HISTÓRIAS EM QUADRINHOS:
COMO TUDO COMEÇOU
Poucos conhecem Mickey Dugan, o personagem.
Ele ficou mais conhecido como The Yellow Kid
("O Garoto Amarelo"). Esse personagem era o astro
principal da série Hogan's Alley,
HQ pioneira, que saiu nos Estados Unidos e que
foi uma das primeiras a ser impressa
em cores, no mundo.
Yellow Kid era uma criança dentuça, que
sempre aparecia com um sorriso bobo e vestindo
um pijama amarelo.
Vivia num mundo estranho e circulava por
uma vila paupérrima cheia das mais
estranhas criaturas.
sempre aparecia com um sorriso bobo e vestindo
um pijama amarelo.
Vivia num mundo estranho e circulava por
uma vila paupérrima cheia das mais
estranhas criaturas.
Oficialmente, Yellow Kid é considerado o
primeiro personagem de história em quadrinhos,
que se tem notícia.
primeiro personagem de história em quadrinhos,
que se tem notícia.
Mas, há muita polêmica a esse respeito.
Porém, há quem conteste Yellow Kid.
Muitos consideram 17 de maio de
Muitos consideram 17 de maio de
1890 como o dia de nascimento oficial das
histórias em quadrinhos.
histórias em quadrinhos.
Segundo estudiosos, foi nessa data que o inglês
Alfred Harmsworth, que mais tarde se tornaria o
Lord Northcliffe, um magnata da imprensa
Alfred Harmsworth, que mais tarde se tornaria o
Lord Northcliffe, um magnata da imprensa
da época, lançou em Londres a Comic Cuts,
Ela continha mais textos do que desenhos e seu
conteúdo era satírico-humorístico.
Um mês mais tarde, a publicação já
tinha atingido uma tiragem de 300 mil
exemplares, muito maior
do que a dos grandes jornais da época.
Outras fontes apontam o norte-americano
Richard Outcalt como
o verdadeiro criador do gênero.
Ele sintetizou o que tinha sido feito até
então e introduziu em suas
histórias doYellow Kid, publicadas
regularmente a partir de 1897
no suplemento dominical
regularmente a partir de 1897
no suplemento dominical
colorido doNew York Journal,
um elemento novo: o balão com as falas.
Há, no entanto, no Brasil um precursor que
não deve ser deixado de lado
numa crônica sobre as HQ: o ítalo-brasileiro
Angelo Agostini, que criou, já em 1869,
para o jornal Vida Fluminense,
As Aventuras de Nhô Quim.
Sobre Angelo Agostini, falaremos mais adiante.
Sobre Angelo Agostini, falaremos mais adiante.
CONTINUANDO...
Inicialmente a série de Yellow Kid não tinha
balões de fala ou pensamento.
O personagem se expressava através de textos
que apareciam em seu pijama.
que apareciam em seu pijama.
SURGEM OS BALÕES
O artifício de usar balões para mostrar as falas dos
personagens foi usado pela primeira vez também em
Yellow Kid, apesar do próprio garoto só se comunicar
através de mensagens que apareciam inscritas na
sua roupa. Ele usava um jargão cheio de gírias,
numa linguagem típica dos guetos (favelas)
americanos da época.
A tira era desenhada por Richard Felton
Outcault. Inicialmente, o personagem
aparecia de forma esporadica na
revista Truth entre 1894 e 1895,
até que teve sua estréia oficial no jornal
New York World no dia 17 de
fevereiro de 1895.
Os primeiros materiais que foram
publicados saíram em preto e branco.
Só passou a ser colorido a partir
do dia 5 de maio.
O criativo desenhista Richard Outcault
acabou levando seu inovador persoangem para o
New York Journal American de William Randolph
Hearst em 1897, porém o New York World contratou
outro artista chamado George Luks para continuar a
produzir as tiras, dando origem então a duas
versões do mesmo personagem.
Ambas encerraram em 1898.
publicados saíram em preto e branco.
Só passou a ser colorido a partir
do dia 5 de maio.
O criativo desenhista Richard Outcault
acabou levando seu inovador persoangem para o
New York Journal American de William Randolph
Hearst em 1897, porém o New York World contratou
outro artista chamado George Luks para continuar a
produzir as tiras, dando origem então a duas
versões do mesmo personagem.
Ambas encerraram em 1898.
COMUNICAÇÃO DE MASSA:
AS HISTÓRIAS EM
AS HISTÓRIAS EM
QUADRINHOS
Num tempo em que só existia
o rádio, o cinema e o teatro
para o lazer as HQs fizeram história,
pois eram a grande novidade da época.
Atraiam crianças, jovens e até adultos.
Atraiam crianças, jovens e até adultos.
Os quadrinhos existiam nos Estados
Unidos desde o final do século XIX.
Eles eram publicados
em jornais, revistas e
Unidos desde o final do século XIX.
Eles eram publicados
em jornais, revistas e
a primeira revista só de histórias em quadrinhos.
Esta publicação tinha o formato 8 x 11 cms e
era impressa em cores, e tornou-se clássica.
era impressa em cores, e tornou-se clássica.
Seu nome era Funnies On Parade e foi idealizada
por Max C. Gaines. Ela era distribuída gratuitamente
para as pessoas que enviavam cupãos recortados de
por Max C. Gaines. Ela era distribuída gratuitamente
para as pessoas que enviavam cupãos recortados de
embalagens de produtos alimentícios da marca
que se esgotaram rapidamente. Um futuro promissor
para as HQs despontava no horizonte.
Gaines, um homem de visão,
rapidamente encontrou
outros patrocinadores, como: Milk-O-Malt,
Canada Dry, Wheatena e Kinney Shoes.
Assim, graças a esses patrocinadores,
rapidamente encontrou
outros patrocinadores, como: Milk-O-Malt,
Canada Dry, Wheatena e Kinney Shoes.
Assim, graças a esses patrocinadores,
ele produziu a segunda revista desse
gênero chamada
gênero chamada
Famous Funnies: A Carnival Of Comics.
Tiragem: 100 mil cópias.
Os comics na época fizeram muito sucesso.
Tiragem: 100 mil cópias.
As tiras de jornais eram montadas e viravam revistas |
Mas, ainda eram patrocinados e distribuídos
como brindes.
como brindes.
Visando testar seu potencial, Gaines decidiu
colocar nas capas de alguns exemplares
um selo e os distribui-os nas lojas,
estabelecendo o preço de
10 centavos de dólares.
Em menos de uma semana
tudo foi vendido.
colocar nas capas de alguns exemplares
um selo e os distribui-os nas lojas,
estabelecendo o preço de
10 centavos de dólares.
Em menos de uma semana
tudo foi vendido.
Assim, muitas empresas, estimuladas pelo
sucesso do empreendimento procuraram
Gaines, que produziu
sucesso do empreendimento procuraram
Gaines, que produziu
seu terceiro comic book chamado Century
Of Comics, uma edição com 100 páginas.
Of Comics, uma edição com 100 páginas.
No final do mesmo ano cerca de 100 a
200 mil cópias desse novo produto
tinham sido distribuídas e vendidas.
As HQs batiam recordes de vendas.
E isso era apenas o começo.
E isso era apenas o começo.
1934 -Gaines e o creme dental Philips
lançaram Skippy’s Own Book of Comics que,
após ser anunciado num programa de
rádio popular, esgotou sua tiragem de meio
milhão de exemplares.
rádio popular, esgotou sua tiragem de meio
milhão de exemplares.
Este comic book foi o primeiro a apresentar um
personagem principal em suas páginas.
personagem principal em suas páginas.
As edições anteriores, na verdade,
apresentavam uma montagem
(republicação)de várias criações, de
apresentavam uma montagem
(republicação)de várias criações, de
diversos autores, que publicavam
seu material em forma de tiras de jornais.
Devido ao estrondoso sucesso das revistas de
seu material em forma de tiras de jornais.
Tiras de jornais, montadas |
Gaines ele foi procurado pelo dono da
empresa gráfica que imprimia as revistas,
a Eastern Color, que
tencionava ter maior participação nos lucros,
e que tinha feito um acordo
empresa gráfica que imprimia as revistas,
a Eastern Color, que
tencionava ter maior participação nos lucros,
e que tinha feito um acordo
com a editora Dell Publishing Co, para a
publicação de um novo comic book.
publicação de um novo comic book.
A idéia era lançar o Famous Funnies,
com 68 páginas, a 10 centavos de dólares, com
o mesmo formato e um maior número de
páginas por um preço final
campeão ao consumidor (leitor). Esse formato
e preço, durante anos, tornaram-se
padrão no mercado interno americano.
e preço, durante anos, tornaram-se
padrão no mercado interno americano.
A Dell vendeu 35 mil exemplares.
Na expectativa de lançar outras edições
os donos da editora procuraram por novos
patrocinadores, mas não os conseguiram.
Muitas empresas alegavam que o tipo de
papel e impressão eram de baixa
Muitas empresas alegavam que o tipo de
papel e impressão eram de baixa
qualidade em relação as outras publicações,
onde costumavam colocar seus anúncios.
onde costumavam colocar seus anúncios.
Também alegavam que o público
leitor jamais ia se interessar por HQs
reeditadas de conhecidos
leitor jamais ia se interessar por HQs
reeditadas de conhecidos
personagens dos quadrinhos que já haviam
sido publicados em tiras ou em
suplementos dominicais
dos jornais, em forma de continuação.
Ante a recusa dos anunciantes, em investir
sido publicados em tiras ou em
suplementos dominicais
dos jornais, em forma de continuação.
Ante a recusa dos anunciantes, em investir
no produto, a Dell acabou desistindo da
parceria com a Eastern Color.
parceria com a Eastern Color.
Motivada por um artigo de uma página que
atribuía o sucesso das vendas do jornal Daily
News, de Nova Iorque, aos quadrinhos
publicados nos suplementos dominicais,
atribuía o sucesso das vendas do jornal Daily
News, de Nova Iorque, aos quadrinhos
publicados nos suplementos dominicais,
a Eastern Color decidiu procurar outra
editora, a American News, que decidiu
fazer 250 mil cópias de
um novo comic book.
editora, a American News, que decidiu
fazer 250 mil cópias de
um novo comic book.
Assim, nasceu a primeira revista periódica
do gênero, a Famous Funnies:
Series 2, uma publicação mensal.
do gênero, a Famous Funnies:
Series 2, uma publicação mensal.
No ano seguinte, a Dell lançou
no mercado um
novo título:Popular Comics.
no mercado um
novo título:Popular Comics.
Após firmar um acordo com o grupo Hearst
(sobrenome da família de judeus que era dona
de vários jornais) a McKay Company,
(sobrenome da família de judeus que era dona
de vários jornais) a McKay Company,
da Filadélfia, passou a republicar em formato
de revista, em abril de 1936, as HQs mais
populares que os Hearst editavam como tiras
de jornais, do sindicato King Features.
de revista, em abril de 1936, as HQs mais
populares que os Hearst editavam como tiras
de jornais, do sindicato King Features.
De repente, o público leitor passou a comprar
Flash Gordon e Jim das Selvas, de Alex Raymond,
Popeye, de E. C. Segar, em forma de comic
book, na revista chamada King Comics.
Popeye, de E. C. Segar, em forma de comic
book, na revista chamada King Comics.
Para não ficar por baixo, outro grande sindicato
distribuidor de tiras de jornais e de material
de imprensa, a United Features, também
entrou na briga.
distribuidor de tiras de jornais e de material
de imprensa, a United Features, também
entrou na briga.
Passou a editar, em abril, uma revista de
HQs chamada Tip Top Comics, que trazia
em suas páginas personagens,
HQs chamada Tip Top Comics, que trazia
em suas páginas personagens,
com: Tarzan, de Edgar Rice Burroughs e Li’l Abner
(Ferdinando, no Brasil), de Al Capp, que eram
publicados originalmente em tiras nos
chamados suplementos dominicais.
publicados originalmente em tiras nos
chamados suplementos dominicais.
No mês de maio de 1936, outra editora entrou no
mercado editorial americano, a Comics Magazine
Company Inc, que tinha uma proposta inovadora:
lançar revistas de HQs
Company Inc, que tinha uma proposta inovadora:
lançar revistas de HQs
com material inédito. Muitos jovens cartunistas
surgiram na época, como: Jerry Siegel e Joe
Shuster (os futuros autores do Super man), onde
recriaram um personagem
surgiram na época, como: Jerry Siegel e Joe
Shuster (os futuros autores do Super man), onde
recriaram um personagem
chamado Dr. Occult, que estes faziam para as revistas
New Fun Comics e More Fun Comics. Rebatizaram o
personagem de Dr. Mystic, o primeiro herói a ter
superpoderes e que anos depois seriam utilizados na
maior criação da dupla: Super man, o homem de aço.
No final desse mesmo ano surgiu outro grande filão
para ser explorado pelos autores de HQs: as histórias
policiais detetivescas.
Em 1937 surgiu uma editora que seria de vital
importância para os comics americanos,
a Detective Comics Inc, que mais
tarde mudou o nome para
a Detective Comics Inc, que mais
tarde mudou o nome para
National Periodical Publications
e que se transformaria
e que se transformaria
na famosa e poderosa DC Comics (abreviação de
Detective Comics). Ela foi a primeira a publicar
em março de 1937: Super man e Batman e outros
super-heróis, no primeiro número da revista
Detective Comics, que se tornou a publicação de
maior longevidade do mundo
das HQs, dando suporte
das HQs, dando suporte
para que a editora crescesse e
chegasse até os nossos dias.
chegasse até os nossos dias.
Ainda no mesmo ano, surgiu
a Comics Magazine Company Inc,
publicando dois novos títulos,
a Comics Magazine Company Inc,
publicando dois novos títulos,
Detective Picture Stories e
Western Picture Stories.
Western Picture Stories.
O mercado aquecido propiciava o
surgimento de novos editores.
surgimento de novos editores.
Outra editora, a McKay, estimulada
com as vendas da King Magazine
lançou outro
título no mercado, Ace Comics,
com as vendas da King Magazine
lançou outro
título no mercado, Ace Comics,
com as mesmas características
da revista da King,
da revista da King,
que fazia sucesso.
Ou seja, reeditando Hqs publicadas
Ou seja, reeditando Hqs publicadas
em jornais, como os clássicos: Jungle Jim
(Jim das Selvas), do genial Alex Raymond,
Krazy Kat e Phantom (Fantasma)...
(Jim das Selvas), do genial Alex Raymond,
Krazy Kat e Phantom (Fantasma)...
...de Lee Falk, e também passou a lançar a série
Feature Book, que durou 12 anos.
Em cada edição, publicava um
personagem diferente,
como: Popeye, Mandrake,
Brick Bradford, Tim & Tom,
O Agente Secreto X-9, Rip Kirby, Dick Trace,
Hopalong Cassidy, O Coração de Julieta, etc.
Rip Kirby |
América dobrou em 1937,
em relação ao ano anterior. As vendas
estavam no topo.
O GRANDE LANÇAMENTO
O grande marco dessa época de glória foi
o lançamento, pela Detective Comics, da revista
Action Comics, em junho de 1938, que trazia em
sua primeira edição Superman na capa.
o lançamento, pela Detective Comics, da revista
Action Comics, em junho de 1938, que trazia em
sua primeira edição Superman na capa.
O personagem criado por Jerry
Siegel e Joe Shuster, inicialmente
pareceu espalhafatoso e ridículo, aos
olhos de Harry Donenfeld, proprietário da
editora, que proibiu que o editor Vincent
Sullivan colocasse outra vez
aquele estranho personagem
nas futuras capas daquela revista.
Siegel e Joe Shuster, inicialmente
pareceu espalhafatoso e ridículo, aos
olhos de Harry Donenfeld, proprietário da
editora, que proibiu que o editor Vincent
Sullivan colocasse outra vez
aquele estranho personagem
nas futuras capas daquela revista.
A ordem foi cumprida.
Mas, Sullivan continuou a
dar um grande destaque para o personagem
no miolo nas edições subsequentes.
O sucesso das três primeiras edições da
Mas, Sullivan continuou a
dar um grande destaque para o personagem
no miolo nas edições subsequentes.
O sucesso das três primeiras edições da
Action Comics foi modesto, porém a partir da
quarta edição as vendas dispararam.
Essa revista chegou a vender meio
quarta edição as vendas dispararam.
Essa revista chegou a vender meio
milhão de exemplares, por edição.
Isto era mais que o dobro das vendas
das revistas das editoras
dos concorrentes.
Isto era mais que o dobro das vendas
das revistas das editoras
dos concorrentes.
Sem saber o por que de tanto sucesso, Donenfeld
encomendou uma pesquisa e se surpreendeu
ao tomar conhecimento de que sua revista era a
mais procurada pelos garotos graças ao
Superman, o personagem que
ao tomar conhecimento de que sua revista era a
mais procurada pelos garotos graças ao
Superman, o personagem que
ele não queria mais ver nas
capas de sua publicação.
capas de sua publicação.
Depois disso, obviamente, o homem de aço
voltou a figurar nas capas da Action Comics e
toda divulgação da publicação
voltou a figurar nas capas da Action Comics e
toda divulgação da publicação
passou a ser feita focada nele.
SURGEM AS IMITAÇÕES
DE VOLTA AO CASO EISNER...
SURGE UMA PISTA
SURGEM AS IMITAÇÕES
O estrondoso sucesso de Superman, na
Action Comics, não tardou a gerar imitações.
Muitos heróis fantasiados,
Action Comics, não tardou a gerar imitações.
Muitos heróis fantasiados,
dotados de superpoderes surgiram na época,
como: Arrow, na Funny Pages e
Crimson Avenger, etc.
como: Arrow, na Funny Pages e
Crimson Avenger, etc.
O jornalista e historiador de HQs Ken Quattro
descobriu documentos polêmicosde um depoimento
de Will Eisner no processo da DC Comics contra
a Fox Comics, ocorrido em abril de 1939, por
plagiar, também, o homem de aço.
de Will Eisner no processo da DC Comics contra
a Fox Comics, ocorrido em abril de 1939, por
plagiar, também, o homem de aço.
Will Eisner foi acusado de plágio |
Apesar de Quattro ser um grande admirador
de Eisner e de ter escrito diversos artigos sobre
a brilhante carreira
a brilhante carreira
do artista e a chamada Era de Ouro dos Comics -
as duas primeiras décadas dos super-heróis-,
o jornalista e historiador decidiu não ficar calado
e foi assim que a polêmica veio a tona e teve início
um acalorado debate sobre o assunto,
até então, pouco conhecido
e foi assim que a polêmica veio a tona e teve início
um acalorado debate sobre o assunto,
até então, pouco conhecido
do público leitor.
Um dos episódios mais interessantes do início da
carreira de Eisner é a participação do artista como
testemunha de defesa no processo envolvendo
a Detective Comics, Inc -atual DC Comics-,
contra as empresas de Victor S. Fox, a Bruns
Publications, Inc - da qual
a Detective Comics, Inc -atual DC Comics-,
contra as empresas de Victor S. Fox, a Bruns
Publications, Inc - da qual
a Fox Comics fazia parte -, Kable News Company
e Interborough News Co.
e Interborough News Co.
Durante anos, Quattro tentou localizar a transcrição
do processo para saber exatamente o que ocorreu
naquele episódio que pouca gente tomou
conhecimento na época.
conhecimento na época.
O intrépido e curioso jornalista buscou colegas
em Nova York e incomodou muita gente e advogados
até esgotar seus recursos, sem obter muito sucesso
sobre o obscuro caso.
UM ESTRANHO CASO
É importante frisar que, a Fox Comics nada
tem a ver com a Fox Film Corporation, que
foi formada em 1915 pelo "magnata" pioneiro dos
teatros para exibição de filmes, William Fox, que
fundou a Fox Film Corporation após juntar duas
empresas que ele havia criado em 1913: Greater
New York Film Rental, voltada para a distribuição
de filmes, que até então era parte da independent
film e a Fox (ou Box, dependendo da fonte)
Office Attractions Company, uma produtora
de cinema. Essas fusões foram umas das primeiras
em integração vertical.
Apenas um ano antes, a empresa tinha distribuído
Gertie The Dinosaur, de Windsor McCay,
o pioneiro dos desenhos animados.
Apenas um ano antes, a empresa tinha distribuído
Gertie The Dinosaur, de Windsor McCay,
o pioneiro dos desenhos animados.
Mas, isto é uma outra história, que fica
para outra vez.
para outra vez.
SURGE UMA PISTA
Tempo depois, um leitor, após ler um artigo
de Quattro chamado “Rare Eisner:
Making of a Genius” escreveu
de Quattro chamado “Rare Eisner:
Making of a Genius” escreveu
para ele um e-mail dizendo
que possuía uma cópia
que possuía uma cópia
da transcrição e podia lhe oferecer o
arquivo em PDF.
arquivo em PDF.
Essa pessoa, entretanto, preferiu
permanecer anônima, por razões óbvias.
permanecer anônima, por razões óbvias.
Quattro jamais discutiu a veracidade desses
documentos disponibilizados em
documentos disponibilizados em
seu site que, segundo especialistas,
parecem ser legítimos.
parecem ser legítimos.
Os documentos relatam uma história
bastante diferente
bastante diferente
da versão que foi popularizada por Will Eisner.
Antes de examinarmos a transcrição
do processo, é preciso explicar a versão
conhecida dos fatos e alguns dos
personagens envolvidos, para sua
do processo, é preciso explicar a versão
conhecida dos fatos e alguns dos
personagens envolvidos, para sua
melhor compreensão.
TUDO COMEÇOU ASSIM...
Em 1939, a Detective Comics, Inc, de Jack S.
Liebowitz e Harry Donenfeld, processou
a editora de Victor S. Fox - algumas vezes
referido pelos historiadores como Victor A. Fox.
Assim, a Bruns Publications foi processada, pois
as revistas eram publicadas como sendo
da Fox Comics.
referido pelos historiadores como Victor A. Fox.
Assim, a Bruns Publications foi processada, pois
as revistas eram publicadas como sendo
da Fox Comics.
A empresa foi acusada de ter plagiado
o Superman, da Detective Comics.
o Superman, da Detective Comics.
O homem de aço, criado por Shuster e Siegel , foi
publicado pela primeira vez em abril de 1938 -
de acordo com a data de todos os processos
envolvendo o personagem, e não em junho
de 1938, como afirmam muitas fontes por aí -,
na revista Action Comics #1, da editora
Detective Comics.
envolvendo o personagem, e não em junho
de 1938, como afirmam muitas fontes por aí -,
na revista Action Comics #1, da editora
Detective Comics.
Por volta de fevereiro de 1939, a editora de Fox
publicou um novo personagem chamado
Wonderman, na revista Wonder Comics #1 -
que traz a data de capa de junho de 1939.
Wonderman, na revista Wonder Comics #1 -
que traz a data de capa de junho de 1939.
As semelhanças entre os dois personagens eram
enormes, tanto no desenho quanto no enredo e até
mesmo nos diálogos e recordatórias.
Segundo consta, o estúdio de Jerry Iger e
Will Eisner - Eisner-Iger Studio -, foi contratado
pela Fox para desenvolver o conteúdo da revista
desse novo super-herói visando disputar público
nos pontos de venda após o tremendo sucesso
de Superman, alcançado pela concorrente.
Por essa razão, Eisner estava entre as testemunhas
de defesa que participaram do tal processo.
Will Eisner - Eisner-Iger Studio -, foi contratado
pela Fox para desenvolver o conteúdo da revista
desse novo super-herói visando disputar público
nos pontos de venda após o tremendo sucesso
de Superman, alcançado pela concorrente.
Por essa razão, Eisner estava entre as testemunhas
de defesa que participaram do tal processo.
A biografia de Victor Fox é uma grande lacuna.
Muito do que se sabe sobre ele não pode
ser verificado em documentos, e se baseia em
relatos de seus contemporâneos.
Quase todos eles possuem péssimas
ser verificado em documentos, e se baseia em
relatos de seus contemporâneos.
Quase todos eles possuem péssimas
lembranças desse famoso e odiado editor.
Fox era um notório pilantra, afirmaram
muitos dos entrevistados. Em 27 de novembro
de 1929, antes de começar a trabalhar com
quadrinhos, ele foi indiciado
muitos dos entrevistados. Em 27 de novembro
de 1929, antes de começar a trabalhar com
quadrinhos, ele foi indiciado
em Nova York, num esquema de fraude do correio
envolvendo a venda de ações. Posteriormente,
Fox foi preso e libertado sob fiança de 7.300 dólares.
Apesar do passado nebuloso, Fox conseguiu
um emprego de contador na Detective Comics e,
ao verificar o
um emprego de contador na Detective Comics e,
ao verificar o
sucesso dos quadrinhos e o volume de dinheiro
envolvido, resolveu montar sua própria editora.
Alugou um escritório no mesmo edifício e
contratou freelancers e estúdios -, como o de
Will Eisner -, para escrever e
desenhar suas revistas.
desenhar suas revistas.
Estava decidido a entrar no mercado e
concorrer com sua ex-empresa em
que trabalhara.
concorrer com sua ex-empresa em
que trabalhara.
A DC Comics venceu o processo de plágio
e Wonderman.
e Wonderman.
Curiosamente este desconhecido personagem do
grande público só entrou para a história apenas
devido a esse episódio.
Até a revelação de Quattro, que será mostrada a
seguir, a única versão dos fatos conhecida
publicamente era a história popularizada
por Will Eisner.
por Will Eisner.
Segundo Eisner, durante o processo ele foi instruído
por seu sócio Jerry Iger e por Victor Fox, o maior
cliente do estúdio, para mentir sobre a criação
de Wonderman.
de Wonderman.
Para não cometer perjúrio, Eisner revelou
durante o processo que fora instruído por Iger,
a pedido de Fox, para copiar Superman e
dar outro nome ao personagem.
durante o processo que fora instruído por Iger,
a pedido de Fox, para copiar Superman e
dar outro nome ao personagem.
Com isso, a defesa de Fox foi destruída e sua
companhia perdeu o processo.
companhia perdeu o processo.
Em retaliação, Fox teria se negado a pagar
mais de três mil dólares que devia ao estúdio
de Eisner. Esta versão dos fatos foi contada e
repetida diversas vezes ao longo de décadas,
por historiadores e jornalistas, sem jamais
ser contestada.
mais de três mil dólares que devia ao estúdio
de Eisner. Esta versão dos fatos foi contada e
repetida diversas vezes ao longo de décadas,
por historiadores e jornalistas, sem jamais
ser contestada.
Eisner narrou essa versão a John Benson
numa entrevista publicada em 1979 no fanzine
Panels. Ele afirmou que se manteve firme a
seus princípios e contou a verdade
numa entrevista publicada em 1979 no fanzine
Panels. Ele afirmou que se manteve firme a
seus princípios e contou a verdade
sobre o plágio para o juiz.
Anos depois, Eisner repetiu a história, dessa vez
com mais detalhes, para Bob Andelman, que relatou
tudo na biografia Will Eisner: A Spirited Life, lançada
após o falecimento deste grande artista,
em 3 de janeiro de 2005.
Nessa versão, Iger teria pedido a Eisner que ele
mentisse, dizendo que criou o personagem sem
se basear no Super Homem.
Eisner negou-se afirmando que Fox tinha enviado
uma carta descrevendo em detalhes o que ele
queria no personagem e que era uma cópia óbvia
do herói da Detective Comics. Durante
seu testemunho, Eisner preferiu
contar a verdade.
seu testemunho, Eisner preferiu
contar a verdade.
Esses fatos estão narrados nas páginas 44 e 45 da
biografia Will Eisner: A Spirited Life.
Eisner também relatou essa versão,
embora de maneira
embora de maneira
levemente disfarçada, em The Dreamer.
Nela, Eisner é Eyron, Fox é Reynard –
Eisner fez um trocadilho, pois a palavra inglesa
para raposa é fox e em francês é renard -,
e Heroman é o herói Wonderman.
A transcrição obtida pelo jornalista Quattro,
que investigou o caso a miúde traz uma
versão bastante diferente desses fatos.
O caso foi apresentado ao juiz distrital
que investigou o caso a miúde traz uma
versão bastante diferente desses fatos.
O caso foi apresentado ao juiz distrital
de Nova York, John M. Woolsey, entre
6 e 7 de abril de 1939.
Quattro disponibilizou em seu
site 27 páginas do processo e
prometeu que continuará a postar as
páginas e outros detalhes em brevemente.
Outras testemunhas do processo, além de Eisner,
incluem Jerry Siegel, Max Gaines,
Sheldon Mayer, Jerry Iger, Harry Donenfeld,
Jack Liebowitz e Victor Fox.
Ken Quattro ainda não disponibilizou
Sheldon Mayer, Jerry Iger, Harry Donenfeld,
Jack Liebowitz e Victor Fox.
Ken Quattro ainda não disponibilizou
as páginas com esses depoimentos, mas afirmou
que vai disponibilizá-las.
Nas páginas divulgadas, William Eisner é
a testemunha de defesa, interpelado tanto pelo
advogado Asher Blum, representando Victor
Fox e a Bruns Publications,
a testemunha de defesa, interpelado tanto pelo
advogado Asher Blum, representando Victor
Fox e a Bruns Publications,
quanto por Horace Manges, advogado da
Detective Comics.
Detective Comics.
Nas páginas apresentadas da transcrição, Will Eisner
afirmou por diversas vezes, de maneira inequívoca,
que criou o personagem sem ter sido influenciado
pelo Superman, meses antes do lançamento de
Action Comics #1.
Eisner afirmou também, na ocasião,
Eisner afirmou também, na ocasião,
que não leu a revista Action Comics #1 na época de
sua publicação, em 1938, mas que o fez muitos
meses depois, e que criou o visual de
Wonderman em 1938.
Ao ser questionado se Fox o havia instruído
na criação de Wonderman, Eisner respondeu:
na criação de Wonderman, Eisner respondeu:
“Não, fui eu mesmo que o imaginei”.
O Eisner presente nas páginas transcritas não é o
garoto idealista da versão conhecida desse episódio.
Quattro menciona um
outro aspecto interessante
outro aspecto interessante
sobre o episódio. Embora tenha negado seu
conhecimento do personagem na transcrição,
Will Eisner foi um dos editores para os quais
Jerry Siegel e Joe Shuster
conhecimento do personagem na transcrição,
Will Eisner foi um dos editores para os quais
Jerry Siegel e Joe Shuster
enviaram a proposta do Superhomem, antes de o
personagem ser aceito pela Detective Comics.
O próprio Eisner afirmou isso algumas vezes e o
fato está registrado em sua biografia no livro
Will Eisner – A Spirited Life.
Alguns outros fatos são dignos de nota.
O advogado de defesa, Asher Blum, tentou
sugerir que o Fantasma, personagem de Lee Falk,
teria sido uma das inspirações de Wonderman.
sugerir que o Fantasma, personagem de Lee Falk,
teria sido uma das inspirações de Wonderman.
Entretanto, Horace Manges tenta desacreditar o
testemunho de Eisner. Num momento mais dramático,
Manges aponta uma lacuna no depoimento
escrito do artista, referente à ausência da data na
qual ele teria criado Wonderman, tentando forçar
Eisner a cair em contradição.
Durante o testemunho, Eisner afirmou que criou
Wonderman em 1938. Manges pediu para que Eisner
lesse seu depoimento escrito, datado de março de 1939,
e apontasse o trecho no qual ele afirmava isso.
Depois de olhar o documento, Eisner explicou que o
fato não constava daquele depoimento.
O advogado contra-argumentou que a ausência não é
uma omissão de Eisner, mas de quem o interpelou
durante seu depoimento escrito.
O juiz também se mostrou uma figura curiosa.
Woolsey aparenta estar tentando
abreviar o processo.
abreviar o processo.
Em determinados momentos, ele parece
estar decidido de que se trata de plágio, que o
alongamento do processo
estar decidido de que se trata de plágio, que o
alongamento do processo
é uma perda de tempo e por diversas vezes ele
interrompeu a argumentação de ambos os advogados.
O juiz Woolsey chegou até mesmo a dizer a Blum
que, independentemente do testemunho de Eisner,
o advogado não conseguiria refutar a acusação
de plágio, pois uma publicação, no caso
Action Comics #1, foi lançada quase um ano antes
da outra (Wonder Comics #1).
Sem dúvida, esse documento
jogou uma luz sobre fatos
jogou uma luz sobre fatos
obscuros que ocorerram durante a chamada
“Era de Ouro do Comics”. A polêmica sobre a participação
de Eisner nesse episódio ainda será muito debatida
por editores, leitores e historiadores do mundo
das HQs. Quem viver verá.
1938, UM ANO DE MUITAS
NOVIDADES
Este ano também marcou a estréia de
Donald Duck
Donald Duck
(Pato Donald), de Walt Disney,
no formato comick book.
no formato comick book.
Na verdade era uma reedição das tiras feitas
para jornal entre 1936 e 1937.
As expressivas vendas da revista
Detective Comics
Detective Comics
revolucionaram o conceito sobre HQs e deu
origem a indústria americana dos comics.
origem a indústria americana dos comics.
A venda da Detective Comics foi ainda mais
surpreendente em 1939, quando na edição
de junho surgiu Batman, o homem morcego,
uma criação de Bill Finger (roteiros) e
Bob Kane (desenhos).
Versão moderna do antigo herói |
Batman virou seriado de TV na década de 60, fazendo muito sucesso |
O novo herói da DC não era dotado de
superpoderes, como os demais heróis da época.
Na verdade, ele era um super detetive
que usava de astúcia para derrotar
Na verdade, ele era um super detetive
que usava de astúcia para derrotar
seus oponentes, os criminosos da cidade
imaginária de Gotham City. Usava máscara e
uniforme, e em pouco tempo se tornou o
segundo maior personagem
imaginária de Gotham City. Usava máscara e
uniforme, e em pouco tempo se tornou o
segundo maior personagem
popular das HQs, para o desespero dos
concorrentes, que não tardaram em criar
reles imitações.
concorrentes, que não tardaram em criar
reles imitações.
Quando a Detective Comics
se tornou National
se tornou National
Periodical Publications, decidiu criar um
título para o seu carro chefe de vendas.
título para o seu carro chefe de vendas.
Assim, surgiu a revista Superman Comics.
Nesse mesmo período ficou
decidido que a empresa não
mais publicaria reedições
mais publicaria reedições
de tiras de jornais e que passaria a investir
em material inédito, visando
em material inédito, visando
atender a demanda.
UMA NOVA CONCORRENTE
Em novembro desse mesmo ano surgiu a Timeley
(atual Marvel), de Martin Goodman, que tinha
em seu staff um grupo de jovens e talentosos artistas
em seu staff um grupo de jovens e talentosos artistas
(alguns com apenas 16 anos). Esses jovens talentosos,
ávidos em fazer HQs, eram comandados por Lloyd
Jacquet e pelo desenhista Bill Everett, que criaram
de imediato novos heróis super poderosos.
Entres essas fantásticas criações, estavam:
Human Torch (o Tocha Humana) e Sub-Mariner
(Namor, o príncipe submarino, no Brasil).
Ambos os personagens, imediatamente,
tiveram boa aceitação popular.
tiveram boa aceitação popular.
Ao longo dos anos a Marvel criou
uma imensa
uma imensa
galeria de novos heróis.
Muitos desses, de grande aceitação popular.
Os heróis da Marvel agradavam o público leitor.
A chamada “Era de Ouro” que se iniciara em
1938, de fato, começou em 1940. A chamada “Era de Ouro” que se iniciara em
Foi nesse ano que as editoras começaram
se expandir, criando e desenvolvendo novos
se expandir, criando e desenvolvendo novos
gêneros. Também foi nessa época que
surgiram HQs de ficção científica, terror e
as histórias de guerra.
surgiram HQs de ficção científica, terror e
as histórias de guerra.
A Detective Comics, já com o nome abreviado
para DC Comics, consolidou sua liderança no
mercado ao lançar, em 1940, Flash, o homem
relâmpago e Hawkman (Gavião Negro, no Brasil),
na revista Flash Magazine.
relâmpago e Hawkman (Gavião Negro, no Brasil),
na revista Flash Magazine.
o homem morcego, também estreou em
revista solo, com uma novidade, que também
seria muito imitada pelos concorrentes, a figura
de um companheiro de aventuras. Nesse caso,
Robin, o menino prodígio.
As editoras, nessa época, disputavam palmo a palmo
o espaço nas bancas de jornais. A guerra era
acirrada para
conquistar novos leitores e alcançar
vendas astronômicas.
Ainda em outubro de 1940, a DCComics lançou mais
dois super-heróis que agradou em cheio os fiéis
leitores: Green Lanter (Lanterna Verde) e Atom,
na revista All American.
Sem dúvida era a DC que tinha
o maior número de heróis criados naquela época.
Assim surgiu a Justice Society of America
(Sociedade da Justiça da América), a primeira
dos inúmeros agrupamentos de heróis que
passaram a ser publicados.
“É incontestável”, afirmam os especialistas –
“A DC Comics passou a ser a Meca dos super-heróis.
Ela passou a ser a grande líder de vendas do
mercado americano, naquela época.”
Alguns estudiosos de comunicação de massas
afirmam que o ano de 1940 foi um ano abençoado
pelos deuses.
Foi também nesse ano que surgiu a
afirmam que o ano de 1940 foi um ano abençoado
pelos deuses.
Foi também nesse ano que surgiu a
Fawcett Publications, que se tornou a editora
que melhor se posicionou no
mercado dos comics, e que passou a ser uma séria
ameaça a poderosa DC, líder de vendas.
Em fevereiro desse ano, o primeiro lançamento
da Fawcett provocou polêmica e obteve um
grande sucesso de vendas.
A revista Whiz Comics agradou em cheio
os leitores, ao apresentar um super-herói simpático,
o espetacular: Capitão Marvel, criado por
C. C. Beck (arte) e Bill Parker (história).
Ao contrário dos outros heróis, a transformação
de Billy Batson em Capitão Marvel jamais trouxe
explicações científicas.
Para o pacato Billy se tornar o homem mais poderoso
da Terra bastava ele pronunciar a palavra Shazam.
As histórias eram bem humoradas, cheias de ação
e suspense, e também traziam vilões inesquecíveis.
Esta série também introduziu no mundo das HQs
o conceito de dinastia com a criação
da família Marvel.
As surpreendentes vendas
desse novo personagem
As surpreendentes vendas
desse novo personagem
começaram a preocupar os poderosos da DC.
Não demorou muito para que o Capitão Marvel
fosse acusado de ser plágio do Superman.
fosse acusado de ser plágio do Superman.
Isso rendeu uma briga judicial entre a DC e a
Fawcett, nos tribunais de Nova Iorque.
A DC não ganhou a causa,
que se arrastou por anos.
Assim, Superman e o Capitão Marvel tiveram que continuar se
degladiando nos pontos de
vendas, para a alegria de seus leitores.
Atualmente, ambos os personagens
convivem
pacificamente fazendo parte
da mesma empresa.
UMA EXPLOSÃO DE
CRIATIVIDADE:
A ERA MARVEL!
Em 1940, a Marvel lançou no mercado editorial
Atualmente, ambos os personagens
convivem
pacificamente fazendo parte
da mesma empresa.
UMA EXPLOSÃO DE
CRIATIVIDADE:
A ERA MARVEL!
Em 1940, a Marvel lançou no mercado editorial
americano mais de uma dúzia de personagens novos
dotados de superpoderes. Entretanto, dentre
essas inúmeras criações, o que faz maior sucesso
foi um herói que tinha sido criado
um ano antes, Human Torch (O Tocha Humana),
Essa gama de novos super-heróis da Marvel
eram publicados em três revistas diferentes:
Daring Mystery, Mystic e Red Raven.
As demais editoras, nesse mesmo ano, também
lançaram títulos novos e diversos super-heróis
recém criados, como:
Doc Stranger, Black Terror...
Doc Stranger, Black Terror...
apresentou na revista Prize Comics as aventuras
de Black Owl, Green Lama, enquanto a
Columbia Comics Group
em suas publicação: Big Shot Comics e Heroic
Comics apresentava histórias de Skyman, Face,
A Centaur Publications decidiu reciclar
vários dos seus heróis, criando para eles edições
próprias, como: Fantoman, Masked Marvel e
The Arrow. Os leitores estavam enlouquecidos
ante tantos novos títulos publicados.
Mesmo assim, os editores
continuavam faturando alto.
Uma editora chamada Quality Comics decidiu
contratar os serviços de Lou Fine, Bob Powell e
Will Eisner, para lançar novos títulos
ainda naquele ano.
Assim, surgiram nas bancas: Crack Comics,
Hit Comics e National Comics, apresentando
novos heróis:Black Condor, Uncle Sam e o
primeiro e único herói
travesti que se tem notícia, Madame Fatal.
O grande número de novos
concorrentes no
O grande número de novos
concorrentes no
mercado editorial da América
obrigava os editores
obrigava os editores
investirem cada vez mais
pesado na contratação
pesado na contratação
de desenhistas e escritores de HQs.
A febre dos comics havia
se alastrado por aquele país.
A Street & Smith, até então uma editora que
lançava fotonovelas, entrou de cabeça no
mundo das HQs com a quadrinização de
aventuras de dois heróis
que faziam muito sucesso no rádio:
The Shadow (O Sombra)
e Doc Savage.
e Doc Savage.
Outros heróis oriundos do rádio também
foram parar nos comics, nessa
mesma época, com Green Hornet (Besouro Verde),
pela Harvey Comics (editora dos irmãos Harvey,
criadores da Turma do Gasparzinho) e Tom Mix
(Famoso cowboy das novelas radiofônicas
e do cinema).
Tom Mix - Um dos heróis mais
populares dos filmes de Oeste
O ano de 1940 também marcou o
A primeira edição americana |
Besouro Verde - Nova Versão |
Um clássico das HQs |
Tom Mix - em quadrinhos |
Tom Mix - Um dos heróis mais
populares dos filmes de Oeste
A primeira edição da Disney Comics stories |
surgimento das primeiros gibis de
western, como: Tom Mix Comics
western, como: Tom Mix Comics
e Red Ryder Comics.
Outros títulos interessantes,
destinados a outros públicos alvos,
também surgiram nesse período, como:
Sport Comics e War Comics,
este último dedicado a
histórias de guerras.
histórias de guerras.
Até então não havia no mercado interno
americano uma única revista dedicada
exclusivamente às histórias cômicas
com animais.
Este feito coube a Walt Disney, ao
ser publicada a revista Walt Disney’s Comics
and Stories. Ainda nesse ano prolífero, de
fantásticas criações, surgiu
o primeiro verdadeiro clássico, no mês
de junho, nas bancas:
The Spirit, de Will Eisner.
No final do ano, as vendas desse
incrível período, somada entre todos
os editores, foram acima dos
incrível período, somada entre todos
os editores, foram acima dos
20 milhões de dólares.
Em 1941, as vendas continuaram em alta.
Empolgados, os editores
continuavam a aumentar
continuavam a aumentar
a quantidade de revistas de super-heróis e
outros títulos de revistas.
Os artistas gráficos estavam abarrotados de
trabalho em suas pranchetas e suas contas
bancárias estavam recheadas de dólares.
Os heróis mais populares e
campeões em vendas passaram a ter de
dois a três títulos por mês publicados.
Os prazos para a entrega
dos originais encurtaram.
As gráficas não podiam parar.
Os leitores não podiam
se decepcionar e não encontrar seu herói
favorito no ponto de venda. Tudo tinha prazo.
De repente, os comics tinham virado indústria.
Uma indústria altamente
lucrativa, assim como Hollywood.
Equipes foram formadas.
Os artistas trabalhavam em linha de
montagem, onde cada um fazia sua parte num
original, visando dar conta do recado.
Muitos estúdios obrigavam seus contratados
a varar a noite para cumprir os rigorosos
prazos de entrega.
Enquanto isso, a tempestuosa guerra na Europa
acabou envolvendo os Estados Unidos no
conflito mundial. Tropas americanas foram
Nos Estados Unidos, a DC apresentava
seus novos lançamentos: Starman, Sandman
e Hourman e a maior inovação em
termos de HQs: Wonder Woman
termos de HQs: Wonder Woman
(Mulher Maravilha), destinada,
principalmente,
principalmente,
O grupo Marvel apresentou seu herói de
maior sucesso, do período
de guerra: Capitain
de guerra: Capitain
America. Em sua primeira edição onde o
personagem aparecia na capa esmurrando
Adolf Hitler vendeu 1 milhão
de exemplares.
O Capitão virou o símbolo
O Capitão virou o símbolo
do patriotismo.
Lutava contra nazistas, japoneses e todos
aqueles que ameaçavam o mundo livre
e democrático.
Com a chegada do Capitão América,
dois artistas super talentosos vieram a tona.
Os lendários: Jack Kirby (arte) e Joe
Simon (texto).
Enquanto isso...
Enquanto isso...
Motivada pelo enorme sucesso do Capitão
Marvel, a editora Fawcett, na revista Whiz
Comics, decidiu lançar uma revista própria
para seu carro chefe em
vendas. Surgiu, nas bancas, a primeira
edição de Capitain Marvel Adventures, em
O sucesso foi instantâneo.
Tanto que deu origem a uma versão jovem
desse consagrado personagem chamada
Capitain Marvel Jr, que fez sua primeira
Capitain Marvel Jr, que fez sua primeira
aparição na edição de dezembro, do mesmo ano,
na Whiz Comics. Portanto, o Capitão
Marvel Jr surgiu
quatro anos antes da criação
de Superboy, da DC.
As HQs do Capitão Marvel Jr também
eram feitas no capricho, por C. C. Beck, um
ex-discípulo de Alex Raymond (autor de Flash
Gordon, e outros), e tinham alta qualidade
artística. Por outro lado, a Quality Comics
criou três títulos significativos em 1941:
Doll Man, a revista de um herói que vinha
apresentando nos dois últimos anos como
coadjuvante nas revistas Feature Comics,
Police Comics e Military Comics.
Na verdade, na edição
1 de Police Comics surgiu este herói cujas
histórias estavam entre as mais inteligentes,
divertidas e criativas do mundo dos gibis,
The Plastic Man (Homem de Borracha ou
Homem Elástico, no Brasil), uma criação
de Jack Cole.
Outras alternativas que as editoras
apresentaram ainda nesse mesmo ano
foram: Looney Tunes (A Turma do Pernalonga,
da Warner Bros), editada pela Dell; Animal
Comics, também da mesma editora, com
personagens similares aos
de Walt Disney e que incluía a primeira
aparição de Pogo, de Walt Kelly.
Entretanto, há muita polêmica quando se fala
de Disney e Kelly. Alguns estudiosos da matéria
afirmam que Kelly foi o primeiro a publicar
seus animais humanizados nos jornais, e
que Disney teria se baseado
na série Pogo para criar seus personagens.
Por outro lado, surgiram editores investindo
em quadrinhos educacionais, com títulos,
como: True Comics, Real
Heroes, Real Life Comics, Classic Comics
e Calling All Girls, que apresentava histórias
da vida real, adaptações de obras literárias,
biografias de personagens ilustres, de
grande inventores, feitos heróicos e
grandes descobertas científicas.
No início de 1942 tinham sido registradas
nos Estados Unidos 143 títulos de revistas
de histórias em quadrinhos, todas periódicas.
Essa imensa gama de gibis eram lidos
por mais de 50 milhões de leitores,
mensalmente.
Aqueles que achavam que os comics eram
apenas uma moda passageira ficaram pasmos
com o surgimento de tantos títulos vendáveis,
e tinham que admitir que
aquele tipo de leitura, até então pouco
valorizada pelos intelectuais e pelas elites,
tinha chegado para ficar.
Os gibis haviam conquistado gente de todas
as classes. De fato, eles tinham virado uma
mania nacional, como o beisebol e a famosa
e tradicional America
Pie (torta de Maçã).
Continua. Na próxima semana:
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Matéria bacana, parabéns!
ResponderExcluirGrato, pela visita, Elenido. Bom final de semana.
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