Segundo um famoso escritor americano,
todos sonham quando dormem,
mas apenas aqueles que sonham acordados são os
grandes realizadores,
porque conseguem transformar seus sonhos em realidade.
Conheça a história de um homem que através de muita luta,
garra e força de
vontade fez grandes realizações no setor
editorial brasileiro. Ele, sem dúvida,
é um exemplo a ser seguido.
“Roberto era um inovador, um
renovador.
Transformava sua aventura em realidade.”
Jô Soares, humorista e apresentador
de TV.
“Ele era uma das minhas pessoas
preferidas no mundo das publicações.
Foi um grande visionário, era um ser
humano maravilhoso e divertido.
Nós compartilhávamos o mesmo amor pelo
jornalismo. Vou sentir muito sua falta.” Ann Moore, presidente da Time Inc.
Este homem brilhante, que decidiu
seguir a trilha de sua família
e de seu pai criando publicações inovadoras, e
que comandava
um dos maiores grupos de comunicação do país, revolucionou
a
imprensa brasileira e deixou um imenso legado àqueles que
têm como missão dar
continuidade a seu trabalho fantástico.
A seguir, saiba mais sobre...
ROBERT
CIVITA, O HOMEM QUE
FEZ HISTÓRIA NO COMANDO
DA PODEROSA EDITORA
ABRIL!
(1936\2013)
Na
década de 70, a Divisão de Quadrinhos da editora Abril
estava na avenida Faria
Lima. Eu era apenas um garoto
que escrevia e rabiscava e tinha a pretensão de
um dia
me tornar um profissional de quadrinhos e, principalmente,
da área de
comunicação.
Certo dia, decidi bater na porta da Abril, em 1972,
com uma pasta
enorme cheia de rabiscos dos
personagens criados pelo genial Disney.
Fui bem
recebido, entretanto me disseram que
meus trabalhos não estavam bons e que se
eu quisesse desenhar ou escrever
Disney tinha que ler Disney, conhecer a
personalidade
de cada personagem e suas principais características.
“Garoto,
não desanime. Você tem talento.
Leve tudo isto para casa, divirta-se e estude
detalhadamente cada personagem!”. Sai do estúdio,
feliz da vida, com um monte
de gibis da Disney.
Tempos depois, voltei a insistir apresentando
novos
trabalhos. Desta feita, fui recebido por um
jovem um tanto neurótico, que mal
olhou meus
rabiscos e me disse: “Não estão legais!” Retruquei:
“Mas, você nem
viu direito!”
Aí o fulano (Cesar Sandoval – que depois criou
a
Turma do Arrepio – falou: “Vem comigo! Vamos sair
do daqui!” Num dos
corredores ele, confessou:
“Cara, tô com o saco cheio disso aqui e de Disney!”
Não deixei barato:
“Se você tá na neura!? Ninguém tem nada com isso!
Você nem
se quer viu minhas artes e foi logo pixando...”.
O fulano, coçou a cabeça e
disse: “Tá legal... me
desculpe! Deixa eu ver de novo seus desenhos...” –
disse
pegando os originais, folheou tudo com calma
e concluiu: “- Você leva jeito!
Mas, precisa evoluir!
Por que não entra pra Escolinha Disney? Procure
a Kitty e
o Dudu, eles poderão lhe orientar!”
Agradeci
a dica. Depois me animei ao saber que
ingressando naquele curso, além de
aprender
receberia uma ajuda de custo. E, caso me saísse
bem, passaria a
colaborar ou trabalhar com a Abril.
Entrei para a Escolinha Disney, que era
comandada
por Jorge Kato, e graças a ela, aos poucos, fui me
evoluindo e
comecei a entender como se produzia
Hqs na América. Aprendi muito sobre como deve
se produzir uma boa HQ e, principalmente, os
personagens Disney. Levava para
casa uma
porrada de Model Sheets (folhas desenhadas com
os modelos dos
personagens – que vinham dos
Estados Unidos -, para estudar e
memorizar cada
detalhe).
Estudar aquilo era um pé no saco, devo confessar.
Mas, o aprendizado
foi de grande valia para mim,
que passei um bom observador, qualidade essencial
para ser um desenhista ou ilustrador. Naquela época
quem comandava o grupo
Abril era Victor Civita.
Quando
seus filhos Roberto e Richard assumiram o
comando eu já não pertencia ao quadro
de
colaboradores da Abril. Estava colaborando
com a Folha de São Paulo, editora
Saber, Minami Keizi e,
posteriormente, passei a fazer freela para a editora
Noblet aonde, durante 5 anos galguei
diversos postos: fui contratado como assistente
de arte, diretor de redação
(revistas Hot Girl e
Contos Excitantes) e diretor de arte, quando
Paulo
Hamasaki se ausentou. Tempos depois,
Hamasaki reassumiu o cargo, pois resolvi
pedir
demissão para abrir minha primeira empresa,
meu primeiro estúdio (ETF –
Estúdios Tony Fernandes).
Um ano depois, o estúdio virou editora e sua
razão
social passou a ser: ETF Comunicação Comercial Ltda.
Infelizmente,
não conheci Robert Civita, mas ouvi
muitas lendas e histórias a seu respeito.
Fiquei boquiaberto ao saber que quando ele voltou da
América sonhava em lançar 3
revistas, e dentre
estas tinha uma espécie de revista Time brasileira
(revista
Veja). Esta matéria super especial é uma
homenagem póstuma a este genial homem
que
fez sacolejar a até então morna imprensa brasileira.
MINI
BIOGRAFIA
Roberto
Franco Civita nasceu em Milão, na Itália, em 9/08/1936.
Sua mãe (Sylvana
Alcorso) era de Roma e seu pai Victor Civita,
nasceu em Nova York, porque seu
avô, de
origem hebraica, vira e mexe ia aos Estados Unidos para
cuidar de seus
negócios de importação,
mas viveu boa parte de sua vida na Itália.
Certo dia,
seus pais decidiram deixar a Itália
temerosos das leis raciais facistas
impostas
pelo ditador Benito Mussolini e foram morar
em Paris. A família também
viveu em Londres,
onde nasceu o irmão, Richard.
Em
1941, aos 5 anos, Roberto Civita foi morar com
seus pais numa casa alugada num
subúrbio de Nova York.
OS
CIVITA NO BRASIL
O
mundo vivia a Segunda Grande Guerra Mundial,
quando toda a família migrou para
o Brasil. No porto
de Santos, grafaram seu nome erroneamente: Robert.
Durante
anos, a família brigou na justiça e junto
aos cartórios para que seu nome
voltasse
a ter a grafia correta: Roberto.
a ter a grafia correta: Roberto.
Nesta
mesma época, o irmão deseu pai, César Civita,
estava estabelecido em Buenos
Aires, Argentina,
onde mantinha uma editora chamada
Abril. Em 1949,me
similar, pois dizia ser um bom negócio.
Mas, Victor descartou a ideia inicialmente. César não se deu
Mas, Victor descartou a ideia inicialmente. César não se deu
por vencido e devido a sua insistência Victor
Civita
optou por abrir sua editora em São Paulo – que tinha
2 milhões de
habitantes, e boa parte destes eram
descendentes de italianos -, após pesquisar
o incipiente mercado carioca,
com a cidade de São Paulo e, nela, decidiu
fundar a sua própria
editora.
Nesta
época, Roberto, seu irmão, Richard, e a
mãe, ainda estavam em Nova York, num
apartamento
da Rua 86, próximo ao Central Park. Através de
uma carta o jovem
empreendedor, que estava
abaixo da linha do Equador, pedia a sua esposa
que
vendesse o apartamento, fizesse as malas
e rumasse para morar no Brasil. A
senhora
Civita achou que o marido tinha endoidado.
Roberto, o irmão e mãe
chegaram ao país no
Carnaval de 1950. Naquele mesmo ano a editora
abriu foi
fundada e passou a lançar sua
primeira publicação: O Pato Donald.
UM
FÍSICO NUCLEAR QUE
VIROU
JORNALISTA
A
partir de 1953, na Universidade Rice, no Texas, Roberto
Civita começou a
estudar física nuclear. Sentia-se
atraído por esta matéria, mas aos poucos
deduziu que
não levava jeito para a coisa e acabou desistindo.
Na Universidade da Pensilvânia, cursou
jornalismo
e administração. Estudou, paralelamente, com
afinco, sociologia,
demografia, literatura grega,
estudos bíblicos e outras matérias que o
fascinavam.
Durante um ano e meio
estagiou no poderoso
grupo de comunicação de Nova York chamado Time Inc.
Passou
por importantes revistas, como: Life,
Sports Illustrated e Fortune. Exerceu
diversos
cargos na mais importante revista de informação
do mundo, a famosa Time,
apurando reportagens,
fazendo edição final dos textos, angariando
assinantes e
até acompanhando a distribuição
dos exemplares, de caminhão, madrugada afora,
pelas ruas de Massachusetts, nas residências
e bancas de jornais. Graças ao seu
enorme interesse
UM
IDEAL: MUDAR O MUNDO
A
proposta da revista Time era: mudar o mundo.
Isto deixou o jovem Roberto
encantado. Ligou para
Victor Civita excitado contando sobre sua fantástica
experiência no setor editorial americano, mas
se decepcionou ao ouvir do pai:
“Não
acha que está na hora de você voltar para casa e
trabalhar numa coisa sua?
Vamos conversar
melhor aqui em São Paulo.
Estou lhe mandando uma passagem”.
Decepcionado
com as palavras de
seu progenitor,
ele embarcou num avião rumo ao Brasil,
numa
viagem – antes da era dos jatos – que durava cerca de
20 horas, e que fazia
diversas escalas. Durante o
cansativo voo tomou uma decisão: iria aceitar o
convite
para trabalhar na sucursal da Time no Japão.
Ao
chegar no Brasil, ficou desconcertado quando
seu pai lhe disse: “O que você
quer fazer, mudar o mundo?”
Roberto
respondeu afirmativamente e reafirmou que
de fato aquela era sua intenção.
Inconformado com a resposta do filho, Victor
Civita explicou que na América ele
jamais poderia
obter êxito editando. Também frisou que o mercado
editorial
americano era muito concorrido.
No Brasil havia tudo por fazer e contaria com o
apoio dele, seu pai, um editor, que aos poucos
estava ganhando nome na praça.
TRÊS
CONDIÇÕES BÁSICAS
PARA FICAR NO BRASIL
1958
– Brasília estava sendo construída, a indústria
automobilística nacional estava
sendo implantada,
a bossa nova estava nascendo para conquistar
o mundo. Após
uma noite mal-dormida, remoendo
seus pensamentos na cama, Roberto decidiu
explanar ao pai suas ideias, suas condições:
Só permaneceria em São Paulo, se
pudesse fazer 3 revistas.
Desejava
lançar uma edição de negócios, como
a Fortune (futura Exame), a edição nacional
da
Playboy, e uma com periodicidade semanal tal qual
a Time americana (futura
revista Veja).
No
aconchego do lar se falava italiano.
NA
INGLATERRA
Na
época em que a família morou em Londres o jovem
Roberto não entendia nada do
que falavam os
habitantes locais. Passou a colecionar
milhares de palavras em
inglês em seus cadernos,
até dominar com perfeição o idioma.
APRENDENDO
PORTUGUÊS
Inicialmente
ele falava italiano, depois aprendeu
inglês, francês e espanhol, fluentemente.
O português, pelo qual ele se apaixonou, foi
o último idioma que assimilou.
Durante sua
gestão na Abril mantinha um pedestal sobre a
mesa com um exemplar
do melhor dicionário
a língua portuguesa, Aurélio, que consultava
constantemente. Em casa, tinha por
UMA EMPRESA
EDITORIAL
EM ASCENSÃO
Naquele
tempo, a editora Abril, além de publicar os
quadrinhos Disney, estava em franca
expansão
publicando revistas de fotonovelas, com histórias
românticas, que
faziam muito sucesso como Capricho,
cuja tiragem era de 500 mil exemplares.
A revista do pato ranzinza e seus sobrinhos fez
muito sucesso. Tanto, que passou a ser editada quinzenalmente,
impressa em duas cores (preto e magenta)..
Com o sucesso de Donald surgiram outros títulos, como:
Zé Carioca, Mickey Mouse e Tio
Patinhas (Uncle Scrooge), um velho pato rico e sovina,
também criado por Walt Disney, (Uncle Scrooge), que
A revista do pato ranzinza e seus sobrinhos fez
muito sucesso. Tanto, que passou a ser editada quinzenalmente,
impressa em duas cores (preto e magenta)..
Com o sucesso de Donald surgiram outros títulos, como:
Zé Carioca, Mickey Mouse e Tio
Patinhas (Uncle Scrooge), um velho pato rico e sovina,
também criado por Walt Disney, (Uncle Scrooge), que
Apesar disso, Victor
Civita achava que não era
a hora de deixar o filho publicar e novas revistas
de
custo operacional altíssimo. Prometeu deixá-lo
lançá-las assim que as coisas
melhorassem.
Revoltado,
Roberto disse ao pai:
“Diga a mamãe que vou voltar para casa!”
VENDEDOR
DE ANÚNCIOS
Aquele
que um dia se tornaria um dos empresários
do ramo da comunicação do país,
começou a
trabalhar para seu pai como um simples vendedor
de anúncios, com
registro em carteira, tal qual os
demais funcionários. Apesar de não estar satisfeito,
sabia que podia confiar na promessa feita pelo pai:
“Vamos continuar crescendo.
Logo que tivermos
condições, faremos essas 3 novas revistas, filho!”
Seu
primeiro salário, como funcionário da Abril,
era de 14 mil cruzeiros, o
equivalente em 2013
a cerca de 3.300 reais. A editora funcionava num
modesto
conjunto comercial no 9º andar do prédio
número 118 da rua João Adolfo, região
central de
São Paulo, próximo a Praça da Bandeira.
A
função de Roberto Civita era visitar as agências
de publicidade, para angariar
anunciantes. Não era
fácil convencer os publicitários a fazer seus clientes
anunciar nas revistas da casa. Não acreditavam
nos números que ele apresentava
para demonstrar
a circulação de cada título – não acreditavam
nos números da
Abril e nem das concorrentes -
que ele incansavelmente tentava explicar. Vender
anúncios era um martírio. Todos os vendedores
de diversas editoras gastavam as
solas
de sapatos e os resultados eram ínfimos.
Como mudar aquela situação? - pensou.
UMA
IDEIA BRILHANTE
Certa
feita, decidiu propor às agências J.W.
Thompson e McCann-Erickson a criação de uma
entidade que auditasse a
circulação de jornais e
revistas, coisa inédita no Brasil até então, mas que
era comum na América. Acharam a idéia espetacular,
pois este novo órgão serviria
de base para
garantir aos futuros anunciantes de publicações
a autenticidade de
suas tiragens. Foi assim que
surgiu o IVC (Instituto Verificador de
Circulação).
Nos
meios publicitários a sigla IVC virou motivo
de piada. Diziam se tratar do “Instituto
Victor
Civita”, devido as mesmas iniciais do nome do
fundador da Abril. Este
instituto foi muito
importante para o estabelecimento de critérios
mensuráveis
na veiculação de anúncios e para
o sucesso das revistas que passaram a
despertar
o interesse da classe empresarial. Desse dia em
diante as altas
tiragens da Abril e de seus
concorrentes passaram a ser provadas
cientificamente, por esta competente e séria
entidade, sem qualquer sombra de
dúvida.
GERENTE
DE PUBLICIDADE
Com
o tempo, Roberto Civita foi promovido ao
cargo de gerente de publicidade de um título
de
moda chamada Manequim, dirigida às leitoras que
desejavam fazer suas próprias
roupas – coisa rara atualmente.
Esta
foi a primeira revista feminina da Abril. E ela
não tinha balõezinhos, recurso
gráfico indispensável
para as revistas em quadrinhos da Disney e as
fotonovelas. Provavelmente, foi nessa época que
o irmão mais velho do veterano
letrista Marcos
Maldonado passou a faturar alto fazendo o
letreramento de
fotonovelas e acabou induzindo
o irmão a entrar no ramo.
Nesta
época as fotonovelas, assim como as novelas
de rádio, embalavam os sonhos
românticos das
adolescentes. No Rio de Janeiro a editora de
Lotário Vecchi
também lançava uma gama de
títulos deste tipo de publicação que, além de
venderem muito, acabaram ficando famosos.
1960
- NOVOS PRODUTOS EDITORIAIS
O
país estava em franco desenvolvimento, assim
com a editora Abril, que passou a
ter condições
financeiras de investir em novos lançamentos.
“Meu
pai era um homem fantástico, ousado,
intuitivo, charmoso, conquistador e
corajoso.
Você não fabrica muitos desses todos os dias” –
declarou Roberto, em
suas Memórias de um Editor.
A
década de 60 marcou o lançamento de diversas
novas publicações, como a revista
especializada
em carros, Quatro Rodas, etc. Roberto Civita,
empolgado, atuou
diretamente, por cerca de 20 anos,
em todos os novos títulos da casa que foram
surgindo – revistas e fascículos.
surgindo – revistas e fascículos.
COMO
SURGIU A IDEIA DE LANÇAR
Quatro
Rodas – Este foi o título foi da primeira
revista jornalística da casa – com
reportagens,
matéria de capa, serviço e muita informação.
A ideia surgiu por
acaso, repentinamente, quando pai
e filho (editores) almoçavam no restaurante
do Hotel
Claridge, que ficava ao lado do prédio da editora
no centro da cidade.
Um diretor da Volkswagem, que
nos conhecia, disse: “Por que vocês não lançam
uma
revista sobre automóveis?”
Victor
Civita respondeu que jamais
havia pensado naquilo.
“Então
pensem, porque se vocês fizerem, eu
garanto três páginas de publicidade por
mês
durante o primeiro ano!”
Naquela
época os carros da Volkswagem dominavam
o Brasil - milhares de fuscas e peruas
Kombis infestavam
nossas ruas. De imediato, Victor Civita se voltou
para o
filho e disse: “Roberto, trate de ver se da para fazer!”
O
projeto era viável. A revista especializada em
carros, ela seria a primeira do
gênero do país.
O jornalista Mino Carta foi convidado para dirigir
esta nova
publicação e aceitou o desafio, apesar
de não saber dirigir automóveis ou
entender
sobre eles. Mas, ele era tido como um excelente
profissional. A ideia
inicial era que a nova
publicação deveria trazer um mapa encartado
em forma de
folder. A proposta inovadora foi
aceita por todos. A edição de estreia surgiu
com
uma grande reportagem de serviço e o mapa da
Via Dutra, na época ela era a
principal estrada
brasileira - apesar de não ser de mão dupla.
Roberto Civita
dirigia uma perua Kombi (da Volks)
e tinha ao seu lado Mino como “co-piloto”. Percorreram
os
400 km de São Paulo até o Rio de Janeiro, parando
em restaurantes, bares,
postos de gasolina,
borracharias, etc. Anotavam suas localizações e
características
básicas. Por fim, avaliavam se
esses estabelecimentos comerciais eram bons ou
ruins. Ao regressarem a São Paulo, fizeram o
percurso inverso. O mapa que saiu
naquela
primeira edição fez um tremendo sucesso.
Assim, ficou decidido que a
cada mês um novo
mapa, de outra rodovia, sairia continuamente, com
os dados de
cada percurso. Mas, havia um grave
problema: além da rodovia Dutra, não
existiam
outras estradas no Brasil. Mesmo assim,
os mapas com os dados da Dutra
continuaram
saindo. Quatro Rodas, a revista sobre
automobilismo se tornou um
fenômeno de venda
e deu incentivo àqueles jovens para criarem
outros novos
títulos editoriais.
SURGE
A REVISTA CLÁUDIA
Em
1961, surgia uma revista feminina que acabou
se constituindo num marco da
imprensa do país:
Cláudia, nome escolhido por Victor e Sylvana Civita
que
dariam à filha que nunca tiveram.
Por mais de meio século esta revista con
tinua
sendo líder entre as publicações destinadas
ao público feminino brasileiro.
Inicialmente essa
consagrada publicação foi dirigida pelo competente
Luís
Carta, irmão de Mino, e depois por Thomaz
Souto Corrêa. Todas as receitas
publicadas desde
sua primeira edição foram testadas previamente,
o país. Cláudia
também foi a primeira publicação
que tinha uma coluna escrita por Carmen da
Silva
, chamada “A Arte de ser Mulher”, que falava sobre
os direitos das
mulheres e o mercado de trabalho
que se abria para elas, sem
deixar de ser mãe e esposa.
deixar de ser mãe e esposa.
oi publicada de 1963 a 1985, quando a
colunista faleceu.
Dona Sylvana, a mãe de Roberto, se envolveu de
corpo e alma
nesta publicação.
UMA
EMPRESA COSMOPOLITA
Desde
sua fundação a editora de Victor Civita reuniu
profissionais competentes, de
diversas culturas e etnias,
que ajudaram a construir o que hoje denominamos
de
“O Império Abril Cultural”, um conglomerado
de empresas – gráfica, editora,
distribuidora, etc -
que gera empregos a milhares de famílias.
Graças
a essa diversidade de talentos, que
sempre compuseram o staff de profissionais
de
Civita explica o tremendo sucesso que ainda
faz as publicações da editora
Abril.
A
ERA DOS FASCÍCULOS
A
coleção em fascículos chamada “A Bíblia Mais
Bela do Mundo”, foi lançada no dia
18 de abril de 1965.
Com este lançamento, tinha início uma verdadeira
revolução
no mercado editorial local. Seu lançamento
foi mais uma ideia genial de Victor
Civita, que adquiriu
os direitos autorais na Itália, onde a série fazia
um
estrondoso sucesso.
Fascículos?
No Brasil? Após ser apresentado o
projeto numa reunião de diretoria, todos
acharam
uma loucura. Inclusive Roberto Civita, que achava
que ninguém iria às
bancas semanalmente,
durante meses, para comprar uma coleção em
fascículos, que
depois precisariam ser encadernados.
Apesar de todos serem contra, Victor
Civita – sócio
majoritário - decidiu assumir os riscos desse
ousado e inovador
projeto.Teria, o homem, endoidado? –
se perguntavam todos.
Roberto
Civita foi escalado para tocar o novo projeto,
que tinha ilustrações
maravilhosas e as edições
deveriam ser impressas em papel de qualidade.
Mas
havia um problema: as traduções feitas na Itália,
para o português eram
terríveis, quase ilegíveis.
Tradutores – padres brasileiros e eruditos,
que
estudavam em Jerusalém - foram convocados
para trabalharem para editora. O
lançamento foi
marcado com uma grande campanha publicitária,
veiculada na TV,
rádios, jornais, outdoors e em
outras revistas daquela casa editorial.
Afinal,
era preciso explicar direitinho o que era um
fascículo, palavra até então pouco
usada no país.
O sucesso foi retumbante, tanto que estimulou o
lançamento de
novos títulos em fascículos,
como: arte, filosofia, economia, enciclopédias,
medicina e saúde, culinária, clássicos da literatura,
todos, ricamente
ilustrados e encadernados.
Em algumas dessas primorosas coleções vinham
encartados discos de música clássica, jazz, história
do Brasil música popular
brasileira e muito mais.
Segundo os entendidos, entre 1965 e o final dos
anos
80 foram publicadas 151 coleções
completas de fascículos.
Tamanho
foi o êxito que decidiram criar uma
empresa especialmente para este segmento de
publicação chamada Abril Cultural, que depois deu
origem a CLC, que passou a
ser dirigida pelo irmão
Richard Civita. A coleção “Bom Apetite” chegou a
vender
1 milhão de exemplares.
Pela
primeira vez era oferecido aos leitores um
produto editorial de alta qualidade,
tanto graficamente
falando, como culturalmente, a preço acessível.
Estudiosos
afirmam que, foi graças ao êxito comercial
dos fascículos é que a editora
prosperou e dominou
o mercado editorial nacional, e não devido ao
sucesso das
revistas em quadrinhos,
como acreditam alguns.
“Os
fascículos da Abril encheram os cofres da editora.
Foi graças a eles é que a
Abril conseguiu lançar
a revista Veja – uma espécie de revista Time brasileira
–
e bancar o prejuízo, que perdurou por cerca de 5
ou 7 anos.” – afirmou um
ex-funcionário
da parte administrativa.
GENTE
MODESTA
Ganhar
dinheiro, obter lucro para que seu
empreendimento não vá à falência, obviamente
é
meta prioritária de todo empresário ajuizado.
Mas, segundo aqueles que
conviveram com os Civitas,
eles sempre levaram uma vida regrada e relativamente
simples. “A maior motivação do meu pai” – revelou
Roberto Civita –“, que passou
isso para mim e eu
sempre tentei passar para meus filhos, e
ra criar, fazer e
empreender.”
Victor
Civita levava uma vida, pode-se dizer, modesta.
Quando faleceu, tinha um
apartamento em São
Paulo, outro no litoral, um carro e algumas aplicações
financeiras que, anexou as jóias da sua esposa e
acabou destinando tudo para a
Fundação Victor
Civita, entidade que se dedica a educação.
“O
mais importante é fazer o que você gosta. Dinheiro
é conseqüência de um bom
trabalho.”
Esta era a filosofia do homem da Abril.
UM
PROJETO QUE NÃO VINGOU
1965
– Alguém deu a ideia de lançar uma revista
semanal, ilustrada, que englobava
assuntos gerais,
que seria encartada gratuitamente nas edições
dominicais de um
grande jornal. Ele se sustentaria
basicamente com os anunciantes. Esse tipo de
produto semanal grátis fazia sucesso nos jornais
americanos. Para implantá-lo
no Brasil a Abril precisaria
de dois aliados fortes, um no Rio de Janeiro e
outro em São Paulo. O jornal do Brasil, a princípio,
mostrou-se interessado, no
Rio. Na capital paulista,
O Estado de S. Paulo não acreditou na ideia. A folha
de São Paulo, de Octávio Frias, se empolgou
e disse a Roberto Civita que
tocasse o projeto, que
se chamaria Revista de Domingo.
Muita gente se envolveu nessa
nova empreitada.
Mas, quando tudo estava pronto o pessoal da
Folha deu para
trás, alegando que o negócio não ia dar certo.
Roberto,
decepcionado, entrou na sala do pai e indagou:
“E
agora? O que faço?”
“Faça
uma revista!” – respondeu Victor Civita.
“Semanal?”
– quis saber Roberto.
“Mensal!
Você está com tudo andando, faça uma revista!”
SURGE
A REVISTA REALIDADE
abordasse temas polêmicos, que
desafiasse os
tabus, que jamais haviam sido tratados publicamente
por nenhum
órgão de imprensa.
Assim,
surgiu uma publicação que combatia
a hipocrisia jornalística do país, que se
negava a
falar de drogas, sexo, aborto, ou divórcio.
A nova revista investiu em
grandes reportagens e em
temas polêmicos, inclusive, religiosos.
O mundo
passava por uma revolução de costumes,
nos efervescentes anos 60, em que os
generais brasileiros tinham tomado o poder, a guerra do
Vietnã incomodava o
mundo, os hippies clamavam
por paz e amor, e a feminista americana Betty Freeman
queimava soutiens em praça pública,
exigindo
liberdade e igualdade para as mulheres, a mini saia
estava em voga e
surgiu a pílula anticoncepcional.
Uma
equipe jovem e brilhante – dirigida por Roberto Civita -
foi formada para atuar
na revista Realidade, e
estes jovens estavam dispostos a revolucionar a
imprensa do país. Em cada edição, a publicação
O sucesso foi instantâneo. Venda: 400 mil
exemplares. Porém, muita gente se
incomodou
com aquela nova forma de fazer reportagens.
Pouco tempo depois, teve
início a primeira apreensão
(edição #10, especial dedicada à mulher
brasileira).
Tempos depois, toda publicação lançada no país
tinha que ter o
aval dos sensores de Brasília,
que conduziam com mão de ferro as determinações
de um governo militar autoritária que condenava
toda forma de expressão que
fugisse as
“boas normas de conduta social”.
Mostrar
a foto de um parto, na capa,
causou o maior furor.
As
melhores matérias passaram a ser censuradas.
Os militares afirmavam que havia
jornalistas contra
o regime, na redação. “Nesta revista trabalha um bando
de
loucos que atentam contra a moral e os bons costumes”,
declarou um militar, num
jornal da época.
Os anunciantes, preocupados, não renovavam
seus contratos de
publicidade. Aos poucos a
publicação,
que durou até 1976, foi perdendo seu
impacto e acabou fechando, apesar de
ter
obtido muito sucesso.
“VAMOS
EMBORA! VAMOS FAZER,
CHEGOU O MOMENTO!
ESTAMOS
PRONTOS!”
Roberto
Civita ainda sonhava em fazer a revista Veja,
uma versão tupiniquim da famosa
revista Time.
Ele não se conformava. Nunca mais seu pai tinha
tocado no
assunto. Será que havia se esquecido da
promessa que fizera à ele? “Logo que
tivermos
condições... faremos, filho...”.
O
sucesso de Realidade fez Victor Civita notar
que havia leitores suficientes
interessados em uma
revista semanal de informações. O astuto editor
sabia que
agora tinha profissionais maduros e
conscientes – além de um sistema próprio de
distribuição (DINAP – Distribuidora Nacional de
Publicações)– para colocar nas
bancas do país a
revista tão sonhada por seu filho.
Uma pesquisa
encomendada por Roberto Civita
sobre a expectativa do mercado editorial do país
mostrou que uma revista desse tipo tinha potencial
para vender nas bancas –
pois não existia o sistema
de assinantes na época -, cerca de 300 a 500
mil
exemplares semanais.
Entusiasmado
procurou o pai, exibindo as estatísticas,
e não se surpreendeu quando ele, após
examinar
a papelada, falou com um sorriso largo estampado na face:
“Vamos
embora, vamos fazer, chegou o
momento! Estamos prontos!
SURGE
A REVISTA VEJA!
Após
a decisão do pai, Roberto contratou Mino
Carta, que fizera com ele Quatro
Rodas, para comandar
a redação. Mino tinha deixado a Abril para lançar o
extinto Jornal da tarde, que pertencia ao grupo O Estado
de S. Paulo. Juntos,
Roberto e Mino foram visitar as
principais revistas de informação da América e
da
Europa e acabaram fazendo estágios nelas, para saber
como se organizavam e
como funcionavam.
Ao final do quinto estágio, Mino disse: “Vai ser fácil!
Vamos
fazer melhor do que eles!” Dizem que
Roberto Civita lançou um olhar duvidoso.
De
volta ao Brasil, recrutaram colaboradores em geral.
A idéia era formar uma boa
e grande equipe,
formada por homens e mulheres. Um curso especial
de 3 meses
também foi organizado para selecionar
os candidatos mais aptos aos cargos. Por
fim, 50
profissionais foram selecionados. Tinham eles uma
missão: fazer a
primeira revista semanal de
informação do país. Todos estavam confiantes.
Veja tinha
tudo para ser um grande sucesso.
SUCESSO
IMEDIATO E A DECEPÇÃO
A
primeira edição saiu no dia 11 de setembro de 1968.
Tiragem: 700 mil
exemplares. Resultado: Esgotou.
Todos vibraram com o sucesso alcançado. Porém,
a segunda vendeu apenas a metade. Em poucas semanas
a venda desabou para 100
mil. Não faltaram críticas a
Roberto Civita e sua equipe, que fizeram a editora
perder um verdadeiro rio de dinheiro. Os envolvidos
se viram numa situação
complicada.
Mudanças
drásticas e radicais foram tomadas: a
diagramação se tornou mais agradável, fotos
maiores foram
publicadas, e os textos passaram a ser mais enxutos,
seguindo a
linha de publicações anteriores da Bloch Editores e
da editora O Cruzeiro, que
faziam sucesso (Manchete e Fatos & Fotos).
Mas, mesmo assim, as vendas
continuaram em
declínio crescente. Devido a baixa tiragem os anunciantes
começaram a diminuir. Sem as receitas das vendas
em bancas e dos anunciantes,
não havia como
cobrir o alto custo operacional daquela publicação.
A
revista Veja estava fadada a fechar, temiam todos.
Para
piorar as coisas, três meses depois foi instituído
na nação o AI5 (Ato
Institucional Nº 5), que surgiu
com uma censura implacável pelas mãos dos
terríveis
ditadores militares. Matérias importantes passaram
a ser vetadas
pelos implacáveis censores.
CONTINUAR
OU FECHAR?
O
quadro era caótico e o desânimo na redação passou a
ser generalizado. Giordano
Rossi – pai de Ângelo Rossi -,
que era sócio minoritário, nas reuniões de
diretoria
dizia sempre: “Senhor Victor, esta revista está perdendo
todo o
dinheiro que a Abril ganha em suas demais
operações. Minha pergunta é: quando
vamos fechá-la?”
Victor Civita olhava para Roberto, seu filho, e dizia:
“Preciso
de mais três meses!”
Há
quem afirme que Veja deu prejuízo durante 5 anos,
enquanto outros dizem que a
revista ficou no vermelho
por 7 anos consecutivos. O incrível e que Civita
decidiu
bancá-la, sustentá-la mesmo a publicação estando
no vermelho. Talvez
porque prometera a seu filho
que a faria, ou talvez porque acreditava no
potencial
da publicação. “Até quando vamos perder dinheiro?”
– questionava
Roberto a si mesmo, tentando
encontrar uma resposta plausível.
UMA
IDEIA LUMINOSA
QUE
CAUSOU POLÊMICA
Só
havia uma alternativa: criar um sistema de
assinaturas que pudesse garantir a
circulação fixa
comprovada. Isto poderia trazer de volta os anunciantes,
deduziu Roberto. Na época, não havia nenhum
sistema similar no país e os
jornaleiros se opunham
violentamente contra essa ideia, ameaçando boicotar
nos
pontos de vendas (nas bancas) toda publicação
que tentasse implantar o sistema de assinaturas.
Roberto
Civita teve que ir ao Rio de Janeiro tentar
acalmar os ânimos dos jornaleiros
(capatazes) revoltados –
onde a maioria deles eram imigrantes italianos, vindo
de uma cidade ao sul de Nápoles.
Explicar
que Veja era a revista dos sonhos da Abril e que
a empresa estava perdendo
muito dinheiro para mantê-la
não foi tarefa fácil. Por fim, na esperança de
fazê-los
aceitar assinantes, ele prometeu que a editora não
lançaria
assinaturas, durante 10 anos, em nenhuma
de suas outras publicações. Eles aceitaram.
Tudo foi feito de boca, sem
qualquer documento,
apenas com um aperto de mão. Ambos os lados
mantiveram suas
palavras, como verdadeiros cavalheiros.
Na cidade de São Paulo, Roberto também
acabou
convencendo os jornaleiros, usando o mesmo tipo
de argumento. O plano
era vender 50 mil assinaturas
em poucos meses para salvar a revista da falência
total.
Nos
cursinhos de vestibular e nas portas de
faculdades equipes para angariar
assinantes -
devidamente treinadas -, focaram seu principal
alvo: os
estudantes.
Alguns
afirmam que em seu sétimo ano de vida Veja
atingiu seu ponto de equilíbrio
entre despesas
e receitas. Há quem conteste isto.
MUDANÇA
RADICAL
A
verdade é que ao chegar nesse ponto de equilíbrio,
Veja perdeu seu diretor de
redação, Mino Carta, pois
suas idéias já não eram compatíveis com as de Roberto
Civita,
que sugeriu que ele tirasse um ano sabático.
Dois ou três meses depois
ele
voltou, disposto a reassumir Veja. Mas, Roberto achava
que ele não estava
cumprindo antigos acordos feitos entre
eles. Indignado, Mino foi procurar
Victor Civita, e disse:
“Não sei onde vocês estariam se não fosse por mim?”
Civita
respondeu: “Mino, eu também não sei, mas
vamos descobrir a partir de amanhã!”
Durante
cerca de 38 anos Mino afirmou em alto
e bom tom que entregaram sua cabeça de
bandeja
aos militares. Há controvérsias.
Mino
Carta saiu, mas Veja continua firme. Quando
de sua demissão a revista vendia
200 mil exemplares
semanais. Em 1995, atingiu a marca de 1 milhão e
em 2013 atingiu
o patamar de 1,3 milhão. Durante
cerca de 45 anos Roberto Civita foi seu
editor.
Mas, sempre admitiu que a longevidade da
publicação se deve aos muitos
profissionais,
agencias e anunciantes que colaboraram para o
aperfeiçoamento e a
perpetuação de Veja e,
principalmente, devido a seus fiéis leitores.
Atualmente,
Veja é a revista de informação
mais importante do país.
Roberto
Civita se foi, mas deixou importantes
legados: a editora Abril, a Abril
Educação e a
liberdade de expressão, que ele implantou.
Para ele, educação e
liberdade de expressão,
sempre foram os pilares básicos da civilização.
O
velho guerreiro, que fez seus sonhos acontecerem,
partiu para o descanso eterno
ao lado de seu pai.
Porém, seus herdeiros estão dispostos a
continuar a batalha
no instável e maravilhoso
setor editorial do país.
Que
o Criador o abençoe. Descanse em paz,
nobre guerreiro.
Por
Tony Fernandes
Estúdios
Pégasus - Uma Divisão de Arte e Criação da
Pégasus
Publicações Ltda – São Paulo – Brasil
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