quinta-feira, 20 de outubro de 2011

ENTREVISTA COM GG CARSAN, escriba, fotógrafo e um fã ferrenho de Tex Willer!


O entrevistado de hoje não é autor de História 
em Quadrinhos, porém, ele é formado em 
administração de empresa, é fotografo e
 webdesigner, e atua na área de comunicação, 
participando em eventos realizados sobre as HQs 
de Tex por todo o país. Ele é, sem sombra de dúvida, 
o maior cowboy do Brasil. É um apaixonado pelas 
HQs do velho ranger da Bonelli Comics. Já escreveu 
um roteiro sobre Tex, seu personagem predileto,
 mas parece que os italianos não aprovaram este
 seu argumento, como eu suponho. 
Em 2009, ele elaborou e lançou um livro chamado 
TEX NO BRASIL - O Grande Herói do Faroeste, 
que deixou extasiado os aficcionados de Tex
 e segundo o que me consta vem um novo 
livro por aí. Em virtude deste
  primeiro lançamento deste bengala friend 
ele passou também a fazer parte das pessoas 
que agitam o setor editorial brasileiro.
 Nosso convidado, desta feita, é...


G.G.CARSAN,

O INTRÉPIDO TEX KID

BRASILEIRO!





Tony 1: Mais um convidado ilustre. Bem vindo, G.G. 
Carsan, a este nosso bate papo virtual, que hoje tem
 uma ótima audiência até internacional. Vamos começar 
do começo, para variar... Qual é o seu nome, de
 verdade, e em que dia, mês, ano, cidade e 
estado, você nasceu?  

GG R: Olá, mestre Tony Bengala Apache Fernandes, 
obrigado pelo convite. Meus cumprimentos aos 
leitores desse blog e bons dias a todos. O meu nome 
é Geraldo Guilherme de Carvalho Santos, nasci
 em 16 de fevereiro de 1965, no bairro de Botafogo, 
cidade do Rio de Janeiro, bem ali na rua Voluntários 
da Pátria. No local onde ficava a maternidade, 
hoje tem uma estação do metrô carioca.

Tony 2: Você é casado, solteiro ou é um 
“maior abandonado” (Rsss...)?

GG: Sou casado com Linda Muranaka há 20 anos e 
provavelmente até que a morte nos separe.

Tony 3: Isto é que é paixão... legal. Atualmente você 
trabalha com fotografia, GG, segundo meus 
informantes, pergunto... quando e por quê, você 
começou a trabalhar com fotos?


Sempre que possível GG sai por aí divulgando seu
trabalho e o adorado Tex
GG: Eu comecei como bancário e cheguei a passar
 em dois concursos públicos nos anos 80, mas não
 tive ingresso e me vi trabalhando na iniciativa privada. 
Quando cheguei aos 35, vi que o mercado de 
trabalho ficava cada vez mais difícil a cada 
demissão e imaginei que as complicações 
aumentariam depois dos 45. Então defini o que
 eu mais gostava de fazer e vi a possibilidade 
de levar a vida e resolvi me especializar. 
Primeiro fiz um curso no Senac e comecei a
 “bater” retratos, chapas, fotos, como queira... 
e decidi parti para o mercado de fotografia social.

Tony 4: Hmmm... entendi. Tomou uma sábia decisão, 
cowboy. Atualmente, você mora onde?

GG: Moro em João Pessoa, capital da Paraíba.

Tony 5: Bela cidade. Já estive por aí... Quando foi
 que nasceu esta sua paixão por 
Histórias em Quadrinhos?


GGCarsan entre os amigos do Sul do país


GG: Quando criança eu morava no interior, aqui 
na Paraíba. Eu sempre fui 
muito amigo das letras e super curioso.




 Então quando descobri os gibis, 
ainda aprendendo a ler, foi amor a primeira 
vista. Eu queria saber tudo e nas revistas
 havia muita informação legal. Dos 7 aos 15 
anos, acompanhei tudo que foi gibis (Zorro, 
Tarzan, Roy Rogers, Mandrake, Recruta Zero, 
tudo de Disney – eu sou super fã do Zé Carioca, 
Homem-Aranha, Super-Homem, Batman, 
Akim, Hulk, Homem de Ferro, etc); desenhos e
 seriados na TV (Liga da Justiça, Corrida Maluca, 
Daniel Boone, Tom e Jerry, Pernalonga, 
Thunder Cats, Speedy  Race, He-Man, 
Papa-léguas, o top Manda-Chuva, etc); 
filmes (Rin-Tin-Tin, Durango Kid...


Beetle Bailey (Recurta Zero, no Brasil)


Liga da Justiça








Akim, uma versão italiana de Tarzan

Batman estreou na revista
Detective Comics




Tarzan, prancha dominical
Ron Ely, o Tarzan da série de TV.
As películas foram rodadas na floresta
da Tijuca, no Rio de Janeiro




Tarzan - No cinema
Durango Kid  fez sucesso nos cinemas
e nas Histórias em Quadrinhos




Superman - o Homem de Aço

Capitão América de Joe Simon e
Jack Kirby


The Lone Ranger (Zorro, no Brasil)












Flash Gordon, o  clássico personagem
 de Alex Raymond, que também foi
autor de Rip Kirby e
Jim das Selvas




The Lone Ranger




Os 3 Patetas fizeram rir várias gerações
com a série da TV
...O Homem de 6 Milhões de Dólares, 
Os Três Patetas, As Panteras, 
Mulher-Maravilha, Tarzan, Jim das Selvas, 
King Kong, e todos os filmes exibidos na TV, 
de faroeste e de karatê, além daqueles 
exibidos no cinema da cidade)  e todas as 
novelas e seriados da Tupi e depois Globo.


Os filmes de Bruce Lee eram geniais


David Carradine estrelou a famosa série
da TV: KUNG-FU
 
No interior, daquele tempo, a gente não tinha 
muita opção. Então a minha paixão pela aventura
 e pelo conhecimento andou lado a lado
 com os gibis. Em certo ponto da minha 
pequena existência, percebi que os filmes, 
programas e séries de TV ou cinema era
 só uma vez e nunca mais. Não havia como 
adquirir uma cópia. Então resolvi colecionar
 para ter sempre perto as 
minhas revistas queridas.


Perdidos no Espaço, foi primeira série de
 ficção-científica da TV


Perdidos no Espaço fez sucesso na TV
e nas revistas da Gold Key


Adam West e Burt Ward, na série
da TV dos anos 60



Tony 6: Gibis e seriados “mis”... acho que a maioria
de nós também curtiu os gibis e séries 
mencionadas por você. Continuando... 
Além de Tex, você gosta de outras séries e 
outros gêneros de HQs?
GG: Como disse acima, lia de tudo, gostava de tudo.
 Cada revista era um grande prazer. Mas optei
 por colecionar apenas o título que gostava
 mais e aos poucos fui me afastando dos demais. 
Havia dois problemas: um era grana mesmo.
 Como comprar revistas sem trabalhar?
 Outro era a distância à banca mais próxima, 
50 km. Tinha que pedir para o meu pai comprar, 
ou tentar ir com ele nas suas viagens 
a trabalho. E também convencê-lo com meu 
histórico escolar sempre 9 e 10 nas provas.

Tony 7: Cinquenta quilômetros a banca mais 
próxima? Caraca... Como e quando surgiu a
 ideia de escrever um livro sobre Tex?


FestComix 2010 - Mestre Civitele, ao centro, abaixado
GG: Desde o fim dos anos 90 que eu vinha
 acompanhando e participando das notícias 
sobre Tex aqui no Brasil, principalmente
 através do Portal TexBr (www.texbr.com). 
Lá por 2005 ocorreu a idéia pela primeira vez 
ao perceber que muitas informações estavam 
soltas em matérias e em diversos locais 
na Internet. Além de informações meio soltas, 
percebi que estas informações estariam 
melhor se estivessem reunidas num 
volume que pudesse figurar junto da 
coleção de cada texiano. Como sabemos, 
os leitores de Tex são do tipo jurássico e
 muitos não se adaptaram a Internet. Mas 
todos gostam de ler. Somei a isso o fato 
de que na Itália já existem mais de 100 livros 
sobre o Tex e aqui, à época, não havia 
nenhum. Então comecei a colocar no papel as 
minhas idéias mestras e tempos depois 
consegui completar. Como em todo projeto,
 o mais difícil é o escritor encontrar a linguagem 
correta e a informação que vai passar. 
No caso do Tex, eu posso dizer que já contava 
com um público formado e decidi falar daquilo
 que eu mesmo me perguntava às vezes e
 não encontrava uma resposta fechada.


Capa do sensacional livro de GG Carsan
Tony 8: Você foi perspicaz, gostei...
Você me enviou o  livro Tex No Brasil, O Grande Herói 
do Faroeste, e adorei. Você fez um levantamento 
completo sobre o velho ranger. Fez uma pesquisa
 incrível. Parabéns. Para fazer este livro você
 teve que pedir autorização para a Bonelli Comics?

GG: Obrigado pelo elogio vindo de um expert 
como você, velho bengala do mercado editorial 
e acostumado com todo o tipo de vitórias e 
dificuldades. Primeiro eu fiz a grande pesquisa 
e só depois informei ao Sergio Bonelli que
 estaria lançando um livro sobre o Tex, e 
ainda lhe pedi uma entrevista. Ele concordou
 e desejou sucesso. 
Ele já sabia da minha paixão pelo personagem
 e não objetou. Tanto foi assim que dedicou
 um editorial ao livro numa edição italiana
 da série Tex Nuova Ristampa, dizendo que
 o livro realmente era uma obra de referência 
até pra ele que não tinha mais uma memória 
de garoto e ainda me chamou de ‘arqueólogo 
dos quadrinhos’, obviamente se referindo a Tex.
 Foi ou não foi um referendo ao livro? 
Também coloquei no livro as dúvidas de 
leitores, conforme eu lia nas cartas à 
editora (que são publicadas nas revistas). 
Quem acompanha o Portal TexBr sabe que
 ali está o maior banco de dados do mundo 
sobre o Tex. Tenho diversos livros italianos
 sobre o Tex. Mas não me limitei a copiar
 e colar as matérias. 
Parti para as pesquisas, fui buscar as informações 
que estão nas revistas, uma a uma, 
anotando, somando uma com outra, analisando, 
para ter a certeza de que estava trazendo algo 
realmente novo, até para mim, como informação.
 Assim teria a certeza da boa aceitação do
 livro por quem comprasse. 
E foi o que aconteceu.

Dando palestra
Tony 9: Cacilda, sem dúvida, o Bonelli recomendar seu
 livro numa edição italiana de Tex foi sensacional.
 Sergio Bonelli era gente boa, pena que se foi 
recentemente. Prosseguindo...
O seu  livro foi lançado pela editora Sal da
 Terra, correto? Esta editora é sua? Ou seja,
 este livro sobre o ranger foi uma
 publicação independente?

GG: É uma editora da iniciativa privada, não é minha. 
Se fosse, o livro teria saído um pouco melhor. 
Houve uns errinhos de impressão, como imagem 
a sair colorida sair em p/b e impressões 
com borrões, mas por ser uma editora pequena, 
acostumada a tiragens de máximo 
300 exemplares, cerca de 150 páginas, foi um 
enorme trabalho e até que se saiu bem.
 Sim, foi independente, não obtive qualquer 
subsídio governamental nem de qualquer
 outra forma. Tentei o apoio da Mythos para
 publicar e distribuir, mas não deu certo. 
Alguns pards texianos ofereceram ajuda em
 pecúnia para ver o livro nascer, mas optei
 por fazer sozinho para não ter problemas 
futuros. Um problema que aconteceu foi 
de impressão com cerca de 250 capas 
apresentando uma marca de corte, o que 
me desagradou sobremaneira e não 
consegui do editor um remake, por isso 
tenho doado alguns desses livros para
 bibliotecas municipais e órgãos ligados 
a leitura, dentro da minha proposta 
de incentivo à leitura junto com a minha 
convicção de que HQ é Cultura.




Tony 10: Essa idéia da doação foi ótima. Devemos 
incentivar a leitura... Diga-me, qual foi a tiragem?

GG: 1.000 exemplares, numerados. 
O número 1 ficou pra mim. O 100 foi para o
 Sergio Bonelli e o 1000 foi sorteado agora 
por ocasião do 63º. aniversário do Tex, em 
que comemoramos o Dia Nacional do Tex.

Tony 11: Perfeito... E como foi a recepção do seu 
livro, por parte dos leitores e, principalmente,
 dos texmaníacos? Eles gostaram, tanto quanto eu?

GG: Sim e não! Sim para os que compraram e
 a maioria fez questão de se pronunciar tecendo 
rasgados elogios. Não para a grande maioria 
dos texianos, que não adquiriu. 
Temos uma previsão de que existem uns 25 
a 30 mil texianos no Brasil. 
Então imaginei que venderia 1.000 livros
 rapidamente. Não aconteceu. Vendi pouco 
mais da metade e ainda vendo, aqui e ali. 
Sei que muitos não compram porque não 
tem acessível na hora que tem a grana 
na mão e vai ficando pra depois. 
Para quem não sabe, tem o livro para
 venda via site Portal TexBr, para quem
 está em Sampa pode encontrar na livraria
 Comix, existem livros à venda no Mercado 
Livre, em Recife na Banca Globo ainda tem, 
em João Pessoa nas bancas Viña Del Mar
e diretamente comigo, via e-mail.




Tony 12: Acho que faltou divulgação, uma maior 
exposição devido a pequena tiragem, porque 
duvido que se os leitores e fãs de Tex 
tomassem conhecimento do seu trabalho,
 não tenho dúvida de que ele seria um
 Best seller. Tá muito bem feito. Eu adorei. 
Parabéns. Quanto tempo você levou para
 fazer todo o levantamento sobre as edições 
de Tex, para escrever este seu primeiro 
livro, que tem cerca de 300 páginas?

GG: De 2005 a 2007 fiz a primeira versão 
do livro. Em 2008 tive que atualizar todas
 as informações e fazer as revisões. Aí não 
consegui lançar. Em 2009 decidi lançar por
 conta própria  e fiz nova atualização. 
Olha, a grosso modo, desde 2005 a 2009.

Tony 13: Isto só pode ser coisa de colecionador 
fanático, bengala brother (Rsss...). 
Quantos gibis do Tex você tem 
em sua coleção?

GG:  Não tenho muitos, pois fanatismo tem
 limites, pelo menos no meu modo de ver. 
Por economia e por questão de espaço,
 sempre fui contra adquirir as edições
 de Tex que eram repeteco.  Mas é difícil,
 pois é tentador. As aventuras são repetidas, 
mas as matérias não. 
E tem o caráter colecionista que obriga 
a comprar uma revista repeteco para
 não deixar buraco na numeração 
(quando se lança uma história repeteco
 no meio de uma coleção até ali de inéditos,
 como já aconteceu com a coleção Almanaque 
Tex). Nunca mais contei, mas devo ter
 umas 1.000 revistas entre nacionais
 e italianas. Aí vem os posters, as fotos, 
os quadros, os objetos, os livros. 
As minhas edições italianas, revistas ou 
livros eu consigo de duas formas: um 
amigão lá de Milão me envia alguns 
lançamentos; e alguns amigos italianos 
que moram aqui trazem quando visitam 
o seu país natal, entre eles o Padre 
da paróquia que freqüento (todo ano chega 
com um Tex, que ele também já leu 
antes de entrar para o seminário), uma
 senhora de idade recém chegada para 
Jampa, um italiano dono 
de uma pousada.





Tony 14: Você só coleciona Tex? Desde quando? 
Acompanhou todas as fases dele? 
Possui as primeiras edições no formato 
tiras, que hoje são uma verdadeira raridade?

GG: Somente Tex, desde 1975. Comecei a ler 
Tex no número 45 e a colecionar no 65. 
Daí em diante segurei todos que me chegaram 
às mãos. Sim, todas as fases, sem exceção. 
Aquilo que falo no livro sobre editoras eu
 acompanhei de perto como leitor. 
As edições de tira, ou as edições da 
revista Junior, onde as aventuras de Tex 
foram publicadas nos anos 50 eu não tenho, 
exceto duas (uma revistinha com uma
 tira e uma revista com duas tiras para 
mostrar nas exposições) que me foram 
presenteadas por um vendedor de 
São Paulo para quem fechei alguns 
negócios de amigos tempos atrás. 
Conheço texianos que tem essa 
coleção de Junior. Eu não me interessei 
porque como Tex só reconheço depois 
de estar em revista própria. A Revista 
Junior, onde Tex era chamado de 
Texas Kid, considero uma grande e até 
valiosa curiosidade, mas não
 me interessei até hoje.

Tony 15: Quais são seus desenhistas 
prediletos de Tex?


Mestre Giovani Ticci
GG: Eu gostei de quase todos, entendendo 
as suas particularidades. Ticci, Gallep, Nicolo, 
Letteri, estes os que mais desenharam e 
embalaram as minhas aventuras de criança
 e adolescência. Depois vieram: Marcello,
 Civitelli, Della Monica, Villa. Eu gostei de 
quase todos. Até dos novos eu gosto de 
vários estilos. Pra mim Giovanni Ticci é 
imbatível quando pegamos o conjunto 
da obra. Teve também o Fusco, que junto 
com o Ticci, foi quem mais mudou de 
estilo, entre o começo do seu trabalho 
e o depois. Quem der uma olhada 
acurada nas aventuras desenhadas 
por estes dois mestres, verá que 
os desenhos são muito diferentes.

Tony 16: Também curto muito o trabalho do
 Ticci, desde os tempos em que ele fazia
 Turok e Viagem ao Fundo do mar - em
parceria com o mestre Geolitti-, para
 a editora americana Gold Key, nos anos 70. 
O cara tem um estilão inconfundível, 
marcante... Na sua opinião, quais são 
os piores? Agora quero ver sua 
franqueza (Rsss...).




GG: Eu nunca engoli o Ortiz, pela sua alta
 dosagem de ‘negro’ impressa nos desenhos e 
o Victor de La Fuente, que fez o Tex mais 
feio, magro, velho. Estes entre os autores 
regulares da saga. Para os artistas convidados 
a desenhar Tex uma vez, é necessário 
dar o desconto, mesmo assim posso 
dizer que os desenhos do Guido Buzzelli 
no Tex Gigante “O Grande”, o primeiro 
da série, não me agradam.

Tony 17: Jose Ortiz é um grande artista 
espanhol, seu trabalho é  excepcional. 
Acompanho os trabalhos dele há anos 
(Kripta, Vampirella, etc),  ele foi um 
especialista em HQs de terror, daí o 
exagero no uso do preto. Concordo com 
você, quando diz que ele começou a 
desenhar as primeiras pranchas de 
Tex elas estavam muito escuras, mas 
ao longo do tempo ele foi clareando e os
 desenhos hoje estão sensacionais. 
Vamos dar um desconto, o fera teve que 
se adaptar ao gênero (Rsss...).  Uma pergunta
 fatal: Qual foi a melhor história de 
Tex que você já leu?

GG: Em todos os tempos, sempre elegi 5 
aventuras para tentar dizer o mínimo, pois 
das 250 aventuras, apenas da série comum,
 gosto de quase todas e adoro de paixão 
umas 30. Senão não colecionava até hoje. 
Bem, vou repetir: Tex 50 – Flechas Pretas 
Assassinas. Essa eu li e reli umas 50 
vezes ao longo dos anos. 
As outras são Navajos em Pé de Guerra, 
A Cidade sem Lei, Texas Bill,
 Terra Prometida. 
Estas estão entre as 100 primeiras. 
Mas temos muitas outras.



Tony 18: Cinquenta vezes você leu esta HQ? 
Coisa de maluco (Rsss...). Obviamente 
há outros cowboys das Histórias em
 Quadrinhos famosos por aí, como: Blueberry, 
Jonah Hex, Comanche, e tantos outros do
 passado, como: Buck Jones, Hopalong
 Cassidy, Roy Rogers, etc. Você também 
chegou a colecionar um dia os gibis
 desses outros reis do faroeste?



GG: Não. Estes dois de cima tenho alguns 
exemplares, não as coleções. Dos 3 abaixo,
 cheguei a ler Roy Rogers e a ver os filmes
 na TV, sem nunca colecionar.




    Hoje sou curioso e leio tudo, 
procuro informações 
desses heróis, pois sempre encontro 
colecionadores e travamos bons papos. 
Há alguns meses, um texiano de Resende – 
Rio de Janeiro me encomendou 3 livros,
 um pra si e outros 2 para presentear
 amigos e papo vai, papo vem, enviou-me 
diversas revistas  bem antigas, raras
 (Superman 10, Batman 44, O Juvenil 
Mensal 38, Invictus 14, Nevada 8,
 Tarzan 93 – todos da Ebal publicados 
fevereiro de 1965, mês e ano em que nasci) 
representando um salto no passado e 
a constatação de um fato importante: 
as aventuras eram rápidas, máximo de 
30 tiras. Só ação e mais nada. 
Servia para a época, mas a prova é 
que não se sustentaram.




Tony 19: Em sua abalizada opinião, o que 
Tex tem que é melhor do que os outros 
heróis do gênero, bengala GG? 
Tento descobrir por que é que gente como 
você e o nosso querido cowboy de
 além mar Zeca Willer  tem preferência 
pelo ranger, mas não consigo achar
 uma resposta lógica. Dá pra explicar?

GG: Dá, lógico, que sim. O que seria de um 
colecionador que veste a camisa e a calça,
 as botas e o chapéu, lenço e coldre,
 se não soubesse de cor e salteado
 essa resposta? Mas não é somente um 
ponto, são vários pontos, um sobre o
 outro. 1 – Porque Tex é um sujeito que
 conquistou a confiança de todos, seja pela
 sua postura correta e altaneira, pela
 sua longevidade, por ser um produto 
gostoso de saborear mentalmente, pela 
sua coragem e pelas aventuras 
maravilhosas que todos nós 
gostaríamos de vivenciar; 
2 - As histórias encorpadas que permitem 
desenvolver o enredo envolvendo
 diversas temáticas (no livro falo disso
 em Temas, onde por vezes é difícil 
definir qual o tema de uma aventura,
 que inicia com roubo a banco, os bandidos 
adentram uma reserva indígena e por
 fim se deparam com um tesouro, ou 
um roubo de gado que por fim se 
define como uma estratégia para 
expulsar o proprietário porque tem
 ouro no leito do rio que corta o terreno).
 Se Tex tivesse continuado com aquelas 
aventuras de 32 tiras dificilmente teria
 sobrevivido, pois ali só dava tempo 
para o personagem resolver um 
problema, sem aprofundar a temática, 
sem contornos psicológicos, sem tempo
 para um papo ou bate-boca como os 
de Tex e Kit Carson, que G. L. Bonelli
 gostava muito e com certeza era muito 
bem-vindo para milhares de leitores
 (vide carta dos leitores);
 3 – Pela política editorial imposta por 
Sergio Bonelli para não permitir que Tex
 fosse uma cobaia a cada mudança na 
economia ou no avanço das tecnologias; 
4 – Tex conquistou a todos com o seu 
jeito amigo e leal, solidário, tanto com
 os companheiros de aventuras quanto
 com os amigos pontuais, e cada um 
de nós sente que também faz parte 
daquele mundo. Tex é o amigo, o irmão, 
o pai, o filho, de papel, mas é. 
Aqui em casa tem bolo no dia do
 aniversario do Tex. No livro Tex no
 Brasil tem um capítulo denominado 
Por Que Tex faz tanto Sucesso? 
Ali elenco as causas com mais propriedade,
 pois estou escrevendo aqui de cabeça 
e coração, sem olhos nos apontamentos.
 Este capítulo aliado ao outro 
O Melhor de Tex podem dar uma 
noção exata do personagem.





Tony 20: Sim, concordo nesses pontos
 com você e que também as histórias
 longas dão melhor espaço para 
que as tramas se desenvolvam, 
mas os enredos de Blueberry 
também são excelentes, apesar
 do reduzido número de páginas. 
A grande diferença é que o personagem
 de Giraud (Moebius) é um arruaceiro
 e Tex é o cara “certinho” (Rsss...)... 
Mas, deixa isso pra lá, vamos em frente... 
Recentemente, infelizmente, o genial
 Sergio Bonelli , que assinava roteiros 
de Tex, Mister No e Zagor, como Guido 
Nolitta (1932/2011), veio a falecer.
 Você acredita que este fato pode 
comprometer a continuidade das HQs 
do ranger mais famoso das HQs?

GG: O futuro a Deus pertence é a melhor
 resposta quando não temos a exata noção 
do que pode acontecer. Olha, eu acredito
 que não vai comprometer muito no
 curto prazo. Conversei com algumas
 pessoas da SBE nestes dias e apesar
 de consternados com os acontecimentos, 
todos afirmam categoricamente que tudo 
continuará no seu ritmo anterior.
 É lógico que cada cabeça tenta imprimir 
o seu ritmo e o seu modo de ver,
 de pensar. Não haverá outro Sergio 
Bonelli, mas pode haver alguém até 
melhor, sim, pode sim. 
O seu filho poderá ser ainda melhor,
 mesmo não tendo a bagagem do pai,
 mesmo não escrevendo aventuras,
 mesmo não criando personagens. 
Basta que ele continue nas pegadas 
do Pai, acertando na escolha dos amigos
 e saiba ouvir o que pensam os seus
 clientes, ponderando sabiamente 
sobre as atitudes que deve tomar. 
Nesse momento, Tex deve ter aventuras 
prontas ou em curso para até 2013. 
A SBE é sólida embora a Itália passe
 momentos difíceis na economia. 
Enfim, podemos ter alguma mudança, 
mas coisa mínima no curto
 prazo, talvez imperceptível.




Tony 22: Acredito que eles tem uma
 excelente infraestrutura e que a
 continuidade está garantida. 
Afinal, se a série ou a empresa não 
parou com a morte do criador, não
 vai parar agora com a morte do filho,
 obviamente. A marca, o produto Tex,
 hoje, é um patrimônio italiano e mundial. 
Vamos nessa... Em todos os eventos 
realizados no Brasil sobre Tex é
 comum encontrarmos você neles, 
sempre caracterizado como Tex. 
Ou seja, vestido como o cowboy 
fictício com coldre, etc. Você cobra para
 participar desses eventos ou
 faz isto apenas por pura paixão?

GG: Nunca cobrei nada. Apenas tento 
conseguir uma ajuda na passagem 
e já aconteceu. Cachê nunca. Mas taí uma 
boa ideia. Kkkk. Na verdade, só passei
 a viajar quando precisei divulgar o livro
 e tirei das vendas dele a grana para
 as despesas. Logo, podes ver que
 lucro não almejei. 
Alguns podem até pensar
 que só faço isso pensando em vender
 o livro, pois sempre estou com ele 
nas mãos ou por perto, falando,
 mostrando... mas sem o livro, não
 haveria as viagens, a divulgação do
 Tex, etc, pois não sou rico e tiro cada 
centavo para as viagens das vendas.
 Se não fosse o livro, não teria nem como 
justificar a ausência no trabalho, na 
família, por isso entendo a dificuldade 
de outros pards em comparecer nos 
eventos por esse grande Brasil.
 Na verdade, recebo alguns convites 
para participar de eventos promovidos 
pelos pards texianos e me ofereço 
para participar dos grandes eventos 
ligados a HQs, como Fest Comix. 
Já houve caso de me oferecer para
 lançar o livro e não ser aceito, faz parte.




Tony 23: Você adora o que faz, compreendo... 
Em 2008, Tex completou 60 anos de carreira
 editorial, na Itália, e em 2009 ele completou 
38 anos de lançamento no Brasil, país em
 que ele sempre fez muito sucesso. 
Na certa, foi pensando nisso que você 
decidiu criar seu livro... pergunto: 
Na sua opinião, por quê Tex tem feito
 tanto sucesso em nosso país?

GG: Nos anos 60, 70, os filmes de faroeste
 com Django, Ringo, Fernando Sancho,
 Clint Eastwood, Jack Palance, John Wayne
 e muitos outros inundaram o Brasil, através
 dos cinemas itinerantes (sessão somente
 no sábado a noite) nas grandes e pequenas 
cidades do interior e criou um grande 
gosto e prazer pelo faroeste e foi aí
 que se formou toda uma geração de
 leitores de gibis. Como eu afirmei acima,
 o filme ia embora e não voltava mais.
 Nas portas dos cinemas havia a famosa
 troca de revistas em quadrinhos. 
As opções de divertimento eram 
pouquíssimas para a garotada, 
resumindo-se a jogar bola e ler. 
Para você e seus leitores terem uma ideia,
 na minha pequena Dona Inês, cidade onde
 me criei, aqui no interior da Paraíba, só havia
 duas TVs, a preto e branco nos tempos 
de Durango Kid e Rin-Tin-Tin, na TV Tupi. 
Então aquelas aventuras de Tex, completas, 
em revistas com até 200 páginas, carregadas
 de ação e emoção nos textos bem 
elaborados de G. L. Bonelli, com ideais 
de amizade, justiça, e muitos socos,
 pontapés, perseguições implacáveis... 
e ainda por cima um sujeito amigo e
 defensor dos índios, dos mais fracos 
e oprimidos... ah amigo, aquilo era como
 doce na garganta de menino, e fisgou 
a todos como um vírus, do bem!


GG agitando a garotada


Tony 24: Faz sentido... Segundo meus espiões, 
você foi um dos caras que deu a maior força
 pro bengala brother, Gervásio Santana
 de Freitas, no início do site TexBr. Aliás,
este site é muito bem feito.
 Como foi que você conheceu o Gervásio 
e de que forma você o ajudava no início
 deste importante portal sobre o ranger,
 no Brasil? Fale-me sobre isso...

GG: Eu morava em Sampa, na época. 
Certo dia, vi um endereço de site do 
Tex numa revista da Mythos. Acho que nunca
 disse isso nem para o Gervásio, talvez
 por não ter vindo na mente, mas agora, 
aqui, parado e escrevendo, lembro 
que torci o rosto. Ora, eu já vira
 muitos fãs clubes do Tex nascer e morrer 
ao longo dos anos. 
Passados alguns meses, resolvi me
 apresentar ao pard Gervásio e a conversa
 fluiu, de modo que passei a escrever
 algumas matérias e a ajudar na
 editoração do material que era publicado
 na Itália, na sessão Fora de Série. 
Gervásio, que vim a conhecer depois 
se mostrou um sujeito muito sério, 
meticuloso, persistente e deu vida a
 um projeto que não parou de crescer,
 não obstante todas as dificuldades
 que se apresentaram. Tomo a liberdade 
de dizer que uma das maiores dificuldades
 é manter o pessoal, os internautas, 
motivados e interessados, pois afirmo 
que de tempos em tempos temos 
uma nova leva de texianos que visita
 constantemente o Portal e uma 
leva que toma Doril – não querendo 
dizer que abandonam, mas apenas
 dizer que não participam. 
A estes digo que a presença deles é 
muito importante para motivar quem
 toca o projeto, pois são eles a razão
 principal. Se não dão nem o retorno de
 participar, é como se a razão não
 se justificasse, não encontrasse eco.


FestComix 2010, em São Paulo 
Tony 25: “Tomou Doril, a dor sumiu!”, não era
 este o slogan da campanha desse famoso 
comprimido analgésico?
 Então, alguns leitores de Tex
 sempre acabam sumindo... (Rsss...).
 Isto é normal, nem todos são fiéis,
 como gostaríamos que fossem... 
Também fiquei sabendo que você, 
um dia, foi morar no Japão. 
O que o levou a ir para o país do 
Sol Nascente? Foi fácil se adaptar
 aos costumes do Oriente?
 E, por quanto tempo você ficou por lá?

GG: Em 1990 eu perdi as chances de 
entrar no serviço publico através de
 dois concursos que eu havia prestado
 e passado. Foi duma canetada só do
 Presidente Collor que me fechou as 
portas do Paraiban, banco do estado
 onde eu estava trabalhando e as portas 
da Caixa Econômica Federal, onde eu
 esperava a próxima convocação para 
assumir um posto. 
Sem emprego, a minha namorada filha de
 japoneses me convidou para ir ao Japão, 
como estavam fazendo seus familiares
 e amigos, atraídos pelos altos salários 
e emprego farto do lado de lá. 
Depois de alguma reticência, fiz como 
Tex faria e enfrentei o desafio. 
Lá foi fácil porque sou muito aberto 
para tudo, não tenho frescuras e 
fui à luta, experimentando de tudo que
 parecia bom e legal, para ter história
 para contar na volta. Fiquei lá durante
 5 anos, só juntando uma graninha, 
sem curtir muito os eletrônicos ou
 as viagens, ou mesmo os carrões, 
pois o meu objetivo era voltar o
 mais rápido possível para cá,
 onde não tinha emprego... que coisa...
 rsrsrs... mas eu sabia que com a
 minha casa, o meu carro quitado e um 
dinheirinho, daria para recomeçar.
 A minha vontade de voltar não era
 por causa só de Tex, como alguns 
podem imaginar, e digo que cheguei 
a encontrar Tex lá, numa casa que vendia
 produtos para brasileiros e passei a 
comprar regularmente, com algumas 
dificuldades de locomoção.
 Foi legal, mas não era tudo. Eu sempre 
quis ser escriba e qual a chance
 que eu tinha lá? Eu não via nenhuma.
 Então queria voltar para aqui poder
 participar da vida do meu país com
 minhas matérias políticas, com minhas 
opiniões e dar vazão à vontade de
 escrever e tentar publicar. Até hoje só 
publiquei Tex, mas tenho material e
 ideais de publicar outras coisas, seja: 
sobre política, fotografia, romances, etc.
 Hoje mantenho três blogs (tex, opinião,
 minha cidade), dois sites (fotografia e 
associação japonesa), Facebook, Twitter, 
Orkut, e You Tube. É fácil me encontrar
 via Google: GG,G.Carsan ou GGCarsan.


Cartaz da FestComix
Tony 26: De qualquer forma morar em 
outro país, conhecer outras culturas, é
 sempre gratificante e uma experiência 
fantástica. Daí, um dia, você decidiu voltar 
ao Brasil, mas diga-me... Como e por que, 
você decidiu ir morar em João Pessoa 
(região nordeste do país)?

GG: Paixão pela minha terra natal e também 
a proximidade com os meus pais. 
Além disso,  na época, era bem mais 
seguro morar por aqui, aliada a ótima
 qualidade de vida. Hoje a violência nacionalizou
 com o crack e a maconha e as coisas 
fedem por aqui também. 
Em Sampa, eu perdia 3 horas de carro 
para ir e vir do trabalho, a apenas 20 km 
de casa; quando a empresa que 
eu trabalhava fechou as portas,
 demorei barbaridade para arrumar
 emprego devido a idade de 35 anos,
 mesmo formado em administração; 
depois fui assaltado quase na porta
 de casa e me levaram uma moto 
nova que havia comprado há 3 dias. 
Foi a gota d’água, aquela clássica,
 que faz a paciência virar do avesso. 
Vendi o carro, vendi o apartamento e 
atendendo um pedido da minha esposa, 
iríamos passar mais uma temporada 
no Japão, mas estourou uma crise 
financeira por lá e resolvemos vir
 para João Pessoa, onde já tínhamos 
adquirido uma casa. 
Aqui moro a 500 metros do mar, bairro
 ainda em formação, clima bom, o meu 
Studio fotográfico é anexo a
 residência e estou bem, 
graças a Deus.

Tony 27: É... morar numa cidade cosmopolita 
como São Paulo, a maior da América latina, 
não é fácil. Temos por aqui um alto custo 
de vida e a violência tão grande e desenfreada 
como em Nova Iorque ou Paris. Nessas 
megalópolis onde a miséria e a riqueza
 convivem lado a lado só podem gerar
 merda, obviamente. 
A qualidade de vida é péssima, apesar do 
dinheiro fluir melhor, as vezes. Sem dúvida, 
longe dos grandes centros urbanos a
 qualidade de vida é bem melhor... 
Bengala GG, o que o motivou a escrever 
um roteiro curto de Tex e a enviá-lo para
 a editora italiana? E, por que eles 
recusaram sua colaboração?


Sergio Bonelli
GG: Quando G. L. Bonelli faleceu, pensei que 
Tex ia acabar. Naquela época eu conhecia 
pouco da SBE, a figura de Sergio Bonelli
 era quase nula entre nós, pois a Internet
 estava começando a se massificar. 
E pensando assim, decidi que pra
 mim Tex não morreria e iria escrever
 as minhas aventuras texianas.
 A primeira foi uma baita aventura
 que daria 4 revistas do Tex. 
Depois fiz outras e outras. 
E o Tex não havia acabado. 
Mostrei a um, a outro e cada um 
dizia para enviar para a editora.
 Então, certo dia, resolvi escrever uma 
aventura curta e pedi para um amigo 
de Recife desenhar. Ele nunca tinha
 desenhado nada do Tex e topou. 
Fez tudo muito rápido, pois o pard 
Zeca iria a Itália pela primeira vez
 conhecer o Sergio Bonelli e tinha
 que aproveitar a sua ida para enviar 
e ter a certeza de que receberia 
em mãos. E assim fiz. Algo totalmente 
corrido, amador, mas era uma tentativa.
 Melhor do que nada. Tempos depois 
recebi uma carta, que tenho até hoje,
 enviada pelo curador de Tex na
 época, o Decio Canzio, agradecendo 
pela iniciativa e dizendo que recebiam 
muitos roteiros de italianos e não
 podiam atender nem aos de casa, mas 
que eu continuasse tentando, dessa 
feita com personagem brasileiro junto
 a editores daqui. 
Eu não segui a instrução ao pé da letra,
 pois continuei a escrever  ainda algumas
 aventuras para Tex e nunca procurei 
editor. E ainda enviei material  de roteiro
 para a SBE mais uma ou duas vezes, 
junto com material de exposições
 que passei a fazer. 
Vale registrar que esse material chegava 
na editora e devia passar de mãos em mãos, 
pois por duas vezes consegui visualizar
 nas aventuras texianas de linha, passagens
 praticamente iguais às que havia em 
meus roteiros, mas sempre dentro 
de outra realidade... e isso não me deixou
 irado não, pois percebi ao menos que 
parte da minha ideia havia servido
 para algo junto do meu herói.

Tony 28: Pensou que ia acabar? Que ingenuidade, 
na época (Rsss...). Ao todo, parece que você
 escreveu 8 aventuras do ranger e a maior
 chegou a ter cerca de 400 páginas, confere?
 Algum desses roteiros chegou a ser 
desenhado também? E, quando vamos 
ter o prazer de conhecer
 esses seus trabalhos?

GG: Foram 9 aventuras e a maior com 440 páginas 
que correspondem a 4 revistas com 110 páginas
 cada, padrão de Tex italiano. Apenas as duas 
aventuras curtas foram desenhadas pelo 
parceiro Milton Estevam, do Recife e
 estão no fórum do Portal TexBr, no tópicos
 com nomes Os Desalmados, a primeira 
e Vingança com Sangue, a segunda.


Bonelli e José Carlos Francisco (Zeca Willer)
Tony 29: Nove aventuras? Quatrocentas e
 quarenta páginas? Ô loco... você produziu 
para cacete... Outro dia, tive a honra de ser
 convidado por você para participar de mais
 um livro que você está fazendo 
para o ranger... 
qual será a temática desta nova obra e
 quando é que você espera estar com
 ela concluída? Há uma previsão
 para o lançamento?

GG: O livro Tex no Brasil já lançado tem 29
 capítulos e tenho certeza que cada capítulo
 dá material para um novo livro, se formos 
pesquisar a fundo e buscar informações. 
Então resolvi que vou adentrar nesse meio.
 O próximo livro que planejei 
e já estou trabalhando
 englobará de modo particular os ‘bandidos’
 que Tex já enfrentou, trazendo novas
 informações, análises, opiniões e outras 
coisas interessantes que não são exploradas 
no gibi. E busco a participação de alguns
 texianos que tem se destacado na 
divulgação de Tex, para imortalizar as
 suas colaborações no papel.
 E será um prazer ter a sua participação, 
pois quero ilustrar o livro com desenhos 
de artistas aqui do meu Brasil e já fiz
 alguns convites que foram 
prontamente aceitos.

Tony 30: Achei a ótima a idéia... 
Alguma frustração?


GG e Civitelle
GG: Não ter nascido para ser escritor de Tex.

Tony 31: Parece que os italianos são muito centrados
 em seus próprios escribas e desenhistas, 
bengala friend... Um sonho?

GG: Uma Expo-Tex em cada estado brasileiro, 
ou pelo menos uma em cada Região.

Tony 32: Zeca Willer... quando foi que você conheceu 
esse incrível cowboy e divulgador de Tex, 
de além mar?  

GG: Por e-mail... devido a nossa paixão por Tex, 
foi fácil e rápida a nossa amizade. Durante anos 
trocamos mensagens, participamos do fórum, 
do grupo Amigos do Tex, e nos conhecemos 
no Fest Comix, no ano passado, finalmente, 
onde tive o prazer de te conhecer, caro
 Bengalon. O Zeca é um sujeito incrível, pois
 tem o dom de correr atrás dos seus sonhos
 e tem tido a sorte de realizá-los. 
Ele é um predestinado no mundo de Tex. 
Outro dia divulguei no meu blog Tex e Eu
 a primeira mensagem desse
 pard tão gente fina.


Divulgando a obra
Tony 33: De fato, o Zeca é incrivelmente 
simpático e é gente boa.
 Adorei conhecer ele, você, 
o ACMoreira e o Don Alvarez, de La Mancha, 
na FestComix (em 2010) - apesar 
do pouco tempo que estivemos juntos -,
e poder reencontar o velho bengala
brother Marcos Maldonado.
 O Zeca, parece respirar Tex 24 horas por dia
 e tem colhido frutos sensacionais desta
 sua longa e duradoura paixão. 
Deve ter vivido no velho Oeste em outra
 “encadernação”, assim como você, como 
dizem os espíritas (Rss...). 
Dorival Vitor Lopes... graças a ele é que 
a Mythos não deixou acabar as diversas 
edições de Tex, exato? Quando foi que você 
o conheceu pessoalmente e qual é
 sua opinião pessoal sobre ele?

GG: O Dorival é um cara muito na dele e eu 
respeito muito isso, pois prefiro alguém 
assim do que os intrujões, mesmo ele 
tendo uma empresa e um monte de
 clientes para dar satisfação e nem 
sempre dando o retorno que pedem – 
já foi mais comunicativo. Ele segurou 
a peteca do Tex  e ainda percebeu
 um espaço amplo para novas coleções, 
atendendo ao apelo para aproximar a
 nossa publicação da italiana. 
Tem atendido dentro do possível aos 
pedidos e feito vários testes no 
mercado, nem sempre com muito
 sucesso. Como sabemos, o nosso mercado 
é complicado demais. 
Conheci o Dorival num Fest Comix em 2001, 
o meu último ainda morando em Sampa, 
pois logo depois vim pra Jampa. 
Uma época eu fiquei chateado com ele 
porque disse que publicaria o livro 
Tex no Brasil, mas depois desinteressou. 
Depois entendi que ele não era obrigado
 a isso. Eu tinha essa esperança porque
 eu não tinha condição de bancar, achava
 que com a editora venderia bem mais.
 Mas um dia resolvi fazer tudo
 sozinho e percebi que se eu havia 
criado o problema do livro, eu que 
tinha que resolver, e como Tex, não 
podia abaixar a cabeça. Percebi também 
que ou lançava ou desistia de vez. 
 Só se morre uma vez! Bom, cada um
 sabe onde aperta o seu sapato.
 Hoje acho que foi melhor eu mesmo 
lançar o livro. Isso me possibilitou
 muitas viagens e amigos, aprendizado, 
visibilidade e maior amor e 
paixão pelo meu hobby.




Tony 34: Ser editor num país onde o Mercado
 oscila a cada instante não é fácil, my friend...
 Fico impressionado como é que o 
Dorival arruma tempo para participar de
 muitos eventos sobre Tex, no Brasil e
 até no exterior. O homem é polivalente, 
pode acreditar... GG Carsan por GG Carsan? 
Quem é este cidadão? Dá pra se auto definir?

GG: É complicado! Eu preciso de um 
psicanalista urgente. Há poucos dias, em 
conversa com os amigos Gervásio e Adriano 
Rainho, dizia-lhes que estou com 4
 personalidades e 4 nomes reais: 
G.G.Carsan na turma do Tex (às vezes GG, 
às vezes Carsan), Gera, para os clientes 
do meu Studio, Geraldo, no meu trabalho
 atual no Governo daqui, Guilherme no 
seio da família. Quando atendo o telefone
 e alguém pergunta o meu nome tenho 
que pensar bem direitinho...kkk... 
mas eu tento viver com as características 
do Tex, tento ser o cidadão que reclama
 do que está errado (Facebook, Blogs, 
Twitter), ajudando quem precisa dentro 
das minhas possibilidades, sempre
 em dia com as minhas obrigações e 
responsabilidades para poder respirar
 fundo e dormir bem todas as noites,
 buscando um mundo equilibrado para
 viver, pois sei que melhor está quase
 impossível. Sei que tenho que melhorar
 sempre, as pessoas esperam
 muito de nós. 
Quando tenho uma boa ideia, executo, 
não deixo pra depois. Melhor fazer 
algo do que não fazer nada.

Tony 35: Como foi a experiência de conhecer
 e conviver ao lado do mestre Civitelli, na
 FestComix, de São Paulo, no ano passado?




GG: Um grande prazer, enorme, incomensurável. 
A chance de ir ao Fest Comix e assim rever 
grandes amigos e de conhecer o Civitelli
 não tem preço. Muito me orgulho de ter 
uma, duas, três, quatro... dez fotos com 
o Civitelli. Durante o Fest Comix tive
 vários momentos de sonho.


GG, Marcos Maldonado, Gervásio e o Sócio
Um deles quando o Civitelli me viu
 e quis tirar uma foto do meu lado e 
gritou: “Tex, Tex! Una foto!” E ele falava
 comigo, amigo! Depois quando ele fez questão
 de tirar uma fotografia ao lado do banner
 ‘o fabuloso’, que carrego comigo
 nos eventos. E quando ele me convidou 
para a mesa durante a sua palestra, a
 qual você estava lá, pard Bengala Father.
 E ainda quando ele fez um dos poucos 
desenhos, ao vivo, durante o festival, e fez
 uma dedicatória especial, e quando no 
domingo trouxe suas valiosas câmeras 
fotográficas para me mostrar e dizer 
desse seu hobby maravilhoso, a 
fotografia. Também tivemos uma
 conversa muito boa durante o jantar
 e ele explicou para mim e os 
presentes alguns lances bem legais,
 sempre atencioso. Imagino o Civitelli 
como um embaixador do Tex, um 
representante do Sergio Bonelli,
 naqueles dias. 
Mas isso é o que senti. 
Além disso vi um sujeito muito simpático,
 sempre com os dentes à mostra, um 
homem de boa áurea, um profissional
 competente, sem subterfúgios e sem 
manias. Era como se visse o Tex ali 
ao meu lado. E uma coisa ele afirmou:
 ‘Eu levo o Tex muito a sério’. 
Nem precisava dizer. Está claro nos
 desenhos, no seu trabalho e 
na sua postura.


Tex - Álbum cartonado
Tony 36: O Civitelle, na verdade, tem um
 trabalho minuscioso. É uma simpatia. 
Mas, não sabia que ele tem a fotografia 
como hobby. Legal... G. G. Carsan, foi
 um imenso prazer poder colher o 
seu depoimento. Deixe aí o seu recado 
para os seus fãs e para aqueles 
que também apreciam Tex e uma
 boa história em quadrinhos.
 Um imenso grande amplexo e saiba 
que vou ficar aqui aguardando
 ansiosamente este seu novo livro.
 See you later, cowboy.


Quarta capa do livro sobre Tex
Para falar com o autor de
Tex No Brasil ou adquirir o
livro escreva para:
g.gcarsanii@hotmail.com
GG: A minha mensagem é de esperança, 
caro Tony Bengala e amigos. 
Tenho esperança que o Tex continue 
nas bancas, pois ainda tem muito pano 
para as mangas e chamo atenção para 
que os texianos analisem sempre
 o conteúdo da aventura, atentem
 para os aspectos fundamentais da
 postura texiana e exercitem os 
conceitos no seu dia-a-dia, procurando
 sempre uma vida melhor, saudável,
 rica em honestidade, honra,
 hospitalidade, justiça, liberdade,
 tolerância, responsabilidade, e muita
 paz para todos. Vamos agir sem
 ganância e sem revolta, vamos 
deixar a inveja de lado e vamos
 ser irmãos de verdade.
Também quero pedir aos amantes 
das histórias em quadrinhos que 
vejam com carinho as publicações
 brasileiras. Há tempos que ouvi do Emir 
Ribeiro, autor de Velta, uma crítica de
 que só pensamos e vemos os quadrinhos 
de fora e rebati que a gente não tem
 culpa de gostar desse ou daquela HQ, 
time de futebol ou garota... mas
 pensando bem, acredito que a gente
 pode dispensar uma força para as 
HQs nacionais, pois temos bons 
autores publicando. 
Eu fiquei bastante contente com 
Apache (ainda me faltam os
 números 5 e 6 – 
não pintaram na PB) e com Bando de 
Dois e Necronauta, que 
tiveram lançamentos
 na Comic House de Jampa.






Tony 37: Sem problema, cowboy!
 Você acabou de ganhar as edições 5 e 6 de
 Apache, vou enviá-las para você pelo 
correio. OK? E, aguarde, pois Apache 
estará saindo pelo nosso selo. 
A série vai continuar, com certeza. 
Um grande amplexo pra todos os bengalas
 friends que acompanharam esta 
entrevista e até a próxima!

OBS: Todas as imagens contidas nesta entrevista tem o
cunho meramente ilustrativo e pertencem aos seus
autores ou respectivos
representantes legais.


 Copyright 2011\Tony Fernandes\
Estúdios Pégasus –
Uma Divisão de Arte e Criação da 
Pégasus Publicações Ltda –
São Paulo - Brasil
Todos os Direitos Reservados 

5 comentários:

  1. COMENTÁRIO ENVIADO POR E-MAIL...

    "GG, também eu (obviamente) li toda a sua fantástica entrevista concedida ao Tony Fernandes. Excelente entrevista, aliás, como é seu timbre.

    Tentei deixar lá um comentário, mas aparecia sempre um erro na página, não me permitindo escolher um perfil para poder deixar o comentário. Creio que isso deva ter ocorrido com mais gente já que não acredito que esta entrevista não renda nenhum comentário, daí enviar também o e-mail ao Tony Fernandes para o nosso Bengala apurar o que se passa.

    De todo o modo, deixo aqui o comentário que queria deixar lá escrito:

    "Bela e interessante, para além de muito completa, entrevista com um dos nomes mais míticos no que se refere a Tex no Brasil: GGCarsan, aquele que considero o maior divulgador de Tex a nível mundial e que entre muitas outras coisas, sobretudo GRANDE AMIGO, é muitas das vezes a minha inspiração para também eu divulgar o nosso Ranger Tex!

    É uma entrevista muito completa e onde se fica a conhecer ainda mais o GGCarsan e ver toda a sua paixão por Tex e também mais uma vez fica comprovado que muito dos sucessos das belas entrevistas aqui publicadas se deve ao entrevistador e esta entrevista juntou um excelente entrevistador a um outro excelente entrevistado. Parabéns a ambos!

    Agradeço também fazer parte desta entrevista, pois foi uma grande honra para mim estar também presente no seu conteúdo.

    Abraços a ambos e mais uma vez, PARABÉNS "

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  2. Grande bengala friend de além mar, Zeca Willer...
    é sempre um prazer recebermos sua visita, parceiro!
    De fato, nas últimas duas semanas tivemos problemas com hackers, que nos enviaram MALWERS (virus) - coisa de gente que não tem o que fazer e que só visa prejudicar os outros. Mas, parece que resolvemos o problema (espero... Rsss...).
    Por isso, decidi publicar aqui seu comentário, visto q, assim como vc, muitos podem não ter conseguido postar uma mensagem.
    Peço, aos bengalas friends, que por ventura tiveram o mesmo problema, q me enviem seus comentários q eu os publicarei.
    Também peço q se os amigos encontrarem qualquer problema num dos blogs, me avisarem.
    SOBRE O SEU COMENTÁRIO...
    Na verdade, jamais conheci duas criaturas tão
    dedicadas a Tex qto você, caro Zeca Willer e o GG Carsan. GG é um texiano ferrenho e eu não imaginava que ele o inspirava.
    Grato por seus comentários e parabéns pelo blog do Tex português que traz sempre ótimas novidades sobre o nosso querido e bom velho ranger, assim como o TexBR, e vive dando espaço à todos, inclusive a mim.
    Boa semana, cowboy!

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  3. COMENTÁRIO ENVIADO POR GG CARSAN, VIA E-MAIL...

    "Eu me espantei com a quantidade de perguntas da entrevista do Tony Bengala Boy. E pensei: com minhas respostas ficará enorme... e com as fotos, vai dar um jornal. E Bengalon ainda inseriu um montão de fotos por conta. Ficou como viram.
    Bom, fui o mais suscinto possível, não puxei muito assunto. Tratei de responder ao que ele perguntou.
    Sim, o cara é um entrevistador nato e na hora de publicar ainda teceu comentários em cima das minhas respostas. Até me chamou de ingênuo, viram? mas eu sou mesmo. kkkk

    Agora vamos ver se ele arruma o blog para aceitar um comentário, eu mesmo gostaria de complementar uma resposta que ficou pela metade e é importante.

    Zeca, eu não concordo com a pecha de maior divulgador para mim. Devo ser do Nordeste do Brasil. A nível mundial, talvez o cara que mais se veste de Tex, em público. Talvez o primeiro e único a participar de um desfile de cosplay vestido como Tex.

    Mas agradeço a sua amizade e a sua opinião. Se você acha, ninguém tira da sua cabeça. Ponto.

    E quero agradecer aqui ao Joe, ao Amora, ao Neimar lá de Saicãwood, a Nanda Kid e ao Zeca, que se manifestaram sobre a entrevista.

    Abraço a todos,

    G.G.Carsan"

    AVISO DO TONY AOS NAVEGANTES:
    A situação, parece, q está sob controle
    qto as postagens! Se tiverem problemas, me avisem ou mandem seus comentários para o meu e-mail:
    tonypegasus@hotmail.com
    Thanks, bengalas friends...

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  4. Gostei desta entrevista com o G.G. Admiro fãs como ele e o Zeca Willer. O importante, no caso do G.G., é que ele conseguiu publicar seu livro sobre o Tex. Mas já que ele tá doando, aproveito para ser um dos candidatos a receber seu livro. Gostaria de ler. No mais, parabéns G.G. e Tony!!!!
    Wilde Portella

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  5. Grande, escriba e bengala brother!
    Qto tempo... concordo contigo, a paixão q ele e o Zeca tem pelo Tex é coisa de maluco. Admiro esses dois bengalas friends. Qto a doação, espero q o GG te mande mesmo uma edição. O livro é sensacional.
    Grato, pela visita,Wilde!

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