em trabalho. Dei entrada na minha aposentadoria e agora estou curtindo
meus gibis, meus mais de 500 livros, a maioria ainda sem ler, voltando a fazer
meus rabiscos sem compromisso... Estou igual àquela música do grande
botafoguense Zeca pagodinho, “deixando a vida me levar”.
Tony 14:
Acho que fez a coisa certa, bengala brother. O negócio e relaxar e deixar a
coisa rolar. Já trabalhamos muito na vida. É óbvio que não dá pra ficar na
“maresia”, mas poder se dedicar aquilo que gostamos é fundamental. Você sempre
morou no Rio de Janeiro? Assim que chegou foi morar em que bairro carioca?
ALVAREZ: Sempre morei no Rio de Janeiro. Nasci na Praça Mauá,
morei na região da Praza Onze, depois sempre na Zona Norte, a mais de quarenta
em Anchieta (onde também morava anonimamente o imortal Carlos Zéfiro).
Tony 15: Taís brincando!? Então era lá que o cidadão se escondia, fazendo suas HQs de sacanagem? Sou fã do Zéfiro até hoje e ainda guardo algumas raras edições... Essa paixão pelos quadrinhos, na certa, se originou na infância ou adolescência, como ocorreu com a maioria de nós... pergunto: O que você lia na tenra idade? Quais eram seus gibis ou heróis preferidos e artistas – além dos “catecismos” do Zéfiro (Rsss...) ?
ALVAREZ: O jornal carioca O GLOBO publicava diariamente uma página inteira com tiras de quadrinhos. Eram 20 tiras diárias com Superman, Fantasma, Mandrake, Tarzan, Flash Gordon, Brucutu, Dick Tracy, Nick Holmes, Modest Blaise, Recruta Zero, entre outros que não lembro agora. As terças e sábados publicavam uma prancha colorida do Príncipe Valente e Tarzan desenhado por Russ Manning. Aos domingos (isso já anos mais tarde, pois inicialmente O Globo não saia aos domingos), era publicado um caderno especial de quadrinhos, chamado O Globinho Supercolorido, com muitas personagens da Disney, Hanna-Barbera, Popeye, Brucutu, etc. Nessa época morávamos ainda com meu tio, que comprava O Globo diariamente. Eu ficava aguardando ele voltar do trabalho à noite para pegar o jornal. Já o esperava no portão, pegava o jornal e abria o segundo caderno no chão da sala para conseguir ler melhor, pois as folhas do jornal eram bem grandes para um menino de nove, dez anos.
Quadrinhos nas páginas do jornal O GLOBO |
Tony 16: Aqui em São Paulo os jornais também publicavam muitos quadrinhos. Nós, os garotos, recortávamos as páginas e colecionávamos as tiras e os cadernos dominicais. Tempo bom aquele, né? Hoje não temos mais tantas opções de HQs em nossos periódicos, infelizmente...
ALVAREZ: Claro
que não lia todas as histórias, pois algumas tinham uma temática mais adulta
para minha idade e eu achava-as muito chatas. Mas lia todas aquelas que viraram
clássicas e que também saíam nas revistas mensais das editoras EBAL e Rio
Gráfica, as duas maiores editoras do país naquela época. Assim o jornal O Globo
entrou na minha vida (comecei lendo os quadrinhos, alguns anos após passei a
ler também a parte esportiva, e muitos anos depois o restante dos assuntos,
muito adultos para aquele jovem leitor). Pois eu leio O Globo diariamente até
hoje, nunca deixei de lê-lo, sendo que tenho uma assinatura ininterrupta dele
desde 1980.
Tony 17:
Isto que você citou é interessante, nos habituávamos a ver ou ler os jornais e
acabamos nos tornando leitores assíduos deles. Hoje, falta isso... falta atrair
os jovens para a leitura, formar fiéis leitores. Mas, a cada dia que passa a
galera gosta de ler menos a cada dia... a molecada, hoje, tem uma preguiça
danada para ler...
ALVAREZ: Hoje, infelizmente, a página de
quadrinhos publica apenas algumas tiras, não se comparando com a fartura de
opções daquela época. De O Globo passei para os quadrinhos de banca, sempre que
ganhava algum dinheiro do meu padrinho, que nos visitava todo sábado, comprava
alguma edição das revistas que mais gostava naquela época: Legião dos
Super-Heróis,
O Judoka, Homem-Aranha, O Fantasma, Zorro, Tarzan,
Flecha Ligeira, Cavaleiro Negro, etc..
O Judoka, Homem-Aranha, O Fantasma, Zorro, Tarzan,
Flecha Ligeira, Cavaleiro Negro, etc..
Tony 18:
Todos clássicos... também curtia muito esses títulos...
ALVAREZ: Eu só podia comprar uma ou duas
durante o mês, mas minha preferência era por alguma destas, de preferência
aquela com a capa mais bonita no dia da compra. Também lia as revistas Disney,
mas nunca fui de comprar. Gostava muito do Super Pateta e depois do Peninha
(Morcego Vermelho).
Tony 19:
As desventuras do Morcego Vermelho eram geniais, de mijar de rir (Rsss...). E o
material era feito por brasileiros, isto é que é incrível.
ALVAREZ:
Nesta época os quadrinhos brasileiros também tinham muitas personagens
interessantes, como o Jerônimo, o Herói do Sertão, que fazia grande sucesso
desenhado pelo grande Edmundo Rodrigues. Eu ouvia o seriado do Jerônimo
diariamente pela Rádio Nacional. Não perdia um capítulo.
Tony 20:
Pelo que me lembro, não transmitiam aqui em São Paulo as novelas radiofônicas
do Jerônimo, eu acho... mas, eu colecionava os gibis. Adorava os traços do Ed.
Por aqui criaram Juvêncio, o herói do sertão, - na cola do sucesso de Jerônimo.
Juvêncio também começou como novela radiofônica e acabou virando revista em
quadrinhos (editora Luzeiro, do meu saudoso amigo Arlindo Cruz). A garotada não
perdia um capítulo, Juvêncio era transmitido diariamente. Naquela época tinha
muitas novelas radiofônicas, principalmente, para a mulherada melar a calcinha
(rsss...), verdadeiros dramas mexicanos (rsss...). Porém, as histórias eram
singelas. Não havia tanta sacanagem como hoje aparece na novela das oito...
ALVAREZ:
E tinha os Quadrinhos da EDREL que eram um capítulo à parte. Um adolescente
lendo aquelas histórias maravilhosas desenhadas pelo Fernando Ikoma, o Cláudio
Seto, o Paulo Fukue, era uma tentação. Peitos em abundância, bundas desnudas,
rssssssss... Achava aqueles desenhos nervosos do Ikoma o máximo.
Arte do mestre Fernando Ikoma |
Tony 21:
Aquilo, de fato, era excitante... lembro-me de uma HQ que uma fulana tirava a
roupa enquanto um cactus murcho ficava duro... cara, aquilo era demais! Deixava
a molecada doida (Rsss...). Acho que a tal HQ era do Seto ou do Ikoma...
ALVAREZ: E aquelas histórias do Ninja e do
Samurai desenhadas pelo Seto eram coisa de outro mundo. Lembravam-me dos
seriados japoneses da TV, que eu assistia às tardes na casa de amigos. Em
especial os “Agentes Fantasmas”, um grupo de ninjas que lutavam, pulavam de
alturas enormes, jogavam aquelas estrelas mortais... Nossa!
Tony 22:
Adorava essa série da TV. Pensei que chamasse Patrulha Fantasma (Rsss...). Eu
também colecionava as edições do Ninja e do Samurai, da Edrel. Na época, eu era
vidrado em Nacional Kid e Speedy Race. Jamais imaginei que um dia iria conhecer
pessoalmente o Minami Keizi, um dos fundadores da gloriosa Edrel. E graças a
você e o Sir Lancelotti tive a honra de entrevistar o Ikoma, um grande mestre
das HQs.
Tony 23:
Oitavo Homem, Tarô Kid, caceta, nem mais me lembrava dessas séries.Você foi lá
no fundo do baí, bengala brother! Adorei... Mas, falando sério, através da minha
rede de espionagem internacional – depois do buchicho do Barak e da Dilma, a
coisa ficou chique (Rsssss...) -, tomei conhecimento que você freqüentou um
curso de desenho, OK? Em que ano fez o curso? E, em qual escola de arte?
ALVAREZ: Bom, como eu já adiantei na resposta de outra pergunta,
primeiro foi a tentativa de fazer a Escola de Belas Artes, que só durou seis
meses. Depois em 1980 ainda tentei fazer o Curso Oberg, o mesmo onde se formou
o Mestre Primaggio Montavi (na mesma filial, por coincidência). Até tem essa
foto minha postada aqui com a prancheta de desenho que comprei a prestação na
Casa Mattos, uma papelaria carioca especializada em material de desenho, que já
não existe mais. Mas o sonho durou só uns dois ou três meses, até a grana ficar
apertada para pagar a mensalidade e comprar o material. Aí acabei desistindo do
curso. Os tempos ainda estavam bem bicudos.
Tony 24:
Estudou na mesma escola do Primo? Que feliz coincidência, né? Mas, nunca é
tarde para voltar a desenhar. Você lava jeito, basta treinar. O que eu não
entendo é que tá cheio de caras ruins publicando – inclusive eu-, enquanto
muita gente boa de traço não encontra espaço pra trabalhar, é mole? Acho que o
pessoal não vai bater na porta das editoras. Só pode ser isto. Um dia isto
precisa mudar... Quem faz curso de arte, em geral, deseja se tornar um
profissional dessa área maluca e maravilhosa, obviamente... você desejava fazer
quadrinhos? Chegou a tentar? Criou algum personagem? E, por que desistiu? Vi
seus desenhos no Face e achei que você leva jeito para a coisa...
ALVAREZ: Meu sonho era ser desenhista de quadrinhos ou
astronauta. Se possível as duas coisas. Eu
era fissurado pelo ano 2000. Sonhava
sempre pensando no que eu estaria fazendo no ano 2000. Como eu seria ou como o
mundo seria? Será que já estaríamos viajando para vários planetas? Anos antes
eu acompanhei a descida do homem na Lua, naquela transmissão ao vivo pela TV.
Acho que eu pisei na lua junto com o Neil Armstrong.
Tony 25:
Também vibrei com aquela transmissão, apesar dos mais velhos dizerem que aquilo
era coisa de Hollywood... a velha guarda jamais engoliu a conquista da Lua
(Rsss...)...
ALVAREZ: O filme 2001, Uma Odisseia no Espaço, me marcou muito.
Assim como o livro. Eu lia os livros do Arthur Clark e do Isaac Asimov que me
caiam nas mãos e ficava maravilhado com toda aquela imaginação deles.
Tony 26:
2001 foi um puta filmaço! Adorei! Aliás, como você, também sempre me amarrei em
filmes e livros de sci-fi!
ALVAREZ: Li Cinco por Infinitus durante meses
na banca de jornal, pois meu dinheiro não dava pra comprar aquela baita edição
bacana. O jornaleiro era meu amigo, assim que saia um novo número ele me avisava
e eu me deliciava naquelas histórias maravilhosamente desenhadas pelo Esteban
Maroto. Uma vez ele me emprestou uma edição para que levasse pra casa, pois eu
disse que precisava copiar aqueles desenhos. Passei um ou dois dias tentando
reproduzir os desenhos dele. Aquilo era demais...
Tony 27:
Você foi um garoto de sorte, lia sem ter que pagar... não dei essa sorte.
Acabava com a minha minguada mesada comprando Cinco por Infinitus até completar
a coleção. Adorava a arte do Maroto mas, pra mim, apenas a primeira edição
trazia uma boa história. Os demais roteiros eram fracos. Mas, os desenhos eram
show...
ALVAREZ: Nesta época eu criava personagens e fazia meus próprios
gibis em folhas de caderno dobradas ao meio. Acho que é por isso que eu odeio o
“formatinho” até hoje. Fazia os gibis dobrando as folhas do caderno e
prendendo-as com alfinetes de costura da minha mãe no lugar dos grampos. Naquela
época os cadernos eram menores, não eram esses grandões de hoje.
Tony 28:
Acho que todo garoto maluco como a gente, tarado por HQs, acabavam com as
folhas dos cadernos escolares criando gibis (Rsss...)...
ALVAREZ: Aqui preciso abrir um parêntese para falar de minha mãe.
Desde que meu pai nos abandonara, quando eu tinha meus nove anos, minha mãe
virou mãe e pai ao mesmo tempo. Era costureira, costurava em casa até quatorze
horas por dia para nos garantir o mínimo de roupa limpa pra vestir, uniformes
pra escola, material escolar e comida. Ela tinha 34 anos, e abdicou de sua vida
como mulher para cuidar de nós. Jurou que nunca mais teria outro homem, pois
correia o risco de se arrumasse um novo marido ele ainda querer fazer mal a
minhas irmãs. Assim, na flor da idade, ela trocou sua vida sentimental por seus
filhos. E lutou bravamente até que eu comecei a trabalhar aos 18 anos, após ser
dispensado de fazer o serviço militar. Antes ela não deixava para não
atrapalhar meus estudos. Não que a dureza tenha acabado. Claro que não, ainda
continuou por muito tempo, mas aí havia mais um pouco de dinheiro no final do
mês. Até conseguirmos alugar uma pequena casa, e sair do pequeno quarto na casa
de meu tio, onde morávamos eu, ela e minhas duas irmãs. É difícil falar deste
período sem que os olhos fiquem marejados, ao pensar em todo o sacrifício que
minha mãe fez. Hoje está com 77 anos e é nosso orgulho.
Tony 29: A
vida não é fácil, meu amigo... o importante é que a senhora sua mãe sempre foi
uma mulher de fibra, valente e jamais deixou os filhos na mão. E o bacana é que
você cresceu, trabalhou, batalhou e até hoje reconhece o esforço dessa nobre
senhora. Atualmente, a mulherada anda mais perdida do que cachorro quando cai
de caminhão de mudança. Não respeitam mais ninguém e muitas abandonam os
filhos. Essas “coisas” – que pra mim não são mulheres ou humanas - não merecem
ser mães. Quando vemos aqui no estúdio nossa mascote – uma gata viralata –
tomando conta de dois gatinhos pretos e quatro angorás - que ela deu cria
rescentemete -, com amor e carinho,
comentamos: “Se toda mulher que é mãe fosse assim como a Sininho, o mundo seria
melhor...”. Alvarez, manda um beijão pra essa grande mulher, sua mama! Voltando
as HQs?
ALVAREZ: Bem, voltando aos quadrinhos... Eu fazia meus gibizinhos
e criava meus personagens. Claro que eram muito ruins... Pelo menos era o que o
pessoal da EBAL pensava. Eu vivia escrevendo cartas pra eles enviando
personagens, histórias e sugestões. Inclusive postei no Facebook duas dessas
cartas que chagaram a ser publicadas na revista Fantomas e uma no Judoka. Mas
houve mais uma ou duas publicadas. Eles davam aquelas respostas pra fazer o
cara procurar outra coisa para fazer na vida. Já deviam estar com o saco cheio.
Hahahahahaha! Mas eu não desistia.
Tony
30: Também vivia pentelhando os caras e até participei – sem ter nenhuma
condição – de um concurso que fizeram para criar uma HQ sobre a Independência
do Brasil. Sendo eu um fã confesso de sci-fi – como já citei -, criei uma
história maluca que tinha até discos voadores (Rsss...). Coisa de maluco... mas
meu nome (Antonio Fernandes Filho) acabou aparecendo na lista dos participantes
que posteriormente foi publicada. Não sei onde eu estava com a caeça, my
friend...
Nos conhecemos, primeiramente, no Facebook... depois, tive o prazer de conhecer
você e o seu filho durante a Fest Comix 2010, junto com o Fábio Civitelli, desenhista
do Tex -, o Gege Carsan e o nosso querido bengala brother de além mar José
Carlos Francisco (vulgo Zeca Willer e dono do melhor blog do Tex europeu),
também compareceram ao evento. Apesar do nosso rápido encontro me simpatizei
muito com você, com o Gege e o Zeca, bengala brother. O incrível é que você
veio da Cidade Maravilhosa para São Paulo, num bate e volta, só para curtir e
conhecer pessoalmente a turma do Tex e, especialmente, o genial Civitelli.
Quando, como e por que nasceu esta paixão pelo querido ranger da Bonelli
Comics?
ALVAREZ: Realmente foi um bate e volta. Sai do Rio de manhã cedo
pela Azul, fui pra Campinas, pegamos o ônibus da Azul até o Shopping Eldorado e
de lá um taxi até a Fest Comix. Ao retornar ao final da tarde, fizemos a
logística inversa. Eu lia Tex há muitos
anos, logo que comecei a trabalhar, embora o personagem Bonelli que mais goste
seja Martin Mystère, depois Tex e em seguida Júlia. Através da lista BonelliHQ
do Yahoo eu conheci o Zeca, o GG Carsan, o AMoreira, entre outros. Aliás, estes
estavam lá, o Moreira também com seu filho.
Tony 32:
Bem lembrado... o Antonio Carlos Moreira (vulgo Jãoenine e um dos cardeais da
confraria) e o filho estavam lá também. O cara é uma simpatia e fissurado em
western. Pinta e desenha muito... mas, continue... vivo interrompendo os
depoimentos. Preciso parar com isto...
ALVAREZ: Nas conversas via e-mail com o Zeca
sempre falei da minha admiração imensa pelos desenhos do Civitelli. E o Zeca
sempre postando fotos das amostras de quadrinhos em Portugal, inúmeras (uma
vergonha pro Brasil, já que Portugal tem um tamanho e uma população pequenina
comprando com nosso país), onde sempre aparecia o Civitelli como uma pessoa
amabilíssima com todos. Assim ele me conseguiu vários desenhos autografados por
ele, incluindo um exclusivo, não apenas um print autografado. Foi um desenho
exclusivo e que, assim como os outros dele, mais o do Mauricio de Souza e o
Sacarrolha do Primaggio, todos autografados, estão expostos enquadrados na
parede de meu escritório.
Tony
33: Adorei... quem gosta da coisa é assim mesmo. O Zeca Willer (ou Zeca
Benfica) é um dos nossos grandes bengalas brothers de além mar. Tem um acervo
maluco (no bom sentido. Rsss...).
ALVAREZ: Pois bem, em agradecimento eu mandei, através do Zeca,
uma camisa 7 do Botafogo (a camisa do imortal Garrincha), com o nome do
Civitelli gravado às costas. Qual não
foi minha alegria ao receber de volta as fotos do Zeca mostrando o momento da
entrega e o Civitelli estendendo a camisa do Botafogo. Que ele prometeu usar ao
andar de bike, um de seus prazeres. Depois na Fest Comix ele me agradeceu
novamente
o presente, o que foi uma grande emoção.
o presente, o que foi uma grande emoção.
Tony 34:
Botafogo!? Putz... ninguém é perfeito. Preferia ver o mestre Civitelli com a
camisa do Corinthians (Rsss...)... Mas, gosto não se discute...
ALVAREZ: Na verdade eu coleciono Tex, mas eu não leio todos os Tex
que compro. Recuso-me a ler histórias desenhadas por alguns autores que eu não
gosto de seu estilo. Do Galepp eu li pouquíssimas histórias, só quando são
muito importantes na cronologia. Do Letteri eu só li Oklahoma, porque foi uma
história tão falada pelos fãs que eu tomei um Engov e fiz um esforço supremo
pra ler. Eu posso ler um péssimo roteiro, mas com desenhos que eu goste, sem o
menor problema. Mas não consigo ler um bom roteiro com desenhos ruins, ou que
eu acho ruins, de que eu não goste do estilo. O que é o caso destes dois
artistas. Do restante eu leio sem problemas.
Tony 35: Teve
que tomar um Engov!? Esta foi boa (Rsss...). Se deu certo com você deve
funcionar comigo. Vou experimentar (Rsss...). Mas, falando sério, apesar de
nãos er fá do traço Gallepeano as histórias, em geral, eram boas. Além do mais,
sem ele Tex jamais existiria. Quanto a Oklahoma, foi uma ótima história. Há alguns anos atrás eu também colecionava
Tex, hoje ainda devo ter umas 100 edições, infelizmente. Atualmente,
esporadicamente compro a série Gigante – Textone, na Itália -, quando gosto do
traço do artista. Trata-se de uma ótima série, mas nem todos os desenhistas da
série de western mais antiga do país me agradam... Você tem todas as edições de
Tex lançadas no Brasil (o Pequeno Xerife, as edições da Vecchi, da Rio-Gráfica
– Globo - e as da Mythos)?
ALVAREZ: Bem... Tex mensal eu tenho quase todos os da Vecchi, bem
poucos da RGE/Globo e todos os da Mythos. Da Mythos eu tenho ainda o Tex
Coleção a partir do nº. 250, todos os Tex Ouro, todos os Tex Gigantes, todos os
Almanaque Tex e agora todos os Tex em Cores. E da Mythos ainda tenho Todos os Ken
Parker, Nick Raider, Martin Mystère, Mister No, Mágico Vento, Júlia, Dylan Dog
e uma boa quantidade de Zagor. Da época da Record eu tenho todos Nick Raider,
Martin Mystère, Dylan Dog e quase todos os Zagor. Isso falando do universo
Bonelli.
Tony 36: Caramba! Haja espaço pra guardar tudo isto! Você,
assim como o Zeca, é um Texmaníaco de carteirinha... Qual é a melhor, ou as melhores,
histórias de Tex?
ALVAREZ: Cavaleiro Solitário, o Tex Gigante desenhado por Joe
Kubert. E todos os desenhados por Civitelli, Mastantuono e os irmãos Cestero.
Tony 37: A
edição do Kubert, pra mim vale ouro, algumas do Civitelli gostei e as dos
Cesteros adorei... Civitelli é o melhor
desenhista do ranger? Quais deles mais o agrada?
ALVAREZ: Para mim, pela ordem, Civitelli, Mastantuono e os irmãos
Cestero.
Tony 38:
Quais dos desenhistas do ranger que não lhe agradam – se é que tem algum ruim?
(Rsssss...).
ALVAREZ: Galepp e Letteri. Para estes dois todos os personagens
tem a mesma cara, as mesmas expressões (ou a falta delas).
Tony 39: Em parte você tem razão... Você se
considera um dos maiores colecionadores do país? Ou conhece gente que tem um
acervo maior?
ALVAREZ: Claro que não. Sou um
pequeno colecionador. Mesmo! Tem centenas de colecionadores com acervo superior
e mais valioso que o meu. Acho que o maior de todos é o Tom Zé, o Antônio José
da Silva. Depois vem muitos outros. Tem muita gente que tem muito acervo, mas
não mostra, não compartilha. Cada um tem suas razões. Como eu compartilho
algumas coisas, dá a impressão que é muito grande, mas não é. Mas eu foco em
quadrinhos nacionais antigos, de autores nacionais. Tenho personagens
estrangeiros, mas não é minha prioridade.
Tony 40: Caras
egoístas... seu acervo é pequeno? Imagine se fosse grande (Rsss...)... Antes da
próxima pergunta, primeiro quero agradecer publicamente a você e aos Bengalas
Brothers Antônio Carlos Moreira (vulgo Jãoeine) e ao Sir Lancelott (vulgo
capitão Piauí), por terem colaborado, com José Carlos - nosso querido cowboy de
além-mar - pela elaboração das questões
feitas a mim para o sempre sensacional blog português do ranger, o qual concedi
uma entrevista há um tempo atrás. Prosseguindo... Por falar em Zeca Willer,
vocês têm muita afinidade, ambos gostam de Tex – aliás eu também adoro. Sou
jurássico (Rsss...). Como conheceu o José Carlos, o maior divulgador do ranger
de todos os tempos?
Tony 41: O
cidadão é um gentleman... O Zé Carlos também tem um acervo incrível de Tex,
inclusive, quadros emoldurados feito pelos artistas da Bonelli.
O cara é um
privilegiado, já teve oportunidade de estar na sede da editora italiana,
conhecer os artistas pessoalmente e até o saudoso Bonelli, por quem ainda tem
grande apreço... na certa, o Zeca, deve ter edições raras texianas até de outros
países. Pergunto: Você e o Zeca trocam exemplares entre si – que por ventura
têm duplicados em seus acervos?
ALVAREZ: Não, pois eu não
teria nada que ele já não tenha. Rsssssssss!
Eu já presentei o Zeca com dois exemplares de uma revista argentina no
formato talão de cheques, como a nossa Júnior, em que o Tex tinha outro nome.
Parece que os argentinos estavam dando o jeitinho deles por lá também, sem a Bonelli saber.
Fotos: 1 - Com o filho e Civitelli - Foto 2: Com Dolores e Marcos Maldonado, o filho e Zeca Willer |
Tony
42: Los hermanos piratas? Pulicavam sem pagar os direitos? Pensei que só os
brasileiros fossem picaretas (Rsss...)...
Tony 43: Wilson Fernandes, ele “aprontou”,
novamente!? Uma vez ele fez O Escorpião, plagiando o Fantasma, de Lee Falk.
Mas, quando o conheci, ele me disse que fez aquilo por imposição do editor.
Pode ser que esse plágio do Tex também tenha sido por ordem de algum editor sem
escrúpulos. Isto acontece, pode acreditar. Falando sobre o Zeca, ele é uma
simpatia... e só por ter atravessado o Atlântico para comparecer a um evento do
Tex, na FESTCOMIX, dá para sentir o quanto ele adora o ranger. Você o conheceu
pessoalmente, pela primeira vez – como eu -, durante aquele evento?
ALVAREZ: Sim, foi lá que o
conheci pessoalmente. Mas ele já me fez o convite, por várias vezes, para, se
eu for um dia a Portugal, não deixar de vista-lo. O AMoreia é que já esteve lá
no Forte Apache, digo Navajo, do Zeca. Rsssss...
Tony 44: O
Zeca também já estendeu este convite a minha pessoa, quando eu for à
Portugal... mas, devido a correria e aos compromissos ta difícil ir conhecer o
“Forte Apache” (Rsss...). Mas, uma hora vou visitá-lo, com certeza, vou ter que
ir à Espanha... O bengala brother, Gege
Carsan – grande fotógrafo, autor de um ótimo livro sobre o ranger-, ele também
é colecionador ferrenho de Tex, tanto que compareceu ao evento caracterizado de
Tex... o cara é incrível. Veio do estado dele para a capital paulista
especialmente para a festa realizada pela Mythos e a Comix – a maior loja
especializada em quadrinhos, nacionais e importados. O Gege foi super atencioso
com todos, assim como o Zeca e o Civitelli. Apesar de gostar das HQs do ranger,
não sou tão fissurado assim em western, pois – de vez em quando – compro gibis
de diversos gêneros... Na sua opinião, por que o ranger cativa tanto esses
bengalas
brothers no país e além mar?
ALVAREZ: O GG Carsan é o próprio Tex, como pode ser visto nas
fotos sobre a Fest Comix 2010. Rssss
Ele é itinerante e corre todo o Brasil sempre caracterizado de Tex,
participando de eventos e divulgando Tex e seus livros. Na verdade são dois
livros sobre o Tex. Acho que Tex, pela estrutura criativa da Bonelli, cativa
quem gosta de ler boas histórias, bons roteiros, associados a um grande staff
de desenhistas de primeira grandeza.
Não
só Tex, mas também Mágico Vento, Júlia, Mister No, tem roteiros muito bons. Não
é fácil fazer revistas mensais com mais de 100 páginas. Tem que ter um ótimo
time de roteiristas e de desenhistas. Acho que é isso que Tex e os outros
personagens Bonelli nos proporcionam. Muitos roteiros de Tex dariam ótimos
westerns para o cinema.
Tony 45: Concordo
em número e grau... Na realidade a revista Tex, que fez um sucesso retumbante
no passado em nosso país, já não vende como antes, como ocorreu a diversos
títulos famosos pelo mundo afora. Mesmo assim, a Mythos editora lança no Brasil
diversos títulos de Tex, você compra todos, mensalmente?
ALVAREZ: Tex mensal, Tex Coleção, Tex em cores, Almanaque Tex, Tex
Ouro. Tex Anual, Tex Gigante e Júlia. Lembrando que apenas Tex Mensal, claro, é
mensal e Tex Coleção é quinzenal. As outras têm periodicidade distinta,
Bimestral, semestral ou anual.
Tony 46: Incrível!
A Mythos, agradece... Ken Parker – editado pelo bengala brother Wagner Augusto,
há anos -, na minha opinião, é uma das séries que mais gosto da Bonelli Comics.
Acho sensacional o traço do Milazzo... Das séries da Bonelli Comics lançadas no
Brasil pela Mythos (Mágico Vento, Júlia, Zagor, Martin Mistery), quais são as
suas preferidas?
ALVAREZ: Gosto de todas. Mas
gosto menos de Zagor, que
deixei de comprar já há uns dois anos.
deixei de comprar já há uns dois anos.
Tony 47: Cheguei
a comprar algumas edições de Zagor, mas parei... algo nele não me agradou. Sei que
você é um aficcionado por quadrinhos e que possui um acervo imenso... tem ideia
de quantas revistas em quadrinhos tem na sua gibiteca, ou é impossível computar?
ALVAREZ: Minha mulher me
pergunta isso sempre que entra no meu escritório e vê meus quatro armários de
ferro, daqueles com mais de 2m de altura. Acho que ela quer calcular quanto
dinheiro está empatado ali. Rssssss. Eu sempre brinco com ela, dizendo que aquelas
são minhas amantes, minhas bebidas, meus vícios, então o dinheiro gasto com
elas está mais bem empregado do que se fosse com os outros vícios. Rssss. Não tenho ideia de quantas revistas eu tenho.
Mas prometo que vou tentar contar.
Tony 48:
Vou esperar só até o ano 3 mil (Rsss...). Esta sua fantástica coleção, ela começou quando?
ALVAREZ: Já respondido acima em outra resposta.
Tony 49: Ops!
Desculpe-me pela gafe. Até parece que bebo (Rsss...). Pelo visto, você é um dos
que mais prestigia as HQs nacionais... A famosa Bodega do Léo – do intrépido bengala
brotherzão Léo Santana - há anos é uma espetacular vitrine para expor e vender
autores e editores alternativos. Você costuma comprar através da famosa Bodega,
ou através de outras lojas virtuais? Alguma loja especializada, em quadrinhos,
da sua cidade, que você freqüenta?
ALVAREZ: Compro na Bodega
do Léo há muito tempo. Foi através dela que comprei todas as edições lançadas
pelo Emir Ribeiro para Velta e outros personagens dele. É lá que compro os
principais lançamentos da Júpiter II do José Sales, todas as edições de O
Cometa do Samicler Gonçalves e por aí vai.
Tony 50:
Esta série do Samicler é espetacular. Sou fã desse cara!
ALVARES: Aqui no Rio não costumo frequentar lojas de quadrinhos,
até porque aqui nem sei se tem mais alguma ainda aberta.
As que eu conhecia fecharam todas.
As que eu conhecia fecharam todas.
Tony 51: Algumas
casas especializadas aqui de S. Paulo também foram “pro saco”. Isto é
lamentável... Pelo visto, você é como eu era há alguns anos atrás, comprava de
tudo – atualmente prefiro os livros. Estou correto? Tudo, de fato, lhe
interessa? Ou há um gênero que mais lhe agrada, grande guru e bengala-Mor? Já
leu tudo que adquiriu nos últimos séculos? Duvido (Rsss...)...
ALVAREZ: Não, não li. A
pilha “Aguardando leitura” está maior do que a pilha do que já foi lido. Principalmente os livros. Gosto muito de
livros. Leio pelo menos um por mês. Mas quero aumentar esta média, para voltar à
média de uns tempos atrás de até três livros por mês. Sempre tive o habito da
leitura.
Tony 52: Também
adoro ler. Mas, eu sabia que era impossível você ler tudo o que tem. Tenho um
acervinho e há nele uma porrada de coisas que acho que vou morrer sem ter lido
(Rsss...).
ALVAREZ: E graças a Deus consegui transmitir
isso para pelo menos um de meus filhos, exatamente aquele que estava lá em SP
comigo, Tony. Ele se formou no primeiro semestre em História na UFF e este mês
passou na prova e na entrevista para fazer mestrado lá mesmo.
Tony 53:
Sensacional! Diz pra ele que eu mandei um grande mano amplexo pra ele! Esse
garoto vai longe! É isto aí!
Pois
dois livros por quinzena para mim naquela época era pouco, então fiz o cadastro
de uma de minhas irmãs e assim eu pegava quatro livros por quinzena, dois pra
mim e dois “pra ela”. “Rssssss. Foi
assim que li todos os livros de Tarzan publicados no Brasil naquela maravilhosa
coleção Terramarear”. E pegava de tudo um pouco. Arthur Clark, Isaac Asimov,
Erico Veríssimo, José Mauro de Vasconcelos, JG de Araújo Jorge, Fernando Sabino
e até Henry Miller... Rsssss.
Tony 54:
Espertinho, né? Quem gosta é assim mesmo, sou rato de bibliotecas... agora,
achei bacana a ideia dessa biblioteca ambulante. Podiam implantar isto em todo
o país. Aliás, um amigo me disse que um barco\biblioteca percorre os povoados e
cidades que ficam às margens do rio Amazonas. Isto é sensacional! Vamos
nessa... atenção
colecionadores! Recentemente um grande colecionador de gibis do país teve suas
raridades profanadas, roubadas, deu no noticiário policial. Puta sacanagem... a
vítima, na certa, tinha muitas raridades. O infeliz quase deve ter sofrido um
enfarte. Minha nossa... (Rsss...). Você já pensou em colocar sua coleção no
seguro?
ALVAREZ:
Parece que não fazem seguro para gibis, pois
a seguradora não tem como avaliar o real valor do acervo. Nos EUA parece que
existem tabelas de referencia de quanto pode custar uma edição de determinada
revista, valor mínimo, máximo, ou algo parecido. Mas aqui não há nada disso, então, pelo que
andei lendo após esse famoso assalto, não há como a seguradora estipular um
valor de cobertura.
Tony 55: As seguradoras do país precisam rever
isto, e deveriam começar a agir como as seguradoras da América... Você está
elaborando um livro sobre o herói que marcou nossa geração, O Judoka. A série
fez muito sucesso e acabou indo parar até no cinema. Como e por que teve esta
ideia genial?
Aí
me bateu uma saudade do personagem que eu tanto gostava e que é citado em
alguns livros, mas de uma maneira muito rápida e superficial. Foi uma revista
que teve 46 edições e inspirou um filme do cinema nacional, independente da
qualidade do filme. Nenhuma revista fica 46 edições nas bancas, numa editora de
ponta, como era a EBAL na época, se não tiver qualidade. E ela, a despeito de
alguns roteiros simplistas, tinha um excelente time de desenhistas: Fernando
Ikoma, Floriano Hermeto (FHAF), Claudio Almeida, Juarez Odilon, Candido
Machado, Mário José Lima, Henrique de Farias, Francisco Sampaio, Alberto Silva
e Eduardo Baron. Tinha gente de
primeira.
Tony 56:
Com certeza... só dava feras do traço...
ALVAREZ: E vi que na maioria dos livros o
assunto era tocado muito superficialmente, quando
em muitos caos, outras revistas que tiveram duas ou três edições apenas
impressas tinham um espaço maior. Isso me doeu. E fui amadurecendo a ideia, que
no inicio era só dos scans, e agora poderia ser uma coisa maior. Também me
inspiraram os dois livros do GG Carsan sobre o Tex. Eu acompanhei sua luta
desde o inicio, sua busca por editoras, e o sufoco todo até acabar bancando
tudo do próprio bolso.
Tony 57: É,
autor neste país sofre e sempre acaba bancando seu próprio projeto. Isto só
acontece, porque os chamados “editores profissionais”, em geral, não acreditam no
produto nacional. Preferem investir em produtos criados fora do país. Me
pergunto: Um livro sobre Tex, criado por Gege, por que a Mythos não bancou?
Acho isto muito estranho... Mas, vamos em frente: Qual será o conteúdo desta
obra sui generis, que vai agradar em cheio os judokamaníacos, como eu (Rsss...)?
ALVAREZ: Vai ter que
esperar sair o livro. Rssssss. O conteúdo em si é segredo, hoje em dia é meio
complicado sair falando sobre projetos ainda em andamento. Estou numa fase
muito embrionária ainda.
Tony 58: Top
secret!? Ok, vou ter quer esperar, como os demais... Eu também colecionei esta
série. Porém, hoje, não tenho mais nenhum exemplar, por infelicidade. O
roteirista oficial da série era o Pedro Anísio, estou certo? E, as primeiras
histórias foram desenhadas pelo Mário Lima, se meu cérebro não tá enferrujado...
ALVAREZ: O roteirista da maioria das histórias foi o Pedro Anísio,
que já trabalhava na EBAL desde seus primórdios e era um conceituado redator e
escritor de novelas radiofônicas da Radio Nacional. Ela que era a TV Globo
daquela época. Foi das radionovelas da Nacional que saíram para os quadrinhos
Jerônimo, O Herói do Sertão, desenhada pelo grande Edmundo Rodrigues e O Anjo,
desenhada pelo Flávio Colin.
Quem
desenhou a primeira edição, mas a sétima revista a sair, pois as seis primeiras
foram com o personagem americano Judô Master, foi o Eduardo
Baron. A edição 08 foi do Mário José Lima, a 09 voltou com o Eduardo Baron e a
10 novamente com o Mário José Lima. Eles foram se revezando até a edição 14,
desenhada pelo FHAF, uma revelação que veio causar furor entre os fãs.
Tony 59: Fazer
uma obra como essa requer muita pesquisa, Alvarez... você está colhendo
depoimentos dos artistas que participaram da série?
ALVAREZ: Infelizmente estamos num país sem memória e que não
cultua seus ídolos e artistas de um modo geral. Pelé é cultuado no Mundo todo,
recebido por reis, presidentes, Papas, mas no Brasil constantemente é
ridicularizado com comentários jocosos e pouco inteligentes. Ayrton Senna é
muito mais reverenciado até hoje na Inglaterra e no Japão do que aqui. Paulo
Coelho é publicado em dezenas de línguas no Mundo, recebe comendas na França e
em outros países e aqui é ridicularizado e tratado como um escritor menor.
Muitos até afirmam que nem o reconhecem como escritor. Infelizmente este é o
país em que vivemos. Uma nação que um presidente se dizia sem instrução, como
se isso fosse uma virtude. Aquele mesmo que se gabou dizendo que sua mãe nasceu
analfabeta!!!
Tony 60:
Taí um péssimo exemplo para os jovens... se o cara chegou lá, sem estudar, pra
que estudar? , pensará a galera.
ALVAREZ: Estou tendo uma grande dificuldade de encontrar material
na Internet ou de localizar alguns dos artistas envolvidos com a revista. Graças a Deus já consegui localizar pelo
menos três dos desenhistas, mas ainda falta muita gente.
Tony 61:
De fato, também sempre achei um absurdo essas obras sobre HQs. Seus autores
enaltecem a "gringaiada" e, em geral, colocam uma notinha ridícula sobre os
autores nacionais. Nunca vi lógica nisto, principalmente, quando muitos
brasileiros tem uma vasta carreira profissional para ser narrada. Acho que esses
autores têm preguiça de pesquisar, de ir atrás, de saber mais. Se limitam a
traduzir e compilar obras estrangeiras, que trazem tudo mastigado. Assim,
qualquer um vira escritor (Rsss...).
ALVAREZ:
Nesta mesma obra tem idêntico espaço para o Walmir Amaral. Uma coluna com umas
oito/dez linhas. Caramba, o Walmir tem um baita currículo, ele não trabalhou só
fazendo aquelas milhares de capas lindas para a RGE. Ele desenhou histórias do
Fantasma, do Anjo, do Cavaleiro Negro, do Mandrake. Muito antes ele desenhou
histórias de O Vingador para a Outubro, depois Taika. Depois da RGE ele
desenhou para a Abril aventuras do Zorro e para a revista Crás e também para a
Grafipar. Caramba, o Walmir não pode ter um terço do espaço dado ao Zenival,
com todo o respeito que me merece o Zenival, que publicou alguma coisa de
terror na Vecchi e na Grafipar, e de quem eu gostava do estilo de desenho. Mas
foi só, sumiu, cadê ele? O Walmir foi um marco. Ca%$#@, o ROB LIEFELD tem um
texto descrevendo sua “grande obra” que é maior que o texto do Inácio Justo+Claudio
Almeida+Juarez Odilon+Walmir Amaral juntos. Aí dá vontade de chorar com o
descaso com os artistas nacionais. É isso não é exclusividade desta “Enciclopédia”, mas dos livros sobre quadrinhos de
uma maneira geral, que dão pouco valor aos artistas nacionais em obras mais
genéricas. Lembro apenas de uma exceção, o Roberto Guedes, que tem um excelente
livro sobre os Super-Heróis Brasileiros.
Tony 62: O
Guedes é um grande profissional, é criativo. Um dos melhores escribas desse país.
Tenho um orgulho danado porque ele colaborou para a minha editora. Fomos os
primeiros a lançar Meteoro, um ótimo personagem. Escrever sobre autores
estrangeiros é moleza, ta tudo pronto, é só traduzir e adaptar o texto
(reescrever), mas falar sobre o nosso pessoal exige “ralação”, tem que ir
atrás, pesquisar, fuçar. Poucos fazem isto, como você está fazendo. Este é o
caminho.
ALVAREZ: Então, como disse no início, deste discurso meio revoltado,
nós não reverenciamos nossos ídolos e também não nos importamos com isso. Vejo
nos livros textos e mais textos falando de vários autores até medíocres
internacionais e quase nada dos grandes artistas nacionais.
Isso
me deu mais vontade de pesquisar e escrever o livro. Pois a parte referente aos
autores vai ser um dos focos.
Tony 63: Revoltado,
e com razão. Vai fundo. Este livro seu vai ficar incrível e já estou ansioso
para vê-lo impresso, pode acreditar. Por fim, um trabalho jornalístico, de
garimpo. Isto é ótimo. Pergunto: Há quanto tempo você está elaborando a obra?
ALVAREZ: Ainda estou na fase de pesquisa, coleta de material,
informações, tentando localizar as pessoas envolvidas. Graças a Deus já
encontrei pelo menos alguns artistas importantes, mas ainda falta muita gente.
Tony 64: Maravilhoso.
Não para, não. Sabatina:Vamos ver se você sabe tudo mesmo sobre esta série que
virou cult: O Judoka.
ALVAREZ: OK! Mas vamos por
partes pra não esquecer nada.
Tony 65: Quem
criou o personagem? E, por quê?
ALVAREZ: Adolfo Aizen
entregou esta tarefa de criação ao Pedro Anísio, do qual já falei antes, que o
acompanhava a muito tempo, antes mesmo de existir a EBAL. E para fazer os desenhos
da primeira edição foi escolhido o Eduardo Baron, um jovem de 22 anos, que
alguns afirmam ser argentino e exercer a direção de arte da EBAL naquela
época. Quanto à motivação, pelo que sei
a revista até a edição 06 publicava material americano, com o Judô Master... Possivelmente
as vendas com o personagem americano não estivessem indo bem e aí surgiu a
oportunidade de lançar uma produção nacional, com herói nacional, com as cores
verde e amarelo, afinal estávamos em plena época do “Brasil, ame-o ou deixe-o”,
não é mesmo? Estes detalhes mais precisos ainda estou pesquisando. O problema é
que quase todos os Aizen já morreram ou estão difíceis de achar. Mas estou
tentando. Desta parte da motivação do lançamento eu quero ir mais fundo nos
detalhes e ainda estou pesquisando.
Tony 66:
OK... Em que dia mês e ano O Judoka nacional passou a ser publicado pela EBAL?
ALVAREZ: Edição 07, com o
Judoka brasileiro saiu em outubro de 1969. Eu tinha 12 anos na época.
O Judoka - Por: FAHF |
Tony 67. Bingo! Quantos desenhistas participaram da série?
Quais eram os nomes deles?
ALVAREZ: Ao todo
participaram desenhando histórias completas nove desenhistas, mais o Henrique
DeFarias que arte finalizou duas edições. Pela ordem de trabalhos publicados:
Eduardo Barão (07, 09, 16, 20 e 28), Mário José Lima ( 08, 10, 11, 12, 13, 15,
18, 19, 21, 22, 25 e 51), FHAF – Floriano Hermeto de Almeida Filho (14, 17, 24,
27 e 37), Alberto Silva (23, 26 e 29), Francisco Sampaio (30, 31, 34, 36, 39,
42, 48 e 50), Cláudio Almeida (31, 35, 44, 46 e 52), Fernando Ikoma (38 e 40),
Juarez Odilon (41, 43, 45, 47 e 49), Henrique DeFarias arte finalizou as
edições 33 e 48 e Francisco Sampaio arte finalizou a edição 28. Todas as capas
foram feitas pelos desenhistas desta equipe, exceto as capas das edições 07 e
09 que foram desenhadas pelo grande ilustrador da EBAL Monteiro Filho, que também
acompanhava Adolfo Aizen desde antes da EBAL existir.
Tony 68:
Cacete, você entende mesmo do personagem... Quais foram os mais constantes?
ALVAREZ: O Mário Lima desenhou 12 edições, depois veio o
Sampaio com 08, Eduardo Baron, FHAF, Cláudio Almeida e Juarez Odilon desenharam
05 edições cada. Estes que citei foram os que desenharam mais edições.
Tony 69:
Perfeito... isto é, eu nem me lembrava (Rsss...). Mas, se você falou, ta
falado, mestre! Tinha um cara que fazia uma enquadração super moderna e
escrevia seus próprios roteiros. Ele assinava FAHF, ou algo parecido, se não estou
enganado – isto faz séculos (Rsss...). Qual era o nome real desse artista?
ALVAREZ: Era o FHAF ou Floriano Hermeto de Almeida Filho. Ele
virou um ícone entre os fãs do Judoka, com aquele seu estilo meio Guido Crepax,
muito influenciado pelos europeus e o cinema. E era um baita roteirista, só uma
de suas histórias não foi escrita por ele. Ele era arquiteto e nunca tinha
desenhado quadrinhos, pois não gostava muito de super-heróis do estilo
Marvel-DC. Viu o Judoka nas bancas e resolveu arriscar. Fez uma história e
levou pra mostrar na EBAL. Esse eu já consegui o contato com ele, já
conversamos e a entrevista sobre o Judoka estará sendo feita em breve.
Tony 70: Sobre
o Fahf, li na Internet. Ele era um dos meus favoritos, tinha uma quadrinização
moderna a La Guido Grepax. Perfeito... Outro artista da série tinha uma figuras
maravilhosas dinâmicas e um traço solto, inacabado, que eu apreciava muito...
como ele assinava?
Tony 71: Este
era o cara! Adorava os desenhos dele, mas confesso que não lembrava mais o
nome... Quantas edições durou a série? Em que ano ela foi encerrada? E, por
quê?
ALVAREZ: Ao todo foram 46 edições, de outubro de 1969 a julho de
1973. Acredito que as vendas já não eram as mesmas do inicio. As coisas
financeiramente já não estavam muito boas para a EBAL. Esta é uma parte que
ainda estou pesquisando mais a fundo para tentar passar os maiores detalhes
possíveis no livro.
Tony 72: O
Judoka, o filme, deu lucro ou prejuízo? Quem foi o produtor? Quem o dirigiu?
Cartaz promocional do filme O Judoka |
ALVAREZ: Este filme é uma história a parte. Ele foi produzido em 1972, mas é impossível achar uma cópia dele na Internet (e lá se acha de tudo, até filmes mudos da década de 2010). Já entrei em contato com o Canal Brasil especializado em cinema nacional e nada. Há uma legião de fãs buscando por este filme, pela curiosidade, pelo valor histórico. Artisticamente, pelas fotos que vi dele, deve ter sido um filme bem ruim, desses que de tão trash acabam virando cult. O Judoka vestido com uma malha verde, um quimono branco curtinho por cima e calçando tênis branco. Rssssss! Uma daquelas “congas” brancas dos anos 70, que usávamos na escola nos dias de aula de educação física. Pelas fotos que eu achei na Net já dá para ver que não era uma coisa muito séria.
Seu
diretor foi o Marcelo Ramos Motta, que nunca dirigiu um filme, antes ou depois
do Judoka. Ele era escritor, roteirista de TV, autor de peças de teatro, etc.,
mas não era diretor de cinema. Aí deu no que deu. Além do mais, naquela época
forte das pornochanchadas, se o filme não tivesse uma bunda de fora, um
peitinho balançando ao vento, ou um rápido nu frontal não emplacava mesmo.
O
elenco era encabeçado por Pedro Aguinaga, no papel do Judoka. Ele nunca foi
ator, era modelo, fazia comerciais de cigarro (se não me engano do Charm, ou do
LS, um que tinha como slogan “O fino que satisfaz”), e que tinha ganho no
programado Chacrinha o título de “O homem mais bonito do Brasil”.
A
Elizangela fazia o papel da Lúcia, namorada dele. Ela sim já uma atriz em
formação e que antes tinha sido ajudante de palco no programa do Capitão
Furacão, nas tarde da TV Globo aqui no RJ. Aliás, eu era apaixonado pela
Elizangela devido ao programa do Capitão Furacão.
Finalizando,
o filme foi um fracasso anunciado e talvez por passar em pouquíssimas salas,
com um número irrisório de cópias, quase ninguém viu. Nem os fãs assumidos do
Judoka conseguiram ver esse filme. Eu mesmo não vi. Era durango na época, e o
filme estava passando numa ou duas salas da Zona Sul do Rio. Naquela época eu
não tinha dinheiro pra bancar o ingresso e umas quatro passagens de ônibus pra
ir e voltar. Como já disse antes, nesta época tinha 15 anos, não trabalhava ainda
e minha mãe não tinha condição de bancar algumas coisas tão supérfluas assim,
pelo menos naquela situação.
Tony 73: Sempre acreditei nisto. Ou seja, que o filme não deu retorno.
Apesar da editora anunciar o filme na revista, nunca vi um cinema da minha
cidade expondo o cartaz do filme. Acho que fizeram poucas cópias da “meleca”
(Rsss...). A sabatina continua, hombre! Adelante, como diriam os espanhóis! Tá
lascado (Rsss...).
ALVAREZ: Vamos por partes, Amigo! Rssss
Tony 74:
Sim, vamos por partes, como diria Jack, o estripador (Rsss...)... Em que edição a namorada de Carlos – o Judoka
-, surgiu ? Quem desenhou aquela edição?
ALVAREZ: A Lúcia virou A Judoka na edição 22, “Os Samurais do Medo”,
desenhada pelo Mário José Lima.
Tony 75:
Na mosca... Quantas páginas terá o seu livro? Outra coisa, tem noção de quando
o livro vai para o prelo?
ALVAREZ: Tony, este
assunto é igual às obras da Copa do Mundo, aos Itaquerões da vida. Rsssss! Você começa com uma ideia, vão surgindo
outras, você vai adaptando o projeto, e aí só vamos saber na hora de montar
tudo pra ver o rascunhão final. Veja que depois que eu comentei no Facebook sobre
o livro vários amigos desenhistas já produziram, e outros estão produzindo artes
especialmente para o livro. Cada um dando sua versão do personagem. Uma
maravilha, muito emocionante pra mim. O primeiro foi o Candido Machado, que
desenhou a edição 32, e que assinava Benedito Candido. Consegui contato com ele
e expus minhas ideias que ele encampou na hora. Ficou emocionado, pois nem
lembrava mais do O Judoka, ou pelo menos não acreditava que outras pessoas
lembrassem a ponto de escrever um livro sobre o assunto. Começamos a trocar
mensagens sobre a entrevista e ele já foi me mandando os rascunhos de uma
releitura dos personagens para os dias atuais. Ficou empolgado e produziu uma
página belíssima que está lá no Facebook para todos verem. Depois o Emir
Ribeiro fez outra, o Lancelotti, o Seabra, o Augusto Minightti, e ainda tem
mais gente fazendo.
Nova versão. Arte de Benedito Cândido |
As artes já produzidas podem ser vistas neste link: https://www.facebook.com/alvarez.listas/media_set?set=a.739926809367532.1073741826.100000506608059&type=3
Sendo
assim fica difícil prever quantas páginas terá exatamente. Pretendo usar muitas
imagens, pois não acho a menor graça em livros de quadrinhos sem muitas
imagens, detalhes da arte dos desenhistas com aquele e com outros personagens,
etc.
Acho
que deve ficar em torno de 300 páginas. Mas vai depender da quantidade de material
e também dos custos, né?
Tony 76:
Captei vossos “sinais de fumaça”, cara pálida... Taí a dica, pessoal. Sigam o
link... O livro terá a versão física e on line? Como ele será comercializado?
ALVAREZ: Vai depender de
como eu conseguir viabilizar a publicação. Estou pensando em usar o Catarse
para financiar a produção. Já participei de alguns financiamento de outras
obras pelo Catarse e tem sido bacana o resultado que tenho visto. Mas vou
pensar nisso mais pra frente, preciso ter noção do número de páginas, se vão
ter muitas fotos coloridas, etc.. Se for pelo Catarse tem várias faixas de
cotas de financiamento e a cota mais baixa sempre é apenas para a edição
digital em PDF. Para as outras cotas já entrariam a versão digital + impressa +
possíveis recompensas pelo apoio.
ALVAREZ: Por enquanto não. Como disse antes ainda está em formatação, não sei ainda quantas páginas ele terá, se vai ser no tamanho padrão ou um pouco maior para aproveitar melhor as centenas de imagens que pretendo colocar.
Tony 78: É
óbvio que sem ter o número exato de páginas é impossível orçar, Tony, sua
anta... Fiz uma pergunta idiota, perdoe-me. Coisas da idade, eu acho (Rsss...).
A pergunta a seguir é fatal... como alguém que é casado, como você, consegue
adquirir e colecionar tantas HQs? Como consegue convencer a esposa, que você
adora este hobby? Há alguma fórmula especial? Conta pra gente... As mulheres
com as quais convivi, vira e mexe ralhavam: “Você parece que não teve infância!
Gasta uma grana preta com livros, filmes, músicas e gibis! Tá maluco?”
(Rsss...). No fundo acho que elas tinham razão... sou um eterno bengala boy
(Rsss...).
ALVAREZ: Hahahahaha! Todas as mulheres são muito parecidas quanto
a isso. A minha aceita e não critica. Mas ela as vezes entra no meu escritório
e pergunta: "- Quantas revistas têm aí? O que eu faço com isso se você
desencarnar primeiro do que eu? Jogo fora? Dou pra alguém?” E eu respondo: “- Vira
essa boca pra lá! Vai agourar outro!” Hahahaha!
Mas quando eu falo pra ela que talvez volte a trabalhar no ano que vem,
após este semestre sabático que eu estou tirando pós aposentadoria, ela diz:
“Não! Fica em casa, você não se estressa, tem seus gibis pra vender no Mercado
Livre, fidesenhando...
assim é melhor!”.
Tony 79: Você é um privilegiado do Universo, bengala brother. Tem uma
mulher que vai pro céu. Outras, já teriam incendiado tudo, na primeira
discussão (Rsss...). José Alvarez, por
José Alvarez? Who are you?
ALVAREZ: Um chato detalhista, como diz minha mulher; “Todo capricorniano é chato, detalhista, metódico, gosta de tudo certinho…”. Mas sou um botagoguense apaixonado pela vida, pela minha Família, pelos amigos mais chegados (poucos, mas verdadeiros), pelos quadrinhos antigos, pelo desenho e por ler, ler muito.
Tony 80: Por
sorte, nem todo capricorniano chato também não é botafoguense (Rsss...). O
mundo ainda pode ser salvo... Só as HQs atraem, ou também coleciona filmes,
álbuns de figurinhas, etc.? Eu colecionei e conservei alguns álbuns de
figurinhas, durante anos, como: A Queda do Império Romano, El Cid, Perdidos no
Espaço, e alguns de futebol... é mole?
A
coleção de CDs também é bem grande. Além dos livros, é claro, que já devo ter
bem mais de 500, a maioria ainda pra ler.
Tony 81: Também
já tive um belo acervo de filmes, DVDs, discos e CDs – como você -, mas minha
última companheira destruiu boa parte dela e se apossou do que sobrou,
lamentavelmente... “Só se descobre que se está dormindo com o inimigo na hora
da separação”, já disse um sábio guru de botequim. Um sonho? Alguma frustração?
ALVAREZ: Sonho ver meus filhos encaminhados, casados, com netos, e
curtir minha casinha de praia com minha esposa, pelo menos durante uma boa
parte do mês, já que agora só vamos lá de três em três meses e olhe lá. A única
frustração que tenho na vida é de não ter seguido meu curso na faculdade de
Belas Artes.
Tony 82:
Bobagem, doravante vai poder desenhar o que sempre desejou... Projetos para o
futuro?
ALVAREZ: Por enquanto o
livro e o escaneamento do maior número possível de revistas antigas para
disponibilizar na WEB.
Tony 83:
Legal... Deus?
ALVAREZ: Ele é importante na vida de todos.
Tony 84:
Religiões?
ALVAREZ: Cristão e espiritualista. Cresci numa família católica,
batizei, fiz primeira comunhão, crismei, casei na igreja... Mas a gente vê
tanta coisa errada nas religiões, tantos interesses, tantas coisas pra serem
explicadas e que eles não têm o interesse... Tanto charlatão se aproveitando do
povo desesperado para enriquecer... Continuo acreditando em Deus, mas depois de
adulto também passei a ler vários livros sobre budismo, Buda, Dalai Lama,
Espiritismo Kardecista. Só nunca lia nada sobre o Islamismo, mas um dia, quem
sabe? Acho que todos deveriam ler sobre todas as religiões, assim evitaríamos
tanta intolerância religiosa, sem nexo, já que todas as religiões buscam a
mesma coisa, aproximar os homens de Deus, tenha lá Ele o nome que tiver em cada
corrente religiosa.
Tony 85:
Exatamente exato... Time do coração (outra pergunta idiota)?
ALVAREZ: BOTAFOGO, o Glorioso! Eu nasci em 1957, ano em que meu querido Botafogo FR foi campeão
Carioca mais uma vez, com uma equipe que seria a base da seleção brasileira que
um ano depois conquistaria o Campeonato do Mundo na Suécia. Aquela equipe do
Botafogo era um timaço, onde se destacavam: Nilton Santos, Pampolini, Didi,
Garrincha, Quarentinha, Édson e Paulo Valentim. A Final foi contra o
Fluminense, que tinha um ponto de vantagem na classificação e o Botafogo ganhou
por 6×2.
Tony 86:
Atores e atrizes?
ALVAREZ: Glória Pires e Catherine Zetha-Jones / John Wayne e Denzel
Washington.
Tony 87:
Zetha-Jones, sou tarado por essa dona, que é linda e talentosa. O Michael
Douglas – o maridão - tá com a bola toda... Dá para citar alguns bons livros,
que possa recomendar?
ALVAREZ: Maria Erótica, O
Clamor do Sexo, do Gonçalo Jr., sobre a história da EDREL e da GRAFIPAR, todos os de Nicholas Sparks, pra quem gosta de
romance, e todos os do Jorge Luiz Calife pra quem curte uma boa
ficção-científica. Foi Calife, um brasileiro, que inspirou o Arthur Clark a
escrever a continuação de 2001, Uma Odisseia no Espaço.
Tony 88:
Muito bom gosto literário... Filmes?
ALVAREZ: Gosto muito de cinema, mas atualmente só tenho ido
basicamente para ver os filmes sobre personagens de quadrinhos ou de Ficção-Científica.
As vezes um ou outro lançamento, mas não muita coisa diferente disso. Minha
esposa não gosta de cinema (ela não consegue ficar dez minutos sentada na
poltrona. Rsssss!), meu filho Henrique que era meu parceirão de cinema agora
está namorando, então eu dancei. Perdi meu companheiro cinéfilo. Rsssss
Tony 89: Eu
também vou raramente aos cinemas – só dá filmes de super-heróis -, prefiro os
DVDS... Tipo de música predileta?
ALVAREZ: MPB, Samba, Bossa Nova e Jazz (Norah Jones e Diana Krall,
basicamente).
Tony 90: Acredita
que a tendência de mercado são as HQs virtuais, futuramente? Ou isto já é uma
realidade?
ALVAREZ: Acho que isso vai ser a tendência em alguns anos. O que
vai fazer isso demorar ou não a acontecer é saber como distribuir isso pela WEB
de uma maneira que o autor receba por seu trabalho. Acho que isso já vem
funcionando razoavelmente pra música, livros e filmes. Creio que vai chegar
logo aos gibis. Afinal eles vem sendo banidos paulatinamente das bancas nestes
últimos anos. Cada vez mais o espaço deles vai diminuindo. Bancas vendem
revistas, livros, bonecos e modelagem, loterias, telesena, cartões de telefone,
CDs, DVDs, e trezentos milhões de revistas segmentadas. Acho que os gibis
deixaram de ser lucrativos pras distribuidoras, ou será mais correto falar PRA
distribuidora, pois agora só existe uma nacional. Eles ditam a quantidade a ser
impressa, onde vai ser distribuído, como deve ser a capa, quantas folhas tem
que ter...
Tony 91:
Não espalhe, mas dizem que monopólio no país é proibido... imagina se não fosse
(Rsss...)? Ah, ia me esquecendo... você sabe dizer por que o Judoka agradou tanto, na época? Há
alguma explicação lógica?
ALVAREZ: Acho que era porque
qualquer um poderia ser O Judoka, ele não tinha poderes, só sabia artes
marciais. Morava com o tio (que coincidência, rssss), trabalhava de dia,
estudava a noite, dirigia um fusquinha (e vivia perseguindo bandidos com ele).
Ainda bem que ninguém na EBAL ousou em criar um Judokamóvel. Rsssss! Já pensou
um fusca todo branco com uma faixa preta na vertical passando pelas portas? Ou
um SP2 ou um Puma, que eram carros mais arrojados na época?
Acho
que desse ponto de vista ele se aproximava muito do leitor normal e o tornava
mais querido.
Tony 92: É
mesmo, morava com o tio, como você... daí, você, de imediato, se identificou.
Tá explicado (Rsss...). Falando sério,
você tá coberto de razão. Qualquer garoto podia facilmente se identificar com
um personagem tão humano quanto o Judoka. Graças ao esforço em conjunto de um “bando
de doidos” – incentivados e comandados por Sir Lancelotti-, Bengala Boys virou
história em quadrinhos virtual, pelo traço do mestre Marcelino (vulgo Carioca Mineirim).
Além disso, o incrível caricaturista e bengala brother Bira Dantas deu um show
fazendo a caricatura da turma (Rsss...). O Bira não é fraco, não... Como se
sentiu, ao se ver como personagem de uma série de HQ?
ALVAREZ: Ficou muito bacana mesmo! Quem não gosta de virar personagem de uma HQ?
Ainda mais sendo um fã de quadrinhos? Pena que a série parou e ficou incompleta.
Tony 93: Os
caras desistiram? Não sabia disso, malditos bengalistas.L-a-m-e-n-t-á-v-e-l... Só
me resta agradecer por sua colaboração e oriental paciência, Dom Alvarez. Seu
depoimento foi ótimo. Desejo muito sucesso nesta sua nova empreitada - O Judoka, o livro - que, com certeza, deve
ficar sensacional. E, não se esqueça de me mandar o release para divulgarmos,
OK? Caso queira deixar um e-mail, endereço de site, blog, ou telefone para
contato, fique a vontade...
ALVAREZ: Meu e-mail para contato é jose.m.alvarez@globo.com, e quem estiver interessado em ver as artes que já estão
produzidas especialmente para o livro pode ver neste álbum do Facebook; https://www.facebook.com/alvarez.listas/media_set?set=a.739926809367532.1073741826.100000506608059&type=3
Tony 94:
Valeu, foi um bate papo supimpa, como diria meu bisavô! Hasta La vista, hombre!
Não esqueça de me enviar um exemplar – brincadeira -, faço questão de comprar
(Rsss...)...
ALVAREZ: Autografado!!!
Tony 95: Vou aguardar... É
isso aí! Valeu! Vamos nessaaaaa....
Copyright
2013\Tony Fernandes\Estúdios Pégasus –
Uma
Divisão de Arte e Criação da Pégasus Publicações Ltda –
São Paulo
– SP – Brasil
Todos os
Direitos Reservados.
OBS: As
imagens contidas nesta entrevista são meramente ilustrativas e elas pertencem a
seus autores ou representantes legais.
Grande Bengala Mor, Tony Fernandes!!!
ResponderExcluirObrigado meu Amigo, por esta oportunidade de falar um pouco sobre os planos para o livro sobre O Judoka, e também sobre minha vida de amante de quadrinhos e desenhista frustrado.
Acho que a entrevista ficou excelente, foi um bate-papo ótimo e espero que todos gostem.
Muitíssimo obrigado, Bengala Friend!!!
Abração
Alvarez
Gostei muito da entrevista, até porque me identifiquei com você em vários quesitos: Sou carioca, nascido na Lapa em 25 de dezembro de 1958. Portanto somos quase da mesma idade e capricornianos. Também sou botafoguense - nada fanático! - mas sempre me emociono quando vejo o alvinegro em campo, pois volto no tempo e relembro do nosso time com aquele timaço no final dos anos sessenta, uma das bases da seleção canarinho do tri. Também passei para Belas Artes na federal, mas não pude fazer o curso, pois havia acabado de conseguir meu 1º emprego na RGE como desenhista, aos 18 anos.Adoro ficção científica e alucinei com o filme 2001, quandom assisti aos 10 anos, assim como fiquei maravilhado quando vi a Cinco por infinitus nas bancas.
ResponderExcluirSou fanzaço do Judoka, e um dos meus maiores sonhos seria poder desenhar uma HQ desse herói.Em tempo: assisti o seu filme na época, no cine Condor, na galeria do mesmo nome no Largo do Machado. Lembro te ter percebido que era uma produção modesta, com a Ebal servindo de cenários, mas achei um filme honesto e curti muito um personagem de HQ nacional conseguir virar um longa metragem. Abraço!
São muitas coincidências mesmo. Gustavo.
ExcluirEntão somos dois "malandros" cariocas, no sentido clássico, pois um nasceu na Praça Mauá, dos inferninhos e boites do Cais do Porto, das prostitutas atrás dos marinheiros, dos sambistas da Gamboa... o outro nasceu na Lapa, outro berço da "malandragem" carioca, dos bares, da boemia, dos compositores, do histórico Madame Satã...
Não quis o destino que nos esbarrássemos nos corredores da Escola de Belas Artes da UFRJ. Lá conheci o ator Osmar Prado, que era de uma outra turma e as vezes assistíamos aulas numa mesma sala.
Acho que O Judoka marcou muita gente, como eu disse na entrevista, porque ele poderia ser qualquer um de nós, estudando à noite e trabalhando de dia, morando com os tios, sofrendo bulling dos valentões da vida, andando de fusquinha... talvez por isso que a identificação fosse mais fácil.
Mas você foi mais sortudo, pois conseguiu ver o filme do Judoka e eu não consegui. Você já sabe que vai ter que me dar um depoimento sobre isso para o livro. Rsssss Finalmente encontrei um fã que viu o filme do O Judoka!!!
Quando o Amigo vier ao Rio, vamos fechar um boteco na Lapa pra comemorar. Hahahahahahaha!
Abração!
Caramba! Depois dessa entrevista, ficarei contando os dias para ver esse livro sobre o JUDOKA, Alvarez. Força na "caneta" amigo... ao trabalho!!!! Kkkkkkkkk
ResponderExcluirMuito boa entrevista. É sempre bom conhecer um pouco mais nossos colaboradores.
Grande Paulo Castilho!!!!
ExcluirCara, eu devia ter ficado calado... Rsssss Agora vai começar a pressão!!!
Fique tranquilo que vou mesmo acelerar os trabalho e as entrevistas, afinal a galera está ficando velha...
Grande abraço
Querido bengala brother, da mais odiada confraria do Universo (Bengalas Boys Club), 116 pessoas já curtiram sua entrevista até o momento. Isto prova sua popularidade.
ResponderExcluirFoi um prazer lhe conceder este espaço e só espero q o livro sobre o Judoka sai mesmo, porque depois dessa, se n sair vc tá lascado (Rssss....). Gde mano amplexo e grato, pela colaboração!
Grande Bengala Mór!!! Aquele que carrega o Cajado Místico do Imortais Bengalas!
ExcluirVeja bem o tamanho da encrenca que você com a entrevista e eu com esta minha língua grande arranjamos! Rssss
Agora vai ter que sair de qualquer jeito!
Obrigado pela força e um grande abraço,
Caramba, Tony!
Excluir116 pessoas já curtiram a entrevista em apenas dois dias?
Por aí vemos como tem gente sem ter nada melhor para fazer. Rssss
Brincadeiras à parte, isso também mostra a força do blog Bengala Boys Clube.
Obrigado a todos que leram a entrevista, mesmo aqueles que por timidez não tenham deixado seus comentários. Rsssss
Abração
OLhaí outro carioca e fã do Judoka ilustre, mestre Gustavo Machado. E o pior... tb é botafoguense, Alvarez, nobody is perfect, dizia o profeta (Rsss...). Aposto q o Machado tb vai te mandar uma ilustração do personagem, assim como eu. Estaremos, todos, torcendo pra vc lançar logo o tal livro.
ResponderExcluirMãos à obra, bengala brother (Tá lascado...)!
Gustavão, n esqueci de vc, não. Acabei de chegar de viagem e vamos armar aquela entrevista, OK? Grato, pela visita e comentários.
Grande Bengala, a melhor qualidade do Gustavo Machado é ser botafoguense, todo o resto é relativo. Rssss
ExcluirEle ainda não se manifestou sobre fazer uma arte especial para o livro, mas todos ficaríamos muito felizes em ter este privilégio.
Agora depois destas indiretas todas acho que ele vai arranjar um tempinho e nos mostrar como seria a sua versão pessoal do Judoka. Rssssss
Grande abraço
Grato, por sua visita e comentário, HQ Point. Se o Alvarez n terminar a obra vamos ter q cozinhá-lo em azeite de quinta categoria, bengala brother, com certeza... Rssss... tá valendo!
ResponderExcluirPutz! Estou frito... literalmente!
ExcluirPreciso manter minha pela a salvo.
Abração
Buenos dias, muchachos. Alvarez, acabei de checar... até o momento 140 pessoas leram sua entrevista, é mole? Vc ainda tem duvida q o seu livro do Judoka, vai vender? Tamos aqui, pra divulgar, compadre!
ResponderExcluirObrigado por avisar, Tony!
ResponderExcluirVá divulgando quando for possível!
Abração
Que entrevista FANTÁSTICA!!!!!! E eu que pensava que sabia quase tudo sobre o meu GRANDE e ESPECIAL AMIGO Alvarez. Belas respostas em perguntas muito bem elaboradas e que mostram bem a qualidade do entrevistado mas também do entrevistador, já que esta foi mais uma entrevista apresentada na forma de um bate-papo tão bom que quando chegamos ao fim lamentamos que a entrevista tenha chegado ao fim.
ResponderExcluirAproveito para agradecer a ambos as constantes referências feitas à minha pessoa, até parece que eu fazia parte da entrevista (...risos...)
Despeço-me com um grande abraço a ambos e com uma saudade danada daquele dia no Fest Comix em que tive o prazer, a alegria, mas sobretudo a HONRA de vos conhecer pessoalmente e aproveito para reiterar o convite para quando se deslocarem a Portugal virem visitar-me.
P.S. - Óbvio que vou dar conhecimento desta entrevista a todos os meus contactos para que mais gente leia esta maravilhosa entrevista.
Salve, Amigo Zeca!
ExcluirObrigado por suas sempre generosas palavras e consideração. As referências ao Amigo foram mais do que merecidas, pois tanto eu, como o Tony, o temos na mais alta estima. pena que naquele dia da FestComix o tempo tenha sido tão curto e com tanta gente para conhecer e falar, que não deu para conversarmos mais com o Amigo e com o grande Civitelli.
Mas quem sabe não surja uma nova oportunidade de Civitelli e você participarem de um novo evento aqui no Brasil, aliás a alguns dias troquei mensagens com o Civitelli e ele disse que sua volta ao Brasil depende muito do Dorival, caso tenha novos eventos por aqui. E quando trocamos as mensagens eu ainda não sabia que este ano teremos a 2ª Comicon de Curitiba, bem como haverá uma Comic-Con Experience em SP mais pro final do ano, nos mesmos moldes daquela famosa que acontece um San Diego-EUA. Quem sabe aí não surge uma oportunidade pra que os Amigos voltem ao Brasil? Rsssss
Não sei quando poderei ir a Portugal, mas quem sabe isso não possa mesmo acontecer?
Um grande abraço e obrigado mais uma vez pela gentileza das palavars.
Alvarez
Outra visita ilustre, o bengala brother de além mar José Carlos Francisco (vulgo Zeca Willer), do mais famoso blog europeu do Tex, da Bonelli Comics. Zeca é sempre uma honra tê-lo aqui com a gente e, especialmente, nesse caso onde o bengala mor Dom Alvarez, de fato, abriu o coração. Qto tê-lo citado, isto é inevitável, pois vc é um grande amigo e irmão, além de ser um dos recordistas de audiência neste blog. Grato, por suas palavras e, com certeza, alguns bengalas ainda passarão por sua casa, em Portugal.
ResponderExcluirDuas das minha filhas moram na Espanha e brevemente devo ir até lá, daí...
Grato, por suas palavras e apareça.
Aliás... acho q tá na hora de fazermos uma nova entrevista com vc, parceiro.
Gde mano amplexo e um grande 2014 pra vc e seus entes queridos!
Tony,
ResponderExcluirTestando se os comentários já voltaram a aparecer no blog.
Valeu, Dom Alvarez. Funcionou! Great!
ResponderExcluir