sábado, 26 de outubro de 2013

EM 2013: PERDEMOS UM DOS MAIORES EDITORES DO BRASIL!



Segundo um famoso escritor americano, todos sonham quando dormem, 
mas apenas aqueles que sonham acordados são os grandes realizadores, 
porque conseguem transformar seus sonhos em realidade. 
Conheça a história de um homem que através de muita luta, 
garra e força de vontade fez grandes realizações no setor 
editorial brasileiro. Ele, sem dúvida, é um exemplo a ser seguido.
“Roberto era um inovador, um renovador. 
Transformava sua aventura em realidade.” 
Jô Soares, humorista e apresentador de TV.

“Ele era uma das minhas pessoas preferidas no mundo das publicações. 
Foi um grande visionário, era um ser humano maravilhoso e divertido.
 Nós compartilhávamos o mesmo amor pelo jornalismo. Vou sentir muito sua falta.” Ann Moore, presidente da Time Inc.

Este homem brilhante, que decidiu seguir a trilha de sua família
e de seu pai criando publicações inovadoras, e que comandava 
um dos maiores grupos de comunicação do país, revolucionou
 a imprensa brasileira e deixou um imenso legado àqueles que
 têm como missão dar continuidade a seu trabalho fantástico. 
A seguir, saiba mais sobre...

ROBERT CIVITA, O HOMEM QUE
 FEZ HISTÓRIA NO COMANDO 
DA PODEROSA EDITORA ABRIL!
(1936\2013)


Na década de 70, a Divisão de Quadrinhos da editora Abril 
estava na avenida Faria Lima. Eu era apenas um garoto 
que escrevia e rabiscava e tinha a pretensão de um dia 
me tornar um profissional de quadrinhos e, principalmente, 
da área de comunicação. 
Certo dia, decidi bater na porta da Abril, em 1972, 
com uma pasta enorme cheia de rabiscos dos 
personagens criados pelo genial Disney. 
Fui bem recebido, entretanto me disseram que
 meus trabalhos não estavam bons e que se 
eu quisesse desenhar ou escrever 
Disney tinha que ler Disney, conhecer a personalidade 
de cada personagem e suas principais características. 
“Garoto, não desanime. Você tem talento. 
Leve tudo isto para casa, divirta-se e estude 
detalhadamente cada personagem!”. Sai do estúdio, 
feliz da vida, com um monte de gibis da Disney. 
Tempos depois, voltei a insistir apresentando 
novos trabalhos. Desta feita, fui recebido por um 
jovem um tanto neurótico, que mal olhou meus 
rabiscos e me disse: “Não estão legais!” Retruquei: 
“Mas, você nem viu direito!”
 Aí o fulano (Cesar Sandoval – que depois criou a 
Turma do Arrepio – falou: “Vem comigo! Vamos sair 
do daqui!” Num dos corredores ele, confessou: 
“Cara, tô com o saco cheio disso aqui e de Disney!” 
Não deixei barato: 
“Se você tá na neura!? Ninguém tem nada com isso! 
Você nem se quer viu minhas artes e foi logo pixando...”. 
O fulano, coçou a cabeça e disse: “Tá legal... me 
desculpe! Deixa eu ver de novo seus desenhos...” – 
disse pegando os originais, folheou tudo com calma 
e concluiu: “- Você leva jeito! Mas, precisa evoluir! 
Por que não entra pra Escolinha Disney? Procure 
a Kitty e o Dudu, eles poderão lhe orientar!” 
Agradeci a dica. Depois me animei ao saber que 
ingressando naquele curso, além de aprender 
receberia uma ajuda de custo. E, caso me saísse 
bem, passaria a colaborar ou trabalhar com a Abril. 
Entrei para a Escolinha Disney, que era comandada 
por Jorge Kato, e graças a ela, aos poucos, fui me 
evoluindo e comecei a entender como se produzia 
Hqs na América. Aprendi muito sobre como deve
 se produzir uma boa HQ e, principalmente, os
 personagens Disney. Levava para casa uma 
porrada de Model Sheets (folhas desenhadas com
 os modelos dos personagens – que vinham dos 
Estados Unidos -, para estudar e
 memorizar cada detalhe).
 Estudar aquilo era um pé no saco, devo confessar.
 Mas, o aprendizado foi de grande valia para mim, 
que passei um bom observador, qualidade essencial 
para ser um desenhista ou ilustrador. Naquela época 
quem comandava o grupo Abril era Victor Civita.

Quando seus filhos Roberto e Richard assumiram o 
comando eu já não pertencia ao quadro de
 colaboradores da Abril. Estava colaborando 
com a Folha de São Paulo, editora Saber, Minami Keizi e,
 posteriormente, passei a fazer freela para a editora 
Noblet  aonde, durante 5 anos galguei 
diversos postos: fui contratado como assistente
 de arte, diretor de redação (revistas Hot Girl e 
Contos Excitantes) e diretor de arte, quando 
Paulo Hamasaki se ausentou. Tempos depois,
 Hamasaki reassumiu o cargo, pois resolvi pedir 
demissão para abrir minha primeira empresa, 
meu primeiro estúdio (ETF – Estúdios Tony Fernandes). 
Um ano depois, o estúdio virou editora e sua 
razão social passou a ser: ETF Comunicação Comercial Ltda.
Infelizmente, não conheci Robert Civita, mas ouvi 
muitas lendas e histórias a seu respeito. 
Fiquei boquiaberto ao saber que quando ele voltou da 
América sonhava em lançar 3 revistas, e dentre 
estas tinha uma espécie de revista Time brasileira
 (revista Veja). Esta matéria super especial é uma
 homenagem póstuma a este genial homem 
que fez sacolejar a até então morna imprensa brasileira.

MINI BIOGRAFIA


Roberto Franco Civita nasceu em Milão, na Itália, em 9/08/1936. 
Sua mãe (Sylvana Alcorso) era de Roma e seu pai Victor Civita, 
nasceu em Nova York, porque seu avô, de 
origem hebraica, vira e mexe ia aos Estados Unidos para 
cuidar de seus negócios de importação, 
mas viveu boa parte de sua vida na Itália. 
Certo dia, seus pais decidiram deixar a Itália 
temerosos das leis raciais facistas impostas
 pelo ditador Benito Mussolini e foram morar
 em Paris. A família também viveu em Londres, 
onde nasceu o irmão, Richard.
Em 1941, aos 5 anos, Roberto Civita foi morar com
 seus pais numa casa alugada num subúrbio de Nova York.

OS CIVITA NO BRASIL

O mundo vivia a Segunda Grande Guerra Mundial,
 quando toda a família migrou para o Brasil. No porto 
de Santos, grafaram seu nome erroneamente: Robert. 
Durante anos, a família brigou na justiça e junto 
aos cartórios para que seu nome voltasse 
a ter a grafia correta: Roberto.
Nesta mesma época, o irmão deseu pai, César Civita,
 estava estabelecido em Buenos Aires, Argentina, 
onde mantinha uma editora chamada 
Abril. Em 1949,me similar, pois dizia ser um bom negócio. 
Mas, Victor descartou a ideia inicialmente. César não se deu 
por vencido e devido a sua insistência Victor Civita
 optou por abrir sua editora em São Paulo – que tinha 
2 milhões de habitantes, e boa parte destes eram 
descendentes de italianos -, após pesquisar 
o incipiente mercado carioca,
com a cidade de São Paulo e, nela, decidiu 
fundar a sua própria editora.

Nesta época, Roberto, seu irmão, Richard, e a 
mãe, ainda estavam em Nova York, num apartamento
 da Rua 86, próximo ao Central Park. Através de
 uma carta o jovem empreendedor, que estava 
abaixo da linha do Equador, pedia a sua esposa 
que vendesse o apartamento, fizesse as malas 
e rumasse para morar no Brasil. A senhora 
Civita achou que o marido tinha endoidado. 
Roberto, o irmão e mãe chegaram ao país no 
Carnaval de 1950. Naquele mesmo ano a editora 
abriu foi fundada e passou a lançar sua 
primeira publicação: O Pato Donald.

UM FÍSICO NUCLEAR QUE
VIROU JORNALISTA

A partir de 1953, na Universidade Rice, no Texas, Roberto 
Civita começou a estudar física nuclear. Sentia-se 
atraído por esta matéria, mas aos poucos deduziu que
 não levava jeito para a coisa e acabou desistindo.
 Na Universidade da Pensilvânia, cursou jornalismo 
e administração. Estudou, paralelamente, com 
afinco, sociologia, demografia, literatura grega,
estudos bíblicos e outras matérias que o fascinavam. 
Durante um ano e meio estagiou no poderoso 
grupo de comunicação de Nova York chamado Time Inc. 
Passou por importantes revistas, como: Life, 
Sports Illustrated e Fortune. Exerceu diversos 
cargos na mais importante revista de informação 
do mundo, a famosa Time, apurando reportagens,
fazendo edição final dos textos, angariando 
assinantes e até acompanhando a distribuição 
dos exemplares, de caminhão, madrugada afora, 
pelas ruas de Massachusetts, nas residências
 e bancas de jornais. Graças ao seu enorme interesse
 por publicações e competência profissional foi no Japão.

  

UM IDEAL: MUDAR O MUNDO

A proposta da revista Time era: mudar o mundo. 
Isto deixou o jovem Roberto encantado. Ligou para 
Victor Civita excitado contando sobre sua fantástica
experiência no setor editorial americano, mas 
se decepcionou ao ouvir do pai:
“Não acha que está na hora de você voltar para casa e 
trabalhar numa coisa sua? Vamos conversar 
melhor aqui em São Paulo. 
Estou lhe mandando uma passagem”.
Decepcionado com as palavras de 
seu progenitor, 
ele embarcou num avião rumo ao Brasil, 
numa viagem –  antes da era dos jatos – que durava cerca de
 20 horas, e que fazia diversas escalas. Durante o 
cansativo voo tomou uma decisão: iria aceitar o convite
 para trabalhar na sucursal da Time no Japão.
Ao chegar no Brasil, ficou desconcertado quando 
seu pai lhe disse: “O que você quer fazer, mudar o mundo?”
Roberto respondeu afirmativamente e reafirmou que 
de fato aquela era sua intenção. 
Inconformado com a resposta do filho, Victor 
Civita explicou que na América ele jamais poderia
 obter êxito editando. Também frisou que o mercado 
editorial americano era muito concorrido. 
No Brasil havia tudo por fazer e contaria com o 
apoio dele, seu pai, um editor, que aos poucos 
estava ganhando nome na praça.

TRÊS CONDIÇÕES BÁSICAS
 PARA FICAR NO BRASIL

1958 – Brasília estava sendo construída, a indústria
automobilística nacional estava sendo implantada, 
a bossa nova estava nascendo para conquistar 
o mundo. Após uma noite mal-dormida, remoendo 
seus pensamentos na cama, Roberto decidiu 
explanar ao pai suas ideias, suas condições: 
Só permaneceria em São Paulo, se
 pudesse fazer 3 revistas.
Desejava lançar uma edição de negócios, como 
a Fortune (futura Exame), a edição nacional da 
Playboy, e uma com periodicidade semanal tal qual 
a Time americana (futura revista Veja).  
No aconchego do lar se falava italiano.

NA INGLATERRA

Na época em que a família morou em Londres o jovem 
Roberto não entendia nada do que falavam os 
habitantes locais. Passou a colecionar 
milhares de palavras em inglês em seus cadernos, 
até dominar com perfeição o idioma.

APRENDENDO PORTUGUÊS

Inicialmente ele falava italiano, depois aprendeu 
inglês, francês e espanhol, fluentemente.
O português, pelo qual ele se apaixonou, foi 
o último idioma que assimilou. Durante sua 
gestão na Abril mantinha um pedestal sobre a
 mesa com um exemplar do melhor dicionário 
a língua portuguesa, Aurélio, que consultava 
constantemente. Em casa, tinha por
hábito colecionar dicionários. 




UMA EMPRESA EDITORIAL
 EM ASCENSÃO

Naquele tempo, a editora Abril, além de publicar os
 quadrinhos Disney, estava em franca expansão 
publicando revistas de fotonovelas, com histórias
 românticas, que faziam muito sucesso como Capricho,
cuja tiragem era de 500 mil exemplares. 

A revista do pato ranzinza e seus sobrinhos fez 
muito sucesso. Tanto, que passou a ser editada quinzenalmente,
impressa em duas cores (preto e magenta)..
Com o sucesso de Donald surgiram outros títulos, como:
Zé Carioca, Mickey Mouse e Tio 
Patinhas  (Uncle Scrooge), um velho pato rico e sovina, 
também criado por Walt Disney,  (Uncle Scrooge), que
também bateu recordes de vendas. 


Victor Civita, o fundador da Abril


Apesar disso, Victor Civita achava que não era
a hora de deixar o filho publicar e novas revistas
 de custo operacional altíssimo. Prometeu deixá-lo 
lançá-las assim que as coisas melhorassem.
Revoltado, Roberto disse ao pai:
 “Diga a mamãe que vou voltar para casa!”



VENDEDOR DE ANÚNCIOS

Aquele que um dia se tornaria um dos empresários 
do ramo da comunicação do país, começou a
 trabalhar para seu pai como um simples vendedor 
de anúncios, com registro em carteira, tal qual os 
demais funcionários. Apesar de não estar satisfeito, 
sabia que podia confiar na promessa feita pelo pai: 
“Vamos continuar crescendo. Logo que tivermos 
condições, faremos essas 3 novas revistas, filho!”







Seu primeiro salário, como funcionário da Abril, 
era de 14 mil cruzeiros, o equivalente em 2013 
a cerca de 3.300 reais. A editora funcionava num 
modesto conjunto comercial no 9º andar do prédio 
número 118 da rua João Adolfo, região central de 
São Paulo, próximo a Praça da Bandeira.



A função de Roberto Civita era visitar as agências 
de publicidade, para angariar anunciantes. Não era 
fácil convencer os publicitários a fazer seus clientes 
anunciar nas revistas da casa. Não acreditavam 
nos números que ele apresentava para demonstrar
a circulação de cada título – não acreditavam 
nos números da Abril e nem das concorrentes - 
que ele incansavelmente tentava explicar. Vender 
anúncios era um martírio. Todos os vendedores 
de diversas editoras gastavam as 
solas de sapatos e os resultados eram ínfimos.
Como mudar aquela situação? - pensou.





UMA IDEIA BRILHANTE

Certa feita, decidiu propor às agências J.W. 
Thompson e McCann-Erickson  a criação de uma 
entidade que auditasse a circulação de jornais e 
revistas, coisa inédita no Brasil até então, mas que 
era comum na América. Acharam a idéia espetacular,
pois este novo órgão serviria de base para 
garantir aos futuros anunciantes de publicações 
a autenticidade de suas tiragens. Foi assim que
 surgiu o IVC (Instituto Verificador de Circulação).
Nos meios publicitários a sigla IVC virou motivo 
de piada. Diziam se tratar do “Instituto Victor
 Civita”, devido as mesmas iniciais do nome do
 fundador da Abril. Este instituto foi muito 
importante para o estabelecimento de critérios
 mensuráveis na veiculação de anúncios e para 
o sucesso das revistas que passaram a despertar 
o interesse da classe empresarial. Desse dia em
 diante as altas tiragens da Abril e de seus 
concorrentes passaram a ser provadas 
cientificamente, por esta competente e séria 
entidade, sem qualquer sombra de dúvida.

GERENTE DE PUBLICIDADE

Com o tempo, Roberto Civita foi promovido ao 
cargo de gerente de publicidade de um título de 
moda chamada Manequim, dirigida às leitoras que 
desejavam fazer suas próprias roupas – coisa rara atualmente.
Esta foi a primeira revista feminina da Abril. E ela 
não tinha balõezinhos, recurso gráfico indispensável 
para as revistas em quadrinhos da Disney e as 
fotonovelas. Provavelmente, foi nessa época que 
o irmão mais velho do veterano letrista Marcos
 Maldonado passou a faturar alto fazendo o 
letreramento de fotonovelas e acabou induzindo
 o irmão a entrar no ramo.
Nesta época as fotonovelas, assim como as novelas 
de rádio, embalavam os sonhos românticos das 
adolescentes. No Rio de Janeiro a editora de 
Lotário Vecchi também lançava uma gama de 
títulos deste tipo de publicação que, além de 
venderem muito, acabaram ficando famosos.

 1960 - NOVOS PRODUTOS EDITORIAIS

O país estava em franco desenvolvimento, assim 
com a editora Abril, que passou a ter condições 
financeiras de investir em novos lançamentos.
“Meu pai era um homem fantástico, ousado, 
intuitivo, charmoso, conquistador e corajoso. 
Você não fabrica muitos desses todos os dias” – 
declarou Roberto, em suas Memórias de um Editor.
A década de 60 marcou o lançamento de diversas 
novas publicações, como a revista especializada 
em carros, Quatro Rodas, etc. Roberto Civita, 
empolgado, atuou diretamente, por cerca de 20 anos, 
em todos os novos títulos da casa que foram 
surgindo – revistas e fascículos.

COMO SURGIU A IDEIA DE LANÇAR

A REVISTA QUATRO RODAS 



Quatro Rodas – Este foi o título foi da primeira 

revista jornalística da casa – com reportagens, 
matéria de capa, serviço e muita informação. 
A ideia surgiu por acaso, repentinamente, quando pai 
e filho (editores) almoçavam no restaurante do Hotel
Claridge, que ficava ao lado do prédio da editora 
no centro da cidade. Um diretor da Volkswagem, que
 nos conhecia, disse: “Por que vocês não lançam
 uma revista sobre automóveis?”
Victor Civita respondeu que jamais 
havia pensado naquilo.
“Então pensem, porque se vocês fizerem, eu 
garanto três páginas de publicidade por 
mês durante o primeiro ano!”
Naquela época os carros da Volkswagem dominavam
o Brasil - milhares de fuscas e peruas Kombis infestavam 
nossas ruas. De imediato, Victor Civita se voltou 
para o filho e disse: “Roberto, trate de ver se da para fazer!”
O projeto era viável. A revista especializada em 
carros, ela seria a primeira do gênero do país. 
O jornalista Mino Carta foi convidado para dirigir
 esta nova publicação e aceitou o desafio, apesar
 de não saber dirigir automóveis ou entender 
sobre eles. Mas, ele era tido como um excelente
 profissional. A ideia inicial era que a nova 
publicação deveria trazer um mapa encartado 
em forma de folder. A proposta inovadora foi 
aceita por todos. A edição de estreia surgiu com 
uma grande reportagem de serviço e o mapa da 
Via Dutra, na época ela era a principal estrada 
brasileira - apesar de não ser de mão dupla. 





Roberto Civita dirigia uma perua Kombi (da Volks) 
e tinha ao seu lado Mino como “co-piloto”. Percorreram os 
400 km de São Paulo até o Rio de Janeiro, parando 
em restaurantes, bares, postos de gasolina,
borracharias, etc. Anotavam suas localizações e 
características básicas. Por fim, avaliavam se 
esses estabelecimentos comerciais eram bons ou 
ruins. Ao regressarem a São Paulo, fizeram o 
percurso inverso. O mapa que saiu naquela 
primeira edição fez um tremendo sucesso. 
Assim, ficou decidido que a cada mês um novo
 mapa, de outra rodovia, sairia continuamente, com
 os dados de cada percurso. Mas, havia um grave 
problema: além da rodovia Dutra, não existiam
 outras estradas no Brasil. Mesmo assim, 
os mapas com os dados da Dutra continuaram 
saindo. Quatro Rodas, a revista sobre 
automobilismo se tornou um fenômeno de venda 
e deu incentivo àqueles jovens para criarem 
outros novos títulos editoriais.

SURGE A REVISTA CLÁUDIA

Em 1961, surgia uma revista feminina que acabou 
se constituindo num marco da imprensa do país: 
Cláudia, nome escolhido por Victor e Sylvana Civita 
que dariam à filha que nunca tiveram. 
Por mais de meio século esta revista con
tinua sendo líder entre as publicações destinadas
 ao público feminino brasileiro. Inicialmente essa 
consagrada publicação foi dirigida pelo competente 
Luís Carta, irmão de Mino, e depois por Thomaz 
Souto Corrêa. Todas as receitas publicadas desde
sua primeira edição foram testadas previamente, 
o país. Cláudia também foi a primeira publicação
 que tinha uma coluna escrita por Carmen da Silva
, chamada “A Arte de ser Mulher”, que falava sobre
 os direitos das mulheres e o mercado de trabalho
 que se abria para elas, sem 
deixar de ser mãe e esposa. 




Esta coluna revolucionária 
oi publicada de 1963 a 1985, quando a colunista faleceu. 
Dona Sylvana, a mãe de Roberto, se envolveu de
 corpo e alma nesta publicação. 
Fazia questão de provar cada receita.




UMA EMPRESA COSMOPOLITA

Desde sua fundação a editora de Victor Civita reuniu 
profissionais competentes, de diversas culturas e etnias, 
que ajudaram a construir o que hoje denominamos 
de “O Império Abril Cultural”, um conglomerado 
de empresas – gráfica, editora, distribuidora, etc - 
que gera empregos a milhares de famílias.
Graças a essa diversidade de talentos, que 
sempre compuseram o staff de profissionais de 
Civita explica o tremendo sucesso que ainda 
faz as publicações da editora Abril.

 A ERA DOS FASCÍCULOS

A coleção em fascículos chamada “A Bíblia Mais 
Bela do Mundo”, foi lançada no dia 18 de abril de 1965.
 Com este lançamento, tinha início uma verdadeira 
revolução no mercado editorial local. Seu lançamento 
foi mais uma ideia genial de Victor Civita, que adquiriu 
os direitos autorais na Itália, onde a série fazia
 um estrondoso sucesso.

Fascículos? No Brasil? Após ser apresentado o 
projeto numa reunião de diretoria, todos acharam 
uma loucura. Inclusive Roberto Civita, que achava
 que ninguém iria às bancas semanalmente, 

durante meses, para comprar uma coleção em
 fascículos, que depois precisariam ser encadernados. 
Apesar de todos serem contra, Victor Civita – sócio 
majoritário - decidiu assumir os riscos desse 
ousado e inovador projeto.Teria, o homem, endoidado? – 
se perguntavam todos.
Roberto Civita foi escalado para tocar o novo projeto, 
que tinha ilustrações maravilhosas e as edições 
deveriam ser impressas em papel de qualidade. 
Mas havia um problema: as traduções feitas na Itália, 
para o português eram terríveis, quase ilegíveis. 
Tradutores – padres brasileiros e eruditos, 
que estudavam em Jerusalém - foram convocados 
para trabalharem para editora. O lançamento foi 
marcado com uma grande campanha publicitária, 
veiculada na TV, rádios, jornais, outdoors e em 
outras revistas daquela casa editorial. 
Afinal, era preciso explicar direitinho o que era um 
fascículo, palavra até então pouco usada no país. 
O sucesso foi retumbante, tanto que estimulou o 
lançamento de novos títulos em fascículos, 
como: arte, filosofia, economia, enciclopédias, 
medicina e saúde, culinária, clássicos da literatura, 
todos, ricamente ilustrados e encadernados. 

Em algumas dessas primorosas coleções vinham 
encartados discos de música clássica, jazz, história 
do Brasil música popular brasileira e muito mais. 
Segundo os entendidos, entre 1965 e o final dos 
anos 80 foram publicadas 151 coleções 
completas de fascículos.
Tamanho foi o êxito que decidiram criar uma 
empresa especialmente para este segmento de 
publicação chamada Abril Cultural, que depois deu 
origem a CLC, que passou a ser dirigida pelo irmão 
Richard Civita. A coleção “Bom Apetite” chegou a 
vender 1 milhão de exemplares.
Pela primeira vez era oferecido aos leitores um
 produto editorial de alta qualidade, tanto graficamente 
falando, como culturalmente, a preço acessível.
Estudiosos afirmam que, foi graças ao êxito comercial
dos fascículos é que a editora prosperou e dominou
o mercado editorial nacional, e não devido ao 
sucesso das revistas em quadrinhos,
 como acreditam alguns.
“Os fascículos da Abril encheram os cofres da editora.
Foi graças a eles é que a Abril conseguiu lançar 
a revista Veja – uma espécie de revista Time brasileira – 
e bancar o prejuízo, que perdurou por cerca de 5 
ou 7 anos.” – afirmou um ex-funcionário 
da parte administrativa.



GENTE MODESTA

Ganhar dinheiro, obter lucro para que seu 
empreendimento não vá à falência, obviamente é 
meta prioritária de todo empresário ajuizado. 
Mas, segundo aqueles que conviveram com os Civitas, 
eles sempre levaram uma vida regrada e relativamente 
simples. “A maior motivação do meu pai” – revelou 
Roberto Civita –“, que passou isso para mim e eu
sempre tentei passar para meus filhos, e
ra criar, fazer e empreender.”

Victor Civita levava uma vida, pode-se dizer, modesta. 
Quando faleceu, tinha um apartamento em São
 Paulo, outro no litoral, um carro e algumas aplicações
financeiras que, anexou as jóias da sua esposa e
acabou destinando tudo para a Fundação Victor 
Civita, entidade que se dedica a educação.
“O mais importante é fazer o que você gosta. Dinheiro 
é conseqüência de um bom trabalho.”
 Esta era a filosofia do homem da Abril.  
     


UM PROJETO QUE NÃO VINGOU

1965 – Alguém deu a ideia de lançar uma revista 
semanal, ilustrada, que englobava assuntos gerais, 
que seria encartada gratuitamente nas edições 
dominicais de um grande jornal. Ele se sustentaria 
basicamente com os anunciantes. Esse tipo de 
produto semanal grátis fazia sucesso nos jornais 
americanos. Para implantá-lo no Brasil a Abril precisaria 
de dois aliados fortes, um no Rio de Janeiro e 
outro em São Paulo. O jornal do Brasil, a princípio, 
mostrou-se interessado, no Rio. Na capital paulista, 
O Estado de S. Paulo não acreditou na ideia. A folha 
de São Paulo, de Octávio Frias, se empolgou 
e disse a Roberto Civita que tocasse o projeto, que
 se chamaria Revista de Domingo. 
Muita gente se envolveu nessa nova empreitada.
Mas, quando tudo estava pronto o pessoal da 
Folha deu para trás, alegando que o negócio não ia dar certo.
Roberto, decepcionado, entrou na sala do pai e indagou:
“E agora? O que faço?”
“Faça uma revista!” – respondeu Victor Civita.
“Semanal?” – quis saber Roberto.
“Mensal! Você está com tudo andando, faça uma revista!”

SURGE A REVISTA REALIDADE



Em 1966 faltava no Brasil uma publicação que 
abordasse temas polêmicos, que desafiasse os
 tabus, que jamais haviam sido tratados publicamente 
por nenhum órgão de imprensa.
Assim, surgiu uma publicação que combatia 
a hipocrisia jornalística do país, que se negava a 
falar de drogas, sexo, aborto, ou divórcio. 

A nova revista investiu em grandes reportagens e em 
temas polêmicos, inclusive, religiosos. 
O mundo passava por uma revolução de costumes,
 nos efervescentes anos 60, em que os 
generais brasileiros tinham tomado o poder, a guerra do 
Vietnã incomodava o mundo, os hippies clamavam 
por paz e amor, e a feminista americana Betty Freeman 
queimava soutiens em praça pública, exigindo 
liberdade e igualdade para as mulheres, a mini saia 
estava em voga e surgiu a pílula anticoncepcional.

Uma equipe jovem e brilhante – dirigida por Roberto Civita - 
foi formada para atuar na revista Realidade, e
 estes jovens estavam dispostos a revolucionar a
 imprensa do país. Em cada edição, a publicação
 trazia 12 matérias bombásticas. 




O sucesso foi instantâneo. Venda: 400 mil 
exemplares. Porém, muita gente se incomodou
 com aquela nova forma de fazer reportagens. 
Pouco tempo depois, teve início a primeira apreensão
(edição #10, especial dedicada à mulher brasileira). 
Tempos depois, toda publicação lançada no país 
tinha que ter o aval dos sensores de Brasília, 
que conduziam com mão de ferro as determinações 
de um governo militar autoritária que condenava
 toda forma de expressão que fugisse as
 “boas normas de conduta social”.     

Mostrar a foto de um parto, na capa, 
causou o maior furor.
As melhores matérias passaram a ser censuradas. 
Os militares afirmavam que havia jornalistas contra 
o regime, na redação. “Nesta revista trabalha um bando 
de loucos que atentam contra a moral e os bons costumes”, 
declarou um militar, num jornal da época. 
Os anunciantes, preocupados, não renovavam 
seus contratos de publicidade.  Aos poucos a 
publicação, que durou até 1976, foi perdendo seu
 impacto e acabou fechando, apesar de 
ter obtido muito sucesso.

“VAMOS EMBORA! VAMOS FAZER,
 CHEGOU O MOMENTO!
ESTAMOS PRONTOS!”




Roberto Civita ainda sonhava em fazer a revista Veja, 
uma versão tupiniquim da famosa revista Time. 
Ele não se conformava. Nunca mais seu pai tinha 
tocado no assunto. Será que havia se esquecido da 
promessa que fizera à ele? “Logo que tivermos 
condições... faremos, filho...”.

O sucesso de Realidade fez Victor Civita notar
 que havia leitores suficientes interessados em uma
 revista semanal de informações. O astuto editor 
sabia que agora tinha profissionais maduros e 
conscientes – além de um sistema próprio de 
distribuição (DINAP – Distribuidora Nacional de 
Publicações)– para colocar nas bancas do país a
 revista tão sonhada por seu filho.

Uma pesquisa encomendada por Roberto Civita 
sobre a expectativa do mercado editorial do país 
mostrou que uma revista desse tipo tinha potencial 
para vender nas bancas – pois não existia o sistema 
de assinantes na época -, cerca de 300 a 500 
mil exemplares semanais.
Entusiasmado procurou o pai, exibindo as estatísticas,
e não se surpreendeu quando ele, após examinar 
a papelada, falou com um sorriso largo estampado na face:
“Vamos embora, vamos fazer, chegou o
 momento! Estamos prontos!

SURGE A REVISTA VEJA!




Após a decisão do pai, Roberto contratou Mino 
Carta, que fizera com ele Quatro Rodas, para comandar 
a redação. Mino tinha deixado a Abril para lançar o 
extinto Jornal da tarde, que pertencia ao grupo O Estado 
de S. Paulo. Juntos, Roberto e Mino foram visitar as
 principais revistas de informação da América e da 
Europa e acabaram fazendo estágios nelas, para saber 
como se organizavam e como funcionavam. 
Ao final do quinto estágio, Mino disse: “Vai ser fácil! 
Vamos fazer melhor do que eles!” Dizem que
 Roberto Civita lançou um olhar duvidoso.
De volta ao Brasil, recrutaram colaboradores em geral. 
A idéia era formar uma boa e grande equipe, 
formada por homens e mulheres. Um curso especial 
de 3 meses também foi organizado para selecionar 
os candidatos mais aptos aos cargos. Por fim, 50 
profissionais foram selecionados. Tinham eles uma
 missão: fazer a primeira revista semanal de
 informação do país. Todos estavam confiantes. 
Veja tinha tudo para ser um grande sucesso.


SUCESSO IMEDIATO E A DECEPÇÃO

A primeira edição saiu no dia 11 de setembro de 1968. 
Tiragem: 700 mil exemplares. Resultado: Esgotou. 
Todos vibraram com o sucesso alcançado. Porém, 
a segunda vendeu apenas a metade. Em poucas semanas
 a venda desabou para 100 mil. Não faltaram críticas a 
Roberto Civita e sua equipe, que fizeram a editora 
perder um verdadeiro rio de dinheiro. Os envolvidos 
se viram numa situação complicada.

Revista Manchete da extinta Bloch Editores


Mudanças drásticas e radicais foram tomadas: a 
diagramação se tornou mais agradável, fotos maiores foram 
publicadas, e os textos passaram a ser mais enxutos, 
seguindo a linha de publicações anteriores da Bloch Editores e 
da editora O Cruzeiro, que faziam sucesso (Manchete e Fatos & Fotos).
Mas, mesmo assim, as vendas continuaram em 
declínio crescente. Devido a baixa tiragem os anunciantes 
começaram a diminuir. Sem as receitas das vendas 
em bancas e dos anunciantes, não havia como 
cobrir o alto custo operacional daquela publicação.
A revista Veja estava fadada a fechar, temiam todos.
Para piorar as coisas, três meses depois foi instituído
 na nação o AI5 (Ato Institucional Nº 5), que surgiu 
com uma censura implacável pelas mãos dos terríveis 
ditadores militares. Matérias importantes passaram 
a ser vetadas pelos implacáveis censores.

CONTINUAR OU FECHAR?

O quadro era caótico e o desânimo na redação passou a
 ser generalizado. Giordano Rossi – pai de Ângelo Rossi -,
 que era sócio minoritário, nas reuniões de diretoria 
dizia sempre: “Senhor Victor, esta revista está perdendo
 todo o dinheiro que a Abril ganha em suas demais 
operações. Minha pergunta é: quando vamos fechá-la?”
 Victor Civita olhava para Roberto, seu filho, e dizia: 
“Preciso de mais três meses!”
Há quem afirme que Veja deu prejuízo durante 5 anos,
 enquanto outros dizem que a revista ficou no vermelho
 por 7 anos consecutivos. O incrível e que Civita decidiu
 bancá-la, sustentá-la mesmo a publicação estando 
no vermelho. Talvez porque prometera a seu filho 
que a faria, ou talvez porque acreditava no potencial
da publicação. “Até quando vamos perder dinheiro?”
 – questionava Roberto a si mesmo, tentando
 encontrar uma resposta plausível.

UMA IDEIA LUMINOSA
QUE CAUSOU POLÊMICA

Só havia uma alternativa: criar um sistema de 
assinaturas que pudesse garantir a circulação fixa 
comprovada. Isto poderia trazer de volta os anunciantes, 
deduziu Roberto. Na época, não havia nenhum 
sistema similar no país e os jornaleiros se opunham 
violentamente contra essa ideia, ameaçando boicotar 
nos pontos de vendas (nas bancas) toda  publicação 
que tentasse implantar o sistema de assinaturas.

Roberto Civita teve que ir ao Rio de Janeiro tentar 
acalmar os ânimos dos jornaleiros (capatazes) revoltados – 
onde a maioria deles eram imigrantes italianos, vindo 
de uma cidade ao sul de Nápoles.
Explicar que Veja era a revista dos sonhos da Abril e que 
a empresa estava perdendo muito dinheiro para mantê-la 
não foi tarefa fácil. Por fim, na esperança de fazê-los 
aceitar assinantes, ele prometeu que a editora não
 lançaria assinaturas, durante 10 anos, em nenhuma 
de suas outras publicações.  Eles aceitaram. 
Tudo foi feito de boca, sem qualquer documento,
 apenas com um aperto de mão. Ambos os lados
 mantiveram suas palavras, como verdadeiros cavalheiros. 
Na cidade de São Paulo, Roberto também acabou 
convencendo os jornaleiros, usando o mesmo tipo 
de argumento. O plano era vender 50 mil assinaturas 
em poucos meses para salvar a revista da falência total.
Nos cursinhos de vestibular e nas portas de
 faculdades equipes para angariar assinantes - 
devidamente treinadas -, focaram seu principal
 alvo: os estudantes.
Alguns afirmam que em seu sétimo ano de vida Veja
 atingiu seu ponto de equilíbrio entre despesas 
e receitas. Há quem conteste isto.

MUDANÇA RADICAL

A verdade é que ao chegar nesse ponto de equilíbrio, 
Veja perdeu seu diretor de redação, Mino Carta, pois 
suas idéias já não eram compatíveis com as de Roberto Civita,
 que sugeriu que ele tirasse um ano sabático. 
Dois ou três meses depois ele 
voltou, disposto a reassumir Veja. Mas, Roberto achava 
que ele não estava cumprindo antigos acordos feitos entre
 eles. Indignado, Mino foi procurar Victor Civita, e disse: 
“Não sei onde vocês estariam se não fosse por mim?”
Civita respondeu: “Mino, eu também não sei, mas 
vamos descobrir a partir de amanhã!”

Durante cerca de 38 anos Mino afirmou em alto 
e bom tom que entregaram sua cabeça de bandeja
 aos militares. Há controvérsias.
Mino Carta saiu, mas Veja continua firme. Quando 
de sua demissão a revista vendia 200 mil exemplares
 semanais. Em 1995, atingiu a marca de 1 milhão e
 em 2013 atingiu o patamar de 1,3 milhão. Durante 
cerca de 45 anos Roberto Civita foi seu editor.
 Mas, sempre admitiu que a longevidade da 
publicação se deve aos muitos profissionais, 
agencias e anunciantes que colaboraram para o 
aperfeiçoamento e a perpetuação de Veja e,
principalmente, devido a seus fiéis leitores.

Atualmente, Veja é a revista de informação 
mais importante do país.
Roberto Civita se foi, mas deixou importantes 
legados: a editora Abril, a Abril Educação e a 
liberdade de expressão, que ele implantou. 
Para ele, educação e liberdade de expressão, 
sempre foram os pilares básicos da civilização.

O velho guerreiro, que fez seus sonhos acontecerem, 
partiu para o descanso eterno ao lado de seu pai. 
Porém, seus herdeiros estão dispostos a 
continuar a batalha no instável e maravilhoso 
setor editorial do país.
Que o Criador o abençoe. Descanse em paz,
nobre guerreiro.

Por Tony Fernandes
Estúdios Pégasus - Uma Divisão de Arte e Criação da
Pégasus Publicações Ltda – São Paulo – Brasil

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